O diretor não queria que aquela questão gerasse atritos entre eles e, por isso, pretendia discutir o assunto em particular com Nanda e Esther. No entanto, o comentário do diretor de Sombras do Passado colocou o diretor em uma posição desconfortável.Esther já esperava que Sofia pudesse interferir de alguma forma ou fazer um comentário maldoso, mas não imaginava que Marcelo tomaria a frente. Ela não conseguiu esconder a surpresa e o tom de ironia quando disse:— Ah, então foi o Sr. Marcelo que levantou objeções ao nosso projeto?Foi nesse momento que Marcelo finalmente olhou para ela. Porém, aos olhos de Esther, aquele homem parecia um completo estranho. Desde a última vez que se viram, ele já não era o Marcelo que ela havia conhecido. Agora, ele era o Marcelo da Sofia.— Séries urbanas estão sob um controle muito mais rígido. Violência e temas de vingança não são adequados para a transmissão em canal aberto, pois podem afetar a visão de mundo dos jovens. — Disse Marcelo, em um tom frio
O diretor olhou para Esther e Nanda, claramente querendo encerrar aquela tensão. Percebendo a mensagem, Esther desviou o olhar de Sofia, desistindo de buscar qualquer resposta ou explicação no rosto de Marcelo. Ele estava totalmente do lado de Sofia agora, e isso fazia ela pensar que Marcelo era capaz de qualquer coisa para ajudá-la.Marcelo e Sofia se retiraram da sala, e a porta se fechou com um leve estalo. Assim que estavam do lado de fora, Sofia resmungou:— Ela só quer que eu me dê mal, como se tivesse me lançado uma praga!Ela então olhou para Marcelo, com um sorriso satisfeito.— Ainda bem que tenho você para me defender, caso contrário, eu já teria sido esmagada!— Vamos logo. A série delas não vai ser transmitido no canal principal. — Disse Marcelo, com convicção.Sofia se sentiu vitoriosa e comentou:— Marcelo, você tem um olho clínico! Achou uma falha e acabou com as chances delas!Marcelo não respondeu, permanecendo calado e sério. Sofia, ainda encantada com ele, continu
— Entendido! — Respondeu alguém do outro lado da linha.Marcelo aguardava, esperando descobrir o paradeiro exato de Gustavo. Desde que esse sujeito havia saído da prisão, parecia ter desaparecido do mapa. Ele possuía uma habilidade impressionante para despistar quem tentava rastreá-lo, e desde então, ninguém conseguia capturá-lo. Mesmo que Sofia nunca tivesse falado abertamente sobre Gustavo, Marcelo sabia que eles mantinham contato. Afinal, Gustavo tinha apenas essa filha adotiva para recorrer e Sofia possuía informações que poderiam levá-lo até ele.Não era preciso pensar muito para conectar Sofia ao envolvimento com Gustavo e à obtenção do veneno do Faraó. Aquilo só podia ter vindo de Gustavo. Marcelo precisava encontrá-lo, e para isso, Sofia seria a isca perfeita.De repente, o telefone tocou. Do outro lado da linha, uma voz informou:— Sr. Marcelo, o número que estamos monitorando agora aparece como inativo. A última localização foi registrada em um telefone público.Marcelo sus
— E aquelas mulheres mortas? Qual é a sua explicação pra isso? — Gustavo perguntou, o olhar frio como gelo.Diego, pego de surpresa, engoliu um gole de bebida antes de responder, tentando disfarçar o desconforto.— Como eu vou saber? Não acha que está me acusando injustamente? — O Faraó ainda não deu ordem para agir. Até lá, ninguém tem autorização para fazer nada fora do controle. Ou você esqueceu o que acontece com quem não respeita as regras dele? — Gustavo falou, com o tom de voz ainda mais gélido.— Mas o Faraó nem está no país. — Diego retrucou, com uma risada forçada, deixando no ar uma provocação que Gustavo logo percebeu.— Então você está admitindo que foi você? — Gustavo estreitou os olhos, mirando Diego.Diego soltou uma risada cheia de malícia.— Claro que não. Não tem prova alguma que possa me incriminar. Além disso, Gustavo, nós já trabalhamos juntos por anos, somos iguais nessa história, não é? Olha só, cheguei a preparar um banquete para te receber e dividir meu terri
