Joaquim deu um olhar afiado para Daniela e perguntou friamente:- Como é que você está aqui?Daniela não ousava provocá-lo, pois o destino dela e de sua mãe estava agora nas mãos de Joaquim. Elas já eram como formigas à mercê dele. Por isso, Daniela rapidamente respondeu:- Desculpe, Sr. Joaquim, eu... Eu entrei no quarto errado. Eu vou sair agora.Justo quando ela se virou, Joaquim a chamou em um tom grave:- Pare!Os passos de Daniela pararam bruscamente. Tremendo, ela perguntou:- O senhor... Ainda tem alguma ordem?- Venha aqui.Os olhos de Joaquim se semicerraram, impossíveis de ler suas emoções.Daniela teve que dar passos rígidos em sua direção, todo o corpo tremendo involuntariamente. Joaquim levantou o queixo dela com seus dedos longos e finos, estudando ela por um momento, e perguntou:- Posso levar você de volta?Daniela olhou para ele, incrédula. Em seguida, com uma expressão abatida, disse:- Sr. Joaquim, eu sei que errei. Por favor... Eu imploro para que o senhor me deix
O olhar de Joaquim passou levemente por Natacha, sem o menor arrependimento, enquanto ele abaixava a cabeça para flertar com Daniela:- Depois de tanta diversão ontem à noite, você deve estar com fome, não é? Vamos, experimente a comida da Dora. Daqui em diante, se quiser comer algo, peça para Dora preparar para você.Daniela levantou a cabeça, olhando para ele com admiração e gratidão, e disse:- Obrigada, Sr. Joaquim, o senhor é muito bom para mim.- Isso é ser bom para você? - Joaquim riu suavemente. - Pequena feiticeira, à noite vou te mimar ainda mais.As palavras deles, cheias de insinuações, chegaram claramente aos ouvidos de Natacha. Ela apertou os dedos com força, cravando as unhas na pele. Mas não sentiu dor. Porque o coração já estava doendo o suficiente.Ela nem sequer quis tomar café da manhã e se vestiu rapidamente para sair. Quando chegou à sala de estar, ainda podia ouvir as risadas e os sons manhosos de Daniela vindos da cozinha. Natacha fingiu que estava surda, aceler
Dora, com desprezo, respondeu:- O senhor trouxe você para cá por mera novidade. O quarto da senhora não é um lugar que você possa ver.- Pois eu insisto em ver! - Daniela semicerrando os olhos, disse com desprezo. - Você é apenas um cão de guarda da Natacha! Se não me der a chave hoje, vou contar ao Sr. Joaquim e ele vai te demitir!Dora não se intimidou e, sem mostrar simpatia, respondeu:- Faça o que quiser!Daniela, furiosa, voltou para o quarto onde tinha dormido com Joaquim na noite anterior. Esse quarto era o segundo melhor da casa, mas ela se perguntou por que Natacha dormia na suíte principal enquanto Joaquim ficava ali. Não deveria ser o chefe da casa a ocupar o melhor quarto?Se sentindo injustiçada, ela deu um chute nas roupas de cama espalhadas pelo chão. No fundo, Daniela sabia que Joaquim a trouxe para provocar Natacha, devido a problemas no relacionamento deles. Mas isso não importava para ela. Daniela prometeu a si mesma que, cedo ou tarde, conquistaria o lugar de N
- Sou eu. - A voz grave de Joaquim veio do outro lado da porta.Natacha rapidamente terminou de beber o caldo do macarrão instantâneo, sentindo o sabor salgado deslizar pela garganta, e jogou a embalagem no lixo de forma rápida. Ela respirou fundo, tentando acalmar o turbilhão de emoções dentro dela, e então abriu a porta calmamente. - O que você quer? - Perguntou, sua voz cuidadosamente controlada.Assim que Joaquim entrou, o cheiro pungente de macarrão instantâneo tomou conta do ambiente. Ele franziu o nariz, preocupado, mas tentando esconder sua ansiedade sob uma máscara de indiferença. Ele estava preocupado que ela não tivesse comido nada o dia todo e que isso pudesse prejudicar seu estômago. No entanto, ao perceber que ela não se privava, ele a repreendeu sem piedade: - O quê? A comida da Dora é tão ruim assim? Você prefere comer macarrão instantâneo sozinha? Natacha ficou constrangida, sentindo o calor subir às bochechas e corando, mas logo respondeu de forma defensiva: - Eu
