Ao ouvir aquilo, Lorena quase desmaiou.— Dona Lorena! — Juliana correu para ampará-la, a segurando antes que perdesse o equilíbrio.— Iurani? — Perguntou Esther, confusa. — Que lugar é esse?Juliana se virou para Esther, o rosto carregado de preocupação e irritação.— Iurani é um lugar perigoso! Gente morre ali sem ninguém piscar, entendeu? — Disse ela, em tom áspero. — O que deu nele pra ir até lá? Ele havia me perguntado algo estranho antes. E você, falou alguma coisa que fez ele querer ir?Esther, atordoada, tentou entender.— Que algo estranho ele te disse?Juliana estava aflita, os olhos se enchendo de lágrimas.— Ele me perguntou sobre Iurani, querendo saber o que acontece por lá e se faziam remédios ou drogas naquele lugar. Eu contei tudo! Só que se eu soubesse o que ele ia fazer, teria ficado calada! Achei que ele só estava curioso, mas ele foi pra lá mesmo, sabendo que é perigoso!O coração de Esther apertou, como se fosse cair num abismo.Remédios? Drogas?Estaria Luiz se m
Geraldo lançou a Esther um olhar repleto de angústia e, logo em seguida, seus olhos escureceram, pesados de tristeza.— Estella...— Me conta, Geraldo. — Esther segurou firme a manga da camisa dele, a voz trêmula de apreensão. — É o meu corpo, não é? Tem algo de errado comigo? Ele foi até lá pra buscar um remédio, não foi?— Estella... — A voz de Geraldo vacilou ainda mais, perdendo a firmeza que sempre teve.Ele queria protegê-la, esconder tudo até que ela estivesse bem. Geraldo sonhava em livrá-la de qualquer sofrimento, mas Esther já havia percebido. E agora que as suspeitas dela tinham se confirmado, o desespero era evidente.Esther soltou a camisa dele, os olhos começando a se encher de lágrimas. Uma risada amarga escapou de seus lábios.— Agora tudo faz sentido... Por que sempre me sinto tão fraca, tão sem forças. Meu corpo realmente está piorando, não está? Por isso você ficou ao meu lado o tempo todo, e... — A voz dela se quebrou. — Agora até o Marcelo me deixou, tudo porque es
O olhar de Geraldo seguiu o dela, se fixando na porta com uma expressão tensa. Então, ele se dirigiu até lá e, ao abrir, viu Rita entrando.Ela lançou a ele um olhar apreensivo, que deixava claro que vinha com perguntas na ponta da língua.— Como você está? — Perguntou ela, com preocupação.Mas, ao notar Esther atrás de Geraldo, Rita hesitou, surpresa. Seus lábios se apertaram, e ela preferiu se calar. Para Esther, ver Rita naquele momento foi como levar um golpe. O ressentimento que havia sentido antes se transformou em algo ainda mais sombrio e profundo. Agora que sabia do veneno que consumia seu corpo, a piedade que havia tido por Rita se dissipava rapidamente, dando lugar à raiva e à amargura.Ela avançou com passos firmes, encarando Rita.— Então foi você. — Disse, sem disfarçar o rancor em sua voz.Rita ergueu o olhar, mantendo a calma.— Já faz um tempo, não é? — Respondeu com um tom neutro.Mas Esther não perdeu tempo e foi direto ao ponto:— Esse veneno foi você quem me deu,
Geraldo manteve seus olhos cinza-escuros fixos em Rita. Havia algo de sombrio e resoluto em seu olhar, mas também um toque de compaixão que levou ele a soltar a mão dela lentamente.— Não se preocupe com isso. — Ele disse, a voz baixa e firme.Rita, no entanto, não aceitou ser afastada assim tão fácil. Seus olhos ficaram vermelhos e sua voz saiu alta, quase histérica.— Vale mesmo a pena, Geraldo? Você está fora de si? A gente passou por tanta coisa pra sobreviver até aqui. Eu tomei as dores por você, dei meu sangue, meu suor, me coloquei no caminho do Diego tantas vezes... Se não por você, faz isso por mim! Eu sou sua parceira, você não pode me deixar sozinha!Os ombros de Geraldo caíram ligeiramente, ele suspirou, desviando o olhar.— Rita, eu nunca pedi que fizesse tudo isso. Foi uma escolha sua, e tudo isso... Isso é só meu.— Geraldo! — Ela gritou, se aproximando novamente e agarrando a mão dele com força. — Você está desistindo da sua vida? Está mesmo decidido a morrer?Ele olhou
