Tiros soaram atrás de Esther.As balas que Gustavo disparou não atingiram Esther. Ela fechou os olhos com força, o coração disparado e a respiração presa, ouvindo o zunido afiado das balas passando tão perto de seu rosto que quase sentia o calor delas, até se cravarem nas árvores ao seu redor.Quando finalmente abriu os olhos, Esther viu Gustavo jogando fora o que tinha nas mãos e, sem hesitar, mergulhando no rio próximo. Ele não atirou para matar. Ou talvez, naquele momento, ele simplesmente não tivesse coragem de acabar com a vida dela.Ainda em choque e respirando com dificuldade, Esther permaneceu onde estava, o olhar fixo na direção em que Gustavo havia desaparecido. Ao fim do rio, o fluxo se intensificava, se transformando numa violenta queda d’água. Quem caísse dali teria poucas chances de sobrevivência. no mínimo, sairia gravemente ferido. Mas Gustavo parecia disposto a arriscar tudo. Naquele instante, Marcelo surgiu correndo e, ao avistar Esther, agarrou seu braço, com uma ex
Aquelas palavras deixaram Esther um pouco confusa.— Não sei muito bem. — Murmurou ela, ainda espantada com tudo que havia descoberto.Gustavo já havia desaparecido na violenta correnteza da cachoeira, e sua figura sumia cada vez mais. Era impossível segui-lo naquele momento, então só restava a eles voltar pelo mesmo caminho. Ao passarem novamente pelo laboratório, a cena era um completo caos, mas, de forma surpreendente, o lugar permanecia quase inalterado.Marcelo, de repente, hesitou diante do laboratório e disse:— Acho melhor você não entrar de novo.— Por quê? — Esther encarou ele, intrigada. — Não foi você mesmo que perguntou se eu sabia algo sobre as armadilhas? Preciso entrar para descobrir.Marcelo franziu as sobrancelhas e, com o rosto grave, respondeu:— As coisas que você pode ver lá dentro... Não são fáceis de encarar.Esther finalmente entendeu.— Ah, é isso que você teme? — Ela sorriu com suavidade, tentando tranquilizá-lo. — Eu já escutei coisas terríveis o suficiente
Esther percebeu uma leve luminosidade à frente. Seria aquilo uma pista? Ou o prenúncio de uma armadilha mortal? Seus dedos deslizavam pelas paredes de pedra, procurando alguma pista, até que sentiram um leve relevo. Sem hesitar, ela pressionou o ponto saliente, e uma flecha disparou no ar, se cravando firmemente nas fendas das pedras ao seu lado. Logo depois, a luz se acendeu, iluminando o ambiente com uma penumbra pálida e revelando as paredes de pedra, que, à primeira vista, pareciam comuns, mas escondiam perigos em cada canto.— Então você realmente sabia o caminho. — Comentou Marcelo, surpreso.Esther não respondeu, apenas seguiu em frente, guiada por uma intuição inexplicável. Com passos calculados, contornou várias armadilhas, até que, ao final de um corredor estreito e repleto de mecanismos ocultos, eles chegaram a uma sala fechada.— Deve haver algo de muito valor aqui dentro! — Alguém murmurou atrás deles.Diante deles, um conjunto de inscrições cobria as paredes da entrada. E
Esther percebeu a preocupação nos olhos de André. Ele apenas assentiu com a cabeça, concordando em acompanhá-la.Enquanto isso, Sofia, sem querer subir no carro, estava determinada. Ela só tinha uma coisa em mente: encontrar Marcelo. Seus olhos vasculhavam cada canto, procurando desesperadamente por ele. Mas o que ela não esperava era dar de cara com Esther.O choque foi instantâneo. Sofia ficou paralisada por um momento, incrédula. “Ela não morreu?”, pensou ela, sua mente uma bagunça. Ela deveria ter morrido pelas mãos de Diego!A raiva tomou conta dela instantaneamente. A visão de Esther, de pé e viva, só aumentou seu desespero. Não dava para acreditar que Esther ainda estava ali, lhe tirando tudo.— Esther! — Ela gritou, a voz cheia de ódio.Sem pensar duas vezes, Sofia empurrou quem estava à sua frente, correndo em direção a Esther como se fosse uma fera.André tentou bloquear seu caminho, mas Esther levantou a mão, sinalizando para que ele ficasse de lado.— Você está aqui?! Com
