Naiara ficou completamente atônita, chegando a duvidar dos próprios ouvidos. — O que você disse, Duarte? — Perguntou, confusa. Duarte falou em tom severo: — Se ajoelhe! De repente, uma onda de injustiça tomou conta de Naiara. Com um olhar inocente, ela caiu de joelhos sobre o tapete, soluçando: — O que foi que eu fiz de errado? Não me diga que... Foi a Lorena de novo que... — Nem me fale da Lorena! — Duarte a interrompeu, furioso. — Me explica isso direito, que história é essa de largar os estudos? Naiara, quando foi que você virou isso? Você está ficando ousada demais! Uma decisão tão importante, e você simplesmente tomou sem sequer falar comigo! Foi só então que Naiara entendeu do que se tratava. Seu nervosismo desapareceu num instante, mas, logo em seguida, seus olhos se encheram de lágrimas. — Então... Era sobre isso. Sim, eu realmente tranquei a matrícula. Se eu tivesse falado com você antes, com certeza não teria permitido. Mas eu não queria ficar sozinha, tão l
Naiara já estava preparada para ser questionada por Duarte sobre esse assunto. Afinal, Enrico já havia lhe contado que Lorena tinha se queixado para ele. Por isso, quando foi interrogada, Naiara adotou uma expressão inocente e confusa, dizendo: — Que antídoto? Você está falando daquele que pode fazer a mãe do Durval e a Lorena recuperarem a memória? — Foi você quem contou? — Duarte perguntou com seriedade. — Na época, só eu, Enrico e você sabíamos disso. Mas agora, Lorena também sabe. Naiara respondeu imediatamente: — Duarte, você está desconfiando de mim? Naquele momento, havia vários dos seus funcionários por perto. Por que não poderia ter sido um deles? Duarte respondeu friamente: — Eles não ousariam! Além disso, contar isso para a Lorena não traria nenhum benefício para eles. Naiara fingiu estar magoada e disse, com um tom queixoso: — Então, você acha que fui eu? Eu sei o quanto você ama a Lorena… Por que eu lhe contaria algo assim para provocar uma briga entre vo
Por isso, Lorena disse: — Obrigada por me ajudar a encontrar essas pistas. Daqui a pouco tenho aula, então pode ir cuidar das suas coisas. Ao perceber que as palavras de Lorena traziam uma clara intenção de dispensá-lo, Zeca, chocado, retrucou: — Rena, eu investi tanto tempo investigando isso para você, descobri tantas pistas... E é assim que você me trata? Lorena franziu levemente a testa e perguntou: — Então, faça as contas do tempo e do dinheiro que gastou nessas investigações. Eu te pago depois. Zeca ficou momentaneamente atordoado, mas logo se enfureceu: — Você quer me pagar para se livrar de mim? Lorena, tudo que você me pediu, eu levei a sério. Fiz tudo isso por você, para te ver feliz. E você me trata assim? Lorena pronunciou cada palavra com firmeza: — Então, deixa eu te dizer uma coisa: o que você trouxe para mim não tem nenhum valor. Além disso, eu nunca te obriguei a nada. Foi você quem quis me ajudar. Se acha que perdeu tempo ou gastou dinheiro, posso te
No entanto, considerando que Ademir era o médico responsável por Domingos e já havia ajudado Lorena duas vezes, ela acabou concordando: — Está bem, Dr. Ademir, o senhor pode trazer Alice amanhã. Ao aceitar, Lorena acabou fazendo um favor a Ademir. Ele deu um leve sorriso e disse: — Então, muito obrigado, Srta. Lorena. Lorena sentiu o rosto esquentar e respondeu: — Quem deveria agradecer sou eu, Dr. Ademir. Hoje foi graças ao senhor, e daquela vez, quando eu estava com febre... — Não foi nada. — Ademir sorriu e acrescentou. — Naquela vez, eu agi como médico, porque é meu dever ajudar os pacientes. Desta vez, foi como homem... Não poderia simplesmente ficar parado vendo uma garota ser intimidada. Só então Lorena percebeu que Ademir talvez não fosse tão difícil de lidar quanto ela imaginava. Antes, por causa de Alice, os dois tiveram um desentendimento bem desagradável. Agora, parecia que certas coisas e certas pessoas não podiam ser julgadas tão rapidamente. Ao nota
