O rosto de Sofia ficou vermelho imediatamente, com a marca do tapa queimando em sua pele, a deixando atordoada.— Vai continuar me ameaçando com o nome dele? Tenho vontade de matá-lo! — Rosnou Diego, irritado. — Se quer continuar viva, cala essa boca e talvez eu considere te dar uma chance!Sofia finalmente ficou em silêncio, claramente assustada. Esther, ao lado, estava ainda mais tensa, sentindo as mãos suadas. Seu coração batia acelerado, ela não estava sozinha. Ela tinha uma vida pela qual lutar, não podia se arriscar em uma reação impulsiva.Diego então olhou para Esther, com um sorriso de escárnio nos lábios.— Ainda viva, hein? Parece que Marcelo tem um cuidado especial com você.Esther sorriu com frieza e retrucou:— Você fala do Marcelo? Se soubesse... Ele terminou comigo, me descartou. Tenho vontade de matá-lo eu mesma!Diego lançou um olhar significativo para Sofia, sua expressão cheia de desprezo.— Então, esse Marcelo é mesmo um mestre em se cercar de pessoas “fiéis”. Pare
— Cala a boca! — Rita lançou um olhar gélido para Sofia. — Minha vida foi salva pelo Diego, e eu só sirvo a ele!— Você só pode ser louca! — Sofia replicou, sem desistir. — Ele já é um homem sem saída, um fugitivo. Não passa de um cachorro fiel a quem não merece!— Tapem a boca dela! — Ordenou Rita imediatamente.Um dos capangas pegou um pano imundo e fedorento e o enfiou na boca de Sofia. Ela sentiu o cheiro horrível e imediatamente começou a ter ânsia de vômito, mas, por mais que se debatesse, não conseguia se livrar.Rita olhou então para Esther, que encarava ela com intensidade. Esther notou algo nos olhos de Rita, como se ela estivesse passando uma mensagem silenciosa. Era um aviso: Rita não estava realmente ali para ajudar Diego. Ela estava, de algum modo, ali para ajudar Esther.Esther franziu as sobrancelhas, balançando a cabeça em um sinal de discordância, tentando desestimular qualquer ideia perigosa. Mas Rita respondeu com um leve sorriso, como se estivesse tentando tranquil
Esther estava amarrada, sem se debater. Ela já tinha sido infectada uma vez com o veneno e conhecia o próprio destino. Talvez por isso, a calma havia tomado conta dela, uma serenidade melancólica, pois sabia que não adiantaria ter medo agora.Seu olhar se voltou para Marcelo, para aquele corpo alto e imponente que se destacava no meio do grupo de soldados. Ele estava ali, bem à sua frente, mas o brilho que ela costumava ver em seus olhos quando a olhava parecia ter se apagado. Agora, ele não era apenas o Marcelo que ela amava. Era o capitão Marcelo, alguém com um propósito maior, com um peso nas costas que ia muito além de protegê-la.Algo naquilo fez ela se sentir perdida. Aquele homem, que parecia tão distante agora, talvez nem carregasse mais o mesmo sentimento por ela. Uma tristeza profunda a envolveu, uma tristeza amarga e sufocante. Marcelo hesitava, claramente dividido. E naquele momento de indecisão, Esther finalmente compreendeu a dura realidade.— Escolhe logo, ou então as du
Assim que terminou de falar, Rita se virou para sair. Mas, antes que pudesse dar mais um passo, Esther segurou sua mão com força.— E você? — Esther perguntou, seu tom carregado de preocupação.Rita olhou para ela com um sorriso confiante.— Eu sei me cuidar. Preciso voltar lá e ajudar o pessoal! — E lançou para Esther um olhar que parecia prometer que tudo ficaria bem.Esther se escondeu no canto, atrás de uma porta, que mal deixava a luz entrar. A escuridão no lugar envolveu ela completamente, trazendo uma onda de medo. Mas ela sabia que precisava ser forte, não só por ela, mas também pelo bebê. Seus braços apertaram firmemente o próprio corpo enquanto fechava os olhos, tentando ignorar o som constante e ameaçador dos tiros que ecoavam pelo salão. Mesmo assim, não conseguia evitar o suor frio que se espalhava por sua pele, fruto do medo que apertava seu coração.Com os olhos ainda fechados, uma memória surgiu de repente.Era a imagem de uma garota magra, de cabelos loiros desgrenhado
