— Alô.Marcelo estava sentado em um canto isolado, e assim que ouviu a voz de Esther do outro lado da linha, seu olhar endurecido se suavizou. Com a voz rouca, disse:— Estou com saudades de você.Do outro lado, Esther apertou o celular com força, mas ficou sem palavras por um instante. Ainda abalada pelo quase sequestro que tinha acabado de vivenciar, seu coração ainda batia acelerado. Ela sabia que Geraldo estava no apartamento ao lado, mas mesmo assim, se sentia insegura. Talvez conversar com Marcelo ajudasse ela a desviar um pouco a mente do medo que a consumia.— Onde você está? — Ela perguntou, tentando manter a voz estável.Do lado de fora, Marcelo podia ouvir os sons altos dos soldados treinando, seus gritos ecoando pelo campo. Ele se levantou e fechou a janela para abafar o ruído.— Estou fora da cidade. — Respondeu ele.— Você saiu da cidade? — Esther ficou surpresa. Ela sabia que Marcelo tinha saído para resolver alguns assuntos no dia em que se despediram, mas não fazia ide
Diana entrou trazendo várias sacolas cheias de coisas. Esther, ao vê-la, não conseguiu segurar o alívio. Parecia que, de repente, tinha visto um anjo aparecer para salvá-la. Sem pensar duas vezes, ela correu e a abraçou forte.— Graças a Deus você chegou! Se você não viesse, eu acho que não conseguiria dormir nada essa noite.— Mas o que aconteceu? — Perguntou Diana, claramente preocupada. — Não é à toa que o Marcelo me ligou pedindo para vir aqui ver você. Então é sério... Você está com algum problema?Se Marcelo pediu para Diana ir até Esther, com certeza não era por algo simples. Diana estava preocupada com a Esther, por isso ela foi até lá.— Ele te ligou? — Esther parecia surpresa.— Sim, acho que ele não pode sair de onde está, então pediu para eu vir ficar com você. — Diana se aproximou e, com um gesto carinhoso, tocou o rosto pálido de Esther. — Olha só, você está toda pálida... Você se assustou com alguma coisa?Esther segurou a mão da amiga com força, tentando encontrar as p
— A Sofia está bem, sim. — Disse Iara, com um sorriso profissional. — Ela só tem estado muito ocupada com o trabalho ultimamente e, por isso, não conseguiu vir te ver.— Ah, muito trabalho, né? — Joana forçou um sorriso, tentando disfarçar o desapontamento que sentia. — Mas isso é bom. Ela é uma grande estrela agora, vai brilhar muito mais no futuro! Se tem trabalho, é sinal de que o caminho está aberto pra ela. Fico feliz, de verdade.— Sra. Joana, eu preciso voltar ao trabalho. — Disse Iara, com pressa.— Tudo bem, vai lá. — Joana olhou para os recipientes térmicos que segurava e, com um suspiro, estendeu um deles para Iara. — Isso aqui é uma canja de galinha que eu mesma preparei. A Sofia deve estar tão ocupada que nem tem tempo de se alimentar direito. Leva para ela. Quando tiver um tempinho, diz pra ela tomar. Vai fazer bem.Iara aceitou o recipiente, dando um leve aceno de cabeça.— Pode deixar, vou entregar para ela.Dizendo isso, Iara se despediu e entrou no prédio. Joana ficou
— Seu desgraçado! — Joana exclamou com os olhos vermelhos de raiva, cerrando os dentes. — Se não fosse por você, eu nunca teria me casado com o Igor. Yago, você me deve isso para o resto da vida!Yago, com um leve sorriso nos lábios, assentiu calmamente.— Eu me lembro muito bem do que te devo. — Ele fez uma pausa, como se quisesse aumentar o suspense, e depois continuou. — Mas quando eu sair daqui, vai ser bom tanto para você quanto para sua filha.Joana, no entanto, mantinha o rosto sério, com uma frieza cortante.— Quando você sair, faça um favor a todos: siga com sua vida. Não nos procure. Não procure a Sofia. Não interfira na carreira dela. Isso já seria o maior bem que você poderia fazer por nós duas.Ela sabia que não podia esperar mais nada dele. A única coisa que desejava era que ele ficasse longe, sem perturbar a vida de ninguém. Sofia tinha lutado tanto para chegar onde estava, e Joana não permitiria que ele destruísse tudo.Joana suspirou, se lembrando de como, anos atrás,
