— Para de falar essas bobagens.As lágrimas de Rita continuavam caindo, mas, dessa vez, não eram por Geraldo. Ela chorava por si mesma.— Mas é verdade. — Disse ela, o olhar vazio, perdido. — Sempre que tenho pesadelos, é a mesma coisa. Sonho que morro, sozinha, e que ninguém vem buscar meu corpo. Não tenho família, nem amigos... Parece que, mesmo morta, seria tratada como um lixo qualquer.— Esse dia nunca vai chegar, Rita. Eu prometo. — Geraldo tentou tranquilizá-la, com um tom firme.Rita fechou os olhos, mas não conseguia afastar a tristeza que tomava seu coração. Desde pequena, ela era diferente das outras garotas. Enquanto elas tinham pais e uma infância, ela tinha apenas o vazio. Desde que se lembrava, não havia amor, apenas violência. Todos diziam que os pais haviam vendido ela por oito mil reais. Diziam também que nenhum pai ou mãe de verdade abandonaria um filho.Ela riu com a amargura. Que mentira ridícula.Nunca existiu esse “amor incondicional”. Ela era a prova disso. Nasc
Naquele momento, Marcelo estava em um evento social cheio de falsidade e sorrisos de conveniência. Mas, assim que ouviu sobre o estado estranho de Esther, deixou a taça de vinho de lado sem pensar duas vezes.— Entendi. — Ele disse, encerrando a ligação abruptamente e se levantando.Sofia, por sua vez, estava ocupada entretendo diretores e produtores influentes, figuras importantes que poderiam ajudá-la a alcançar o topo. Então, sequer percebeu a ausência de Marcelo. Quando notou, tudo o que restava dele era uma taça pela metade, deixada para trás. A mente dela começou a vagar, mas, diante de tantos figurões, se forçou a continuar sorrindo, fingindo que tudo estava sob controle.O céu, lá fora, parecia refletir o clima tenso. Um trovão ribombou ao longe, anunciando uma tempestade iminente. Pingos de chuva começaram a cair, lentamente. E, logo, uma torrente molhava as ruas da cidade.Marcelo chegou ao local onde haviam avistado Esther. Ela caminhava como se tivesse perdido a alma, os pa
Ao cair nos braços de Marcelo, Esther sentiu os olhos arderem, as lágrimas prontas para cair.— Me solta! — Ela empurrou ele, o olhando nos olhos com frieza. — Eu não preciso da sua pena.— Esther... — Marcelo murmurou, resignado, chamando por ela.Mas Esther deu um passo para trás, rindo com frieza.— Para de me olhar com esse olhar de dó. Depois do divórcio, não existe mais nada entre nós, Marcelo. Leva todos os seus homens embora.— Como você quer que eu ignore o que está acontecendo com você? — Marcelo avançou na direção dela, tentando se aproximar. — Não é como você está pensando!— Fica longe de mim! Já chega! — Esther gritou, sua voz cheia de dor e raiva. — Eu te odeio, Marcelo! Você escondeu tudo de mim, fingiu que nada estava acontecendo, enquanto deixava o Luiz arriscar a vida para me salvar. Se ele morrer por causa disso, vou te odiar pelo resto da vida!O rosto de Marcelo assumiu uma expressão complexa, como se um turbilhão de emoções estivesse lutando para sair.— Por caus
Enquanto tentavam manter Sofia sob controle, Marcelo e sua equipe ainda precisavam encontrar o antídoto.— Mas não é como a senhora pensa, sabe? Não foi só o Luiz que arriscou tudo por ela. Você também... — Murmurou Durval, ressentido. Para ele, era injusto que Esther não percebesse todos os sacrifícios de Marcelo.A menção disso fez Marcelo franzir as sobrancelhas.— Eu não esperava que Luiz soubesse de tudo. — Disse ele, a voz baixa. Mais do que isso, não imaginava que ele fosse arriscar a vida para ir àquele lugar.— Devemos achar outra solução. — Comentou André, tentando encorajar o chefe. — Mas agora, a senhora também precisa de um pouco de conforto.Marcelo soltou um sorriso amargo.— Não viu como ela me odeia? — Disse ele, retirando o casaco molhado e subindo as escadas para trocar de roupa. — Se eu tentar me aproximar, só vou irritar ela mais.Durval e André seguiram ele em silêncio, percebendo o peso da tristeza e da frustração que ele carregava. Eles estavam ao lado de Marcel
