Marcelo não ousava arriscar. Mesmo colocando a vida de Sofia como moeda de troca, ele temia que o inimigo não aceitasse. Ao ouvir isso, Esther sentiu uma pontada de tristeza no coração. Tantos dias de silêncio entre eles a haviam deixado sozinha para lidar com tudo, e isso a machucava muito.Ela se fazia de forte, tentando agir como se não se importasse, mas, no fundo, sabia que o amor tornava tudo mais difícil. Aquele desabafo a tocou de um jeito inesperado, e seus olhos começaram a marejar. As lágrimas vieram sem aviso, escorrendo livremente enquanto toda sua dor e frustração se libertavam como uma enxurrada.Marcelo percebeu o tremor dos ombros dela, e foi o suficiente para entender que Esther estava magoada. Ele se aproximou de imediato, a envolvendo em seus braços com carinho.— Me perdoa. — Murmurou ele, a voz suavizada pela tristeza. — Eu sinto muito por te fazer passar por isso.Ele sabia o quanto ela havia sofrido. Grávida, sem o apoio do marido ao lado... Era uma dor que ele
Geraldo olhou para Marcelo com uma expressão cada vez mais séria.— O que exatamente está acontecendo? — Ele questionou, preocupado.Ele acreditava que Marcelo já havia conseguido o antídoto. Afinal, depois de ter sido envenenado, Marcelo acordou, e isso parecia indicar que Gustavo já tinha fornecido a cura. Mas, ao ver os sintomas persistentes, Geraldo começou a duvidar.— Para ser sincero, eu também não entendo muito bem. — Marcelo respondeu, sua voz carregando um toque de incerteza. — Achei que estava bem, mas algumas horas depois, o corpo começou a reagir estranhamente. Talvez Gustavo nunca tenha me dado o verdadeiro antídoto.Gustavo era astuto, alguém que sempre mantinha uma carta na manga. Não seria surpreendente se ele tivesse deixado algo preparado para situações como essa.Geraldo apoiou Marcelo em um dos bancos próximos e, depois de alguns segundos avaliando a situação, explicou:— Marcelo, o veneno que você recebeu é diferente do que afeta Esther.Com base nos sintomas apre
— Tomara que sim... Me sinto mal por ter te colocado nessa situação. — Respondeu Esther, um pouco culpada.— Que bobagem! A gente é amiga, esqueceu? E nem foi culpa sua. Olha só, você já me ajudou em tantas coisas, sempre se preocupou comigo, e agora vem com esse papo formal? Não tem que agradecer, não! — Melissa respondeu com um tom de repreensão leve, logo mudando o assunto para animar Esther. — Ah, e tem uma notícia ótima que você provavelmente não viu. Nossa série explodiu em audiência!Esther ficou genuinamente surpresa.— Sério?!— Sim! Foi um sucesso tardio, mas agora os números estão incríveis. Nossa audiência superou recordes históricos! Quando tiver um tempinho, dê uma olhada! Ah, e tem mais, Sombra do Passado começou bem, mas já está despencando. Todo mundo está reclamando, dizendo que a história perdeu o rumo e que o final vai ser um desastre. Eles estão com uma audiência que só cai a cada dia. Nessa batalha, a gente ganhou!— Nossa, que maravilha! — Respondeu Esther, com u
A gravidez sempre foi um período difícil para as mulheres. Agora, com o ventre já bem grande, Esther carregava nos ombros a responsabilidade e o peso de uma vida. Marcelo sentia uma culpa profunda por não ter estado ao lado dela o suficiente, por não ter cumprido o papel de pai com a dedicação que ela merecia. O coração dele se enchia de remorso por cada momento em que ela ficou sozinha, enfrentando tudo sem seu apoio.Esther, ao notar o brilho molhado nos olhos dele, deu um sorriso terno, pousando a mão suavemente sobre a dele.— Está tudo bem. Ele está crescendo forte e saudável, não é? A gravidez tem suas dificuldades, mas se tem algum tipo de incômodo, é o incômodo mais feliz que já senti. Todos os dias fico imaginando o momento em que ele chegará, e só isso já me enche de alegria.Marcelo baixou os olhos, com a voz cheia de carinho:— Você está passando por tudo isso... Eu só queria que você não precisasse sofrer assim.— Então quer dizer que você só pretende ter um filho? — Esthe
