O olhar de Geraldo seguiu o dela, se fixando na porta com uma expressão tensa. Então, ele se dirigiu até lá e, ao abrir, viu Rita entrando.Ela lançou a ele um olhar apreensivo, que deixava claro que vinha com perguntas na ponta da língua.— Como você está? — Perguntou ela, com preocupação.Mas, ao notar Esther atrás de Geraldo, Rita hesitou, surpresa. Seus lábios se apertaram, e ela preferiu se calar. Para Esther, ver Rita naquele momento foi como levar um golpe. O ressentimento que havia sentido antes se transformou em algo ainda mais sombrio e profundo. Agora que sabia do veneno que consumia seu corpo, a piedade que havia tido por Rita se dissipava rapidamente, dando lugar à raiva e à amargura.Ela avançou com passos firmes, encarando Rita.— Então foi você. — Disse, sem disfarçar o rancor em sua voz.Rita ergueu o olhar, mantendo a calma.— Já faz um tempo, não é? — Respondeu com um tom neutro.Mas Esther não perdeu tempo e foi direto ao ponto:— Esse veneno foi você quem me deu,
Geraldo manteve seus olhos cinza-escuros fixos em Rita. Havia algo de sombrio e resoluto em seu olhar, mas também um toque de compaixão que levou ele a soltar a mão dela lentamente.— Não se preocupe com isso. — Ele disse, a voz baixa e firme.Rita, no entanto, não aceitou ser afastada assim tão fácil. Seus olhos ficaram vermelhos e sua voz saiu alta, quase histérica.— Vale mesmo a pena, Geraldo? Você está fora de si? A gente passou por tanta coisa pra sobreviver até aqui. Eu tomei as dores por você, dei meu sangue, meu suor, me coloquei no caminho do Diego tantas vezes... Se não por você, faz isso por mim! Eu sou sua parceira, você não pode me deixar sozinha!Os ombros de Geraldo caíram ligeiramente, ele suspirou, desviando o olhar.— Rita, eu nunca pedi que fizesse tudo isso. Foi uma escolha sua, e tudo isso... Isso é só meu.— Geraldo! — Ela gritou, se aproximando novamente e agarrando a mão dele com força. — Você está desistindo da sua vida? Está mesmo decidido a morrer?Ele olhou
— Para de falar essas bobagens.As lágrimas de Rita continuavam caindo, mas, dessa vez, não eram por Geraldo. Ela chorava por si mesma.— Mas é verdade. — Disse ela, o olhar vazio, perdido. — Sempre que tenho pesadelos, é a mesma coisa. Sonho que morro, sozinha, e que ninguém vem buscar meu corpo. Não tenho família, nem amigos... Parece que, mesmo morta, seria tratada como um lixo qualquer.— Esse dia nunca vai chegar, Rita. Eu prometo. — Geraldo tentou tranquilizá-la, com um tom firme.Rita fechou os olhos, mas não conseguia afastar a tristeza que tomava seu coração. Desde pequena, ela era diferente das outras garotas. Enquanto elas tinham pais e uma infância, ela tinha apenas o vazio. Desde que se lembrava, não havia amor, apenas violência. Todos diziam que os pais haviam vendido ela por oito mil reais. Diziam também que nenhum pai ou mãe de verdade abandonaria um filho.Ela riu com a amargura. Que mentira ridícula.Nunca existiu esse “amor incondicional”. Ela era a prova disso. Nasc
Naquele momento, Marcelo estava em um evento social cheio de falsidade e sorrisos de conveniência. Mas, assim que ouviu sobre o estado estranho de Esther, deixou a taça de vinho de lado sem pensar duas vezes.— Entendi. — Ele disse, encerrando a ligação abruptamente e se levantando.Sofia, por sua vez, estava ocupada entretendo diretores e produtores influentes, figuras importantes que poderiam ajudá-la a alcançar o topo. Então, sequer percebeu a ausência de Marcelo. Quando notou, tudo o que restava dele era uma taça pela metade, deixada para trás. A mente dela começou a vagar, mas, diante de tantos figurões, se forçou a continuar sorrindo, fingindo que tudo estava sob controle.O céu, lá fora, parecia refletir o clima tenso. Um trovão ribombou ao longe, anunciando uma tempestade iminente. Pingos de chuva começaram a cair, lentamente. E, logo, uma torrente molhava as ruas da cidade.Marcelo chegou ao local onde haviam avistado Esther. Ela caminhava como se tivesse perdido a alma, os pa
