As palavras de Sandro estavam carregadas de emoção, ressoando no ar como um eco de uma vida marcada pela luta e sacrifícios. Ele havia passado por tantas guerras que sabia, em sua alma e em seu corpo marcado por cicatrizes, o quão difícil era chegar aos dias de paz que viviam agora.O país só era forte porque havia sido defendido por pessoas como ele, que deram tudo para proteger sua pátria. Esther, mesmo sem ter vivido aquela época de guerra, conseguia sentir, através das palavras dele, a gravidade daquelas experiências. Ela olhou para Sandro, notando cada detalhe. O brilho nostálgico em seus olhos, a forma como ele mantinha o queixo erguido mesmo quando falava de dor, e as cicatrizes de bala em suas pernas, que contavam histórias de batalhas antigas. — Hoje o país é forte, vovô Sandro, e está cheio de pessoas talentosas. Não haverá mais guerras. — Disse Esther, tentando oferecer algum consolo. Sandro, porém, não se deixou convencer tão facilmente. Ele franziu a testa, um ar grave
Sandro estava claramente tentando alertar Esther para que ficasse de olho em Marcelo, talvez para evitar que outra pessoa interferisse em seu relacionamento. No entanto, Esther estava mais preocupada com a saúde de Sandro e não queria que ele se preocupasse ainda mais com a situação entre ela e Marcelo. Sorrindo suavemente, embora o sorriso não alcançasse seus olhos. — Eu sei, vovô Sandro. Marcelo já me contou tudo. Mas agora, o tempo está esfriando. Vamos entrar, não quero que você fique doente. — Ela respondeu com uma voz doce, tentando tranquilizá-lo.— Está certo. — Sandro concordou, com um tom de resignação. Ele tinha bom senso e sabia quando parar de falar, mas uma sombra de preocupação ainda pairava sobre ele.Esther acompanhou Sandro de volta ao quarto. Despedindo-se com um abraço carinhoso, ela deixou o quarto, mas, ao sair, uma hesitação tomou conta de seus passos. Ela parou por um momento no corredor, ponderando se deveria ou não ir até a ala de ginecologia. Foi naquele
Gilberto lançou um olhar preocupado para Esther, seus olhos carregando uma mistura de dúvida e preocupação. Percebendo a tensão no ar, Esther respirou fundo e acenou com a cabeça, sua expressão tentando esconder a tempestade interna que se formava.— Pode sair. — Disse ela, com calma.Assim que a porta se fechou, o som ecoando pela sala silenciosa, Nicole afastou o cobertor com um movimento deliberado e lento. Ela se sentou na beirada da cama, as mãos acariciando suavemente a barriga ainda plana, seus dedos desenhando círculos lentos enquanto um sorriso satisfeito se formava em seus lábios.— Srta. Esther, eu sei que o Sr. Marcelo tem outra pessoa em mente. — Nicole começou, sua voz carregada de uma falsa doçura que fez os pelos da nuca de Esther se arrepiarem.Ao ouvir isso, Esther sentiu um aperto no coração, seus dedos automaticamente se cerrando em um punho involuntário ao lado do corpo. Nicole, sem levantar o olhar, continuou em um tom lento e calculado, como se estivesse sabore
— O quê? — Nicole ficou pálida instantaneamente, seus lábios tremendo enquanto o telefone quase escorregava de sua mão suada. — Impossível, mãe! O horário está certo e eu me lembro claramente daquela noite. Como pode não ser o Sr. Marcelo? Deve haver algum engano!A voz do outro lado da linha hesitou antes de responder, como se tentasse encontrar as palavras certas para suavizar o golpe: — Foi uma coincidência terrível, Nicole. Quando soube que estavam procurando alguém, pensei que você estava prestes a subir na vida... Mas o número do quarto estava errado. O homem naquela noite não era o Sr. Marcelo, era um... um homem de uns quarenta ou cinquenta anos.Nicole sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés. O choque era tão grande que ela mal conseguia processar as palavras do outro lado da linha.— Como... Como eu poderia estar grávida de um homem de quarenta ou cinquenta anos? — Exclamou ela, com um tom de choque.A verdade começou a se estabelecer em sua mente, mas era dolorosa