— Para de falar essas bobagens.As lágrimas de Rita continuavam caindo, mas, dessa vez, não eram por Geraldo. Ela chorava por si mesma.— Mas é verdade. — Disse ela, o olhar vazio, perdido. — Sempre que tenho pesadelos, é a mesma coisa. Sonho que morro, sozinha, e que ninguém vem buscar meu corpo. Não tenho família, nem amigos... Parece que, mesmo morta, seria tratada como um lixo qualquer.— Esse dia nunca vai chegar, Rita. Eu prometo. — Geraldo tentou tranquilizá-la, com um tom firme.Rita fechou os olhos, mas não conseguia afastar a tristeza que tomava seu coração. Desde pequena, ela era diferente das outras garotas. Enquanto elas tinham pais e uma infância, ela tinha apenas o vazio. Desde que se lembrava, não havia amor, apenas violência. Todos diziam que os pais haviam vendido ela por oito mil reais. Diziam também que nenhum pai ou mãe de verdade abandonaria um filho.Ela riu com a amargura. Que mentira ridícula.Nunca existiu esse “amor incondicional”. Ela era a prova disso. Nasc
Naquele momento, Marcelo estava em um evento social cheio de falsidade e sorrisos de conveniência. Mas, assim que ouviu sobre o estado estranho de Esther, deixou a taça de vinho de lado sem pensar duas vezes.— Entendi. — Ele disse, encerrando a ligação abruptamente e se levantando.Sofia, por sua vez, estava ocupada entretendo diretores e produtores influentes, figuras importantes que poderiam ajudá-la a alcançar o topo. Então, sequer percebeu a ausência de Marcelo. Quando notou, tudo o que restava dele era uma taça pela metade, deixada para trás. A mente dela começou a vagar, mas, diante de tantos figurões, se forçou a continuar sorrindo, fingindo que tudo estava sob controle.O céu, lá fora, parecia refletir o clima tenso. Um trovão ribombou ao longe, anunciando uma tempestade iminente. Pingos de chuva começaram a cair, lentamente. E, logo, uma torrente molhava as ruas da cidade.Marcelo chegou ao local onde haviam avistado Esther. Ela caminhava como se tivesse perdido a alma, os pa
Ao cair nos braços de Marcelo, Esther sentiu os olhos arderem, as lágrimas prontas para cair.— Me solta! — Ela empurrou ele, o olhando nos olhos com frieza. — Eu não preciso da sua pena.— Esther... — Marcelo murmurou, resignado, chamando por ela.Mas Esther deu um passo para trás, rindo com frieza.— Para de me olhar com esse olhar de dó. Depois do divórcio, não existe mais nada entre nós, Marcelo. Leva todos os seus homens embora.— Como você quer que eu ignore o que está acontecendo com você? — Marcelo avançou na direção dela, tentando se aproximar. — Não é como você está pensando!— Fica longe de mim! Já chega! — Esther gritou, sua voz cheia de dor e raiva. — Eu te odeio, Marcelo! Você escondeu tudo de mim, fingiu que nada estava acontecendo, enquanto deixava o Luiz arriscar a vida para me salvar. Se ele morrer por causa disso, vou te odiar pelo resto da vida!O rosto de Marcelo assumiu uma expressão complexa, como se um turbilhão de emoções estivesse lutando para sair.— Por caus
Enquanto tentavam manter Sofia sob controle, Marcelo e sua equipe ainda precisavam encontrar o antídoto.— Mas não é como a senhora pensa, sabe? Não foi só o Luiz que arriscou tudo por ela. Você também... — Murmurou Durval, ressentido. Para ele, era injusto que Esther não percebesse todos os sacrifícios de Marcelo.A menção disso fez Marcelo franzir as sobrancelhas.— Eu não esperava que Luiz soubesse de tudo. — Disse ele, a voz baixa. Mais do que isso, não imaginava que ele fosse arriscar a vida para ir àquele lugar.— Devemos achar outra solução. — Comentou André, tentando encorajar o chefe. — Mas agora, a senhora também precisa de um pouco de conforto.Marcelo soltou um sorriso amargo.— Não viu como ela me odeia? — Disse ele, retirando o casaco molhado e subindo as escadas para trocar de roupa. — Se eu tentar me aproximar, só vou irritar ela mais.Durval e André seguiram ele em silêncio, percebendo o peso da tristeza e da frustração que ele carregava. Eles estavam ao lado de Marcel