Joana voltou o olhar para Marcelo, que ainda estava deitado na cama, com a expressão abatida. A escolha dele por Nicole deixava claro que ele ainda não tinha esquecido Sofia, o que acendeu uma fagulha de esperança em Joana. Se ela jogasse suas cartas direito, poderia finalmente separar Marcelo de Esther de uma vez por todas.Enquanto Nicole fitava Marcelo com olhos cheios de expectativa, ela se virou para Joana e sugeriu, com uma voz suave: — O Marcelo está sem ninguém para cuidar dele. Posso ficar aqui e cuidar dele, se você deixar...Joana, no entanto, balançou a cabeça com firmeza, sua expressão endurecendo.— De jeito nenhum. Você está grávida, precisa se cuidar e evitar qualquer estresse desnecessário. Volte comigo para a casa da família Mendes. Marcelo tem pessoas para cuidar dele aqui, e o seu foco agora deve ser você e o bebê. — Disse ela, sem deixar margem para discussão.Nicole, que queria muito ficar para tentar se aproximar ainda mais de Marcelo, viu-se sem saída. Ela mord
— Eu preciso ir ao hospital. — Sofia disse, com uma expressão séria e determinada.— Você vai ao hospital? E como fica aqui? — O diretor, visivelmente irritado, ergueu uma sobrancelha, sua paciência se esgotando. Em toda a sua carreira, nunca tinha lidado com alguém que quisesse parar uma filmagem de repente para ir ao hospital.— Diretor, o Marcelo se machucou e está internado. Eu estou muito preocupada e queria ir ver como ele está. — Sofia explicou, com um tom de voz que misturava preocupação e determinação.Ao ouvir o nome de Marcelo, o diretor hesitou. Afinal, Sofia foi indicada pelo próprio Marcelo, e era difícil recusar um pedido que, de alguma forma, estava ligado a ele. Apesar de sua irritação inicial, ele sabia que não poderia simplesmente ignorar a situação.— Está bem, pode ir — Disse o diretor, não conseguindo esconder completamente o descontentamento na voz. — Mas que fique claro, isso não pode virar um hábito.Sofia sentiu um grande alívio, seus ombros relaxaram um pouco
Marcelo, por mais irritado que estivesse, sabia que não devia brincar com a própria saúde, mas ignorou completamente as palavras de Gilberto. Sua mente estava fixada em uma única imagem: Esther se afastando dele com aquele ar decidido, como se ele não tivesse mais importância. Desde quando ela começou a virar as costas para ele? Esse pensamento o atormentava, como uma ferida aberta.— Ligue para a Esther. — Ordenou Marcelo, com o rosto fechado e o tom carregado de tensão. Gilberto hesitou por um instante, sem entender muito bem o que Marcelo pretendia ao insistir em falar com Esther. Para ele, era surpreendente ver o casamento dos dois chegar a esse ponto de frieza. Não era à toa que mantinham a união em segredo. Antes, ele acreditava que Esther preferia ser discreta e que Marcelo respeitava essa vontade ao não tornar público. Mas agora, parecia que o segredo escondia algo mais sombrio, era uma união sem amor. Que pena! Antes, ele acreditava que Marcelo nutria sentimentos genuínos po
Gilberto olhou novamente para Marcelo, com uma expressão de leve desconforto, como se já antecipasse a reação do chefe.— A Srta. Esther disse que as roupas estão na parte interna do guarda-roupa, à esquerda. É só pedir para os empregados procurarem. — Explicou ele, tentando ser o mais claro possível.Marcelo franziu o cenho, irritado com a resposta genérica. Parecia que Esther estava tentando se livrar dele o mais rápido possível.— E o casaco? Aquele bege. — Pediu ele de novo, a impaciência começando a transparecer em sua voz.— Está pendurado no armário — Esther, do outro lado da linha, respondeu de imediato, sem hesitar.Marcelo cerrou os punhos, sentindo-se cada vez mais frustrado.— Esquece o suéter. Vou de terno. E pega a gravata azul. — Ordenou ele, como se quisesse testar os limites de Esther, forçando-a a demonstrar o mínimo de atenção.Esther franziu a testa, surpresa com o pedido inusitado. — Você tem várias gravatas azuis. Qual delas você quer? — Perguntou ela, tentando m