As palavras de Marcelo deixaram Gilberto boquiaberto, a confusão estava estampada em seu rosto. Ele piscou algumas vezes, tentando processar o que havia acabado de ouvir. Se Nicole estava grávida e o evento em questão era o mesmo que Marcelo se lembrava, então, o pai da criança só poderia ser ele, certo? — Vamos embora. — Marcelo ordenou, com um tom de impaciência.Gilberto hesitou por um segundo, sentindo o peso da tensão no ar. — Oh, claro. — Respondeu ele, enquanto estendia a mão para ligar o carro.Mas a mão de Marcelo segurou o braço de Gilberto firmemente, sua voz gélida cortava o ar como uma faca afiada:— Eu disse para você sair do carro!O coração de Gilberto quase parou. Ele olhou para o rosto de Marcelo, buscando alguma pista sobre o que ele pretendia fazer. — Sr. Marcelo, você tem uma reunião marcada e todos estão esperando por você. Além disso, aqui está muito lotado! — Gilberto tentou argumentar, sentindo que qualquer movimento em falso poderia desencadear uma explosão
Felizmente, o chefe já estava preparado e conseguiu se esquivar antes que o tiro fosse disparado. — Gilberto, fui atingido? — Perguntou Marcelo, distraído, com a voz fria e desinteressada. Gilberto olhou para o vendedor, que estava pálido como um fantasma, o choque estava estampado em seus olhos. — Por pouco! Quase foi! — Disse ele, com a voz tremendo. Enquanto isso, Luiz estava nos braços de Esther, um raro sorriso iluminava o rosto dela. Era a primeira vez que ele a via tão contente, essa visão o pegou de surpresa. Ele ficou um pouco agitado, seus olhos ficaram arregalados por um breve momento, antes de relaxar e permitir que um sorriso suave surgisse em seus lábios. — Agora não precisamos mais nos preocupar, certo? — Perguntou Luiz, sua voz era baixa e gentil. — Não, agora está tudo bem. Estou feliz. — Respondeu Esther, ainda sorrindo, seus olhos estavam brilhando com uma felicidade genuína. — Rapaz, você é realmente bom nisso! Não é fácil acertar os alvos mais distantes. —
Gilberto estava suando frio. Sentia as gotas escorrendo lentamente por sua testa, enquanto seu coração batia descompassado. Afinal, Marcelo era seu chefe, o homem de quem dependia para manter seu emprego e garantir sua estabilidade. Como ele poderia deixá-lo sozinho em uma situação como aquela? — Sr. Marcelo, não fique assim. A Srta. Esther ainda quer brincar. Que tal se formos todos juntos? — Sugeriu Gilberto, forçando um sorriso que não chegava aos olhos. Marcelo, no entanto, não se deixava enganar. Seus olhos se estreitaram e ele cruzou os braços, mostrando seu descontentamento com uma postura rígida e um leve movimento de seus lábios, que se comprimiram em uma linha fina. — Quem disse que eu quero ir com ela? — Disse ele, visivelmente irritado.Percebendo o tom gelado de Marcelo, Esther não quis prolongar o desconforto. Ela sabia que, quando ele estava assim, era melhor não insistir. Em vez disso, virou-se calmamente para Luiz. — Ainda há muitas coisas interessantes para ver po
— Esse é grande o suficiente? — Marcelo perguntou, com uma ponta de irritação na voz. — Não é mais bonito do que o que você tem aí? Esther olhou para o urso gigante, que era ainda maior do que Marcelo. Ela franziu levemente a testa, suas mãos tremiam ligeiramente com o peso do Doraemon que já segurava. — Eu não quero. É muito grande e… Eu também não gosto. — Disse ela, sua voz soou quase como um sussurro, enquanto seus olhos evitavam os de Marcelo.Marcelo franziu a testa, o músculo em sua mandíbula se contraiu, seu humor azedava cada vez mais.— Não acha que é melhor do que o seu? Pega logo! — Ele insistiu, com um tom de impaciência. Com um movimento brusco, Marcelo jogou o urso para ela com uma só mão, como se estivesse dispensando algo sem importância. Esther, já sobrecarregada com o Doraemon que carregava, mal conseguia segurar mais um brinquedo. Suas mãos escorregaram e ela quase deixou os dois caírem. Ela se sentiu sufocada. Esther, percebendo a tensão no ar, se deu conta de