Incapaz de suportar mais aquela humilhação, Rosana correu rapidamente para o quarto. Ela se trocou com pressa, sem se importar com os outros, e saiu diretamente pela porta.Sra. Maria, olhando para as costas de Rosana, acusou:— Eu sabia, essas mulheres de fora não têm a menor noção de decência!— Pronto, mãe, não precisa se aborrecer por causa dela. — Manuel serviu um copo d'água para Sra. Maria, tentando mudar de assunto. — A propósito, o que a trouxe aqui tão cedo?Sra. Maria lançou um olhar severo para o filho e respondeu:— Você ainda pergunta? Ontem, Joyce estava com febre, e como você pôde ser tão indiferente? Ela até te ligou e você nem se deu ao trabalho de ir vê-la. Não se esqueça de que Joyce é sua noiva, uma verdadeira dama, e não essa qualquer que está ao seu lado. Como você pode tratá-la assim? Pense no quanto ela deve ter ficado magoada!Manuel já sabia que Joyce não era boa pessoa, especialmente agora que ela tinha ido reclamar para sua mãe. No entanto, Manuel havia cr
Rafaela de repente riu, estreitando os olhos como se tivesse desvendado os segredos de Natacha:— Natacha, você sabe por que perdeu para mim naquela época? Porque você é mole, porque você ainda ama o Joaquim! Não é que você não queira machucar o Domingos, você tem medo de machucar o Joaquim, não é? As mãos de Natacha tremeram levemente, e em seus olhos surgiu um brilho de desconforto. Rafaela, percebendo ter acertado em cheio, riu com desprezo:— Se você revelar a verdade, eu realmente estarei acabada, mas o Joaquim também ficará devastado. E, quanto aos seus filhos, eu contarei a ele que você deu à luz dois filhos em segredo. Conhecendo o temperamento do Joaquim, ele com certeza lutará pela guarda.O olhar de Natacha ficou cada vez mais frio. Com uma voz gélida, ela retrucou:— Joaquim lutar pela guarda dos próprios filhos é uma coisa, mas eu temo que ele esteja criando há anos filhos que nem são dele.O rosto de Rafaela empalideceu, e seu coração parecia saltar para fora da garganta
Gabriel ficou sério e perguntou:— Então, o que você pretende fazer?Natacha, irritada, passou a mão pelos cabelos e disse:— O que você acha que eu deveria fazer? Na verdade, nem eu sei. Antes, eu sempre quis me vingar da Rafaela e do Joaquim, só me sentia bem vendo eles se darem mal. Mas agora, com a oportunidade bem diante de mim, eu...— Você amoleceu. — Gabriel completou as palavras de Natacha com gentileza. — Mas você não precisa se preocupar, só siga o que o seu coração te diz. Amolecer não é um pecado. Você não é Rafaela. Sua bondade e sua integridade são justamente o que eu mais gosto em você.Natacha deu um sorriso amargo e respondeu:— Para ser honesta, você também poderia considerar Joaquim como seu inimigo. Não esperava que entendesse minha decisão.Gabriel a puxou para seus braços e, aliviado, disse:— E o que importa ter inimigos? A maior diferença entre nós e eles é que nós temos limites, e nossa intenção nunca foi machucar ninguém. Então, Natacha, se você decidiu perdo
— Preciso te convidar pessoalmente para entrar no carro? — Manuel perguntou com seu típico tom altivo.Rosana, por um momento, acreditou que Manuel tinha percebido o quanto havia exagerado e viera se desculpar. Mas agora, parecia que ela estava errada.Manuel pedir desculpas? Impossível.Com um olhar irritado, Rosana respondeu:— O Sr. Manuel está tão ocupado com o trabalho que veio me procurar só para se distrair?Manuel fez uma pausa e soltou uma leve risada. Afinal, mesmo com o rosto delicado de Rosana tomado pela raiva, havia algo especialmente encantador na forma como ela se zangava.Rosana sentiu seu sangue ferver, e a vontade de dar uns tapas em Manuel crescia dentro dela!“Por quê? Não importa o quanto eu fique furiosa, as emoções de Manuel nunca oscilam. É como se meus sentimentos nunca o afetassem. E ele ainda consegue rir? O que eu significo para ele? Para Manuel, o que importa não é o que eu sinto, mas apenas se posso oferecer o prazer que ele quer!”Vendo que Rosana não se
