Capítulo 8
Ela se levantou e foi em direção ao escritório do orientador.

- Natacha, foi você quem salvou uma senhora em frente à escola ontem à tarde, certo? – Perguntou o orientador, em tom sério.

Natacha ficou surpresa.

Embora não estivesse buscando reconhecimento por seu ato, ela não esperava essa atitude do orientador.

- Sim, fui eu quem a salvou. – Assentiu Natacha.

O orientador falou com tom de reprovação:

- Agora, aquela senhora faleceu e os familiares questionam se suas ações e uso de medicamentos estavam de acordo com os protocolos, o que teria atrasado o atendimento. Além disso, você é apenas uma estudante e não tem licença médica.

- A senhora não sobreviveu mesmo depois de ser levada para o hospital? Mas, senhor, quando salvei ela, ela já havia recuperado a consciência. Se não tivesse ajudado, ela teria morrido naquele momento. – Respondeu Natacha, chocada.

- O que adianta falar isso agora? – Disse o orientador, com descontentamento. – Eu já disse a vocês para não se excederem durante o aprendizado. Agora, os familiares não apenas querem processar você, mas também a escola! Você tem ideia do tamanho do problema que criou?

- Eu não fiz nada de errado! Na verdade, estou feliz por ser estudante de medicina, caso contrário, teria ficado totalmente incapaz de ajudar aquela senhora. – Argumentou Natacha, teimosa.

- A escola decidiu que você deve interromper todas as suas atividades e voltar para casa para refletir. Se este incidente afetar a escola, seu futuro pode ser prejudicado! – Disse o orientador.

Incredulamente, Natacha balançou a cabeça, perguntando:

- Por que não posso ir às aulas? Eu estava salvando vidas, não prejudicando elas. Por que tenho que parar de frequentar as aulas?

- Esta é a decisão da escola, estou apenas informando você. – O orientador lembrou novamente. – Você diz que estava salvando vidas, mas o problema é que a pessoa que você salvou faleceu naquela noite no hospital!

Depois de sair do escritório do orientador, Natacha finalmente não conseguiu segurar as lágrimas.

Ela se sentiu injustiçada e desanimada.

Ela nunca imaginou que ao cumprir com seu dever de médica, acabaria sendo expulsa da escola de uma maneira tão humilhante.

Assim que chegou à porta, um balde de água suja foi jogado em sua direção. Natacha ficou assustada, ficando completamente molhada.

Logo em seguida, duas mulheres de meia-idade se aproximaram dela com raiva.

Elas agarraram ela pelos cabelos e gritaram como loucas:

- Você, uma mulher sem ética, devolva a vida da minha mãe!

Natacha nunca havia enfrentado uma situação tão intimidante antes e ficou completamente atordoada.

Seu cabelo doía de tanto ser puxado, como se estivesse prestes a ser arrancado do couro cabeludo.

- Me soltem! – Natacha lutou e disse. – Não é como vocês pensam!

Mas diante das duas mulheres histéricas, todas as explicações pareciam inúteis e impotentes.

Natacha estava sendo brutalmente atacada pelas duas mulheres, sem ter como se defender!

Naquele momento, uma força gigantesca afastou as duas mulheres.

- Vocês não podem tocar na minha filha! – Rodrigo correu para perto e protegeu Natacha, apontando para as duas mulheres. – Podemos conversar de forma civilizada. Mesmo que queiram nos processar, não temos medo!

E o motorista de Rodrigo também chegou.

As duas mulheres se olharam.

Diante de dois homens fortes protegendo Natacha, elas não ousaram começar uma briga e disseram:

- Vocês esperem, a morte da minha mãe não ficará impune!

Depois que elas se foram, Natacha esqueceu até mesmo de chorar.

Ela estava pálida e tremendo de medo.

- Natacha? Natacha, como você está? – Perguntou Rodrigo, enquanto rapidamente levou ela para o carro, preocupado. – Vou te levar ao hospital agora.

Natacha então disse baixinho:

- Eu não quero ir ao hospital, não quero ir lá.

Agora, ela não queria ter nada a ver com hospitais!

Rodrigo parecia perceber o que ela estava pensando e suspirou.

- Tudo bem, vamos para casa!

...

Na família Gonçalves.

Quando Marta e Daniela viram Natacha com o cabelo bagunçado e ferida no rosto, ficaram especialmente surpresas.

Anteriormente, quando Rodrigo recebeu o telefonema da Universidade da Cidade M para buscar ela, elas ouviram parte da situação.

