Marcelo ficou paralisado por um instante, a surpresa estampada no rosto.— Ele se mexeu!Esther também sentiu o movimento suave e respondeu com um sorriso calmo:— Viu só? Eu te disse que ele se mexia.Marcelo encostou o rosto na barriga dela mais uma vez, como se estivesse se conectando com aquele pequeno ser.— Será que ele sente a minha presença?Esther olhou para Marcelo com um brilho amoroso nos olhos e disse com ternura:— Provavelmente sim. Os bebês são sensíveis, até mesmo antes de nascerem. Acho que ele consegue ouvir o que estamos dizendo.Uma alegria indescritível tomou conta de Marcelo. Era algo completamente novo para ele, a felicidade e a emoção de se tornar pai. Ele se abaixou e beijou a barriga de Esther, aproveitando aquele momento íntimo e especial ao lado dela. Esther, tocada pela atitude dele, acariciou seus cabelos.— Logo você vai conhecê-lo pessoalmente. Eu sei que nesses últimos meses você não pôde passar tanto tempo com ele, mas quando ele nascer, vocês terão a
— Exatamente. — Respondeu Marcelo.Esther ficou parada, sem reação, por alguns segundos. Ainda processando a informação, ela tentava entender como o herói que havia idealizado, Enrico, podia ter sido apenas uma ilusão. Se isso fosse verdade, todo o início de sua história com Marcelo não teria passado de uma fantasia dela? Ela seguiu o que acreditava serem os passos do seu herói, e foi isso que a levou a se aproximar de Marcelo. Mas agora ele dizia a ela que tudo não passava de uma confusão de memórias, algo que o destino fez questão de bagunçar.Ela simplesmente não conseguia aceitar aquilo. Era como se sua fé estivesse se despedaçando, caindo aos poucos. Mesmo que, no fundo, já tivesse sentido algumas dúvidas antes, nunca queria perder aquela visão romântica e perfeita de como tudo havia começado. Olhando para Marcelo, a negação brotou com força.— Isso não pode ser verdade! — Insistiu Esther. — Não é possível! Como eu poderia estar com a memória errada? Eu me lembro! Tenho certeza d
Marcelo sabia que era um homem de sorte. Até então, ele seguia sua vida sem um propósito claro, cumprindo funções e acumulando responsabilidades que só preenchiam parte do vazio, mas não traziam sentido real para sua existência. Tinha alguns títulos, um certo reconhecimento, mas sua vida parecia incompleta e vazia, como se ele estivesse vivendo apenas para cumprir expectativas, sem direção.Quando voltou para a família Mendes para honrar o último desejo de seu avô, também não era por escolha própria. Marcelo sabia que seu avô sentia que lhe devia algo. Havia crecido em meio ao conforto da riqueza, mas nunca havia experimentado o calor de um carinho paterno ou materno verdadeiro, sempre foi marcado pelo peso das obrigações da família Mendes. Apesar do luxo, ele carecia de afeto, algo que o avô reconhecia e, talvez por isso, desejava que ele tivesse alguém que o amasse de verdade. E foi nesse cenário que Esther entrou em sua vida.Ao ouvir isso, Esther sentiu o coração apertar. Talvez p
Marcelo não pôde evitar uma risada diante da brincadeira dela e apertou carinhosamente o nariz de Esther.— Se você gosta tanto de crianças assim, podemos adotar outras no futuro. Não quero que você sofra mais... Esse bebê já veio de surpresa e, só com ele, você já tem enfrentado tantas dificuldades.Esther sorriu, com aquele olhar tranquilo que ele tanto amava.— Não estou sofrendo, Marcelo. Eu estou feliz, e o que vier é bem-vindo, desde que possamos viver em paz e aproveitarmos a vida juntos.Marcelo olhou para ela com um brilho especial nos olhos, seu sorriso se formando naturalmente, revelando o amor que transbordava dentro dele.— Já está tarde, amor. Vamos dormir.— Vamos, sim.Esther se deitou, encontrando uma posição confortável ao lado dele, relaxando profundamente. Depois de tantos dias correndo de um lado para o outro, finalmente poderia descansar sem preocupações.Marcelo se inclinou e beijou sua testa, e depois, com extrema delicadeza, seus lábios desceram em direção aos