Manuel não gostava nem um pouco de lugares tão sujos e barulhentos como aquele:— Você está com fome, então vou te levar para comer, mas a comida aqui não é saudável. Vamos embora. — Manuel puxou a mão de Rosana, dizendo suavemente. — No futuro, não venha mais a esses lugares.Rosana ainda estava irritada. Ela puxou sua mão da dele e respondeu, com raiva:— Sr. Manuel, minha família faliu faz cinco anos. Se eu posso pagar um churrasco, já estou no lucro! Se você acha que aqui não é bom, pode ir ao seu restaurante de luxo. Não precisa me diminuir junto com seu nível!Por algum motivo, desde que Rosana não dissesse que queria deixá-lo e apenas despejasse sua raiva, Manuel achava aquilo até divertido.Nesse momento, o dono do restaurante trouxe o churrasco e as cervejas para a mesa.Rosana pegou um pedaço de churrasco e começou a comer, se servindo também de um copo de cerveja. A maneira decidida com que comia e bebia mostrava que ela não se importava nem um pouco com o olhar de Manuel.P
Foi só então que Manuel percebeu que a jovem à sua frente era uma assistente da Marques Advogados. A moça parecia chocada, como se tivesse descoberto algo surpreendente:— É realmente o senhor? Não acredito que o senhor também gosta de vir aqui comer!Manuel soltou uma tosse constrangida e respondeu:— Vim encontrar um amigo.Sem perder tempo, Manuel rapidamente segurou a mão de Rosana e saiu dali com ela.Rosana, com o rosto corado, se sentia estranhamente envergonhada. Ela não conseguia evitar a sensação de que, naquele momento, eles pareciam um casal de namorados escondidos, pegos de surpresa por alguém.Dentro do carro, Manuel percebeu que Rosana estava com uma expressão diferente, e logo entendeu o motivo.Com o semblante sério e a voz fria, ele a alertou:— Rosana, eu posso aceitar que você discuta comigo, que fique ao meu lado, mas jamais ouse imaginar coisas que você não deve.O entusiasmo que Rosana sentia há pouco desapareceu instantaneamente.Aquela sensação era como se ela
Do outro lado, Adriano olhava desanimado para a casa, que ficava cada vez mais vazia."Mamãe já arrumou praticamente tudo o que precisava. Amanhã, ela vai nos levar embora da Cidade M. Se eu for embora, como vou encontrar meu pai?"Aproveitando que todos já estavam dormindo, Adriano pegou escondido o celular de Natacha e ligou para Rosana.— Dinda, sou eu, o Adriano. — Adriano sussurrava na varanda, a voz bem baixinha.Rosana ficou surpresa ao receber uma ligação de Adriano no meio da noite. Ela disse:— Querido, por que ainda não foi dormir? E sua mãe?— Mamãe está dormindo, mas eu preciso da sua ajuda com uma coisa. — Adriano mordeu os lábios e continuou. — Amanhã, você pode dizer para minha mãe que quer levar a mim e a Otília para passear? Nós conversamos sobre isso quando nos encontrarmos, pode ser?Rosana sempre soube que Adriano era muito esperto. E o fato de ele estar sendo tão misterioso ao pedir sua ajuda deixou ela ainda mais curiosa sobre o que ele planejava.Lembrando que M
Antiga Mansão da família Camargo.Embora o casamento fosse no dia seguinte, Joaquim não voltou para casa naquela noite. Se ouviu dizer que ele saiu para beber com amigos. Rafaela olhava para a mansão repleta de decorações de casamento, mas, mesmo assim, o ambiente parecia frio e distante. Ela podia sentir claramente a relutância de Joaquim. Contudo, não se arrependia nem um pouco."Se não fosse a Natacha, eu já teria formado uma família feliz com Joaquim. Foi ela quem me tirou tantas coisas."Rafaela, vestida com um luxuoso vestido de noiva, se posicionou diante do espelho, se esforçando para esboçar um sorriso. E, enquanto sorria, disse:— No fim das contas, Joaquim ainda é meu, e o lugar de Sra. Camargo também. Natacha, eu venci!Faltavam apenas algumas horas para o casamento. Rafaela finalmente havia esperado por este dia, mas a facilidade com que tudo estava se desenrolando a fazia sentir que nada daquilo era real."Eu realmente vou me casar com Joaquim."A emoção tomou conta de