— Ela já não precisa mais de mim. — Disse Marcelo.Será que havia uma brecha entre ele e Esther? Talvez isso explicasse o motivo de ele ter voltado para casa completamente encharcado. Mesmo o relacionamento mais sólido pode rachar de vez quando surgem essas pequenas fendas. E, uma vez rachado, dificilmente voltaria a ser o mesmo.Dentro de Sofia, brotava uma satisfação silenciosa. Observando Marcelo, ela se aproximou com um olhar sedutor e disse:— Marcelo, eu sempre vou precisar de você. Nunca vou te abandonar, acredite em mim. Só eu sou a que mais te ama de verdade! Se Esther realmente te amasse, não teria te tratado dessa forma.Com essas palavras, Sofia se aconchegou em seu peito, cheia de uma alegria quase exuberante....Enquanto isso, Esther, já ciente de que havia sido envenenada, decidiu procurar o hospital para fazer um exame completo. Ela precisava saber quanto tempo ainda lhe restava. Será que conseguiria viver o suficiente para dar à luz seu filho?Porém, após uma série de
O roteiro pedia especificamente uma história de amor entre um casal de idades diferentes, o que criava uma forte química entre Melissa e Bryan na tela.— Esther. — Chamou Bryan, saindo do set com o torso nu, exibindo o resultado de anos de treino. Ele tinha um físico bem definido, que junto à sua altura chamava muita atenção. Era nítido que, se essa série fizesse sucesso, Bryan tinha tudo para se tornar um verdadeiro ídolo.Sempre educado, após cada cena, ele fazia uma pequena reverência ao pessoal do set, agradecendo a todos pelo esforço, e, sem demora, ia em direção a Esther para conferir os trechos filmados no monitor.— Será que eu não captei bem a cena? — Perguntou ele, se referindo a uma sequência que havia acabado de gravar com Melissa, em que os dois contracenavam na piscina.Na verdade, o desempenho de Bryan ainda revelava um toque de inexperiência.— Não se preocupe, você está interpretando um personagem jovem e inexperiente, alguém que está descobrindo o amor pela primeira v
O rosto de Esther se iluminou com uma alegria incontida ao ver o nome de Luiz no visor. Rapidamente, atendeu a ligação, exclamando:— Luiz!Mas a resposta do outro lado veio em uma língua que ela não entendia. Esther, confusa, teve um choque imediato, e seu sorriso se desfez.— O que você está dizendo? Não é o Luiz? — Perguntou, com o coração acelerado.A linha estava cheia de ruídos, e as palavras do homem do outro lado eram impossíveis de entender. Esther começou a sentir um nó de angústia se formando. Por que Luiz não estava com o celular? Aquele estranho que tinha o telefone dele deixou ela em estado de alerta.— Espere, não desligue! Eu vou encontrar alguém que possa traduzir! — Disse, aflita, enquanto tentava pensar rápido em como resolver a situação.Infelizmente, ela não conhecia ninguém próximo que pudesse traduzir o que estava sendo dito, e essa ajuda imediata parecia impossível de conseguir. Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, a chamada foi encerrada abruptamente.
— Como ainda podem acontecer essas barbaridades hoje em dia? Parece que voltamos no tempo! Dá até medo!— As meninas têm que evitar lugares isolados, sabe? Não é só por causa desses casos de assassinato, tem também assédio, sequestro... É melhor se cuidar e ficar longe de perigo! Enquanto ouvia os comentários de todos, Esther sentia um pressentimento ruim se formando. A cidade parecia cada vez mais perigosa, e depois do que aconteceu com Luiz, a tensão só aumentava. O relato do corpo encontrado sem órgãos deixou ela alarmada. “Tráfico de órgãos... Já chegaram a esse ponto?”, pensou com os punhos cerrados. Não havia mais medo em seus olhos, apenas uma profunda indignação.Era inevitável ligar essa situação a um certo grupo clandestino.Assim que terminaram de filmar a cena noturna, Esther se preparou para ir para casa descansar. Melissa se aproximou, preocupada, dando o último aviso:— Esther, cuidado, tá? Evita passar por lugares desertos!Esther agradeceu com um aceno, e foi acompa