Com o passar do tempo, Marcelo ficou mais maduro e calmo. Suas feições estavam mais serenas e um leve brilho de sabedoria pairava em seus olhos. Enquanto ele cortava a carne, seus movimentos eram meticulosos e cheios de graça. Esther não conseguia desviar o olhar dele, notando cada detalhe, desde o jeito que ele segurava a faca até a forma como seus lábios se curvavam ligeiramente em um sorriso concentrado.Quando percebeu que Esther estava olhando para ele, deu um leve sorriso.— Você está me olhando assim, no que está pensando? Esther, apoiada no queixo, desviou o olhar rapidamente, tentando esconder o rubor que começava a se formar em suas bochechas.— Nada demais. — Sua voz saiu mais baixa do que esperava, traindo um pouco de nervosismo.— Você estava claramente me espiando. — Marcelo ergueu uma sobrancelha, o sorriso em seus lábios se alargando enquanto uma expressão de diversão brilhava em seus olhos.— E você não estava me olhando? Como sabe que eu estava te espiando? — Esther
Para Esther, era uma lembrança profunda e marcante. Para Marcelo, não tinha importância.Ela se sentiu um pouco triste. O que, para Marcelo, era uma coisa digna de ser lembrada?— Por que você parou de falar? — Marcelo, irritado, levantou o queixo dela. — Toquei em algum ponto sensível?Esther olhou para ele, fitando seus olhos frios, e perguntou: — Marcelo, tem alguma experiência que te marcou profundamente?Marcelo a encarou, perdido em pensamentos, lembrando-se de uma garota vaga em sua mente. Ele balançou a cabeça e apertou com força a mão de Esther. — Você ainda não me respondeu. Você gosta tanto dele assim?— Eu realmente gostava muito dele. — Esther respondeu, sua voz tremendo.Essa frase acendeu a fúria de Marcelo. Seus olhos se estreitaram, o maxilar se contraiu e suas mãos apertaram os braços de Esther com força.— Mas... — Esther tentou explicar, mas Marcelo não deu chance. Ele a beijou com raiva.O beijo a surpreendeu, e seus olhos se arregalaram. Marcelo a beijava com um
O som do alarme estridente trouxe uma calma inesperada ao ambiente. Marcelo se levantou de cima de Esther, seus olhos, ainda cheios de desejo, a observavam com uma expressão complexa. O nome de Enrico ecoava em sua mente, uma lembrança amarga e persistente. Ele respirou fundo, tentando controlar a raiva, e pegou o celular. Ao ver o nome na tela, colocou o aparelho no modo silencioso e o guardou no bolso.— Vou tomar um banho. — Com uma calma calculada, ele disse com a voz rouca.Então, se dirigiu para o banheiro, e o som da água do chuveiro começou a ecoar.Esther ficou deitada na cama, a sensação de perda era inegável. Sentia o coração apertado, como se estivesse sendo esmagado por uma mão invisível. Mesmo com o desejo a ponto de explodir, Marcelo conseguia manter a compostura, provavelmente por causa de Sofia. Mesmo sem ele dizer, ela sabia que as ligações incessantes eram de Sofia. A tela do celular não mentia. Ele, sob efeito de drogas, ainda conseguia manter a racionalidade por
No dia seguinte, Esther acordou e viu Marcelo ajustando a gravata. Seus movimentos eram precisos e elegantes, cada detalhe de sua aparência meticulosamente cuidado. Quando ele percebeu que ela estava acordada, ele disse: — O leite está na cabeceira da cama. Beba quando se levantar.Esther olhou para a cabeceira da cama, onde um copo de leite quente esperava por ela. Perguntou com um tom suave, quase hesitante: — Para onde você vai?Ela não se esqueceu do que ele havia dito na noite anterior, que iriam para casa depois que acordassem.— Tenho um compromisso. — Marcelo respondeu, sem muita emoção. — Vou pedir ao motorista para te levar de volta.Esther se sentou na cama, observando Marcelo se preparar. Seu olhar era uma mistura de tristeza e aceitação, sabendo que ele tinha outras prioridades. Ele notou seu silêncio e se aproximou, oferecendo o leite com um gesto gentil. — Beba enquanto está quente. Ela pegou o copo, sentindo o calor através do vidro, e, com um leve sorriso, comento