— Bom, então te agradeço. — Gilberto disse de forma cortês, lançando um olhar discreto para Marcelo. Ao ver que a expressão do chefe havia suavizado um pouco, ele finalmente pôde respirar aliviado.Esther, por outro lado, sentiu um peso descer sobre seus ombros. Ela estava ansiosa para jantar com seus pais, mas agora via que esse plano teria que ser abandonado. Ela caminhou em direção a Isabela, que estava carinhosamente arrumando a cama para ela. — Mãe, vou precisar sair um pouco. Não vou poder jantar com você e o papai hoje. — Disse Esther, com um tom de desapontamento, mas tentando não demonstrar muito.— Alguma coisa urgente? — Perguntou Isabela, surpresa, levantando o olhar.— Coisas do trabalho. — Respondeu Esther, dando de ombros.Isabela, sempre perspicaz, aproximou-se de Esther, os olhos cheios de preocupação e compreensão. — Esther, se você quiser mudar de trabalho, podemos encontrar outra coisa. Sabe, trabalhos bons não faltam nesse mundo. — Disse ela, com uma suavidade q
Quando Esther viu Nicole se aproximando da cama, sentiu uma pontada de desconforto. Mesmo com o casamento dela e de Marcelo em frangalhos, aquele ainda era o espaço dela, um território que carregava memórias. A simples ideia de outra pessoa tocando em suas coisas fazia seu sangue ferver. Quando Nicole estendeu a mão e tocou a cama, Esther agiu por instinto, segurando firme o pulso dela.— Você sabe qual é a peça que ele quer? — Esther perguntou, com a voz baixa, mas cheia de autoridade, seus olhos fixos nos de Nicole.Nicole hesitou por um instante, surpresa com a firmeza de Esther. — É só um suéter, eu também posso levar. — Respondeu ela, tentando parecer segura, mas com uma leve hesitação na voz.Esther se manteve impassível, os olhos duros como pedra. — Você quer ocupar meu lugar? — Disse ela, com uma calma assustadora. — Então vai ter que provar que merece. Marcelo é muito claro sobre o que gosta e o que não gosta. Por exemplo, com um simples suéter, ele decide se vai usar o bran
Normalmente, Esther era uma pessoa calma, reservada, que evitava conflitos e raramente se irritava. Mesmo quando Nicole ultrapassava os limites, ela preferia manter a indiferença e não se envolver. Essa postura fez com que Nicole se sentisse à vontade para agir com arrogância, acreditando que Esther não tinha importância na família Mendes, que era até menosprezada, o que lhe deu a confiança para tentar se sobressair.Mas quando Esther, de repente, explodiu e deu um tapa em Nicole, a jovem ficou completamente sem reação. Por um momento, seus olhos se arregalaram em choque, e ela recuou, levando a mão ao rosto. Nicole sempre se considerou alguém capaz de manipular situações, de se colocar como vítima para ganhar simpatia, mas esse tapa a pegou desprevenida, como uma bofetada da realidade.Sabendo que Marcelo estava no quarto e poderia sair a qualquer momento, Nicole decidiu que não era o momento de discutir com Esther. Engolindo a raiva e a humilhação, adotou uma postura submissa, com os
— Eu trouxe para você. — Esther tirou uma peça de roupa da bolsa com movimentos precisos, quase meticulosos. — É essa aqui, certo?Marcelo estava claramente irritado, com as sobrancelhas franzidas e os lábios apertados em uma linha fina. Mas, ao ver que Esther trouxe a roupa pessoalmente, sem delegar a tarefa para outra mulher, seu humor suavizou um pouco. Mesmo assim, ele não conseguiu evitar de perguntar: — Se você trouxe, por que deixou que ela viesse aqui? Esther lançou um olhar cortante para Nicole, como se a jovem fosse uma mosca incômoda. — Pergunte a ela. Eu tentei impedir, mas ela insistiu. Não vou assumir a culpa por isso. — Respondeu Esther, cruzando os braços, a postura firme.Marcelo voltou sua atenção para Nicole, o olhar frio como gelo, tão cortante que fez Nicole se encolher involuntariamente. Ela, que sempre confiou em sua habilidade de manipular situações com uma postura de vítima, percebeu que a maré havia mudado contra ela. Nervosa, começou a balbuciar, tentando