Marcelo apareceu na porta do quarto, sua figura alta e imponente imediatamente silenciou o tumulto. Seus olhos percorreram o ambiente com uma expressão de desagrado contido, o maxilar ligeiramente tensionado. Ele sempre detestou confusões, ainda mais diante do leito de seu sogro.Assim que ouviram aquela voz firme e autoritária, Nora e Larissa interromperam o choro quase que instantaneamente e se voltaram para Marcelo, suas expressões passando rapidamente de angustiadas para curiosas e apreensivas. Esther levantou o olhar, os olhos se arregalando de leve ao ver Marcelo ali. Uma mistura de surpresa e alívio passou pelo seu rosto, embora ela tivesse feito o possível para manter sua expressão neutra. Não havia mencionado nada para ele sobre a situação, querendo poupar-lhe de mais um drama familiar. — O que você está fazendo aqui? — perguntou, ainda incrédula, sua voz soando mais aguda do que pretendia, traindo sua surpresa.— O diretor do hospital me ligou, disse que seu pai estava inte
Larissa, que sempre soube como aproveitar uma oportunidade, mordeu o lábio inferior, tentando parecer inocente, enquanto seus olhos brilhavam com uma astúcia latente. Ela já havia percebido que pedir ajuda à Esther seria inútil. — Cunhado. — Chamou Larissa, dando um passo à frente, com as mãos unidas à frente do corpo, num gesto que simulava humildade. — Daqui a um mês vou começar meu estágio. Será que eu poderia fazer isso na sua empresa? Estou sem lugar para ir e só preciso de uma declaração de estágio. Prometo que não vou atrapalhar em nada.Nora, sempre a mais perspicaz, logo percebeu a jogada da filha e decidiu se intrometer. Seu rosto se abriu num sorriso que não alcançava os olhos. — Nós somos as parentes de Esther. — Disse ela, a voz impregnada de uma falsa familiaridade. Ela deu um passo para mais perto de Marcelo, como se isso tornasse seu pedido mais íntimo. — Esther, você precisa ajudar a sua família. Dá uma força pra Larissa, assim ela pode ter um bom emprego no futuro.
Isabela quase teve um troço de raiva por causa de Nora, mas, ao ver que o casal estava bem entrosado, seu humor melhorou instantaneamente. Afinal, se sua filha estava feliz, o resto do mundo parecia sem importância. — Esther, você sabe que o Marcelo só ajuda por sua causa. Ele se preocupa com você, então trate ele bem também. — Enquanto Isabela falava, seus olhos brilhavam com uma mistura de apreensão e esperança.Esther, que até então mantinha uma expressão serena, se virou lentamente para olhar Marcelo, intrigada. Desde quando ele havia conquistado tanto o apoio da sua mãe? Percebendo o olhar de Esther e captando a surpresa silenciosa dela, Marcelo sorriu com satisfação. A aprovação de Isabela significava muito para ele. — Mamãe, é graças a você que as coisas estão bem entre nós. — Ele respondeu, com um sorriso genuíno.Vendo a sinceridade nos olhos de Marcelo, Isabela riu de leve, seu riso melodioso preenchendo o ambiente com uma sensação de leveza.— É claro! Eu sei reconhecer q
A carreira de Sofia não começou fácil. Depois do escândalo durante a celebração da família Mendes, quando Marcelo publicamente negou qualquer envolvimento com ela, a reputação de Sofia despencou. No competitivo e implacável mundo do entretenimento, ela rapidamente se tornou alvo de piadas e comentários maldosos. Sua imagem, que antes era associada à beleza e ao talento, agora era motivo de chacota entre seus colegas de trabalho e até mesmo entre o público.Sofia, porém, não era boba. Ela sabia que, para sobreviver nesse meio, precisava ter boas estratégicas. E, para isso, Marcelo poderia ser seu maior aliado. Decidida, ela o procurou, usando de todas as suas habilidades de persuasão para convencê-lo a ajudá-la a reerguer sua carreira. Graças à influência e aos recursos de Marcelo, Sofia conseguiu mais oportunidades de trabalho, o que, por sua vez, a afastou de Esther, trazendo um alívio enorme para a jovem.Esther, por sua vez, preferia manter distância desses dramas. Pensar demais ne
