Quando Marcelo viu Michele, ele parou de andar. Seus olhos se estreitaram um pouco enquanto a chamava:— Tia Michele.Michele olhou para ele com uma mistura de desapontamento e determinação.— Então você ainda sabe que eu sou sua tia. — Ela respondeu com um tom de reprovação. — Você deixou a Esther sozinha. Está indo atrás da Sofia, aquela amante?— Não acredite em tudo que você ouve. Pare de falar essas coisas. — Marcelo franziu levemente a testa, tentando manter a calma.Esther ouviu e apenas soltou um sorriso amargo. Dentro dela, uma mistura de tristeza e resignação tomou conta. Não importava a situação, ele sempre defendia Sofia. Ela sentiu uma pontada de dor em seu coração, como se cada palavra de Marcelo fosse um pequeno corte em sua alma.Michele não se deixou convencer.— Eu te conheço bem, Marcelo. Além daquela mulher, quem mais faria você deixar Esther e sair correndo? O que aconteceu com ela? O céu está caindo? Ela está morrendo? Você não pode deixar Esther sozinha. Hoje, vo
Ela era alérgica a álcool e seu corpo coçava de forma insuportável quando o consumia. Se não fosse pelos cuidados constantes de Marcelo, ela teria se arranhado toda, deixando marcas vermelhas e doloridas na pele. Marcelo, com uma expressão séria e preocupada, passava suavemente a pomada nas áreas irritadas, seus olhos concentrados na tarefa. Ele parecia sentir a dor dela e queria aliviar seu sofrimento de qualquer maneira possível.Mesmo que não houvesse amor entre eles e que ela não fosse feliz na família Mendes, às vezes ela ainda sentia a proteção dele. Era uma sensação estranha e contraditória, como uma pequena chama de calor em um ambiente frio e hostil.Esther retirou a mão dele devagar, sentindo um gosto amargo na boca, mas ainda tentou tranquilizá-lo. — Vai melhorar aos poucos. Os remédios nem sempre funcionam completamente. Não precisa se preocupar. Você não tem que trabalhar? Vou abrir a porta para você. Não leve a tia a sério. Mesmo que você vá embora, eu não vou reclamar pa
Com o passar do tempo, Marcelo ficou mais maduro e calmo. Suas feições estavam mais serenas e um leve brilho de sabedoria pairava em seus olhos. Enquanto ele cortava a carne, seus movimentos eram meticulosos e cheios de graça. Esther não conseguia desviar o olhar dele, notando cada detalhe, desde o jeito que ele segurava a faca até a forma como seus lábios se curvavam ligeiramente em um sorriso concentrado.Quando percebeu que Esther estava olhando para ele, deu um leve sorriso.— Você está me olhando assim, no que está pensando? Esther, apoiada no queixo, desviou o olhar rapidamente, tentando esconder o rubor que começava a se formar em suas bochechas.— Nada demais. — Sua voz saiu mais baixa do que esperava, traindo um pouco de nervosismo.— Você estava claramente me espiando. — Marcelo ergueu uma sobrancelha, o sorriso em seus lábios se alargando enquanto uma expressão de diversão brilhava em seus olhos.— E você não estava me olhando? Como sabe que eu estava te espiando? — Esther
Para Esther, era uma lembrança profunda e marcante. Para Marcelo, não tinha importância.Ela se sentiu um pouco triste. O que, para Marcelo, era uma coisa digna de ser lembrada?— Por que você parou de falar? — Marcelo, irritado, levantou o queixo dela. — Toquei em algum ponto sensível?Esther olhou para ele, fitando seus olhos frios, e perguntou: — Marcelo, tem alguma experiência que te marcou profundamente?Marcelo a encarou, perdido em pensamentos, lembrando-se de uma garota vaga em sua mente. Ele balançou a cabeça e apertou com força a mão de Esther. — Você ainda não me respondeu. Você gosta tanto dele assim?— Eu realmente gostava muito dele. — Esther respondeu, sua voz tremendo.Essa frase acendeu a fúria de Marcelo. Seus olhos se estreitaram, o maxilar se contraiu e suas mãos apertaram os braços de Esther com força.— Mas... — Esther tentou explicar, mas Marcelo não deu chance. Ele a beijou com raiva.O beijo a surpreendeu, e seus olhos se arregalaram. Marcelo a beijava com um
