O homem de meia-idade soltou uma risada fria e sarcástica antes de sair do local.Rita finalmente relaxou, desabando no chão, exausta. Só naquele momento permitiu que o corpo, até então tenso de nervosismo, se acalmasse. Com um suspiro profundo, limpou o sangue que escorria no canto dos lábios. Seu rosto estava inchado, a pele normalmente impecável agora marcada pela violência. A vermelhidão em uma das bochechas retirava qualquer resquício de sua habitual elegância. E, por trás dos olhos geralmente confiantes, havia um traço evidente de pavor.Ela estava com medo. E com razão.Todos eles viviam nas sombras, presos a um mundo do qual não havia escapatória. Deixar a organização era assinar a própria sentença de morte.Rita sentiu uma preocupação crescente por Geraldo. As ações dele estavam cada vez mais em confronto com os interesses da organização. O que aconteceria quando descobrissem?Uma sombra de preocupação apareceu em seu rosto sedutor. De qualquer forma, ela precisava concluir a
— Eu lembro que naquela época você era um pouco mais baixo que eu, e agora já está um tanto mais alto! Seu rosto também mudou, ficou mais maduro e, tenho que admitir, bem mais bonito. Fico muito feliz em te ver, é como se estivesse olhando para o meu próprio filho.Davi olhou para Marcelo com um sorriso sincero. Seu afeto pelo rapaz era evidente, e ele não hesitou em dar um tapinha amigável no ombro dele, observando-o de cima a baixo com um olhar orgulhoso.No passado, foi Davi quem treinou Marcelo. Naquela época, Davi ainda não era coronel, nem de longe. Apenas comandava um pequeno pelotão, com o modesto título de sargento.Os dois haviam enfrentado situações de vida ou morte juntos, o que criou um laço profundo entre eles. Mesmo que Marcelo tivesse deixado o exército muitos anos atrás, as memórias dos dias difíceis e das batalhas que travaram lado a lado permaneciam vivas na mente de ambos.A diferença de idade entre eles era notável. Davi poderia muito bem ser pai de Marcelo, e, de
— Alô.Marcelo estava sentado em um canto isolado, e assim que ouviu a voz de Esther do outro lado da linha, seu olhar endurecido se suavizou. Com a voz rouca, disse:— Estou com saudades de você.Do outro lado, Esther apertou o celular com força, mas ficou sem palavras por um instante. Ainda abalada pelo quase sequestro que tinha acabado de vivenciar, seu coração ainda batia acelerado. Ela sabia que Geraldo estava no apartamento ao lado, mas mesmo assim, se sentia insegura. Talvez conversar com Marcelo ajudasse ela a desviar um pouco a mente do medo que a consumia.— Onde você está? — Ela perguntou, tentando manter a voz estável.Do lado de fora, Marcelo podia ouvir os sons altos dos soldados treinando, seus gritos ecoando pelo campo. Ele se levantou e fechou a janela para abafar o ruído.— Estou fora da cidade. — Respondeu ele.— Você saiu da cidade? — Esther ficou surpresa. Ela sabia que Marcelo tinha saído para resolver alguns assuntos no dia em que se despediram, mas não fazia ide
No hotel, tudo estava uma bagunça.Esther Moura acordou com uma dor intensa pelo corpo.Ela massageou a testa, pronta para se levantar, e olhou para a figura alta deitada ao lado dela.Um rosto exageradamente bonito, com traços definidos e olhos profundos.Ele ainda dormia profundamente, sem sinal de despertar.Esther se sentou, o cobertor deslizou, revelando seus ombros brancos e sensuais, marcados por algumas manchas.Ela desceu da cama, e no lençol havia marcas claras de sangue.Ao ver a hora, percebeu que estava quase na hora de ir para o trabalho. Pegou o tailleur que estava jogado no chão e vestiu.As meias-calças estavam rasgadas por ele.Ela as amassou e jogou no lixo, calçando os sapatos de salto alto.Ao mesmo tempo, alguém bateu na porta.Esther já estava vestida e pronta, parecendo novamente a secretária eficiente, pegou sua bolsa e foi em direção à saída.Quem entrou foi uma jovem de aparência pura e inocente.Ela quem tinha chamado.Exatamente o tipo que Marcelo Mendes go
