Vendo que Marcelo não respondia, Hélio se levantou e se aproximou lentamente, suas sobrancelhas estavam arqueadas em curiosidade. Ele parou ao lado do amigo, observando atentamente como se tentasse decifrar seus pensamentos.— Essa esposa foi escolhida pelo seu avô, né? — Hélio comentou, com um tom casual. Ele fitou Marcelo de soslaio, analisando cada reação. — E, sinceramente, ela é uma boa escolha. Ela é obediente, discreta e nem se importa com as outras mulheres que você tem. O que tem de errado nisso? Por que ela te incomoda tanto? Marcelo ficou em silêncio por um momento, seu olhar estava fixo em um ponto indefinido do horizonte. — Ser obediente, discreta e submissa realmente faz dela uma boa escolha para esposa. — Respondeu Marcelo, com a voz fria como uma noite sem lua.— Isso é sério? — Hélio provocou, dando um passo mais perto, com o rosto agora a poucos centímetros do de Marcelo. — Parece que sua atenção está toda voltada para ela agora. Não me diga que você está começando
— Não. — Respondeu Esther, prontamente. Ela estava vestindo um casaco naquele momento, um casaco que antes a protegia, mas agora parecia uma armadura pesada, inútil diante da presença ameaçadora de Marcelo. Seus dedos tremiam ligeiramente enquanto tentava retirar a peça, mas, antes que pudesse reagir, Marcelo a puxou bruscamente, o toque dele foi tão inesperado quanto cruel.— Agora já não adianta mais se esconder, né? — Marcelo murmurou, com um sorriso frio e calculado curvando seus lábios. Seus olhos, antes apenas severos, agora brilhavam com uma possessividade avassaladora.Os dedos de Marcelo se moveram lentamente em direção ao peito dela, e Esther congelou por um segundo, o olhar dela se fixou nele, seus olhos estavam arregalados em choque. Ela sentiu o olhar de Marcelo como um peso sobre ela, um olhar que um homem lança para uma mulher quando a deseja. Essa era a primeira vez que ela via isso nos olhos dele. O perigo dessa situação era evidente e cada fibra do seu ser gritava p
Nicole ficou completamente chocada com o que ouviu, o impacto das palavras foi como um golpe repentino que a fez dar alguns passos para trás. — Você está dizendo que a Esther é a esposa do Marcelo? — Nicole conseguiu perguntar, com a voz trêmula, refletindo a incredulidade que dominava seus pensamentos. Ela não conseguia acreditar. Como isso era possível? Se Marcelo era marido de Esther, por que ela não sabia? E por que eles nunca mencionaram isso para ninguém?Larissa, um pouco desconfortável com o tom de Nicole, puxou a mão de volta, tentando se desvencilhar do aperto que começava a incomodá-la.— Sim, é isso mesmo. Agora, por favor, solte minha mão. — Larissa pediu, um tanto irritada com a atitude de Nicole. — Meu cunhado é o Marcelo.Nicole, ainda segurando a mão de Larissa por reflexo, olhou para as duas, com uma desconfiança estampada em seu rosto.— Vocês só podem estar me enganando. A Esther não é a secretária do Marcelo? Como ela virou esposa dele? — Perguntou ela, as palavra
Nicole estava nervosa, com o coração batendo rápido enquanto pensava na possibilidade de perder tudo. Ela podia sentir o medo crescendo dentro de si, apertando seu peito, mas ao ouvir o que as duas disseram, um pequeno sorriso começou a surgir em seus lábios. Pelo contrário, era só o começo. A posição de “Sra. Mendes” que Esther ocupava não significava nada se ninguém soubesse. De que adiantava ser esposa se ninguém te reconhecia? Além disso, um divórcio parecia inevitável, especialmente com um casamento tão frágil.Ela lançou um olhar calculista para as duas mulheres, percebendo o potencial em manipulá-las para seus próprios interesses. — Vocês não precisam se preocupar. — Disse Nicole, agora com um tom mais confiante e um leve sorriso no rosto. — O Grupo Mendes não é fácil de entrar. Vocês podem nem conseguir passar pela recepção!— Como assim? Eu sou tia do Marcelo! Quem ousaria me expulsar? — Nora respondeu com arrogância, levantando o queixo e ajustando a bolsa no ombro, como s
