Sofia ficou paralisada de choque, e, logo em seguida, foi tomada por um medo avassalador.Ela não tinha mais nada. Nada além de Marcelo, que era sua única esperança. Se ele também a abandonasse, ela estaria completamente perdida, no fundo do poço. E sabia bem, voltar ao topo seria quase impossível.— Marcelo... — As lágrimas começaram a escorrer pelo rosto de Sofia de forma incontrolável. Ignorando a dor que latejava pelo corpo, ela se arrastou na direção dele, desesperada. — Eu errei, eu sei que errei! Por favor, não faça isso comigo, eu imploro!Marcelo olhou para ela como quem observa um animal desprezível, talvez um cachorro ferido e derrotado. Seu olhar era frio e desdenhoso, enquanto um sorriso gélido surgia no canto dos lábios. Ele abaixou a cabeça, mas ainda mantinha uma postura altiva, de quem tinha todo o poder nas mãos. Com seus dedos longos e firmes, segurou o queixo dela, a forçando a encará-lo.— Errou? Você sabe ao menos onde errou?A pergunta fez Sofia congelar.Onde el
Marcelo não acreditava que a prisão fosse punição suficiente para ela. Era muito pouco. Ele queria que ela pagasse de verdade, e da pior forma possível.— Você não é tão burra assim, afinal. — Marcelo falou com um tom de escárnio, a voz cortante como gelo. Ele a encarou como se fosse um juiz proferindo uma sentença final. — A sua vida, Sofia, acaba aqui.— Não! Você não pode fazer isso! — Sofia gritou, desesperada. Seu coração parecia prestes a explodir. — Marcelo, isso é crime! Você não pode me manter presa! Está se condenando ao fazer isso!Ela sabia que, se Marcelo estava disposto a impedir que fosse para a prisão, qualquer coisa que ele fizesse com ela seria muito pior. A ideia de ficar sob seu domínio fazia seu sangue gelar.Se ele queria torturá-la, então preferia a frieza de uma cela de prisão.Enquanto esses pensamentos tumultuados passavam por sua mente, Sofia tomou uma decisão, precisava fugir dali, custasse o que custasse.Com o coração martelando, ela se levantou de um salt
Esther sabia que os seguranças tinham mais proximidade com Durval. Por isso, ela perguntou a eles.— O capitão Marcelo não voltou, senhora. Não sabemos a que horas ele chegará. — A resposta foi direta, mas sem qualquer informação útil.Esther franziu o cenho, impaciente.— Vocês têm ideia de onde ele foi?— Não sabemos, senhora. — A resposta seca parecia ecoar no vazio.Era como se ela estivesse falando com uma parede. Nenhuma das respostas esclarecia o paradeiro de Marcelo ou sequer dava um indício do que ele estava fazendo.Ela suspirou, sentindo o peso da solidão naquela noite. Era um momento em que ela precisava dele ao seu lado, mas ele estava ausente. A raiva inicial começava a se dissipar, mas deixava espaço para uma mágoa ainda maior.Se ele apenas explicasse… Se falasse a verdade, ela provavelmente o perdoaria. Mas esse silêncio, esse descaso, estava acabando com ela.“Será que ele simplesmente não me ama mais?” pensou Esther.Se fosse esse o caso, ele deveria ser claro. Ela o
— Eu não estou saindo porque ele não voltou para casa. — Esther disse, com o tom de tristeza.Depois de tantos anos ao lado de Marcelo, o peso da desconfiança e da frieza constante havia se tornado insuportável. Ele a chamava quando precisava, a ignorava quando queria, e Esther simplesmente já não aguentava mais esse ciclo.Por muito tempo, ela o perdoou facilmente, acreditando que isso fortaleceria o amor deles. Mas agora, percebeu que suas concessões só fizeram com que Marcelo a valorizasse cada vez menos.E, se ele não conseguia enxergar o quanto ela era importante, por que ela ainda deveria alimentar esperanças?— Senhora, por favor, fique mais um pouco. — Um dos seguranças quase se ajoelhou, tentando convencê-la a não sair.Esther já estava sem paciência. Os argumentos deles não faziam mais sentido. Sem hesitar, ela deu um passo à frente.Ela estava decidida. Mesmo com a barriga visivelmente grande, que parecia um lembrete silencioso de que deveria ter mais cuidado, Esther caminho
