As palavras de Iara chamaram a atenção dos dois dentro do quarto. Marcelo olhou e viu Esther na porta. Imediatamente, ele soltou Sofia, a expressão em seu rosto mudou de preocupação para surpresa e culpa. Esther, visivelmente constrangida ao ser descoberta, baixou a cabeça e começou a se afastar, sentindo-se como uma intrusa em um momento privado.Ao perceber que ela estava prestes a ir embora, Marcelo correu atrás dela. — Esther! — Ele chamou, apressado, a voz carregada de urgência e medo de perdê-la.Esther estava andando rápido, o coração batendo acelerado, sem saber como enfrentar Marcelo. Mas ele a alcançou e segurou sua mão. Ela se virou, com os olhos vermelhos e um olhar distante, fixo em Marcelo, misturando mágoa e confusão.Marcelo tentou limpar as lágrimas que escorriam pelo rosto de Esther, mas ela desviou a cabeça, recuando um passo. — Você deve cuidar de Sofia. Não se preocupe comigo. — Disse Esther, sua voz cheia de tristeza e resignação.— Como você está no hospital?
Como Marcelo podia dizer algo assim?Sofia, desolada, parou de chorar e ficou olhando para Marcelo com uma expressão de incredulidade. O homem diante dela parecia um estranho. Antes, ele se preocupava tanto com ela que jamais permitiria que ela sofresse. Mas agora, ele parecia ser alguém completamente diferente, insensível e incapaz de demonstrar qualquer tipo de carinho. Cada palavra dele era como uma lâmina cortante, atingindo seu coração profundamente.Ela não conseguia acreditar que esse fosse realmente Marcelo. Ele devia ter algum motivo para agir daquele jeito.Sofia soltou a mão de Marcelo e tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu. Seus lábios tremeram, e seu sorriso parecia mais uma máscara de dor. — Quites? Como você pretende quitar as coisas entre nós? — Perguntou, com a voz tremendo, os olhos cheios de lágrimas que insistiam em cair.— Cuide da sua audição. — Marcelo respondeu com frieza.— Eu não quero isso! Preferiria morrer! — Sofia, em um momento de desespero, pegou
Após a formatura, Esther se dedicou ao trabalho e à sua própria família. Seus pais, para não a incomodar, praticamente não ligavam, e ela, ocupada com outras coisas, acabou se distanciando deles.Ao chegar em casa, foi seu pai, Felipe Moura, quem abriu a porta. Ele estava com uma revista na mão e usava óculos de leitura. Ao ver Esther, seu rosto sério se iluminou com um sorriso caloroso que formava rugas nos cantos dos olhos. — Esther, você voltou! Entre, entre.Esther entrou e Felipe lhe entregou um par de chinelos. Ele fez isso com um carinho tão cuidadoso, como se estivesse tratando um tesouro precioso. — Sua mãe sabe que você voltou e está preparando um banquete com suas comidas favoritas. Hoje você está com sorte.— Beleza, estou morrendo de vontade dos pratos caseiros da mamãe. — Disse Esther, enquanto se apoiava no braço de Felipe, sentindo a familiaridade reconfortante de seu toque. — E quero a peixe que o senhor pescou.— Você sempre com essa sua fome. — Felipe riu com um so
Isabela incentivou que eles tivessem um tempo a sós. Ela empurrou Esther para a cozinha, onde Marcelo estava, ocupado com a limpeza dos ingredientes.Esther se surpreendeu ao ver Marcelo fazendo todas aquelas tarefas. Em sua memória, ele não costumava se envolver em atividades domésticas. A imagem de Marcelo de terno e gravata sempre lhe pareceu incompatível com aquela cena.— O que você está fazendo aqui? — Esther perguntou, tentando esconder a surpresa em sua voz.— Você não estava atendendo minhas ligações, então vim ver o que aconteceu e onde você estava. — Marcelo respondeu, sem desviar o olhar dos vegetais que lavava com cuidado.Esther, ao seu lado, começou a lavar os vegetais. Sentia uma mistura de curiosidade e confusão ao ver Marcelo se esforçando na cozinha. — Eu lembro que você nunca fazia essas coisas antes. — Comentou ela, tentando captar alguma mudança em sua expressão.— Estou só tentando agradar a sogra. — Marcelo respondeu, com um tom brincalhão e um sorriso leve.—