Marcelo ficou paralisado por um instante, a surpresa estampada no rosto.— Ele se mexeu!Esther também sentiu o movimento suave e respondeu com um sorriso calmo:— Viu só? Eu te disse que ele se mexia.Marcelo encostou o rosto na barriga dela mais uma vez, como se estivesse se conectando com aquele pequeno ser.— Será que ele sente a minha presença?Esther olhou para Marcelo com um brilho amoroso nos olhos e disse com ternura:— Provavelmente sim. Os bebês são sensíveis, até mesmo antes de nascerem. Acho que ele consegue ouvir o que estamos dizendo.Uma alegria indescritível tomou conta de Marcelo. Era algo completamente novo para ele, a felicidade e a emoção de se tornar pai. Ele se abaixou e beijou a barriga de Esther, aproveitando aquele momento íntimo e especial ao lado dela. Esther, tocada pela atitude dele, acariciou seus cabelos.— Logo você vai conhecê-lo pessoalmente. Eu sei que nesses últimos meses você não pôde passar tanto tempo com ele, mas quando ele nascer, vocês terão a
— Exatamente. — Respondeu Marcelo.Esther ficou parada, sem reação, por alguns segundos. Ainda processando a informação, ela tentava entender como o herói que havia idealizado, Enrico, podia ter sido apenas uma ilusão. Se isso fosse verdade, todo o início de sua história com Marcelo não teria passado de uma fantasia dela? Ela seguiu o que acreditava serem os passos do seu herói, e foi isso que a levou a se aproximar de Marcelo. Mas agora ele dizia a ela que tudo não passava de uma confusão de memórias, algo que o destino fez questão de bagunçar.Ela simplesmente não conseguia aceitar aquilo. Era como se sua fé estivesse se despedaçando, caindo aos poucos. Mesmo que, no fundo, já tivesse sentido algumas dúvidas antes, nunca queria perder aquela visão romântica e perfeita de como tudo havia começado. Olhando para Marcelo, a negação brotou com força.— Isso não pode ser verdade! — Insistiu Esther. — Não é possível! Como eu poderia estar com a memória errada? Eu me lembro! Tenho certeza d
Marcelo sabia que era um homem de sorte. Até então, ele seguia sua vida sem um propósito claro, cumprindo funções e acumulando responsabilidades que só preenchiam parte do vazio, mas não traziam sentido real para sua existência. Tinha alguns títulos, um certo reconhecimento, mas sua vida parecia incompleta e vazia, como se ele estivesse vivendo apenas para cumprir expectativas, sem direção.Quando voltou para a família Mendes para honrar o último desejo de seu avô, também não era por escolha própria. Marcelo sabia que seu avô sentia que lhe devia algo. Havia crecido em meio ao conforto da riqueza, mas nunca havia experimentado o calor de um carinho paterno ou materno verdadeiro, sempre foi marcado pelo peso das obrigações da família Mendes. Apesar do luxo, ele carecia de afeto, algo que o avô reconhecia e, talvez por isso, desejava que ele tivesse alguém que o amasse de verdade. E foi nesse cenário que Esther entrou em sua vida.Ao ouvir isso, Esther sentiu o coração apertar. Talvez p
Marcelo não pôde evitar uma risada diante da brincadeira dela e apertou carinhosamente o nariz de Esther.— Se você gosta tanto de crianças assim, podemos adotar outras no futuro. Não quero que você sofra mais... Esse bebê já veio de surpresa e, só com ele, você já tem enfrentado tantas dificuldades.Esther sorriu, com aquele olhar tranquilo que ele tanto amava.— Não estou sofrendo, Marcelo. Eu estou feliz, e o que vier é bem-vindo, desde que possamos viver em paz e aproveitarmos a vida juntos.Marcelo olhou para ela com um brilho especial nos olhos, seu sorriso se formando naturalmente, revelando o amor que transbordava dentro dele.— Já está tarde, amor. Vamos dormir.— Vamos, sim.Esther se deitou, encontrando uma posição confortável ao lado dele, relaxando profundamente. Depois de tantos dias correndo de um lado para o outro, finalmente poderia descansar sem preocupações.Marcelo se inclinou e beijou sua testa, e depois, com extrema delicadeza, seus lábios desceram em direção aos