Marcelo estreitou os olhos, sem dizer uma palavra, mas seu olhar estava afiado como uma lâmina. Era como se estivesse decidido a acabar com Diego ali mesmo.— Hahaha! — Diego gargalhou, se divertindo com a situação. A ideia de um homem tão correto quanto Marcelo estar a ponto de arriscar tudo por uma mulher fazia ele rir. Como alguém que se dizia íntegro havia chegado a tal ponto?Mas a risada dele não durou muito. Antes que percebesse, Marcelo deu um chute direto no estômago dele, com força suficiente para fazê-lo cair no chão.Diego gemeu de dor, segurando o abdômen, mas não desistiu. Sem hesitar, enfiou a mão na cintura e tirou uma pequena pistola. Marcelo, num reflexo rápido, tentou se esquivar. Contudo, os planos de Diego não eram matar Marcelo. Ele mirou diretamente em Sofia, com um sorriso sinistro nos lábios. Ele só queria injetar o veneno no corpo dela, garantindo que Marcelo sofresse a perda.Quando Diego avançou, Sofia ficou completamente apavorada.— Cuidado! — Gritou Marc
Rita cuspiu sangue, segurando com dificuldade na barra da calça de Diego.— O antídoto... — Sussurrou, a voz quase inaudível.Diego apenas estreitou os olhos, com um sorriso frio se formando no canto dos lábios.— Eu nunca tive antídoto algum, Rita. Depois de tantos anos, você ainda cai nos meus truques como uma garotinha ingênua.Rita arregalou os olhos, chocada, cada palavra dele penetrando como uma faca.— Você não tem o antídoto? — Balbuciou, com a voz cheia de descrença.— KA48 jamais teve um antídoto! — Diego soltou uma risada fria e cruel. Ele agarrou o pescoço dela com força. — Vá se juntar aos seus colegas mortos, Rita.Ele puxou ela para perto, os olhos cheios de desprezo. Rita ainda não acreditava que o antídoto era uma mentira. Todo o seu sacrifício em vão?— Você... Você me enganou esse tempo todo! — A luz desapareceu dos olhos de Rita, mas ela ainda encontrou forças para resistir. Com a mão livre, tateou até encontrar uma pequena faca. Com um golpe rápido, ela tentou atin
Rita sentiu os dedos se moverem levemente e abriu os olhos cansados. Viu Esther logo à sua frente, e com o pouco de força que lhe restava, segurou sua mão com firmeza.Esther percebeu o movimento e olhou para ela, ansiosa.— Rita! — Exclamou, emocionada.— Está tão frio... — A voz de Rita saiu fraca, quase como um sussurro.Esther imediatamente envolveu ela nos braços, a aquecendo.— Eu estou aqui com você... Não vai sentir mais frio. Estou aqui, Rita. Não vai mais sentir frio.Rita parecia ainda mais frágil, suas palavras saíram com dificuldade.— Acho... Que estou morrendo. — Ela respirou fundo, em esforço. — Me desculpe, Esther. Não consegui... Não consegui encontrar o antídoto pra você... Eu... Eu falhei...Ela começou a tossir e um filete de sangue escapou no canto da boca.— Não se desculpe! — Esther disse, com a voz embargada. — Não importa o antídoto agora! Você só precisa ficar quietinha... A ambulância está chegando. Vou te levar e tudo vai ficar bem. Você só precisa aguentar
Esther não conseguia expressar em palavras a compaixão que sentia por Rita. Sabia que neste mundo existiam tantas pessoas em sofrimento que, comparado a isso, até mesmo o tempo em que passou trancada na sala escura parecia insignificante. Pelo menos, ela tinha uma família esperando por ela, enquanto Rita jamais conheceu o calor humano de verdade.A tristeza de Esther se misturava com uma dor profunda. Em seguida, colocaram ela em uma maca e levaram ela para outra ambulância. Ela e Rita foram colocadas em veículos diferentes. Olhando pela janela, viu que os bandidos tinham sido contidos, o tiroteio havia cessado, e o ambiente agora estava tomado por sirenes e luzes de emergência. Mais policiais chegaram para controlar a situação e cuidar da limpeza do local.Entre as figuras que reconheceu, Diego, o líder do grupo, estava sendo levado. Um capuz negro cobria sua cabeça e algemas apertavam seus pulsos. Ele mancava ao andar, visivelmente machucado, com feridas por todo o corpo. Logo depois