Esther levantou o olhar e viu Gilberto abrindo a porta do carro, balançando-a gentilmente. Sentindo uma pontada de preocupação, ela se endireitou e perguntou: — O que aconteceu?— O Sr. Marcelo bebeu bastante hoje e ainda não está acordado. — Gilberto explicou, seu tom era calmo, mas seus olhos revelavam uma leve preocupação.Esther olhou na direção de Marcelo e o viu encostado no banco, dormindo profundamente, respirando calmamente, sem sinais de que estava prestes a acordar. Ele devia estar realmente cansado. Normalmente, ele nunca chegava a esse ponto de embriaguez completa. Era raro vê-lo tão bêbado a ponto de dormir profundamente, o que fez seu coração apertar de leve.Ao chegar à entrada de casa, Esther decidiu chamar os empregados para ajudar a colocar Marcelo de volta. — Vou pedir para alguém ajudar a levá-lo para dentro. Gilberto, já está bem tarde. Vá descansar, por favor. — Esther disse, voltando-se para ele com um sorriso cansado, mas agradecido.Gilberto assentiu, apreci
Esther rapidamente enxugou as lágrimas do rosto, tentando parecer normal antes de voltar a olhar para Marcelo. — Você bebeu bastante hoje. Melhor deitar e dormir. — Disse Esther, tentando manter a voz estável.— Você estava chorando? — Marcelo perguntou e franziu a testa, notando algo errado em seu tom. Esther abaixou a cabeça, sem saber como responder. — Entrou areia nos olhos. — Murmurou, mas a desculpa soava frágil até para ela. Seus olhos ainda brilhavam com as lágrimas recentes, e ela tentou desviar o olhar.— Por que estava chorando? — Marcelo insistiu, seu interesse genuíno. Ele raramente via Esther chorar, e quando o fazia, era porque estava realmente triste. Seus olhos a analisavam, procurando a verdade em seu rosto.Ela hesitou um momento antes de falar. — Enquanto limpava você, vi que estava cheio de feridas. Nunca tinha notado antes quantas cicatrizes você tem. — Confessou, a voz trêmula. Ela sentiu um aperto no coração ao lembrar das cicatrizes.Marcelo ficou surpreso
Ele tinha cicatrizes nas costas definidas, longas e profundas, como marcas de batalhas passadas. Essas cicatrizes, que cobriam sua pele perfeitamente esculpida, traziam uma beleza trágica, uma beleza marcada por histórias de dor e luta. Esther observava Marcelo, admirando seu corpo forte e musculoso. Apesar de sua aparência inabalável, ela sabia que ele carregava o peso do mundo, sustentando a família Mendes com suas próprias forças. Ela tocou suavemente suas costas, e o corpo de Marcelo ficou tenso por um momento. Seus olhos, profundos e intensos, revelavam uma alma ferida, mas ele não se afastou do toque dela. — Já não dói mais. — Murmurou ele, com uma voz rouca.As cicatrizes que ele carregava não eram apenas na pele, eram marcas que perfuravam o coração de Esther. Ela manteve em silêncio, apertando as mãos em punho. Marcelo nunca falava sobre essas marcas, e talvez para ele, eram lembranças de um passado doloroso. Isso incluía o tempo em que esteve ao lado dela. Esther mordeu os
As palavras de Marcelo surpreenderam Esther. Ela nunca imaginou ouvir algo assim dele. Seu beijo começou suave, mas logo se tornou mais intenso, carregado com uma possessividade masculina que a fez se sentir atordoada. Cada movimento dele era urgente, quase desesperado, e ela podia sentir o calor de seu corpo misturado ao cheiro de álcool.Quando Marcelo começou a desabotoar seu pijama, o frio cortante a trouxe de volta à realidade. Ela olhou rapidamente para seu abdômen e, assustada, empurrou Marcelo com força.— Não, não pode! Marcelo estava tão envolvido que o empurrão a fez despertar. Ao ver a reação de Esther, ele notou o medo e a aversão em seus olhos, e seu desejo se dissipou rapidamente. Ele fechou a camisa e a olhou com uma expressão fria.— Você está se guardando para Luiz ou para Enrico? — questionou, sua voz gelada.A reação dela indicava claramente que seu avesso ao toque de Marcelo era devido ao amor que ela sentia por outro homem. Esther estava ciente de que estava gráv