Depois de se despedir de Dora, Natacha se sentou na cama, abraçando os joelhos. Lentamente, sua mente começou a se acalmar, mesmo com os ecos das emoções turbulentas ainda reverberando em seu peito. Ela respirou fundo, tentando encontrar alguma paz no caos que sua vida havia se tornado. Talvez, pensou ela, essa situação tivesse seu lado positivo.Joaquim parecia odiar ela cada vez mais, e logo ele não aguentaria mais e pediria o divórcio. Se eles se divorciassem, Rafaela deixaria seu pai em paz. Pensando nisso, Natacha sentiu que tudo o que estava passando valia a pena.Naquele momento, um som agudo vindo do andar de cima cortou o silêncio. A voz de Daniela, cheia de falso prazer, ecoou pela casa. - Ah! Sr. Joaquim, você é tão malvado! Sr. Joaquim, devagar!Natacha sentiu o coração apertar. Com um movimento rápido, ela cobriu os ouvidos, tentando bloquear os sons que a feriam tão profundamente. Ela repetiu para si mesma que, depois do divórcio, a vida de Joaquim não a afetaria mais. E
Quando Daniela apareceu na ala de cardiologia, Natacha olhou para ela com surpresa, suas sobrancelhas se arqueando em uma expressão de incredulidade. - O que você está fazendo aqui? - Perguntou, tentando manter a compostura.- Vim trazer o café da manhã para você. - Respondeu Daniela com um sorriso sarcástico e olhos brilhando de malícia. - Minha querida irmã, como está sendo a experiência de morar no armazenamento? Não deve ser fácil passar fome e frio, não é? - Daniela soltou uma risadinha, seus olhos fixos em Natacha, procurando qualquer sinal de fraqueza.Natacha, mantendo sua dignidade, deu um olhar desprezível para Daniela. Sua postura era ereta e imponente, apesar das circunstâncias. - Se você veio aqui para se exibir, pode ir embora. Quando você se tornar a Sra. Camargo, aí sim poderá se gabar.Daniela riu alto, um riso cheio de desdém e incredulidade, jogando a cabeça para trás. - Sra. Camargo? Não tenho mais essa ambição! Ao contrário de você, não sou tão arrogante. Só pre
- Sim, isso é o que ela me disse. Ela não é? - Laura olhou para Daniela, confusa e com a curiosidade ainda mais forte.Daniela teve um momento de epifania. Um sorriso calculista apareceu em seus lábios enquanto ela dizia: - Claro que não! Minha irmã é boa em muitas coisas, mas sua especialidade é mentir. E ela mente o tempo todo! Senhora, acho que você foi enganada por ela! - O que... O que você quer dizer? - Laura perguntou, a ansiedade crescendo em sua voz. - Como ela me enganou?Daniela, se sentindo triunfante, explicou: - Na verdade, ela não é irmã do Sr. Joaquim de jeito nenhum! Ela é apenas uma mulher que ele está sustentando! Mas esse tipo de coisa, quem teria a coragem de admitir publicamente? Laura ficou boquiaberta de choque. - Você... Você está falando sério? Ela e o Sr. Joaquim têm esse tipo de relacionamento? Daniela deu um sorriso cheio de significados, e o coração de Laura começou a bater mais rápido, uma mistura de pânico e raiva tomando conta dela. Mais do que qu
Natacha ficou surpresa. Ela tinha saído por apenas dez minutos, mas Laura já a havia denunciado. Sentindo o peso da situação, ela suspirou fundo e guardou o celular no bolso, indo ao departamento de ensino. Ao chegar lá, foi repreendida com seriedade pelo diretor, que a advertiram de que, se houvesse outra ocorrência, ela seria devolvida à sua faculdade.Natacha sabia exatamente o que isso significava. Ser devolvida significava não conseguir completar o estágio, não se formar, e esquecer os planos de pós-graduação. Seus sonhos e todo o esforço despendido até aquele momento seriam em vão. Com os olhos marejados, ela tentou manter a compostura enquanto voltava ao setor.Ao entrar, encontrou Laura sentada, com os braços cruzados e uma expressão autoritária e acusadora. A luz fluorescente do hospital iluminava o rosto dela, acentuando sua expressão de desprezo.- Resolveu voltar? Parece que só denunciando você ao departamento de ensino para você se lembrar de suas responsabilidades. - Laur