— Esse é grande o suficiente? — Marcelo perguntou, com uma ponta de irritação na voz. — Não é mais bonito do que o que você tem aí? Esther olhou para o urso gigante, que era ainda maior do que Marcelo. Ela franziu levemente a testa, suas mãos tremiam ligeiramente com o peso do Doraemon que já segurava. — Eu não quero. É muito grande e… Eu também não gosto. — Disse ela, sua voz soou quase como um sussurro, enquanto seus olhos evitavam os de Marcelo.Marcelo franziu a testa, o músculo em sua mandíbula se contraiu, seu humor azedava cada vez mais.— Não acha que é melhor do que o seu? Pega logo! — Ele insistiu, com um tom de impaciência. Com um movimento brusco, Marcelo jogou o urso para ela com uma só mão, como se estivesse dispensando algo sem importância. Esther, já sobrecarregada com o Doraemon que carregava, mal conseguia segurar mais um brinquedo. Suas mãos escorregaram e ela quase deixou os dois caírem. Ela se sentiu sufocada. Esther, percebendo a tensão no ar, se deu conta de
Depois de limpar o ferimento, Esther finalmente fez o curativo, suas mãos tremiam levemente enquanto ela envolvia a bandagem ao redor da mão de Marcelo. Pouco depois, Gilberto encostou o carro na beira da estrada, desligando o motor com um suspiro. Esther, com um cuidado que beirava a ansiedade, ajudou Marcelo a entrar no carro, o segurando firmemente pelo braço, temendo que ele pudesse perder o equilíbrio novamente. Seus olhos, ainda cheios de preocupação, lançaram um rápido olhar para Luiz, que estava por perto, como se quisesse se certificar de que ele estava bem.Marcelo, observando tudo de perto, notou esse pequeno gesto. Um brilho incômodo passou por seus olhos.“Por que ela parece tão preocupada com Luiz?”, ele se questionou. Luiz, percebendo o clima tenso, foi o primeiro a falar. — Você deveria ir para casa. O Sr. Marcelo está ferido e precisa de cuidados. — Sugeriu ele, sua voz soava como um conselho amistoso, mas havia uma leveza nas palavras, como se ele estivesse dando u
Marcelo chegou de volta ao escritório, com o rosto impassível, como se fosse esculpido em mármore.— Sr. Marcelo, às 13h, já está tudo organizado para a entrega. — Informou um dos funcionários, com a voz cheia de formalidade.Marcelo assentiu levemente, seus olhos se desviaram por um momento em direção a Esther, que estava ocupada a uma certa distância. — Srta. Esther. — Chamou ele, sua voz saiu fria e cortante como gelo.Esther levantou a cabeça, surpresa ao ouvir seu nome. — Sr. Marcelo. — Respondeu ela, mantendo o tom profissional, mas não conseguindo esconder a leve tensão que sentia.— Se você estiver livre à tarde, venha comigo. — Ordenou Marcelo, sem qualquer traço de gentileza. Aquelas palavras eram mais uma imposição do que um pedido, e todos os presentes sentiram o peso da autoridade que ele exercia.A surpresa foi geral. Ninguém esperava que Marcelo pedisse a Esther para acompanhá-lo em uma tarefa tão cansativa, especialmente considerando o fato de que ela estava usando um
Vendo que Marcelo não respondia, Hélio se levantou e se aproximou lentamente, suas sobrancelhas estavam arqueadas em curiosidade. Ele parou ao lado do amigo, observando atentamente como se tentasse decifrar seus pensamentos.— Essa esposa foi escolhida pelo seu avô, né? — Hélio comentou, com um tom casual. Ele fitou Marcelo de soslaio, analisando cada reação. — E, sinceramente, ela é uma boa escolha. Ela é obediente, discreta e nem se importa com as outras mulheres que você tem. O que tem de errado nisso? Por que ela te incomoda tanto? Marcelo ficou em silêncio por um momento, seu olhar estava fixo em um ponto indefinido do horizonte. — Ser obediente, discreta e submissa realmente faz dela uma boa escolha para esposa. — Respondeu Marcelo, com a voz fria como uma noite sem lua.— Isso é sério? — Hélio provocou, dando um passo mais perto, com o rosto agora a poucos centímetros do de Marcelo. — Parece que sua atenção está toda voltada para ela agora. Não me diga que você está começando