Nos últimos dias, a recepcionista já tinha visto Nicole várias vezes. Aquela garota realmente era persistente, o que já estava começando a irritá-la. Mas, por algum motivo, se sentiu um pouco mais compassiva naquele dia e decidiu ser um pouco mais receptiva.— Vou ligar para confirmar, espere um momento. — Disse a recepcionista, com um sorriso polido, enquanto pegava o telefone.Nicole se animou, seus olhos brilhando com uma esperança renovada. Qualquer sinal positivo era suficiente para alimentar sua determinação.— Tudo bem, muito obrigada! — Respondeu ela, com a voz quase trêmula de expectativa.A recepcionista fez a ligação rapidamente, mas logo após, seu rosto assumiu uma expressão profissional, quase indiferente.— Senhorita, o Sr. Marcelo não está na empresa no momento. Por favor, volte outra hora. — Informou ela, com um tom educado, mas frio, olhando para Nicole.Nicole franziu a testa, sentindo um nó se formar em sua garganta. Era sempre a mesma resposta, toda vez que vinha al
Esther não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Suas sobrancelhas se arquearam em uma mistura de surpresa e incredulidade enquanto balançava a cabeça devagar, como se quisesse afastar o absurdo da acusação que tinha acabado de ouvir.— Você está imaginando coisas demais. Eu só estou dizendo a verdade. — Rebateu ela, sua voz firme, mas com uma ponta de impaciência que traía o esforço que fazia para manter a compostura.Nicole a encarou com uma intensidade que parecia perfurar a alma de Esther, seus olhos quase implorando por uma verdade que ela já sabia, mas precisava confirmar.— Você jura que não gosta do Sr. Marcelo? — A pergunta de Nicole foi como uma flecha que atravessou o coração de Esther, obrigando-a a desviar o olhar por um instante, hesitando em responder.Esther sentiu uma onda de desconforto subir por sua espinha. Nicole sorriu, mas não era um sorriso de satisfação, e sim de uma confiança afiada, quase cruel.— O seu silêncio diz tudo. — Afirmou ela, inclinando-se li
O carro logo se afastou da frente do prédio, deixando atrás de si um rastro de tensão e incerteza. Esther, com o olhar fixo na estrada, observou o veículo desaparecer no horizonte, e um sentimento pesado começou a apertar seu peito. Seus punhos se cerraram involuntariamente, como se tentassem conter a torrente de emoções que ameaçava transbordar.— Afinal, aquela moça não estava mentindo, ela realmente tem algum tipo de ligação com o Sr. Marcelo. — Murmurou a recepcionista, sua voz carregada de surpresa e uma ponta de desconfiança. Os olhos dela estavam arregalados, ainda sem conseguir processar completamente o que havia testemunhado.— Levaram ela embora, então a relação deles deve ser boa. Se o Sr. Marcelo resolver culpar alguém, estaremos encrencados. — Completou outra recepcionista, o nervosismo evidente em seu tom. Essas palavras caíram sobre Esther como um peso esmagador. Ela já havia testemunhado a frieza de Marcelo com algumas mulheres, seu desprezo e indiferença que podiam co
As palavras de Sandro estavam carregadas de emoção, ressoando no ar como um eco de uma vida marcada pela luta e sacrifícios. Ele havia passado por tantas guerras que sabia, em sua alma e em seu corpo marcado por cicatrizes, o quão difícil era chegar aos dias de paz que viviam agora.O país só era forte porque havia sido defendido por pessoas como ele, que deram tudo para proteger sua pátria. Esther, mesmo sem ter vivido aquela época de guerra, conseguia sentir, através das palavras dele, a gravidade daquelas experiências. Ela olhou para Sandro, notando cada detalhe. O brilho nostálgico em seus olhos, a forma como ele mantinha o queixo erguido mesmo quando falava de dor, e as cicatrizes de bala em suas pernas, que contavam histórias de batalhas antigas. — Hoje o país é forte, vovô Sandro, e está cheio de pessoas talentosas. Não haverá mais guerras. — Disse Esther, tentando oferecer algum consolo. Sandro, porém, não se deixou convencer tão facilmente. Ele franziu a testa, um ar grave