Ao cair nos braços de Marcelo, Esther sentiu os olhos arderem, as lágrimas prontas para cair.— Me solta! — Ela empurrou ele, o olhando nos olhos com frieza. — Eu não preciso da sua pena.— Esther... — Marcelo murmurou, resignado, chamando por ela.Mas Esther deu um passo para trás, rindo com frieza.— Para de me olhar com esse olhar de dó. Depois do divórcio, não existe mais nada entre nós, Marcelo. Leva todos os seus homens embora.— Como você quer que eu ignore o que está acontecendo com você? — Marcelo avançou na direção dela, tentando se aproximar. — Não é como você está pensando!— Fica longe de mim! Já chega! — Esther gritou, sua voz cheia de dor e raiva. — Eu te odeio, Marcelo! Você escondeu tudo de mim, fingiu que nada estava acontecendo, enquanto deixava o Luiz arriscar a vida para me salvar. Se ele morrer por causa disso, vou te odiar pelo resto da vida!O rosto de Marcelo assumiu uma expressão complexa, como se um turbilhão de emoções estivesse lutando para sair.— Por caus
Enquanto tentavam manter Sofia sob controle, Marcelo e sua equipe ainda precisavam encontrar o antídoto.— Mas não é como a senhora pensa, sabe? Não foi só o Luiz que arriscou tudo por ela. Você também... — Murmurou Durval, ressentido. Para ele, era injusto que Esther não percebesse todos os sacrifícios de Marcelo.A menção disso fez Marcelo franzir as sobrancelhas.— Eu não esperava que Luiz soubesse de tudo. — Disse ele, a voz baixa. Mais do que isso, não imaginava que ele fosse arriscar a vida para ir àquele lugar.— Devemos achar outra solução. — Comentou André, tentando encorajar o chefe. — Mas agora, a senhora também precisa de um pouco de conforto.Marcelo soltou um sorriso amargo.— Não viu como ela me odeia? — Disse ele, retirando o casaco molhado e subindo as escadas para trocar de roupa. — Se eu tentar me aproximar, só vou irritar ela mais.Durval e André seguiram ele em silêncio, percebendo o peso da tristeza e da frustração que ele carregava. Eles estavam ao lado de Marcel
— Ela já não precisa mais de mim. — Disse Marcelo.Será que havia uma brecha entre ele e Esther? Talvez isso explicasse o motivo de ele ter voltado para casa completamente encharcado. Mesmo o relacionamento mais sólido pode rachar de vez quando surgem essas pequenas fendas. E, uma vez rachado, dificilmente voltaria a ser o mesmo.Dentro de Sofia, brotava uma satisfação silenciosa. Observando Marcelo, ela se aproximou com um olhar sedutor e disse:— Marcelo, eu sempre vou precisar de você. Nunca vou te abandonar, acredite em mim. Só eu sou a que mais te ama de verdade! Se Esther realmente te amasse, não teria te tratado dessa forma.Com essas palavras, Sofia se aconchegou em seu peito, cheia de uma alegria quase exuberante....Enquanto isso, Esther, já ciente de que havia sido envenenada, decidiu procurar o hospital para fazer um exame completo. Ela precisava saber quanto tempo ainda lhe restava. Será que conseguiria viver o suficiente para dar à luz seu filho?Porém, após uma série de
O roteiro pedia especificamente uma história de amor entre um casal de idades diferentes, o que criava uma forte química entre Melissa e Bryan na tela.— Esther. — Chamou Bryan, saindo do set com o torso nu, exibindo o resultado de anos de treino. Ele tinha um físico bem definido, que junto à sua altura chamava muita atenção. Era nítido que, se essa série fizesse sucesso, Bryan tinha tudo para se tornar um verdadeiro ídolo.Sempre educado, após cada cena, ele fazia uma pequena reverência ao pessoal do set, agradecendo a todos pelo esforço, e, sem demora, ia em direção a Esther para conferir os trechos filmados no monitor.— Será que eu não captei bem a cena? — Perguntou ele, se referindo a uma sequência que havia acabado de gravar com Melissa, em que os dois contracenavam na piscina.Na verdade, o desempenho de Bryan ainda revelava um toque de inexperiência.— Não se preocupe, você está interpretando um personagem jovem e inexperiente, alguém que está descobrindo o amor pela primeira v