Esther terminou a última garfada e pousou o garfo, sentindo a tensão acumulada entre ela e Joana. Sabia que a sogra guardava ressentimentos há tempos. Marcelo já tinha desafiado Joana várias vezes por causa dela, o que só aumentava o desgosto da mulher.Levantando-se, Esther encarou Joana com determinação.— Mãe, na verdade, você nunca quis que eu tivesse um filho do Marcelo, não é? — Perguntou ela, com uma voz firme.A pergunta pegou Joana de surpresa, mas ela rapidamente controlou suas emoções. — Por que você está dizendo isso? — Joana respondeu, com uma expressão fria. Ela arqueou as sobrancelhas, tentando manter a compostura, mas seus olhos traíam um lampejo de desconforto.— Você sempre quis que a Sofia se casasse com o Marcelo. Como poderia querer que eu tivesse o filho do Marcelo? Você sabe que ele nunca se aproxima de mim, sempre me dá aqueles remédios e diz que meu útero não é confiável, só para me rebaixar. — Respondeu Esther, seus olhos fixos nos de Joana, cheios de determi
Essas palavras fizeram Marcelo parar abruptamente e encarar Gilberto com uma expressão que misturava confusão e frustração. — Qual mulher? — A pergunta saiu com uma frieza que parecia cortar o ar.Gilberto, preso entre a lealdade ao patrão e a necessidade de informar, se sentia desconfortável. Ele pensava sobre como a vida de um casal havia chegado a esse ponto, com a esposa ajudando o marido a encontrar uma amante. A situação era complexa e difícil para ele, e ele sentia o peso da responsabilidade.— É… Sr. Marcelo, a sua amante de uma noite. — Gilberto respondeu, o rosto expressando claramente seu desconforto.Marcelo estava furioso, sua irritação amplificada pela rejeição de Esther no dia anterior. Agora parecia que ela estava forçando a situação, trazendo outra mulher para ele. Sentia que ela estava tentando provocar uma reação, como se quisesse que ele se envolvesse com outras mulheres para então se sentir satisfeito.A expressão de Marcelo estava implacável, quase gelada, mas el
Esther olhou para Nicole, que estava tão certa de si que quase a fez acreditar. Mas com Gilberto ali e trabalho para resolver, ela não tinha tempo para discutir. Então, Esther se afastou, suas mãos tremendo levemente enquanto segurava sua bolsa, um peso enorme em seu peito.Três horas depois, Esther ainda não havia retornado. A porta da sala de reuniões foi aberta e, quando a reunião terminou, Marcelo saiu da sala. Seu rosto mostrava uma mistura de cansaço e impaciência, sua mandíbula estava tensa.— Sr. Marcelo, aquela mulher está na sala de descanso. — Informou Gilberto, que estava ao lado.Marcelo franziu a testa, com uma expressão gelada no rosto, e olhou para o relógio com um sorriso irônico. Ele estava surpreso com a persistência dela. Virou-se e seguiu em direção à sala de descanso, cada passo pesado com a irritação crescente.Dentro da sala de descanso, apenas Nicole estava presente. Ela estava tão cansada que, ao ver que ninguém estava por perto, encostou-se no sofá e relaxou
Nicole ficou imóvel, com o rosto pálido e as mãos se apertando com força. Marcelo a observava com uma expressão severa, franziu a testa e perguntou com frieza: — É tão difícil responder?Naquele momento, Esther chegou correndo, exatamente quando ouviu Marcelo fazendo a pergunta incisiva. Ela se atrapalhou ao tentar abrir a porta e decidiu recuar, seus dedos tremendo levemente enquanto girava a maçaneta.Nicole, sob a pressão do olhar de Marcelo e sua atitude agressiva, se sentia cada vez mais tensa. Ela levantou o olhar para o homem impassível à sua frente, notando o perigo em seus olhos. Sentindo-se encurralada, disse com voz hesitante: — Naquele hotel havia muitos homens ricos. Eu precisava de dinheiro. Se eu pudesse encontrar um homem rico, não precisaria trabalhar tanto.Marcelo franziu ainda mais a testa, seu olhar agora repleto de desprezo. O que ela estava dizendo era, basicamente, que estava disposta a trocar seu corpo por dinheiro. Em uma sociedade onde muitos faziam exatam