Marcelo ajudou Esther a se acomodar na cadeira e, de forma cuidadosa, puxou a cadeira para ela sentar. Ele fazia questão de realizar até mesmo essas pequenas ações, tarefas que normalmente deixaria para os empregados. Porém, para ele, qualquer gesto de cuidado com Esther, por menor que fosse, trazia uma enorme sensação de satisfação.Apesar de não ter muita experiência em relacionamentos, Marcelo sabia que, para amar de verdade, era essencial tratar a pessoa com carinho e atenção em todos os detalhes.Esther observava Marcelo com certa curiosidade, percebendo que ele estava diferente, mas sem saber exatamente o porquê. Talvez fosse o vínculo entre eles, que parecia mais forte e próximo do que antes.O café da manhã estava servido de maneira simples, mas com várias opções. Esther, sempre atenta à saúde, escolheu apenas o essencial para se nutrir: alguns ovos, um pouco de carne e um prato de macarrão. Sentado ao lado dela, Marcelo pegava com carinho os alimentos que ele sabia que ela ma
No fim, André acabou sendo um pouco mais lento. Durval lançou um olhar vitorioso a ele, claramente satisfeito por ter sido o mais rápido.Dentro da sala, Esther levou um susto com o som das vozes de ambos, gritando de maneira tão inesperada. Num impulso, empurrou Marcelo, tentando disfarçar o momento íntimo que os dois acabavam de compartilhar. Ela baixou a cabeça, o rosto corado de vergonha, enquanto pegava o garfo e tentava fingir que nada de especial havia acontecido. Com o coração acelerado, ela apenas torcia para que eles não tivessem notado nada.Marcelo, ao ser empurrado, levou um pequeno susto, cambaleando ligeiramente para trás, sem esperar tamanha força de Esther. Ao olhar para a porta, viu Durval e André parados como duas estátuas enormes, quase como se fossem guardiões de uma fortaleza, bloqueando a visão dele.O rosto de Marcelo escureceu imediatamente, visivelmente contrariado. Quando Durval e André olhavam inocentemente para dentro, vendo apenas Esther e Marcelo sentado
Ao terminar de falar, Marcelo se inclinou e deu um beijo delicado na testa de Esther antes de sair para o trabalho.Ela o acompanhou até a porta, onde avistou Durval e André ainda correndo no pátio, visivelmente cansados, com o suor escorrendo e repetindo os comandos em voz alta. Era uma cena até um pouco engraçada, mas também dava pena de ver o esforço dos dois. Somente quando Marcelo entrou no carro e ordenou que encerrassem o exercício, eles puderam finalmente parar e descansar.Esther observou a partida de Marcelo até o carro desaparecer ao longe e só então retornou para dentro de casa. Sentada no sofá, pegou o celular para dar uma olhada nas novidades. Ela sorriu satisfeita ao ver que a série Glória ganhava cada vez mais popularidade, alcançando novos recordes de audiência a cada dia. Nanda não deixava de elogiá-la pela visão apurada e pela confiança em ter escolhido seu roteiro. Até comentou que nem ela mesma tinha uma intuição tão boa quanto Esther.E agora, Melissa era o centr
Enquanto isso, Esther trocou para um vestido novo, passou um batom suave e, se sentindo revigorada, pegou a bolsa e se preparou para sair. Ao abrir a porta, viu o carro de Durval estacionado bem em frente à entrada. Ele desceu rapidamente e, com uma postura séria mas amigável, a cumprimentou.— Senhora. — Chamou Durval, com um brilho de satisfação nos olhos.Esther olhou para ele com um pouco de surpresa, ainda lembrando que ele havia saído com Marcelo mais cedo.— Ué, você não tinha ido com o Marcelo?Durval, sorrindo de orelha a orelha, explicou animado:— O capitão Marcelo me mandou aqui, senhora. Ele fez questão de que eu trouxesse o antídoto para você pessoalmente.Ele então retirou de dentro do casaco um frasco pequeno, cuidadosamente preservado. Esther ficou surpresa ao ver o frasco nas mãos dele, mas também sentiu um misto de esperança e apreensão ao pegá-lo.— Então conseguiram finalmente resolver? — Perguntou ela, a voz carregada de expectativa e um certo receio.— Sim, senho