— Sim, Sofia não apareceu na empresa. Parece que sumiu do mapa. — A resposta foi direta.Os colegas de trabalho de Sofia demonstravam uma apatia impressionante, como se seu desaparecimento fosse um mero detalhe, algo que não os afetava nem um pouco.Esther já tinha um plano. Pensou que poderia usar o fato de ter recuperado a memória para assustar Sofia, talvez até arrancar alguma confissão. Mas, diante dessa notícia, as coisas tomavam um rumo inesperado.Mas já faz dias que ela não apareceu?Era estranho. Embora Sofia tivesse saído da prisão, participado de alguns eventos e sofrido um grande golpe em sua reputação, nada justificava desaparecer assim. Seus últimos eventos foram um fracasso, sua carreira estava destruída, mas, ainda assim, um sumiço completo parecia exagerado.“Será que ela está tentando criar polêmica com esse desaparecimento?”, pensou Esther, desconfiada. Afinal, esse tipo de manobra sempre foi o estilo de Sofia. Mas, se nem a própria empresa parecia saber do paradeiro
Ao ouvir seu nome, Marcelo demonstrou uma leve reação no rosto frio. Ele se virou, procurando a origem da voz, e, como esperado, viu Esther ali, parada.Esther caminhou rapidamente em sua direção, com medo de que ele entrasse no elevador antes que pudesse alcançá-lo. Só respirou aliviada ao perceber que Marcelo parou e não fez nenhum movimento para entrar.— Senhora. — Gilberto a cumprimentou, com um tom de voz formal.Esther franziu as sobrancelhas, mantendo os olhos fixos em Marcelo, que permaneceu em silêncio. Mas seu olhar era direto, carregado de uma pergunta silenciosa, o que ela estava fazendo ali?Sem se intimidar, Esther avançou, ignorando os olhares ao redor. Parou diante do elevador e declarou com firmeza:— Você entra. Os outros ficam. Preciso falar com ele a sós!Seu tom autoritário fez com que ninguém ousasse questioná-la. Apenas Marcelo entrou no elevador. Seus olhos demonstravam um misto de confusão e curiosidade, mas ele permaneceu em silêncio.Quando as portas do elev
O rosto de Esther mudou completamente. Ela estava genuinamente preocupada com Marcelo, mas ele retribuiu com palavras tão irresponsáveis que a deixaram perplexa.— Marcelo, você tem ideia do que está dizendo? — Ela perguntou, tentando conter a indignação que começava a brotar em seu peito.Marcelo, porém, apenas riu.— Você só pode estar brincando. Está me conhecendo hoje? Isso sou eu, Esther. E, quem sabe, um dia eu faça algo ainda pior para te machucar.Ele tinha um sorriso no rosto, mas suas palavras cortavam como lâminas. Para Esther, era como se estivesse olhando para um completo estranho. Todo o cuidado que tinha sentido até então parecia inútil diante da atitude de Marcelo.Sem hesitar, ela o empurrou com força, dando um passo para trás e o encarando com raiva.— Sabe de uma coisa? Acho que fui idiota em me preocupar. Você é simplesmente impossível! Se não quer ouvir, ótimo. Continue com suas loucuras. Não vou mais me desgastar tentando te ajudar. Faça o que quiser, Marcelo. Boa
— Eu estou morrendo? Por que está doendo tanto assim?! — Esther gritou, com o rosto contorcido de dor. Nunca em sua vida havia experimentado algo tão insuportável.Marcelo olhou para ela, o rosto tenso, o suor escorrendo de sua testa.— Não, você não vai morrer! O bebê está chegando. Aguente mais um pouco! — Ahhh! — Esther gritou de dor. Os olhos dela se voltaram para Marcelo, inchados de lágrimas. — Marcelo, esse é o seu filho. Você tem que cuidar bem dele, ouviu? Ele vai depender de você!Esther sabia que dar à luz consumiria suas últimas forças. Antes de seu último suspiro, ela precisava deixar tudo acertado, precisava que Marcelo prometesse cuidar bem do filho deles.Marcelo ficou em silêncio, olhando para ela. O cheiro de sangue tomou conta do ar, invadindo suas narinas. Seus olhos ficaram vermelhos enquanto ele respirava profundamente, tentando manter a calma.Esther, ao perceber o silêncio dele, achou que ele não tinha concordado. Insistiu, com a voz fraca, mas determinada:— E