Luiz se surpreendeu ao ver Marcelo e perguntou:— O Sr. Marcelo também está aqui?Todos na sala olharam para Marcelo, sem saber como responder. — Hoje o Sr. Marcelo veio nos visitar. Luiz, fique à vontade e sente-se. — Esther disse, rapidamente.— Luiz, estou preparando o almoço, então fique e coma conosco. Não vá embora, hein? — Isabela acrescentou com um sorriso caloroso.— Claro, obrigado, Sra. Isabela — Luiz respondeu educadamente, tentando esconder o desconforto ao sentir o olhar fixo de Marcelo sobre ele.Felizmente, o sofá era grande o suficiente para acomodar todos. Luiz se sentou diagonalmente em relação a Marcelo, que mantinha uma postura rígida, quase militar.Felipe e Luiz começaram a conversar sobre o passado. Esther descobriu que Luiz morava perto quando eram crianças e que seus pais eram bastante próximos. Ela não tinha ideia dessa conexão, o que a fez refletir sobre a estranha relação deles. Enquanto falavam, Felipe sorria nostalgicamente, os olhos brilhando ao relem
Marcelo falou com firmeza, demonstrando sua possessividade. Não podia ignorar que Luiz estava claramente interessado em Esther, aparecendo sempre ao seu redor. Ele precisava deixar claro que Luiz não tinha chance alguma.Os olhos de Luiz se fixaram em Marcelo, e a tensão entre eles era evidente. Luiz manteve seu olhar fixo, suas pupilas dilatadas, o maxilar cerrado, e a respiração mais lenta. — Sr. Marcelo, ainda é cedo para afirmar isso. — Luiz disse, depois de um momento de impasse. Mantendo a compostura, ele tomou um gole de água e, com um tom significativo, acrescentou. — No futuro, ninguém pode prever o que acontecerá. Quando o destino decide, nada pode impedir. — Luiz sorriu de canto, uma expressão de confiança que só irritou ainda mais Marcelo.Marcelo não gostou do que ouviu e, instintivamente, segurou a mão de Esther. Ela percebeu a mudança no comportamento de Marcelo desde que Luiz chegou, tornando-se cada vez mais hostil. Ele apertava a mão dela com força, quase como se qui
Com o passar do tempo, sem necessidade de explicações, ele a compreendeu. Ele manteve sua postura cavalheiresca, sem dar muitas explicações:— Não é nada, coma sua refeição.Esther, no entanto, ficou um pouco envergonhada. Para ela, Luiz era apenas um colega, nem sequer um amigo, mas ele demonstrava um cuidado tão minucioso com ela.Esther pegou os talheres e começou a servir a carne no prato. Não sabia por que, mas sentiu um cheiro desagradável e nauseante que lhe tirou o apetite.— Está tudo bem? Você não consegue comer? — Luiz perguntou.Esther pousou os talheres. Não querendo admitir que não conseguia comer, disse:— Meu estômago é pequeno, já estou cheia.Marcelo se levantou e disse:— Se já estamos todos satisfeitos, então não precisa comer mais.Esther percebeu a irritação na voz de Marcelo e lançou a ele um olhar. Ele estava muito frio.Isabela estava cuidando de Felipe. Esther só pôde acompanhar Luiz até a saída.Luiz percebeu que Esther não estava bem e aconselhou:— Se não
Ela se apoiou na parede, se sentindo extremamente desconfortável, com o rosto muito pálido, vomitando sem parar. Mas nada saía. Marcelo, ao vê-la assim, se aproximou nervoso para apoiá-la e disse: — O que houve? Onde você está sentindo desconforto? Esther empurrou sua mão, com os olhos molhados de lágrimas e falou: — Não acabou de dizer que quer se divorciar? Por que está dizendo essas coisas agora? Vendo o rosto pálido dela e presumindo que ela estava se sentindo muito mal, Marcelo suavizou o tom e respondeu: — Vamos para casa, não vamos falar disso agora. Ele segurou a cintura dela e a conduziu para fora. Esther não resistiu, ela não queria discutir com Marcelo na porta de casa, pois, se seus pais vissem, ficariam preocupados com ela. Seu casamento era infeliz, mas ela não queria que seus pais se preocupassem demais. Quando chegaram ao carro, Marcelo olhou para o rosto pálido de Esther, suspirou e a abraçou dizendo: — Esther, o que eu devo fazer com você? Es