— Tudo bem. — Respondeu Diana sem hesitar, virando o volante para retornar ao caminho indicado por Esther.Esther, no entanto, ficou em silêncio, com o olhar perdido. Uma sensação de vazio se espalhava em seu peito.Amar alguém era isso, não era? Se importar tanto com as atitudes dele, esperando que suas próprias emoções também fossem reconhecidas. Mas, na prática, o que sentia era um abismo.O carro avançava pela estrada quase deserta, iluminada apenas pelos postes altos. Tudo parecia calmo até Diana frear bruscamente, os pneus rangendo no asfalto.— Puta merda! Quem diabos aparece na frente do meu carro assim? E, ainda por cima, com um monte de carros bloqueando a estrada! — Diana exclamou, visivelmente irritada. Sua paciência parecia ter sumido tão rápido quanto o carro parou. — Olha, ainda bem que eu sei dirigir, viu? Senão a gente já estava no hospital!Esther, presa ao banco pelo cinto de segurança, levou um susto enorme. A luz forte dos faróis de outros carros deixava sua visão
— Você acha mesmo que eu não consigo viver sem você? — Esther respondeu, a voz cheia de frieza. — Durante o tempo em que você estava com a Sofia, eu vivi muito bem. Se você está preocupado com o bebê, não precisa. Eu tenho amigos, tenho meus pais. Ele vai nascer saudável, e você não precisa se preocupar com nada.As palavras saíram cortantes, sem margem para dúvidas.Marcelo sentiu o peso das palavras dela, mas, no fundo, não conseguia afastar sua preocupação. Mais do que com o presente, ele temia o futuro. Ele sabia que, agora, poderia lhe oferecer felicidade. Mas e se, um dia, ele perdesse o controle? E se se tornasse alguém que só lhe causasse dor?O olhar frio de Esther o atingia como um golpe, e, mesmo assim, ele hesitava. Pensava se sua decisão de deixá-la ir não seria um erro. Ele tinha medo de ser a causa de mais sofrimento para ela.— Você vai para a casa dos seus pais? — Perguntou Marcelo, num tom neutro, quase calmo.— Vou. — Respondeu Esther, sem demonstrar emoções.Ele olh
— E além do mais, ele não volta para casa, solta a Sofia de novo, e quando fico brava, quando desabafo minha raiva, ainda estou dentro do aceitável, não é? Mas ele sempre escolhe ir embora. Mesmo vindo atrás de mim, ele concorda que eu volte para a casa dos meus pais. Isso não significa que ele está desistindo? — Esther disse, os olhos começando a ficar vermelhos, as lágrimas quase escapando.Ela respirou fundo, tentando manter o controle. Não queria chorar na frente de ninguém, não queria ser vista assim. Era melhor chorar sozinha, escondida em algum canto.Diana olhou para ela, tentando entender.— Olha, fica lá uns dias. Depois, vê o que ele diz. Talvez ele só esteja respeitando sua decisão. Às vezes, os homens têm medo de insistir, acham que vão ser mal interpretados, mas se ainda há amor, dá para superar essas diferenças. Não é impossível.— Não, não é impossível. — Esther soltou uma risada amarga. — Mas seria pedir demais que, pelo menos uma vez, ele cedesse por mim?— Ai, para c
Os pais de Esther, como era de se esperar, acabaram reclamando com ela. No entanto, por mais que reclamassem, ela ainda era a filha deles, era a maior preciosidade que carregavam no coração. Por isso, mesmo com as broncas, eles a mimavam e cuidavam dela. Afinal, em breve seriam avós, algo que aguardavam há muito tempo.Ter um neto era algo que eles sempre desejaram. Sabiam que, um dia, não estariam mais aqui, e queriam garantir que Esther tivesse uma companhia, uma ligação, algo que preenchesse sua vida. Assim, aceitaram a situação.— Não foi por mal, mãe. — Esther respondeu, com um tom calmo. — Naquela época, eu não estava pronta. Não sabia como contar. E por isso, me sinto muito culpada.Enquanto elas conversavam, Felipe apareceu na porta e, ao ver que Diana tinha trazido Esther de volta, soltou uma pergunta direta:— Não me diga que você e o Marcelo brigaram de novo?Ele acertou em cheio, mas Esther não queria falar sobre isso.— Não posso simplesmente voltar para casa sem que vocês