A recepcionista sempre teve uma boa impressão de Esther. Ela parecia ser uma pessoa amável, que não causava problemas e tratava todos com respeito. Olhando para Nora, a recepcionista via nela uma daquelas mulheres que não desistiam até conseguir o que queriam, criando confusão onde passava. Ela considerou chamar os seguranças para retirar Nora do local. Seus dedos já estavam sobre o telefone, prontos para discar, mas algo a fez hesitar. Olhando de relance para a entrada, notou um carro com o símbolo de uma emissora de notícias passando lentamente pela frente do prédio. — Oh, não... Jornalistas... Justo agora? — Murmurou ela, seu coração se acelerou.Próximos à entrada, um grupo de varredores de rua estava em pausa, observando a cena com curiosidade. Eram repórteres especializados em reportagens sociais, sempre prontos para entrevistar qualquer pessoa que pudesse gerar uma boa história. A recepcionista sentiu um frio na espinha. Se eles pegassem essa confusão, ia ser um desastre para
— Esther, aconteceu algo sério! — Fernanda se apressou em dizer, seus olhos arregalados e a respiração entrecortada. Esther, que havia acabado de sair do banheiro e ainda ajeitava as roupas, olhou para a colega com um misto de preocupação e curiosidade. — O que está acontecendo? Por que você está tão apressada? — Perguntou ela, curiosa.— É você que está em apuros! — Fernanda exclamou, seus olhos brilhando de choque e indignação, enquanto gesticulava de forma frenética.— Eu? — Esther franziu o cenho, sem entender o motivo de tanta agitação. — O que aconteceu comigo? — Com sua tia e sua prima! — Respondeu Fernanda, sua expressão carregada de incredulidade. Ela puxou o celular rapidamente e mostrou a tela para Esther, era como se entendesse que Esther precisasse ver para acreditar.Ao ouvir esses nomes, Esther sentiu o coração afundar. Um frio percorreu sua espinha. “Claro que teria algo a ver com elas.”, pensou ela, já imaginando que só poderia ser mais uma confusão envolvendo sua
Quando Esther desceu, uma visão perturbadora a aguardava. Na entrada do prédio, um aglomerado de jornalistas e câmeras formava uma barreira quase intransponível. Entre flashes e microfones, Nora e Larissa estavam no centro da atenção, chorando e se queixando sobre suas dificuldades como se estivessem encenando uma peça trágica.Larissa, com os olhos inchados de tanto chorar, se inclinou levemente para a câmera, buscando um ângulo que destacasse seu suposto sofrimento. — Agradecemos a todos pelo apoio. Com vocês ao nosso lado, acreditamos que a justiça será feita em breve! — Declarou ela, sua voz tremendo de maneira calculada, enquanto lançava olhares furtivos para o público.Esther, ao se aproximar com passos firmes, não conseguiu conter a frieza que brotava em seu olhar. Seu rosto estava sério, a expressão dura e decidida. — Que justiça? — Ela perguntou. — Acham que eu vou me intimidar só porque estão chorando na frente das câmeras? Acham que vão me manipular assim? Nora e Larissa,
— Sim, todo o dinheiro para a minha educação foi conseguido com muito sacrifício pelos meus pais! — Larissa se apressou em falar, quase atropelando as palavras na ânsia de se fazer ouvir.Naquele momento, ficava evidente que, para vencer a discussão, Larissa e Nora não estavam se importando com a verdade. Estavam dispostas a dizer qualquer coisa, desde que conseguissem o que queriam.— Você é uma ingrata! — Gritou alguém da multidão, com um tom cheio de ódio e desprezo.— Descarada e sem vergonha! — Vociferou outro, acompanhado de vaias e murmúrios de desaprovação que ecoavam ao redor.De repente, um ovo voou na direção de Esther, espatifando-se no chão bem à sua frente. Ela recuou instintivamente, os olhos arregalados, enquanto uma onda de choque percorria seu corpo. Ao levantar o olhar, viu que havia uma dúzia de pessoas na entrada, todas armadas com ovos e folhas de vegetais, lançando os itens em sua direção com fúria. Esther ergueu as mãos numa tentativa desesperada de se proteger