Ao ouvir as suas palavras, Esther ficou surpresa e quase torceu o tornozelo. Perdendo o equilíbrio, ela se apoiou nele. Marcelo sentiu seu corpo inclinar e segurou sua cintura. O calor do toque trouxe de volta as lembranças da noite passada, quando ele a tomou com intensidade.Esther tentou se acalmar e levantou a cabeça para encarar ele. Seus olhos profundos eram sérios, com um misto de questionamento e dúvida, como se estivessem prestes a desvendar seus segredos. O coração de Esther batia acelerado. Ela não ousava sustentar o olhar dele por mais um segundo e, instintivamente, abaixou a cabeça.Quando ele pensou que a mulher que estava com ele ontem era aquela que acabou de ver, ficou furioso. Se soubesse que era ela, o destino dela não seria muito diferente.Mas ela não podia aceitar isso. Se Marcelo soubesse que era ela, será que o casamento deles poderia durar um pouco mais?Ela não teve coragem de olhar nos olhos dele: - Por que está perguntando isso?Apenas ela própria sabi
Ela levantou a cabeça e viu Sofia com um avental, segurando uma concha.Quando viu Esther, seu sorriso vacilou por um instante, mas logo voltou a ser acolhedor: - É uma amiga da tia? Acabei de fazer uma sopa, entre e se sente.Sua postura era tranquila, com uma atitude totalmente de dona da casa.Parecia que Esther era a visitante de longe.De fato, em breve ela seria uma estranha.Esther franziu a testa, se sentindo extremamente desconfortável.Quando se casou com Marcelo, fez um anúncio para toda a cidade. Sofia até enviou uma carta de felicitações. Então não tinha como ela não saber que ela era a esposa do Marcelo.Vendo que Esther não se mexia na porta, Sofia logo se aproximou e segurou sua mão: - Quem vem é sempre bem-vindo. Não seja tímida, entre.Quando ela se aproximou, o ar trouxe um leve aroma de jasmim, o mesmo perfume que Marcelo tinha dado a Esther no aniversário do ano passado, exatamente igual.Esther sentiu a garganta doer e a respiração ficar pesada, como se tivesse
- A Esther parece que não está muito bem hoje, ela não quis vir entregar os documentos, então só eu vim. - Sofia colocou sua mão queimada na frente dele. - Marcelo, você também não precisa culpar a Esther, acho que não foi de propósito, não atrasou nada, né.Os documentos da empresa acabaram indo parar nas mãos erradas, e esta foi a primeira vez que Esther fez algo assim.Marcelo estava com o semblante fechado, mas diante de Sofia ele conteve a raiva, apenas ajustou a gravata e falou num tom neutro: - Não tem problema. - Mudando de assunto, ele continuou. - Já que está aqui, que tal sentar um pouco?Ouvindo ele dizer isso, Sofia se sentiu um pouco animada. Pelo menos ele a aceitava, não a detestava.- Você não ia ter uma reunião? Não vou te atrapalhar?Marcelo então fez uma ligação: - A reunião foi adiada em meia hora.Sofia sorriu de canto, antes de vir, ela estava preocupada se ele guardava rancor por ela ter partido sem avisar, mas as coisas não pareciam tão ruins quanto imaginava
Esther parou de repente, não havia aquela harmonia de casal entre eles, mas sim uma distância mais como de um superior para uma subordinada. - Sr. Marcelo, tem mais alguma ordem? - Ela perguntou.Marcelo se virou para encarar o rosto distante de Esther, com um tom de comando em sua voz. - Se sente.Esther de repente não entendeu o que ele queria fazer.Marcelo se aproximou.Esther o observava se aproximando, e nesse momento, algo parecia diferente, fazendo ela sentir o ar rarefeito. Era puro ervosismo, com uma sensação estranha.Ela não se moveu, mas Marcelo tomou a iniciativa de segurar sua mão.Quando a palma quente dele tocou a dela, foi como se fosse queimada, queria puxar ela para longe, mas Marcelo segurou firmemente, não dando a ela a chance de se soltar, levando ela para o lado e perguntando com a testa franzida: - Você machucou sua mão, e não percebeu?Sua preocupação surpreendeu Esther. - Eu... Está tudo bem.- Sua mão está com bolhas. - Marcelo perguntou. - Por que não