O som do alarme estridente trouxe uma calma inesperada ao ambiente. Marcelo se levantou de cima de Esther, seus olhos, ainda cheios de desejo, a observavam com uma expressão complexa. O nome de Enrico ecoava em sua mente, uma lembrança amarga e persistente. Ele respirou fundo, tentando controlar a raiva, e pegou o celular. Ao ver o nome na tela, colocou o aparelho no modo silencioso e o guardou no bolso.— Vou tomar um banho. — Com uma calma calculada, ele disse com a voz rouca.Então, se dirigiu para o banheiro, e o som da água do chuveiro começou a ecoar.Esther ficou deitada na cama, a sensação de perda era inegável. Sentia o coração apertado, como se estivesse sendo esmagado por uma mão invisível. Mesmo com o desejo a ponto de explodir, Marcelo conseguia manter a compostura, provavelmente por causa de Sofia. Mesmo sem ele dizer, ela sabia que as ligações incessantes eram de Sofia. A tela do celular não mentia. Ele, sob efeito de drogas, ainda conseguia manter a racionalidade por
No dia seguinte, Esther acordou e viu Marcelo ajustando a gravata. Seus movimentos eram precisos e elegantes, cada detalhe de sua aparência meticulosamente cuidado. Quando ele percebeu que ela estava acordada, ele disse: — O leite está na cabeceira da cama. Beba quando se levantar.Esther olhou para a cabeceira da cama, onde um copo de leite quente esperava por ela. Perguntou com um tom suave, quase hesitante: — Para onde você vai?Ela não se esqueceu do que ele havia dito na noite anterior, que iriam para casa depois que acordassem.— Tenho um compromisso. — Marcelo respondeu, sem muita emoção. — Vou pedir ao motorista para te levar de volta.Esther se sentou na cama, observando Marcelo se preparar. Seu olhar era uma mistura de tristeza e aceitação, sabendo que ele tinha outras prioridades. Ele notou seu silêncio e se aproximou, oferecendo o leite com um gesto gentil. — Beba enquanto está quente. Ela pegou o copo, sentindo o calor através do vidro, e, com um leve sorriso, comento
Então, eles eram casados. Isso significava que Marcelo deveria ser mais respeitoso e não agir como antes. — Marcelo já entrou? — Esther, apesar de já saber, fez a pergunta com uma ponta de dor disfarçada.— Sr. Marcelo… Ele entrou há pouco. — Gilberto respondeu, hesitante, observando as emoções no rosto de Esther.Ela observou os repórteres na entrada do hospital, confirmando sua suposição de que Marcelo estava agindo sem se importar com as aparências. Ele sempre fazia tudo por Sofia, sem se preocupar com o que os outros pensariam. Esther sentiu uma pontada de amargura, mas tentou esconder sua dor.Percebendo a preocupação de Esther, Gilberto tentou explicar com um sorriso constrangedor: — Sra. Esther, não se engane. O Sr. Marcelo veio para o hospital por causa de trabalho.— Não se preocupe, não estou com raiva. Não é necessário explicar. — Esther deu um sorriso leve.— Que bom. — Gilberto suspirou aliviado, ainda com uma expressão de apreensão.Com os repórteres na entrada princip
As palavras de Iara chamaram a atenção dos dois dentro do quarto. Marcelo olhou e viu Esther na porta. Imediatamente, ele soltou Sofia, a expressão em seu rosto mudou de preocupação para surpresa e culpa. Esther, visivelmente constrangida ao ser descoberta, baixou a cabeça e começou a se afastar, sentindo-se como uma intrusa em um momento privado.Ao perceber que ela estava prestes a ir embora, Marcelo correu atrás dela. — Esther! — Ele chamou, apressado, a voz carregada de urgência e medo de perdê-la.Esther estava andando rápido, o coração batendo acelerado, sem saber como enfrentar Marcelo. Mas ele a alcançou e segurou sua mão. Ela se virou, com os olhos vermelhos e um olhar distante, fixo em Marcelo, misturando mágoa e confusão.Marcelo tentou limpar as lágrimas que escorriam pelo rosto de Esther, mas ela desviou a cabeça, recuando um passo. — Você deve cuidar de Sofia. Não se preocupe comigo. — Disse Esther, sua voz cheia de tristeza e resignação.— Como você está no hospital?