No entanto, não esperavam que Natacha voltasse ferida para casa.

Ao ver Rodrigo levando Natacha apressadamente para o quarto, Marta e Daniela se regozijaram em segredo.

Daniela não pôde deixar de zombar:

- Natacha realmente mereceu! Ela está sempre se mostrando, e agora quase foi desfigurada! Marta, sombriamente, curvou os lábios e comentou:

- Aquela família realmente nos trouxe um pouco de satisfação!

Enquanto elas conversavam, de repente a empregada correu para dentro e relatou:

- Senhora, senhorita, há um visitante lá fora que diz estar procurando pela Srta. Natacha.

- Natacha? – Murmurou Marta, num instante, enquanto se iluminou e sussurrou para a filha. – Pode ser aquelas pessoas procurando briga?

- Então, por que você não traz ele para dentro logo? – Disse Daniela, imediatamente.

Em breve, Joaquim entrou na sala de estar.

Marta e Daniela ficaram paralisadas, olhando uma para a outra.

Como poderia ser Joaquim?

Eles só o viram na televisão e nos jornais.

Natacha tinha se casado com Joaquim há dois anos, mas era a primeira vez que eles viam pessoalmente.

O coração de Daniela batia rapidamente de emoção, seus olhos fixos em Joaquim, incapazes de desviar o olhar.

O ciúme crescia em seu coração, ela se odeia, em que aspecto exatamente ela era inferior a Natacha?

Por que Natacha poderia se casar com esse príncipe encantado?

- Cunhado, você está procurando minha irmã? – Daniela passou a mão no cabelo, tentando ser simpática. – Minha irmã teve alguns problemas e acabou de chegar em casa. Ouvi dizer que ela matou uma velha, e agora as pessoas...

Joaquim interrompeu a mulher friamente:

- Eu já sei. Onde ela está?

Diante da frieza desse homem, Daniela se sentiu incapaz de continuar. Parecia que Joaquim nunca olhara para ela nos olhos.

Marta tentou parecer uma mãe carinhosa, dizendo:

- Natacha acabou de ser trazida pelo pai dela e está no quarto. Quer que eu te leve até lá?

Afinal, Natacha geralmente se vestia com elegância. Se Joaquim a visse com essa aparência suja e desgrenhada, poderia ficar traumatizado!

Pensando nisso, Marta imediatamente liderou o caminho e levou Joaquim até o quarto de Natacha.

Quando Natacha abriu a porta e viu Joaquim do lado de fora, ficou surpresa.

A avó de Rafaela tinha falecido, então ele deveria estar com Rafaela durante o luto, certo?

Será que ele também ouviu sobre o que aconteceu com ela e veio especialmente para vê-la?

Ao pensar nisso, Natacha se sentiu injustiçada sem motivo aparente e seus olhos começaram a ficar vermelhos.

Era como se uma criança que havia caído e conseguido se manter forte até então, desabasse em lágrimas num instante por causa de uma simples pergunta dos pais, “está doendo?”.

Marta, de lado, olhou com desprezo e pensou:

“Que sem-vergonha! Ela costumava se vangloriar na nossa frente, mas agora, diante de Joaquim, ela está fingindo ser inocente.”

Joaquim, ao ver Natacha em tal estado triste, pareceu surpreso por um momento.

Marta fingiu preocupação e disse:

- Natacha, como você se machucou tanto? Aquela família foi muito cruel. Mesmo que você esteja errada, eles não deveriam te tratar assim! Você não teve a intenção de matar aquela pessoa.

Apesar de parecer estar defendendo Natacha, cada palavra de Marta jogava a culpa sobre ela.

Joaquim parecia estar absorvendo suas palavras, olhando para Natacha com uma expressão complexa.

Quando Marta percebeu que alcançou seu objetivo, acrescentando:

- Vocês dois conversem, eu vou preparar café para vocês.

Após ela sair, Joaquim seguiu Natacha até o quarto.

- Eu... Eu vou tomar um banho primeiro. – Disse Natacha, um pouco apressada.

Ela não queria que Joaquim a visse nesse estado de derrota, com o corpo molhado e o cabelo bagunçado, parecendo um pássaro encharcado.

Quando ela estava prestes a entrar no banheiro, Joaquim segurou seu pulso.

- Como você se machucou no rosto?

Ele franziu a testa enquanto olhava para Natacha, e mesmo ele não percebeu a expressão de preocupação que escapou de seus olhos.
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