Enrico perguntou com cautela: — Será que foi a Naiara quem fez algo errado? Duarte massageou as têmporas doloridas e disse: — Sobre o antídoto, só você, eu e a Naiara sabemos. Mas agora, a Lorena também sabe. Quem contou? Enrico ficou surpreso. Não esperava que Lorena tivesse dedurado Naiara para o chefe. Sem outra opção, tentou defender Naiara: — Chefe, a Naiara sempre foi uma garota inocente. Mesmo que tenha dito algo, com certeza não foi de propósito. Ela sempre fala tudo o que lhe vem à cabeça. Duarte disse com frieza: — Eu também pensava assim antes. Mas Naiara pode ser ingênua, não burra. Ela sabe muito bem qual é a minha relação com Lorena e, ainda assim, contou isso para ela. Eu já não entendo mais essa menina... O que será que ela pretende? Enrico sentiu um frio na espinha por Naiara e arriscou: — Naiara é muito sensível... Será que ela tem medo de que, agora que o senhor está com a Srta. Lorena, não vá mais se importar com ela? Talvez por isso tenha contad
Estúdio de Piano Maravilhoso. Lorena havia colocado todo o seu foco no trabalho. Apesar das brigas com Duarte, ela continuava se esforçando para administrar o Estúdio de Piano Maravilhoso. Desde o dia em que Duarte deixou a família Camargo furioso, ele não procurou Lorena por vários dias seguidos. Ela sentiu um certo alívio, mas, ao mesmo tempo, seu coração permaneceu inquieto. Afinal, Duarte havia prometido que não a deixaria em paz. Lorena sabia que, mesmo que ele não a procurasse agora, mais cedo ou mais tarde, ele apareceria. Aquela sensação era como ter uma lâmina suspensa sobre sua cabeça, sem saber quando ela cairia. E, justamente quando Lorena pensava nisso, Duarte realmente apareceu. No instante em que o viu, ela franziu levemente a testa por reflexo. Será que ele veio para perturbá-la? — Você não precisa ter medo. Eu não sou um bandido, não vou te devorar. — Duarte falou com a expressão séria e um tom nada amigável. Lorena conteve a tensão dentro de si e,
Enrico percebeu que Duarte agora havia voltado toda a sua atenção para Zeca, dissipando suas suspeitas em relação a Naiara, e só então pôde finalmente relaxar. ... Cidade Y. Assim que Duarte chegou à Mansão da família Moreira, viu Naiara correndo em sua direção com um sorriso no rosto. — Eu não te mandei voltar para a escola? — Duarte fechou o rosto na mesma hora e a repreendeu. — O que está acontecendo com você? Toda hora volta para cá! Naiara deu de ombros e respondeu: — Eu sei que você só me mandou embora porque tem medo que a Lorena fique com raiva. Mas eu simplesmente não quero voltar para a escola. Você está aqui sozinho, e eu fico preocupada. Então, decidi voltar para te esperar. A expressão de Duarte se fechou ainda mais, e suas sobrancelhas se franziram profundamente. — Isso não tem nada a ver com a Lorena. Eu mandei você voltar porque não quero que atrapalhe seus estudos. Além disso, aqui é perigoso. Eu posso me virar sozinho, mas você insiste em voltar. Em vez
Naiara ficou completamente atônita, chegando a duvidar dos próprios ouvidos. — O que você disse, Duarte? — Perguntou, confusa. Duarte falou em tom severo: — Se ajoelhe! De repente, uma onda de injustiça tomou conta de Naiara. Com um olhar inocente, ela caiu de joelhos sobre o tapete, soluçando: — O que foi que eu fiz de errado? Não me diga que... Foi a Lorena de novo que... — Nem me fale da Lorena! — Duarte a interrompeu, furioso. — Me explica isso direito, que história é essa de largar os estudos? Naiara, quando foi que você virou isso? Você está ficando ousada demais! Uma decisão tão importante, e você simplesmente tomou sem sequer falar comigo! Foi só então que Naiara entendeu do que se tratava. Seu nervosismo desapareceu num instante, mas, logo em seguida, seus olhos se encheram de lágrimas. — Então... Era sobre isso. Sim, eu realmente tranquei a matrícula. Se eu tivesse falado com você antes, com certeza não teria permitido. Mas eu não queria ficar sozinha, tão l
