Capítulo 9
Natacha segurou suas lágrimas, as mantendo no lugar.

- Me deixe limpar primeiro, essa situação não pode ser explicada em poucas palavras.

- Espere, eu tenho uma pergunta para você. – Disse Joaquim, segurando com firmeza seu pulso, causando dor em Natacha. – Ontem à noite, a pessoa que você salvou era a avó de Rafaela. Ela morreu quando chegou ao hospital. Natacha, você sabia da relação entre aquela senhora e Rafaela?

Seu olhar frio e cheio de suspeita.

Natacha ficou chocada, arregalando os olhos e olhando para ele incrédula.

A senhora que ela salvou era a avó de Rafaela?

E as palavras de Joaquim questionam ela, a fim de se vingar de Rafaela por ter matado a avó de Rafaela sob o pretexto de salvar sua vida.

Naquele momento, Natacha sentiu como se estivesse caindo em um abismo de gelo, uma desolação mais profunda do que ser mal interpretada e acusada por todos. Ela riu com frieza, sem admitir ou negar, apenas perguntou:

- O que você quer? Ou melhor, o que ela quer?

Joaquim, ao ver sua atitude, ficou enfurecido. Ele apertou com força seu queixo, rangendo os dentes:

- Então você está admitindo?

- Se eu admitir ou não, importa? - Natacha sorriu mais profundamente, mas o sorriso era amargo. – Mesmo que eu negue, você não vai acreditar em mim. Tudo bem, eu perdi, não posso competir com Rafaela, eu desisto!

Não sabia por que, mas sua teimosia e frieza faziam ele sentir uma mistura de raiva e compaixão.

Joaquim ficou surpreso.

Ele estava sentindo pena dela?

Ele tentou ignorar esse sentimento estranho, dizendo:

- Rafaela foi criada pela avó desde pequena. Você acha que ela mataria sua própria avó para te incriminar?

A voz de Natacha tremia de emoção quando ela respondeu:

- Joaquim, você viu quando eu salvei aquela pessoa. Onde você me viu machucando alguém? Por que você acredita em tudo que Rafaela diz, mas não acredita no que viu com seus próprios olhos?

- Eu vi, mas não sou médico. Não sei os detalhes. Natacha, médicos podem salvar ou matar pessoas. Eu sei que você odeia Rafaela! – Respondeu Joaquim, com frieza.

- Sim, eu odeio ela! – Gritou Natacha, de repente. – Mas eu sou médica, minha mãe também. Fomos ensinadas a salvar vidas desde pequenas. Eu não faria algo tão desonesto!

Joaquim soltou a mulher e sua voz suavizou:

- Mas agora eles querem processar você. Natacha, apenas peça desculpas e eu cuidarei disso.

Afinal, Natacha era sua esposa.

Mesmo que ele não amasse ela, não queria que seu futuro fosse arruinado por causa disso.

Natacha fungou, lutou contra as lágrimas e olhou com firmeza para ele.

- Se eu pedir desculpas, será como admitir a mentira deles! Joaquim, se eles querem processar, que processem. Eu acredito que a lei vai prevalecer.

- Mas a família Camargo não pode se dar ao luxo disso! – Gritou Joaquim, com raiva. – Você faz parte da família Camargo agora. Se isso resultar em um processo, as ações do Grupo Camargo, a reputação da família Camargo, muitas coisas serão afetadas. Natacha, você tem que pedir desculpas!

Todos os seus interesses estavam com Rafaela e o Grupo Camargo.

Ele não havia pensado nela nem por um momento.

Natacha sentiu seu coração se apertar como uma faca. Ela tinha resistido por tanto tempo, se segurando a esse casamento de fachada.

No final das contas, se tornou uma faca de dois gumes, ferindo ela profundamente.

De repente, ela soltou uma risada, incapaz de conter as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.

- Joaquim, eu não vou prejudicar a família Camargo. Você mencionou divórcio antes, não foi? Eu concordo. – Natacha limpou seus olhos cheios de lágrimas, teimosa, continuando. – Eu assino o acordo, nos divorciamos, então eu não serei mais parte da família Camargo. Você está satisfeito agora?

Quando a palavra “divórcio” saía da boca de Natacha, Joaquim sentiu uma sensação desagradável no peito.

Isso não era exatamente o que ele queria? Por quê? Agora, seu coração parecia estar sendo espremido, sufocando ele.

Natacha disse palavra por palavra:

- Se Rafaela quer me processar, deixe ela. Mesmo que eu perca, eu aceitarei! Eu, Natacha, não tenho nada a esconder!

- Você vai comigo agora. – Disse Joaquim, enquanto agarrou a mão dela e arrastou ela para fora.

Natacha ficou chocada, lutando para se soltar dele.

- Para onde você está me levando? Joaquim, eu não vou!

- Você não tem escolha! – Disse Joaquim.

Sua expressão estava fria e seus lábios apertados, ele continuou arrastando ela para fora.

Natacha seguiu ele a passos vacilantes.

Quando ele arrastou ela para o térreo, eles encontraram Rodrigo voltando da conversa com o advogado.

- Sr. Joaquim? – Rodrigo ficou muito irritado ao ver sua filha sendo tratada assim, acrescentando. – Solte Natacha agora. Ela acabou de passar por um choque. Você não pode tratar ela assim.

Se não fosse pelo fato de que a família Camargo tinha uma grande influência na Cidade M, ele poderia ter perdido a paciência e dado uns socos em Joaquim.

Vendo como Joaquim estava tratando Natacha, ele percebeu o quanto sua filha sofreu nos últimos dois anos na família Camargo.

Joaquim ignorou completamente Rodrigo. Sua voz era fria:

- É melhor você não se intrometer nisso. Eu vou cuidar disso.

Rodrigo ficou entre eles e interrompendo:

- Sr. Joaquim, Natacha é minha filha, e eu tenho que cuidar disso. E você, ela é sua esposa afinal de contas. Depois de sofrer tanta injustiça, como você pode tratar ela assim?

Rodrigo não sabia da existência de Rafaela, então estava confuso sobre por que Joaquim estava tratando Natacha dessa maneira.

Joaquim não tinha mais paciência para lidar com Rodrigo. Ele sussurrou no ouvido de Natacha:

- Você sabe? Com um simples movimento do meu dedo, a família Gonçalves irá à falência amanhã. Natacha, se você cooperar, não me obrigue a agir.

Natacha estremeceu.

Olhando para os cabelos brancos de seu pai, ela finalmente cedeu a Joaquim. Com um esforço, ela forçou um sorriso e disse a Rodrigo:

- Pai, eu vou cuidar disso. Por favor, confie em mim. Eu vou voltar em breve.

E assim, ela seguiu Joaquim para fora de casa.

No caminho, Joaquim instruiu:

- Quando chegarmos ao velório, tenha uma atitude mais amigável e peça desculpas a Rafaela e à família dela. Eu cuidarei do resto.

Os olhos de Natacha pareciam ter perdido toda a luz naquele momento, deixando apenas uma sombra de dor.

- Tudo bem, eu posso me desculpar. Mas você também precisa me prometer, amanhã nós iremos ao cartório de registro civil para o divórcio. – Concordou Natacha, com a cabeça.

As articulações proeminentes da mão de Joaquim apertaram o volante, os tendões visíveis em seu dorso.

Essa era a segunda vez que ela mencionava a palavra “divórcio” naquele dia. Isso deveria ser o resultado que ele queria, mas seu coração parecia estar em chamas.

Ele queria tanto concordar com ela. Mas como se a garganta estivesse apertada, tudo o que conseguiu fazer foi murmurar um “tudo bem” pesado.
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