Marcelo ajudou Esther a se acomodar na cadeira e, de forma cuidadosa, puxou a cadeira para ela sentar. Ele fazia questão de realizar até mesmo essas pequenas ações, tarefas que normalmente deixaria para os empregados. Porém, para ele, qualquer gesto de cuidado com Esther, por menor que fosse, trazia uma enorme sensação de satisfação.Apesar de não ter muita experiência em relacionamentos, Marcelo sabia que, para amar de verdade, era essencial tratar a pessoa com carinho e atenção em todos os detalhes.Esther observava Marcelo com certa curiosidade, percebendo que ele estava diferente, mas sem saber exatamente o porquê. Talvez fosse o vínculo entre eles, que parecia mais forte e próximo do que antes.O café da manhã estava servido de maneira simples, mas com várias opções. Esther, sempre atenta à saúde, escolheu apenas o essencial para se nutrir: alguns ovos, um pouco de carne e um prato de macarrão. Sentado ao lado dela, Marcelo pegava com carinho os alimentos que ele sabia que ela ma
No fim, André acabou sendo um pouco mais lento. Durval lançou um olhar vitorioso a ele, claramente satisfeito por ter sido o mais rápido.Dentro da sala, Esther levou um susto com o som das vozes de ambos, gritando de maneira tão inesperada. Num impulso, empurrou Marcelo, tentando disfarçar o momento íntimo que os dois acabavam de compartilhar. Ela baixou a cabeça, o rosto corado de vergonha, enquanto pegava o garfo e tentava fingir que nada de especial havia acontecido. Com o coração acelerado, ela apenas torcia para que eles não tivessem notado nada.Marcelo, ao ser empurrado, levou um pequeno susto, cambaleando ligeiramente para trás, sem esperar tamanha força de Esther. Ao olhar para a porta, viu Durval e André parados como duas estátuas enormes, quase como se fossem guardiões de uma fortaleza, bloqueando a visão dele.O rosto de Marcelo escureceu imediatamente, visivelmente contrariado. Quando Durval e André olhavam inocentemente para dentro, vendo apenas Esther e Marcelo sentado
Ao terminar de falar, Marcelo se inclinou e deu um beijo delicado na testa de Esther antes de sair para o trabalho.Ela o acompanhou até a porta, onde avistou Durval e André ainda correndo no pátio, visivelmente cansados, com o suor escorrendo e repetindo os comandos em voz alta. Era uma cena até um pouco engraçada, mas também dava pena de ver o esforço dos dois. Somente quando Marcelo entrou no carro e ordenou que encerrassem o exercício, eles puderam finalmente parar e descansar.Esther observou a partida de Marcelo até o carro desaparecer ao longe e só então retornou para dentro de casa. Sentada no sofá, pegou o celular para dar uma olhada nas novidades. Ela sorriu satisfeita ao ver que a série Glória ganhava cada vez mais popularidade, alcançando novos recordes de audiência a cada dia. Nanda não deixava de elogiá-la pela visão apurada e pela confiança em ter escolhido seu roteiro. Até comentou que nem ela mesma tinha uma intuição tão boa quanto Esther.E agora, Melissa era o centr
Enquanto isso, Esther trocou para um vestido novo, passou um batom suave e, se sentindo revigorada, pegou a bolsa e se preparou para sair. Ao abrir a porta, viu o carro de Durval estacionado bem em frente à entrada. Ele desceu rapidamente e, com uma postura séria mas amigável, a cumprimentou.— Senhora. — Chamou Durval, com um brilho de satisfação nos olhos.Esther olhou para ele com um pouco de surpresa, ainda lembrando que ele havia saído com Marcelo mais cedo.— Ué, você não tinha ido com o Marcelo?Durval, sorrindo de orelha a orelha, explicou animado:— O capitão Marcelo me mandou aqui, senhora. Ele fez questão de que eu trouxesse o antídoto para você pessoalmente.Ele então retirou de dentro do casaco um frasco pequeno, cuidadosamente preservado. Esther ficou surpresa ao ver o frasco nas mãos dele, mas também sentiu um misto de esperança e apreensão ao pegá-lo.— Então conseguiram finalmente resolver? — Perguntou ela, a voz carregada de expectativa e um certo receio.— Sim, senho