Naiara já estava preparada para ser questionada por Duarte sobre esse assunto. Afinal, Enrico já havia lhe contado que Lorena tinha se queixado para ele. Por isso, quando foi interrogada, Naiara adotou uma expressão inocente e confusa, dizendo: — Que antídoto? Você está falando daquele que pode fazer a mãe do Durval e a Lorena recuperarem a memória? — Foi você quem contou? — Duarte perguntou com seriedade. — Na época, só eu, Enrico e você sabíamos disso. Mas agora, Lorena também sabe. Naiara respondeu imediatamente: — Duarte, você está desconfiando de mim? Naquele momento, havia vários dos seus funcionários por perto. Por que não poderia ter sido um deles? Duarte respondeu friamente: — Eles não ousariam! Além disso, contar isso para a Lorena não traria nenhum benefício para eles. Naiara fingiu estar magoada e disse, com um tom queixoso: — Então, você acha que fui eu? Eu sei o quanto você ama a Lorena… Por que eu lhe contaria algo assim para provocar uma briga entre vo
Por isso, Lorena disse: — Obrigada por me ajudar a encontrar essas pistas. Daqui a pouco tenho aula, então pode ir cuidar das suas coisas. Ao perceber que as palavras de Lorena traziam uma clara intenção de dispensá-lo, Zeca, chocado, retrucou: — Rena, eu investi tanto tempo investigando isso para você, descobri tantas pistas... E é assim que você me trata? Lorena franziu levemente a testa e perguntou: — Então, faça as contas do tempo e do dinheiro que gastou nessas investigações. Eu te pago depois. Zeca ficou momentaneamente atordoado, mas logo se enfureceu: — Você quer me pagar para se livrar de mim? Lorena, tudo que você me pediu, eu levei a sério. Fiz tudo isso por você, para te ver feliz. E você me trata assim? Lorena pronunciou cada palavra com firmeza: — Então, deixa eu te dizer uma coisa: o que você trouxe para mim não tem nenhum valor. Além disso, eu nunca te obriguei a nada. Foi você quem quis me ajudar. Se acha que perdeu tempo ou gastou dinheiro, posso te
No entanto, considerando que Ademir era o médico responsável por Domingos e já havia ajudado Lorena duas vezes, ela acabou concordando: — Está bem, Dr. Ademir, o senhor pode trazer Alice amanhã. Ao aceitar, Lorena acabou fazendo um favor a Ademir. Ele deu um leve sorriso e disse: — Então, muito obrigado, Srta. Lorena. Lorena sentiu o rosto esquentar e respondeu: — Quem deveria agradecer sou eu, Dr. Ademir. Hoje foi graças ao senhor, e daquela vez, quando eu estava com febre... — Não foi nada. — Ademir sorriu e acrescentou. — Naquela vez, eu agi como médico, porque é meu dever ajudar os pacientes. Desta vez, foi como homem... Não poderia simplesmente ficar parado vendo uma garota ser intimidada. Só então Lorena percebeu que Ademir talvez não fosse tão difícil de lidar quanto ela imaginava. Antes, por causa de Alice, os dois tiveram um desentendimento bem desagradável. Agora, parecia que certas coisas e certas pessoas não podiam ser julgadas tão rapidamente. Ao nota
Essa percepção deixou Ademir bastante surpreso. Afinal, ele simplesmente não conseguia imaginar uma jovem mulher, solteira, se dedicando de maneira tão altruísta a cuidar do filho de outra pessoa. E, pelo que parecia, Lorena demonstrava mais zelo pelo menino do que o próprio pai biológico de Domingos. Mesmo com tantos anos de experiência como médico e tendo lidado com inúmeras famílias, Ademir jamais havia conhecido uma mulher tão especial. Foi nesse momento que a voz de Natacha soou na porta: — Ademir, o que você está fazendo aí parado? Por que não entra? Ademir despertou abruptamente de seus pensamentos e, um pouco sem jeito, respondeu: — Acabei de chegar. Não era minha vez de fazer a ronda hoje de manhã? Você não foi para a sala de cirurgia? Natacha não pensou muito no assunto e apenas assentiu antes de dizer: — Estou indo para lá agora, mas quis passar aqui primeiro para ver Domingos. As vozes deles chegaram até o quarto, onde Lorena e Domingos também os ouviram