Apesar de estarem divorciados, o sonho ainda deixou ela em um estado de puro pânico. Esther não conseguia mais dormir.Ela acendeu a luz, colocou a mão sobre a barriga e, com algum esforço, se levantou da cama para beber um copo d'água. Sentiu a necessidade de se acalmar, mas a inquietação persistia. Pegou o celular e começou a procurar por notícias na internet, pois esse parecia o meio mais rápido de se manter informada.Infelizmente, não havia qualquer atualização sobre o caso das mulheres assassinadas. Mas a apreensão continuava a assombrá-la. Pensou em Geraldo, desde a última vez que encontrou ele em seu estúdio, não o havia visto mais. Entre as tarefas diárias e o trabalho, nem sequer prestava atenção se havia alguma movimentação no apartamento ao lado.Ela abriu a porta e saiu. O silêncio da madrugada era tão intenso que o som de uma agulha caindo no chão seria ouvido. Parada na porta de Geraldo, Esther hesitou, sem saber ao certo como se sentia.Estava ciente de sua condição del
Ainda meio sonolenta, Esther murmurou com a voz rouca:— O que foi que explodiu?— A série, claro! — Respondeu Nanda, empolgada. — Está bombando! Viramos o jogo!Essas palavras despertaram Esther completamente. Num movimento rápido, ela se sentou e pegou o celular para conferir as notícias sobre o desempenho da série. Para sua surpresa, o que ainda estava em segundo lugar no dia anterior, agora já era o primeiro em popularidade.Desde a noite anterior, a audiência havia disparado, acumulando várias vezes mais visualizações do que o habitual. Além disso, a recepção estava melhorando, com a crítica e os comentários se tornando cada vez mais positivos. Esther não pôde conter a alegria. A série havia alcançado uma posição de destaque nos assuntos mais comentados do momento.Com o coração mais aliviado e sentindo a recompensa por todo o esforço, ela não teve mais dúvidas: seu empenho estava finalmente valendo a pena. Se a popularidade continuasse crescendo e o roteiro seguisse bem estrutur
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava
Esther parou de repente, não havia aquela harmonia de casal entre eles, mas sim uma distância mais como de um superior para uma subordinada. - Sr. Marcelo, tem mais alguma ordem? - Ela perguntou.Marcelo se virou para encarar o rosto distante de Esther, com um tom de comando em sua voz. - Se sente.Esther de repente não entendeu o que ele queria fazer.Marcelo se aproximou.Esther o observava se aproximando, e nesse momento, algo parecia diferente, fazendo ela sentir o ar rarefeito. Era puro ervosismo, com uma sensação estranha.Ela não se moveu, mas Marcelo tomou a iniciativa de segurar sua mão.Quando a palma quente dele tocou a dela, foi como se fosse queimada, queria puxar ela para longe, mas Marcelo segurou firmemente, não dando a ela a chance de se soltar, levando ela para o lado e perguntando com a testa franzida: - Você machucou sua mão, e não percebeu?Sua preocupação surpreendeu Esther. - Eu... Está tudo bem.- Sua mão está com bolhas. - Marcelo perguntou. - Por que não
Ela estava tonta, com estrelas nos olhos, ouvindo alguém ansioso dizer: - O que está acontecendo com vocês? Como foi possível esse erro! Esther, Esther...À medida que a voz se afastava, Esther desmaiou.Ao acordar novamente, Esther estava no hospital, olhando para o teto branco, ainda tonta, com uma dor de cabeça intensa.- Esther, você acordou! - Fernanda se levantou com os olhos vermelhos da cadeira, preocupada, perguntando sobre sua condição. - Você está se sentindo mal em algum lugar? Preciso chamar o médico.Esther olhou para ela, mesmo estando fraca, ainda se sentou instintivamente: - Estou bem, e como está a situação no canteiro de obras? Alguém mais se machucou?Fernanda disse: - Não se preocupe com o que está acontecendo no canteiro agora. Você teve uma concussão, me assustou muito, pensei que você não fosse acordar.Ela começou a chorar novamente. Fernanda era sua assistente que sempre a acompanhava e Esther cuidava muito dela.Ela era jovem e nunca tinha enfrentado uma