Marcelo franziu levemente a testa, claramente sem paciência para ouvir Sofia.— É isso que você queria me dizer de tão importante?— Não. — Respondeu Sofia com um suspiro, sua voz baixa. — Esse assunto é o mais importante pra mim. Quando eu terminar, vamos falar sobre o que é importante pra você.Marcelo ficou em silêncio, lançando um olhar que deixava claro que só esperaria se achasse que valeria a pena.— Quando foi que eu já menti pra você, Marcelo? — Disse ela, com um sorriso amargo nos lábios. — Escuta o que eu tenho a dizer e vai entender tudo.Para Sofia, Marcelo era o único homem a quem ela já tinha realmente se entregado de coração. Embora tivesse mentido para muitas pessoas e usado métodos escusos para conseguir o que queria, ele era a única exceção.— Na sua lembrança, você acredita que fui eu que te tirei daquele lugar, daquela organização criminosa, mas o que você talvez não saiba é que foi você quem me salvou. — Ela continuou, com um olhar fixo e voz quase sussurrada. — E
Sofia cerrou os punhos, seu olhar fervia de rancor. Para ela, eles nunca cumpriram o papel de família, nunca a acolheram como uma filha. Ao contrário, foram frios e distantes, como se ela nunca tivesse importância alguma.— Eles nunca me amaram! Por que eu teria que aceitá-los? Se eu sou como sou hoje, a culpa é deles! — Disse ela, furiosa.Marcelo suspirou, tentando manter a calma.— Quer você acredite ou não, essa é a verdade.— Não pode ser! — Sofia rebateu com a voz alterada, segurando com força nas grades de metal, em uma tentativa desesperada de buscar um ponto de apoio. — A única pessoa que me amou de verdade foi você, Marcelo!A expressão de Marcelo era dura e séria.— Meu avô sempre foi uma pessoa racional. Ele sabia de tudo e entendia bem a diferença entre certo e errado. E é exatamente por isso que a família Mendes está sob meus cuidados e não nas mãos de alguém como Igor.Marcelo falava com frieza, seu tom sério deixando claro que era a razão pela qual Sofia nunca foi ofici
Esther não queria que ele se sentisse culpado. Ela sabia que ele já estava fazendo tudo o que podia por ela. Aceitava com resignação o rumo que as coisas tomavam, e só desejava que ele não carregasse um peso tão grande.Ao ouvir isso, Marcelo ficou ainda mais angustiado. Era um tipo de impotência que ele nunca havia sentido antes, uma sensação de que, apesar de poder salvar a todos, ele não era capaz de salvar a única pessoa que realmente importava. Com os olhos marejados, ele se inclinou e a envolveu em um abraço, pressionando um beijo demorado em sua testa na tentativa de aliviar sua própria dor.Se pudesse, ele tomaria toda a dor de Esther para si, sem hesitar. Mesmo que fosse multiplicada, ele suportaria tudo.Esther foi acomodada com cuidado na cama do hospital. Ela segurava a mão de Marcelo com força, como se quisesse transmitir sua própria força a ele e, ao mesmo tempo, tirar forças de sua presença. Ela sabia que sobreviveria. Tinha que sobreviver.Pouco tempo depois, Geraldo ch
Se fosse em outro tempo, talvez Marcelo fosse egoísta a ponto de querer isso, de querer ser o único no coração de Esther. Afinal, ele odiava pensar que ela poderia nutrir sentimentos por outro. Mas Geraldo era diferente. A devoção que ele tinha por Esther era tão pura, desinteressada, que Marcelo não conseguia endurecer o coração a esse ponto.Geraldo então olhou de relance para Marcelo, dizendo:— Você também não quer que ela fique triste, não é? Se algum dia ela recuperar as lembranças, isso deixaria ela profundamente abalada.Marcelo manteve os lábios fechados por um instante e, refletindo, então desviou o assunto:— Você não tem família? Quer que eu te ajude a encontrá-los?Ele pensava na infância sem laços, no passado dele e de Rita dentro do mesmo círculo sombrio, onde sequer sabiam o que era um lar. Queria entender se Geraldo sentia falta de algo assim.— Não precisa. — Respondeu Geraldo, de forma firme. — Onde eu estiver, lá é o meu lar!Ele se levantou e, as mãos nos bolsos, d