Gustavo se limitou a um breve aceno de cabeça, deixando claro que a conversa estava encerrada. Mas, ao olhar para o semblante satisfeito e presunçoso de Diego, ele sentiu a irritação crescer. Era evidente que Diego acreditava que o tinha nas mãos, por causa daquele segredo.— Não preciso dessa história de “paridade”. — Respondeu Gustavo, sem qualquer hesitação. Sabia muito bem que as palavras de Diego eram tão falsas quanto a lealdade dele. — Esse título de “rei” fica pra você.Diego observou Gustavo recuar e, notando que ele não oferecia resistência, se deu por satisfeito. Tinha certeza de que aquele segredo o mantinha sob controle. Afinal, por mais leal que Gustavo fosse ao Faraó, ele ainda tinha algo a proteger. Não só a vida dele, mas também a vida preciosa de sua filha.Assim que Gustavo saiu do local, o semblante dele era sombrio. Atrás, Diego assistia sua partida com um sorriso malicioso e um ar de vitória estampado no rosto.— E então, vai deixar ele sair assim? E se ele for co
Sofia sorriu de leve.— Então está combinado. O Marcelo vai ficar muito feliz.— Quando for voltar, tome cuidado. A cidade está perigosa, encontraram mais uma mulher morta — Alertou Gustavo, com tom sério.Ao ouvir isso, Sofia se virou para ele, curiosa.— Pai, a organização voltou a agir? Eu já ouvi o Marcelo comentar isso com alguns colegas dele.Gustavo ergueu o olhar, atento.— Marcelo está investigando esse caso?— Sim, está. — Sofia assentiu.De repente, uma ideia surgiu na mente de Gustavo e um sorriso astuto apareceu em seu rosto.— Nesse caso, passe um recado para ele. Tenho uma pista que pode ajudar a resolver o caso mais rápido....— Ai, eu estou numa agonia, estou quase morrendo de ansiedade! — Nanda andava de um lado para o outro, sem conseguir se sentar, como se estivesse com espinhos no sofá.— Calma, ainda nem começou. Normalmente você não fica assim. — Comentou Eduarda.— Você não entende! Esse projeto é minha vida! Quero muito que dê certo, mesmo antes de começar já
Diana continuava falando, tentando animar o grupo, mas seu esforço não estava surtindo efeito. As expectativas eram altas, e o resultado da estreia estava longe do ideal. A confiança de todos começava a vacilar.Nanda, com os olhos vermelhos, deixou transparecer a frustração.— Será que o problema é o meu roteiro? Por que nossa série não consegue competir com a deles? Eu me esforcei tanto.Aquela dúvida repentina minou sua autoconfiança.— Claro que não é isso! — Esther tentou consolar a amiga. — Nós quase não investimos em marketing, então é normal a popularidade ser menor. Mas calma, é só o primeiro dia. Vamos observar por mais uns dias antes de tirar conclusões.Nanda, com a voz embargada, respondeu:— Eu só pensei que, logo no primeiro dia, a resposta fosse ser um pouco melhor.— Mas olha que bom! — Esther disse, mostrando alguns comentários no celular. — Os espectadores estão elogiando. Disseram que a história é original e cativante, estão até ansiosos pelos próximos episódios.—
Apesar de estarem divorciados, o sonho ainda deixou ela em um estado de puro pânico. Esther não conseguia mais dormir.Ela acendeu a luz, colocou a mão sobre a barriga e, com algum esforço, se levantou da cama para beber um copo d'água. Sentiu a necessidade de se acalmar, mas a inquietação persistia. Pegou o celular e começou a procurar por notícias na internet, pois esse parecia o meio mais rápido de se manter informada.Infelizmente, não havia qualquer atualização sobre o caso das mulheres assassinadas. Mas a apreensão continuava a assombrá-la. Pensou em Geraldo, desde a última vez que encontrou ele em seu estúdio, não o havia visto mais. Entre as tarefas diárias e o trabalho, nem sequer prestava atenção se havia alguma movimentação no apartamento ao lado.Ela abriu a porta e saiu. O silêncio da madrugada era tão intenso que o som de uma agulha caindo no chão seria ouvido. Parada na porta de Geraldo, Esther hesitou, sem saber ao certo como se sentia.Estava ciente de sua condição del