Então, eles eram casados. Isso significava que Marcelo deveria ser mais respeitoso e não agir como antes. — Marcelo já entrou? — Esther, apesar de já saber, fez a pergunta com uma ponta de dor disfarçada.— Sr. Marcelo… Ele entrou há pouco. — Gilberto respondeu, hesitante, observando as emoções no rosto de Esther.Ela observou os repórteres na entrada do hospital, confirmando sua suposição de que Marcelo estava agindo sem se importar com as aparências. Ele sempre fazia tudo por Sofia, sem se preocupar com o que os outros pensariam. Esther sentiu uma pontada de amargura, mas tentou esconder sua dor.Percebendo a preocupação de Esther, Gilberto tentou explicar com um sorriso constrangedor: — Sra. Esther, não se engane. O Sr. Marcelo veio para o hospital por causa de trabalho.— Não se preocupe, não estou com raiva. Não é necessário explicar. — Esther deu um sorriso leve.— Que bom. — Gilberto suspirou aliviado, ainda com uma expressão de apreensão.Com os repórteres na entrada princip
As palavras de Iara chamaram a atenção dos dois dentro do quarto. Marcelo olhou e viu Esther na porta. Imediatamente, ele soltou Sofia, a expressão em seu rosto mudou de preocupação para surpresa e culpa. Esther, visivelmente constrangida ao ser descoberta, baixou a cabeça e começou a se afastar, sentindo-se como uma intrusa em um momento privado.Ao perceber que ela estava prestes a ir embora, Marcelo correu atrás dela. — Esther! — Ele chamou, apressado, a voz carregada de urgência e medo de perdê-la.Esther estava andando rápido, o coração batendo acelerado, sem saber como enfrentar Marcelo. Mas ele a alcançou e segurou sua mão. Ela se virou, com os olhos vermelhos e um olhar distante, fixo em Marcelo, misturando mágoa e confusão.Marcelo tentou limpar as lágrimas que escorriam pelo rosto de Esther, mas ela desviou a cabeça, recuando um passo. — Você deve cuidar de Sofia. Não se preocupe comigo. — Disse Esther, sua voz cheia de tristeza e resignação.— Como você está no hospital?
Como Marcelo podia dizer algo assim?Sofia, desolada, parou de chorar e ficou olhando para Marcelo com uma expressão de incredulidade. O homem diante dela parecia um estranho. Antes, ele se preocupava tanto com ela que jamais permitiria que ela sofresse. Mas agora, ele parecia ser alguém completamente diferente, insensível e incapaz de demonstrar qualquer tipo de carinho. Cada palavra dele era como uma lâmina cortante, atingindo seu coração profundamente.Ela não conseguia acreditar que esse fosse realmente Marcelo. Ele devia ter algum motivo para agir daquele jeito.Sofia soltou a mão de Marcelo e tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu. Seus lábios tremeram, e seu sorriso parecia mais uma máscara de dor. — Quites? Como você pretende quitar as coisas entre nós? — Perguntou, com a voz tremendo, os olhos cheios de lágrimas que insistiam em cair.— Cuide da sua audição. — Marcelo respondeu com frieza.— Eu não quero isso! Preferiria morrer! — Sofia, em um momento de desespero, pegou
Após a formatura, Esther se dedicou ao trabalho e à sua própria família. Seus pais, para não a incomodar, praticamente não ligavam, e ela, ocupada com outras coisas, acabou se distanciando deles.Ao chegar em casa, foi seu pai, Felipe Moura, quem abriu a porta. Ele estava com uma revista na mão e usava óculos de leitura. Ao ver Esther, seu rosto sério se iluminou com um sorriso caloroso que formava rugas nos cantos dos olhos. — Esther, você voltou! Entre, entre.Esther entrou e Felipe lhe entregou um par de chinelos. Ele fez isso com um carinho tão cuidadoso, como se estivesse tratando um tesouro precioso. — Sua mãe sabe que você voltou e está preparando um banquete com suas comidas favoritas. Hoje você está com sorte.— Beleza, estou morrendo de vontade dos pratos caseiros da mamãe. — Disse Esther, enquanto se apoiava no braço de Felipe, sentindo a familiaridade reconfortante de seu toque. — E quero a peixe que o senhor pescou.— Você sempre com essa sua fome. — Felipe riu com um so