— É verdade mesmo? A fonte é confiável? — Perguntaram, olhando para Gabriela com ceticismo.— É verdade, estou aqui para vigiar a noite toda. Eu monitoro a entrada e saída do hospital, e se a Sofia aparecer, mesmo que seja só a sombra dela, já vai valer a pena! — Respondeu Gabriela, determinada.— Então vamos ficar aqui, não acredito que eles não vão sair! — Exclamaram, decididos a não se afastar.Após um dia inteiro de vigília, a expectativa era evidente entre eles, todos focados nas notícias sobre Sofia. Ficar ali valeria a pena, estavam certos disso.No entanto, uma das assistentes de Gabriela levantou a voz, preocupada: — Gabriela, a gente realmente vai esperar aqui o tempo todo?Gabriela também estava ansiosa. Como poderia encontrar Sofia? Mesmo que fosse só uma foto, já seria um grande feito. — Não podemos ficar parados esperando! — Disse, determinada. Ela observou as enfermeiras que passavam e, de repente, uma ideia surgiu em sua mente. Ela se virou para suas assistentes e dis
— Você... Você quem é? Não te conheço. Marcelo, quem é ela? Quem são essas pessoas? — Sofia olhou para Iara com um semblante confuso, como se estivesse diante de estranhos.Com essas palavras, todos ao redor ficaram paralisados por um momento.— Sofia, você não se lembra de mim? — Iara perguntou, visivelmente surpresa. — Eu sou sua assistente, Iara!Sofia a empurrou com força, como se repelisse algo que a assustava.— Sai daqui! Marcelo, o que está acontecendo comigo? Eu não consigo ouvir vocês! — Sua voz estava cheia de pânico, os olhos arregalados de medo. — Vem aqui, por favor! Eu tô com medo!Michele, que até então tentava entender a situação, ficou boquiaberta com a reação de Sofia.— Primeiro ela perde a audição, agora tá com amnésia? Isso aqui tá parecendo um daqueles dramas pesados, daqueles que ninguém aguenta de tanto sofrimento. — Comentou Michele, balançando a cabeça com uma pitada de incredulidade.Marcelo caminhou até Sofia, visivelmente preocupado.Assim que ele se aprox
— O que foi que eu perdi? Por que não consigo ouvir mais nada? Será que eu estou doente? — Sofia perguntou, completamente confusa e surpresa. — Não, Sofia, fica calma. — Iara tentou tranquilizá-la ao seu lado.Marcelo estava em pé, observando Sofia atentamente. Cada movimento dela parecia o de alguém em estado de amnésia, quase como se ela fosse a mesma pessoa de antes, mas ao mesmo tempo, diferente. Ele a estudou por um longo tempo antes de finalmente pegar o celular e escrever. [Tem muitos jornalistas lá fora querendo falar com você. Quer dar uma entrevista?]— Não, de jeito nenhum. — Sofia recusou de imediato.Ao acordar, Sofia tinha perdido a memória, se tornando uma vítima incontestável da situação. Marcelo sabia, no entanto, quem estava por trás do vídeo que circulava: era sua assistente, Iara.Quando Marcelo a confrontou sobre isso, Iara não hesitou: — Fui eu mesma que divulguei o vídeo. A Sofia foi injustiçada, ninguém levantou a voz para defender ela. Então, eu fiz o qu
— Você está falando daquele caso de tráfico humano? — Perguntou Thiago. — Eu me lembro. Foi um caso muito sério, e eu fui o advogado de defesa. Na época, o caso não foi divulgado ao público. Muitas questões sombrias estavam envolvidas, e Thiago se lembrava bem dos detalhes. — Exato. — Concordou Marcelo, confirmando a seriedade da situação. Thiago conhecia muito bem essa história, o que permitiu Marcelo compartilhar mais informações com ele. — Foi mais ou menos nessa época que a Sofia desapareceu sem dar explicações e foi para o exterior.— Talvez tenha sido coincidência. Afinal, Sofia é só uma garota. É difícil imaginar que ela estivesse envolvida em algo tão grande. — Ponderou Thiago.Se ela realmente estivesse envolvida, as implicações para aqueles ao seu redor seriam enormes. E isso indicaria que Sofia demonstra ser uma pessoa muito mais complexa do que ele havia pensado. Thiago não tinha muita proximidade com Sofia. Em todos esses anos de amizade com Marcelo, ele a havia encontr