Gilberto voltou rapidamente com notícias.— Sr. Marcelo, encontramos uma médica! Ela é especialista em obstetrícia e tem trinta anos de experiência!A médica era uma mulher de meia-idade, de aparência serena, usava óculos e exalava um ar intelectual que inspirava confiança.Marcelo, vendo uma esperança diante de si, não hesitou:— Por favor, salve minha esposa. Faça com que ela e o bebê fiquem bem! Qualquer quantia que você pedir será sua!A médica, mantendo o profissionalismo, respondeu com firmeza:— Saiam do caminho e me deixem entrar!Sem perder tempo, ela entrou no veículo para avaliar Esther, que já estava em uma situação crítica.O carro estava preso no trânsito, impossibilitado de avançar, enquanto o sangue escorria debaixo de Esther.Ela havia programado uma cesariana com seu médico, já que o parto estava previsto para essa época. Tudo já estava organizado, e até mesmo o contato com o hospital havia sido feito.No entanto, a chegada inesperada do bebê forçou uma mudança de pla
Ao dizer essas palavras, Marcelo tinha os olhos completamente vermelhos.Ele não prometeu nada de bom para Esther, nem sobre o futuro da criança. Mas, para ele, uma coisa era certa, ela precisava sobreviver.Marcelo conhecia bem a si mesmo. Por seus próprios motivos e pelo que sentia por Esther, ele sabia que, sem ela, jamais conseguiria encarar o filho. O vazio que sua ausência deixaria era algo insuportável.Por isso, ele escolheu aquelas palavras. Palavras duras, frias, que poderiam fazê-la odiá-lo. Ele precisava que Esther o odiasse. Só assim ela encontraria forças, sua raiva despertaria um instinto mais forte, o instinto materno.Ela era uma mulher forte. Sempre foi. Era o tipo de pessoa que conseguia crescer em meio às adversidades.E, como ele previu, Esther mudou no momento em que ouviu o que Marcelo disse. Seus olhos, antes perdidos, agora estavam cheios de determinação. Mesmo com a dor, ela se ergueu um pouco, respirou fundo, e com os dentes cerrados, gritou:— Marcelo, seu d
Esther parecia flutuar em uma imensidão de escuridão. Não havia som, luz ou qualquer indicação de onde ela estava. Era como se o mundo tivesse desaparecido, a deixando sozinha com seus pensamentos e um medo crescente.O desespero a consumia. Ela ainda não queria morrer. Não assim.Ainda não havia ouvido o choro do bebê. Não tinha visto seu rosto, não sabia se ele era menino ou menina, se estava vivo ou... Ela sequer conseguia terminar esse pensamento.A forte vontade de viver pulsava dentro dela, mas seu corpo parecia ter sido levado ao limite. Era como se ela estivesse presa em um estado de completa exaustão.Sem perceber quanto tempo havia passado, Esther avistou uma silhueta escura no meio daquele vazio. Era uma figura alta, imponente, mas seu rosto estava envolto em sombras, impossível de distinguir.O medo a dominou, mas a curiosidade foi maior. Com a voz hesitante, ela perguntou:— Quem é você?Nenhuma resposta. A figura permaneceu imóvel, como se fosse parte do cenário sombrio.
Esther sentia como se tivesse cruzado os portões da morte e retornado, apenas para ser acordada pelo próprio medo. A experiência parecia surreal, como se tudo não passasse de um sonho confuso.Enquanto ela se perdia em pensamentos, tentando compreender o que havia acontecido, a porta do quarto se abriu lentamente.Marcelo entrou.Ele estava impecável como sempre, vestindo um elegante terno que destacava sua postura altiva. Alto, com feições marcantes e olhos profundos que sempre carregavam um ar de mistério, ele parecia irradiar uma luz própria, como alguém inalcançável.— Está sentindo alguma coisa? Algum desconforto? — Perguntou Marcelo, sua voz calma e firme, enquanto seus olhos a observavam com cuidado.Antes mesmo de responder, Esther se levantou, visivelmente emocionada.— Eu estou bem. Você viu o nosso filho? — Ela disse, a ansiedade evidente em seu tom. — A enfermeira disse que ele está na incubadora, mas não me deixaram vê-lo ainda.Marcelo notou que ela estava descalça. Sem d