O corpo da “médica” ficou tenso por um momento.— Srta. Esther, o que está dizendo? Está duvidando da minha competência profissional?Esther, no entanto, continuava a segurá-la firmemente pelo pulso, não deixando dúvidas em sua voz:— Médicos não fazem unhas decoradas. Você tem essas unhas compridas e está com um cheiro forte de perfume. Como pode ser uma médica de verdade?A mulher hesitou por um segundo, sua confiança vacilando. Se sentindo exposta, ela rapidamente puxou a mão para trás, tentando evitar mais suspeitas. Esther percebeu a oportunidade e, sem perder tempo, disparou em direção à porta, tentando escapar.A impostora, vendo a tentativa de fuga, avançou rapidamente para segurar ela.— Onde pensa que vai?Na saída da sala, a impostora conseguiu agarrar Esther pelos cabelos com um movimento brutal e preciso. O gesto foi tão rápido e violento que Esther imediatamente entendeu que estava lidando com alguém treinado. Não havia chances de vencer em uma luta.— Socorro... — Esther
Era desespero.Havia gritos de dor.Esther sentiu uma mão quente segurando a sua, enquanto uma voz suave sussurrava em seu ouvido:— Não tenha medo. Eu vou te tirar daqui.Logo em seguida, uma outra mão, fria como gelo, agarrou seu braço, e uma voz diferente perguntou:— Você já viu a luz do sol? Como será essa sensação?Ela não conseguia ver os rostos das pessoas que falavam com ela.Naquela sala escura, era impossível distinguir as feições dos outros. Só conseguia ouvir as vozes.— Estrella... Eu prometo que você vai ver a luz do sol.— Fifi... Esther abriu os olhos de repente, o peito subindo e descendo rápido com a respiração ofegante. Suas mãos estavam cerradas em punhos e seu corpo coberto de suor frio. Ela voltou a si, mas ainda estava naquele espaço apertado e sombrio.Tremendo incontrolavelmente, Esther segurou a cabeça entre as mãos e começou a gritar:— Não! Não!O carro freou bruscamente.O grito de Esther ecoou dentro do veículo, fazendo os ocupantes ouvirem algo estranho
Marcelo era o líder deles.Mesmo estando fora do exército, todos continuavam a chamar ele de capitão Marcelo.Desde a última vez em que ligou para Esther, sem que ela lhe desse uma resposta clara, Marcelo começou a desconfiar que algo estava errado. Por isso, correu para voltar à cidade naquela mesma noite.E agora, seus piores temores se confirmavam. Alguém estava realmente tentando sequestrar ela!Ele não poderia deixar isso passar impune.— Continue perseguindo. — Marcelo ordenou com uma expressão séria. — Tem mais alguém no carro deles. Fiquem atentos!Se o objetivo fosse apenas fazer com que eles parassem, bastaria atirar nos quatro pneus. O problema era que Esther estava naquele carro. Ele não podia correr esse risco. Se algo acontecesse com o veículo, ela também poderia se machucar, ainda mais estando grávida. Eles teriam que alcançá-los de outra forma.O carro dos sequestradores passou por uma ponte estreita.— Estamos quase lá. Assim que atravessarmos a ponte, estaremos a salv
Rita olhou fixamente para Esther e, cerrando os dentes, murmurou:— Sinto muito!Seus dedos começaram a afrouxar, enquanto Esther, desesperada, tentava se agarrar à sua mão. Ela ainda queria viver, não queria soltar, não podia. Mas, de repente, Rita colocou as mãos de Esther sobre o corrimão da ponte.Esther ficou paralisada de surpresa, olhando incrédula para Rita.— O destino decidirá sua sorte. Eu só posso ajudar até aqui. — Rita disse friamente.As mãos de Esther se agarraram com firmeza ao corrimão, mas seus pés não tinham apoio. Ela pendia sobre o vazio, lutando para não cair, com as forças se esvaindo rapidamente.— Esther!A voz de Marcelo ecoou pelo local. Ele viu Esther pendurada e, sem hesitar, correu em sua direção.— Capitão Marcelo, é perigoso! — Um dos soldados atrás dele gritou, tentando segurá-lo para impedi-lo de avançar.Mas Marcelo não ouviu. Sua mente estava focada apenas em uma coisa: salvar Esther. Ele sabia que, se não corresse até ela, ela cairia. Cair signific