Não muito longe dali, um som de raiva cortou o ar. Isabela, empurrando uma cadeira de rodas, se aproximou rapidamente. Ao lado dela, Felipe, com o rosto contraído em fúria, parecia prestes a explodir. Esther sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao ver o pai naquela condição, e seu coração apertou. — Pai, o que você está fazendo aqui? — Perguntou ela, a voz falhando levemente, surpresa e preocupação se misturavam em sua expressão. Ela não esperava que ele estivesse ali, ainda mais em um momento tão tenso.Nora, que até então mantinha uma postura desafiadora, ficou pálida ao avistar Felipe. O sangue pareceu drenar de seu rosto, e ela começou a gaguejar, visivelmente nervosa. — Felipe... — Murmurou, as palavras saindo com dificuldade.Felipe olhou para Nora com uma expressão que misturava decepção e raiva. Seu rosto estava rígido, e seus olhos, antes sempre calorosos, agora eram duros como pedra. — Como você pode tratar minha filha assim? — Perguntou ele, furioso. — Eu achava que
Esther também pensou nessa possibilidade. Algo não se encaixava. — Quem foi? — ela perguntou, com a voz firme.Nora, ao ouvir a pergunta, ficou meio atônita, como se não esperasse que a situação fosse escalar a esse ponto.— Eu... Eu não sei o nome! — Gaguejou ela, a voz tremendo com a crescente sensação de pânico. — Não tive tempo de perguntar, só vi que era uma jovem. Que idiota eu fui por acreditar em uma estranha! — Exclamou, finalmente cedendo ao desespero, lágrimas escorrendo pelo rosto.Ao lado dela, Larissa estava em pânico absoluto. As críticas e ataques na internet haviam destruído sua confiança. — O que eu faço agora? Estou arruinada, nenhuma empresa vai me querer... — Murmurou ela, quase sem voz, enquanto lágrimas silenciosas caíam de seus olhos. — Prima, por favor, me ajude. Não quero mais estagiar no Grupo Mendes. Por favor, me ajude a limpar meu nome. Não sou uma pessoa desprezível. Como vou encontrar trabalho assim? Ambas estavam agora de joelhos, implorando por ajud
No meio da multidão agitada, o perfil de alguém chamou a atenção de Esther. Seus olhos se estreitaram enquanto tentava lembrar onde tinha visto aquela pessoa antes. Uma sensação de deja-vu a atingiu com força. Ela começou a se mover, os pés quase instintivamente guiando-a na direção daquele rosto familiar. No entanto, antes que pudesse confirmar suas suspeitas, sentiu uma mão agarrar seu braço com força.— Esther, por favor, me perdoe desta vez. — A voz de Nora estava embargada, o desespero evidente em cada palavra. Ela parecia uma sombra do que era antes, os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar. — Não farei mais nada que te prejudique. Eu reconheço o meu erro! Esther, tomada por uma mistura de raiva e frustração, tentou se soltar. — Me solta! — Disse ela com urgência, tentando afastar Nora, os olhos fixos na figura que se afastava lentamente pela multidão. Mas Nora não desistia. Suas mãos tremiam, mas ela não as afrouxava. — Mesmo que não queira fazer isso por mim, faça pelo
Esther estava sentada em um dos bancos do corredor, a perna balançando nervosamente enquanto aguardava ansiosamente do lado de fora da sala de cirurgia. O prego havia perfurado profundamente as costas de Marcelo, e a ideia de que algum órgão vital pudesse ter sido atingido a atormentava.O silêncio tenso do hospital era interrompido apenas pelo som ocasional de passos apressados e o bip dos equipamentos médicos. Esther sentia cada segundo se arrastar, o coração apertado de preocupação.De repente, o som rápido de saltos ecoando pelo corredor anunciou a chegada de Isabela. Ela apareceu com o rosto pálido, os olhos arregalados de ansiedade. Sem fôlego, ela parou em frente a Esther, segurando seus ombros com força. — Como está o Marcelo? — Perguntou ela, com uma voz trêmula.— Ele ainda não saiu da cirurgia, mãe. — Respondeu Esther, sem tirar os olhos da porta da sala de operações. Seus dedos apertaram ainda mais os braços da cadeira, como se pudesse controlar a ansiedade dessa forma.Is