— Foi por minha causa que a Michele acabou se metendo em problemas. Como você espera que eu não faça nada? Sei que você quer proteger a Sofia, mas a Michele sofreu muito com os ataques online, e ela precisa esclarecer essa situação. Ela não pode ser injustiçada assim! — Disse Esther, hesitante, mas decidida.— As coisas não são tão simples quanto você pensa. — Respondeu Marcelo, com uma expressão grave.Esther, no entanto, sorriu, sarcástica.— Sei que não é simples. Sofia não é alguém qualquer. Se ela é capaz de fazer o que fez, também não pode culpar os outros por revidarem. Você pode até não querer fazer nada, mas eu vou encontrar uma maneira de ajudar a Michele.— Eu não disse que não vou ajudar a tia Michele. — Marcelo rebateu, tentando manter o tom calmo.— Você não mandou a Sofia se mudar para o Jardim dos Sonhos? Vou ficar com a Michele todos esses dias. Se acontecer algo, eu também vou proteger ela! — Esther o encarou, desconfiada.Ela ainda estava chateada com a conversa que
Esther caminhava de braços dados com Michele, que não parava de expressar sua raiva. Naquele momento, Michele já havia xingado Marcelo mais de cem vezes.— Michele, eu tô aqui com você. Você não vai ficar sozinha. — Esther tentou consolar.— Ah, se eu soubesse, tinha tido uma neta, bem melhor! Menina é um aconchego, sempre perto da gente. Agora, olha o Marcelo! Ele é o único herdeiro da família Mendes, e só sabe me fazer passar raiva. Ele nem me reconhece mais como família! — Michele reclamava, sentindo até a pressão subir ao lembrar de tudo.— Talvez o Marcelo tenha seus motivos e não possa contar agora... — Esther tentava encontrar palavras para acalmá-la.— Que motivos o quê! — Michele rebateu, ainda furiosa. — Eu não quero mais nem falar sobre ele. Quanto mais eu penso, mais meu coração dói. Vamos embora daqui. Quanto mais longe deles, melhor!Ela estava determinada a sair do hospital.— Perguntei ao médico mais cedo e ele disse que a perda de audição pode ter sido provocada por al
— Tem que lembrar disso. Se não lembrar, como vai se virar na vida depois? — Michele exclamou com seu jeito generoso, mas firme.— Está certo, aceito ser seu amigo. — Luiz aceitou a amizade sem hesitar.Não havia qualquer barreira entre eles.Chegando ao apartamento de Luiz, elas se depararam com um espaço amplo e elegante. Um apartamento espaçoso, onde o hall de entrada já mostrava uma segurança reforçada, com guardas de prontidão 24 horas por dia.— E aí, o que acharam? — Luiz perguntou com um sorriso acolhedor.— Tá ótimo, Luiz, a gente não é exigente não. — Michele respondeu, satisfeita com o lugar.— Então, vocês podem ficar aqui esta noite. Eu já morei nesse apartamento antes, mas ainda tem algumas coisas minhas que preciso arrumar. — Disse Luiz, de maneira prática.— Não vai dar muito trabalho? — Esther perguntou, um pouco preocupada em incomodar.— De jeito nenhum, não se preocupe. De qualquer forma, eu já chamei meu assistente para ajudar. — Luiz havia pensado em todos os deta
— O quê? Como assim? — Luiz arregalou os olhos ao ouvir o que lhe foi dito. — Não pode ser... É a Esther!Naquele momento, ele já gostava dela. Foi por causa do seu apego por Esther que, sem pensar duas vezes, ele pegou o primeiro voo e voltou correndo para o país.O assistente, que segurava o jornal, também parecia incrédulo. Ele chegou a pensar que havia cometido algum engano.— Eu me lembro de você me dizer que Esther foi sua colega de escola. — Disse ele. — E que essa pessoa que aparece aqui era um ano mais nova que você.Luiz não respondeu de imediato. A surpresa o dominou mais uma vez, estampando em seu rosto uma expressão de choque. Ele rapidamente se aproximou e tomou o jornal das mãos do assistente, examinando-o com atenção. Era um jornal antigo, com o passar dos anos já estava amarelado, mas ainda bem preservado. No topo, o título estava perfeitamente legível, relatava um trágico incidente em uma escola secundária, onde várias pessoas haviam perdido a vida. O único sobrevi