Esther parou e voltou a encarar Sofia com frieza. A mulher à sua frente exibia um sorriso satisfeito e um brilho sombrio nos olhos. Seus lábios se curvaram num sorriso venenoso enquanto pronunciava suas palavras como uma maldição:— Você não vai sobreviver, Esther. Ninguém pode te salvar disso. Esse é o seu destino, entende? Eu sou a vencedora aqui. Eu, Sofia, vou brilhar como sempre, enquanto você... Você vai se transformar em nada, em poeira, uma lama insignificante! Hahaha...Sofia riu, seu riso ecoando cada vez mais alto e insano. Esther, observando aquela cena, ficou impressionada. Era a primeira vez que via Sofia rir daquele jeito, tão descontrolada, tão insana. O veneno que saía de sua boca fez ela sentir um arrepio involuntário. Por um instante, a confiança de Esther vacilou, e uma sombra de preocupação atravessou seu olhar.Naquele exato momento, Marcelo surgiu. Ele estava acompanhado de vários homens e exibia um semblante frio e austero. Assim que Sofia o viu, cessou seu ris
Sofia já havia perdido uma vez no amor. Desde o nascimento, carregava uma marca de abandono, deixada à mercê por Gustavo após ser rejeitada pelos próprios pais. E, apesar disso, ela ainda teve a ingenuidade de acreditar no amor, de achar que poderia ser amada. Tudo porque Marcelo a havia feito sonhar com uma vida de carinho. Mas, no final das contas, era apenas uma ilusão doce demais para ser verdade.Ele nunca a amou.As lágrimas de Sofia escorriam silenciosas enquanto ela perguntava, a voz baixa e quase quebrada:— Até o momento em que você arriscou a própria vida por mim foi tudo puro fingimento? Você foi capaz de colocar sua vida em risco por essa mentira?Sofia não conseguia entender. Mesmo para um plano, arriscar a vida parecia extremo demais. Até o próprio pai dela acreditou que Marcelo estava envenenado, incapaz de lutar pela própria sobrevivência. Gustavo, claro, pensou que isso significava que Marcelo estava do lado deles.Marcelo, por sua vez, desviou o olhar para Esther, cl
Marcelo não ousava arriscar. Mesmo colocando a vida de Sofia como moeda de troca, ele temia que o inimigo não aceitasse. Ao ouvir isso, Esther sentiu uma pontada de tristeza no coração. Tantos dias de silêncio entre eles a haviam deixado sozinha para lidar com tudo, e isso a machucava muito.Ela se fazia de forte, tentando agir como se não se importasse, mas, no fundo, sabia que o amor tornava tudo mais difícil. Aquele desabafo a tocou de um jeito inesperado, e seus olhos começaram a marejar. As lágrimas vieram sem aviso, escorrendo livremente enquanto toda sua dor e frustração se libertavam como uma enxurrada.Marcelo percebeu o tremor dos ombros dela, e foi o suficiente para entender que Esther estava magoada. Ele se aproximou de imediato, a envolvendo em seus braços com carinho.— Me perdoa. — Murmurou ele, a voz suavizada pela tristeza. — Eu sinto muito por te fazer passar por isso.Ele sabia o quanto ela havia sofrido. Grávida, sem o apoio do marido ao lado... Era uma dor que ele
Geraldo olhou para Marcelo com uma expressão cada vez mais séria.— O que exatamente está acontecendo? — Ele questionou, preocupado.Ele acreditava que Marcelo já havia conseguido o antídoto. Afinal, depois de ter sido envenenado, Marcelo acordou, e isso parecia indicar que Gustavo já tinha fornecido a cura. Mas, ao ver os sintomas persistentes, Geraldo começou a duvidar.— Para ser sincero, eu também não entendo muito bem. — Marcelo respondeu, sua voz carregando um toque de incerteza. — Achei que estava bem, mas algumas horas depois, o corpo começou a reagir estranhamente. Talvez Gustavo nunca tenha me dado o verdadeiro antídoto.Gustavo era astuto, alguém que sempre mantinha uma carta na manga. Não seria surpreendente se ele tivesse deixado algo preparado para situações como essa.Geraldo apoiou Marcelo em um dos bancos próximos e, depois de alguns segundos avaliando a situação, explicou:— Marcelo, o veneno que você recebeu é diferente do que afeta Esther.Com base nos sintomas apre