A recepcionista sempre teve uma boa impressão de Esther. Ela parecia ser uma pessoa amável, que não causava problemas e tratava todos com respeito. Olhando para Nora, a recepcionista via nela uma daquelas mulheres que não desistiam até conseguir o que queriam, criando confusão onde passava. Ela considerou chamar os seguranças para retirar Nora do local. Seus dedos já estavam sobre o telefone, prontos para discar, mas algo a fez hesitar. Olhando de relance para a entrada, notou um carro com o símbolo de uma emissora de notícias passando lentamente pela frente do prédio. — Oh, não... Jornalistas... Justo agora? — Murmurou ela, seu coração se acelerou.Próximos à entrada, um grupo de varredores de rua estava em pausa, observando a cena com curiosidade. Eram repórteres especializados em reportagens sociais, sempre prontos para entrevistar qualquer pessoa que pudesse gerar uma boa história. A recepcionista sentiu um frio na espinha. Se eles pegassem essa confusão, ia ser um desastre para
— Esther, aconteceu algo sério! — Fernanda se apressou em dizer, seus olhos arregalados e a respiração entrecortada. Esther, que havia acabado de sair do banheiro e ainda ajeitava as roupas, olhou para a colega com um misto de preocupação e curiosidade. — O que está acontecendo? Por que você está tão apressada? — Perguntou ela, curiosa.— É você que está em apuros! — Fernanda exclamou, seus olhos brilhando de choque e indignação, enquanto gesticulava de forma frenética.— Eu? — Esther franziu o cenho, sem entender o motivo de tanta agitação. — O que aconteceu comigo? — Com sua tia e sua prima! — Respondeu Fernanda, sua expressão carregada de incredulidade. Ela puxou o celular rapidamente e mostrou a tela para Esther, era como se entendesse que Esther precisasse ver para acreditar.Ao ouvir esses nomes, Esther sentiu o coração afundar. Um frio percorreu sua espinha. “Claro que teria algo a ver com elas.”, pensou ela, já imaginando que só poderia ser mais uma confusão envolvendo sua
Quando Esther desceu, uma visão perturbadora a aguardava. Na entrada do prédio, um aglomerado de jornalistas e câmeras formava uma barreira quase intransponível. Entre flashes e microfones, Nora e Larissa estavam no centro da atenção, chorando e se queixando sobre suas dificuldades como se estivessem encenando uma peça trágica.Larissa, com os olhos inchados de tanto chorar, se inclinou levemente para a câmera, buscando um ângulo que destacasse seu suposto sofrimento. — Agradecemos a todos pelo apoio. Com vocês ao nosso lado, acreditamos que a justiça será feita em breve! — Declarou ela, sua voz tremendo de maneira calculada, enquanto lançava olhares furtivos para o público.Esther, ao se aproximar com passos firmes, não conseguiu conter a frieza que brotava em seu olhar. Seu rosto estava sério, a expressão dura e decidida. — Que justiça? — Ela perguntou. — Acham que eu vou me intimidar só porque estão chorando na frente das câmeras? Acham que vão me manipular assim? Nora e Larissa,
— Sim, todo o dinheiro para a minha educação foi conseguido com muito sacrifício pelos meus pais! — Larissa se apressou em falar, quase atropelando as palavras na ânsia de se fazer ouvir.Naquele momento, ficava evidente que, para vencer a discussão, Larissa e Nora não estavam se importando com a verdade. Estavam dispostas a dizer qualquer coisa, desde que conseguissem o que queriam.— Você é uma ingrata! — Gritou alguém da multidão, com um tom cheio de ódio e desprezo.— Descarada e sem vergonha! — Vociferou outro, acompanhado de vaias e murmúrios de desaprovação que ecoavam ao redor.De repente, um ovo voou na direção de Esther, espatifando-se no chão bem à sua frente. Ela recuou instintivamente, os olhos arregalados, enquanto uma onda de choque percorria seu corpo. Ao levantar o olhar, viu que havia uma dúzia de pessoas na entrada, todas armadas com ovos e folhas de vegetais, lançando os itens em sua direção com fúria. Esther ergueu as mãos numa tentativa desesperada de se proteger