— Não. — Respondeu Esther, prontamente. Ela estava vestindo um casaco naquele momento, um casaco que antes a protegia, mas agora parecia uma armadura pesada, inútil diante da presença ameaçadora de Marcelo. Seus dedos tremiam ligeiramente enquanto tentava retirar a peça, mas, antes que pudesse reagir, Marcelo a puxou bruscamente, o toque dele foi tão inesperado quanto cruel.— Agora já não adianta mais se esconder, né? — Marcelo murmurou, com um sorriso frio e calculado curvando seus lábios. Seus olhos, antes apenas severos, agora brilhavam com uma possessividade avassaladora.Os dedos de Marcelo se moveram lentamente em direção ao peito dela, e Esther congelou por um segundo, o olhar dela se fixou nele, seus olhos estavam arregalados em choque. Ela sentiu o olhar de Marcelo como um peso sobre ela, um olhar que um homem lança para uma mulher quando a deseja. Essa era a primeira vez que ela via isso nos olhos dele. O perigo dessa situação era evidente e cada fibra do seu ser gritava p
Nicole ficou completamente chocada com o que ouviu, o impacto das palavras foi como um golpe repentino que a fez dar alguns passos para trás. — Você está dizendo que a Esther é a esposa do Marcelo? — Nicole conseguiu perguntar, com a voz trêmula, refletindo a incredulidade que dominava seus pensamentos. Ela não conseguia acreditar. Como isso era possível? Se Marcelo era marido de Esther, por que ela não sabia? E por que eles nunca mencionaram isso para ninguém?Larissa, um pouco desconfortável com o tom de Nicole, puxou a mão de volta, tentando se desvencilhar do aperto que começava a incomodá-la.— Sim, é isso mesmo. Agora, por favor, solte minha mão. — Larissa pediu, um tanto irritada com a atitude de Nicole. — Meu cunhado é o Marcelo.Nicole, ainda segurando a mão de Larissa por reflexo, olhou para as duas, com uma desconfiança estampada em seu rosto.— Vocês só podem estar me enganando. A Esther não é a secretária do Marcelo? Como ela virou esposa dele? — Perguntou ela, as palavra
Nicole estava nervosa, com o coração batendo rápido enquanto pensava na possibilidade de perder tudo. Ela podia sentir o medo crescendo dentro de si, apertando seu peito, mas ao ouvir o que as duas disseram, um pequeno sorriso começou a surgir em seus lábios. Pelo contrário, era só o começo. A posição de “Sra. Mendes” que Esther ocupava não significava nada se ninguém soubesse. De que adiantava ser esposa se ninguém te reconhecia? Além disso, um divórcio parecia inevitável, especialmente com um casamento tão frágil.Ela lançou um olhar calculista para as duas mulheres, percebendo o potencial em manipulá-las para seus próprios interesses. — Vocês não precisam se preocupar. — Disse Nicole, agora com um tom mais confiante e um leve sorriso no rosto. — O Grupo Mendes não é fácil de entrar. Vocês podem nem conseguir passar pela recepção!— Como assim? Eu sou tia do Marcelo! Quem ousaria me expulsar? — Nora respondeu com arrogância, levantando o queixo e ajustando a bolsa no ombro, como s
A recepcionista sempre teve uma boa impressão de Esther. Ela parecia ser uma pessoa amável, que não causava problemas e tratava todos com respeito. Olhando para Nora, a recepcionista via nela uma daquelas mulheres que não desistiam até conseguir o que queriam, criando confusão onde passava. Ela considerou chamar os seguranças para retirar Nora do local. Seus dedos já estavam sobre o telefone, prontos para discar, mas algo a fez hesitar. Olhando de relance para a entrada, notou um carro com o símbolo de uma emissora de notícias passando lentamente pela frente do prédio. — Oh, não... Jornalistas... Justo agora? — Murmurou ela, seu coração se acelerou.Próximos à entrada, um grupo de varredores de rua estava em pausa, observando a cena com curiosidade. Eram repórteres especializados em reportagens sociais, sempre prontos para entrevistar qualquer pessoa que pudesse gerar uma boa história. A recepcionista sentiu um frio na espinha. Se eles pegassem essa confusão, ia ser um desastre para