Essa percepção deixou Ademir bastante surpreso. Afinal, ele simplesmente não conseguia imaginar uma jovem mulher, solteira, se dedicando de maneira tão altruísta a cuidar do filho de outra pessoa. E, pelo que parecia, Lorena demonstrava mais zelo pelo menino do que o próprio pai biológico de Domingos. Mesmo com tantos anos de experiência como médico e tendo lidado com inúmeras famílias, Ademir jamais havia conhecido uma mulher tão especial. Foi nesse momento que a voz de Natacha soou na porta: — Ademir, o que você está fazendo aí parado? Por que não entra? Ademir despertou abruptamente de seus pensamentos e, um pouco sem jeito, respondeu: — Acabei de chegar. Não era minha vez de fazer a ronda hoje de manhã? Você não foi para a sala de cirurgia? Natacha não pensou muito no assunto e apenas assentiu antes de dizer: — Estou indo para lá agora, mas quis passar aqui primeiro para ver Domingos. As vozes deles chegaram até o quarto, onde Lorena e Domingos também os ouviram
Lorena ficou com o rosto completamente corado, se sentindo extremamente constrangida. Ela apenas achava que Domingos era muito digno de pena. Se pudesse, Lorena queria ficar o mais longe possível de Duarte. O silêncio de Lorena tornou a atmosfera dentro do carro um tanto desconfortável. Ademir quebrou o silêncio: — Me desculpe, estou me intrometendo demais. Mas, como homem, só queria te alertar para não ceder demais aos homens. Porque eu os conheço muito bem. Lorena curvou os lábios em um sorriso amargo e respondeu: — Obrigada pelo aviso, Dr. Ademir. Mais tarde, quando pararam no semáforo vermelho, Ademir perguntou: — Ah, Srta. Lorena, seu irmão é Gabriel? Dr. Gabriel? Lorena ficou surpresa e assentiu. Ao ouvir aquele nome, Ademir suspirou com emoção. — Dr. Gabriel foi meu mentor. Nunca imaginei que partiria tão cedo... No começo, eu não sabia que você era irmã dele. Se algum dia precisar de qualquer coisa, por favor, me avise. Dr. Gabriel se foi, mas eu tenho a o
Lorena disse imediatamente: — Natacha não vai me contar nada! Duarte é irmão dela. Ela vai ajudar Duarte, mas não vai me ajudar. Foi só depois de ouvir as palavras de Ademir hoje que Lorena percebeu quantas coisas Natacha havia escondido dela. Ela implorou: — Por favor, Dr. Ademir. Ademir se lembrou da ajuda que Gabriel lhe deu no passado e de como sua habilidade cirúrgica agora tão refinada era resultado do treinamento que recebeu dele. Por fim, ele concordou: — Posso te ajudar, mas não posso garantir que realmente encontrarei alguma pista. Talvez o acidente de Dr. Gabriel tenha sido apenas uma fatalidade. Pelo que vejo, você suspeita que foi algo planejado? Os olhos de Lorena brilharam com lágrimas. Ela balançou a cabeça e murmurou, impotente: — Eu não sei. Ademir franziu ligeiramente a testa, como se, de repente, algo fizesse sentido a ele. Então, perguntou: — Srta. Lorena, tem algo que você não está me contando? — Ele desviou o olhar para o retrovisor. — Desde
No Estúdio de Piano Maravilhoso, Ademir preparou cuidadosamente o copo d'água e os livros favoritos de Alice. Antes de sair, ainda deu algumas instruções a Lorena sobre como lidar com a menina caso ela não se comportasse. Os grandes olhos negros de Alice brilhavam de curiosidade quando ela perguntou: — Papai, você me trouxe aqui... Então não vai mais me obrigar a aprender piano? — E o que mais eu poderia fazer? — Ademir olhou para a filha com um suspiro de resignação. — Antes, quando eu tentava te ensinar, você nunca levava a sério. Mas se quiser aprender, pode começar a qualquer momento. Alice sorriu travessa: — Nem pensar! Eu não gosto de tocar piano, é muito chato! Ademir a avisou: — Você precisa se comportar direitinho com a Srta. Lorena. Se ela me contar que você aprontou, não vai mais poder vir para cá. E pior: vou te levar comigo para o trabalho, e você terá que fazer as tarefas no meu escritório. Ao ouvir isso, Alice franziu a testa imediatamente e assentiu com