Lorena disse imediatamente: — Natacha não vai me contar nada! Duarte é irmão dela. Ela vai ajudar Duarte, mas não vai me ajudar. Foi só depois de ouvir as palavras de Ademir hoje que Lorena percebeu quantas coisas Natacha havia escondido dela. Ela implorou: — Por favor, Dr. Ademir. Ademir se lembrou da ajuda que Gabriel lhe deu no passado e de como sua habilidade cirúrgica agora tão refinada era resultado do treinamento que recebeu dele. Por fim, ele concordou: — Posso te ajudar, mas não posso garantir que realmente encontrarei alguma pista. Talvez o acidente de Dr. Gabriel tenha sido apenas uma fatalidade. Pelo que vejo, você suspeita que foi algo planejado? Os olhos de Lorena brilharam com lágrimas. Ela balançou a cabeça e murmurou, impotente: — Eu não sei. Ademir franziu ligeiramente a testa, como se, de repente, algo fizesse sentido a ele. Então, perguntou: — Srta. Lorena, tem algo que você não está me contando? — Ele desviou o olhar para o retrovisor. — Desde
No Estúdio de Piano Maravilhoso, Ademir preparou cuidadosamente o copo d'água e os livros favoritos de Alice. Antes de sair, ainda deu algumas instruções a Lorena sobre como lidar com a menina caso ela não se comportasse. Os grandes olhos negros de Alice brilhavam de curiosidade quando ela perguntou: — Papai, você me trouxe aqui... Então não vai mais me obrigar a aprender piano? — E o que mais eu poderia fazer? — Ademir olhou para a filha com um suspiro de resignação. — Antes, quando eu tentava te ensinar, você nunca levava a sério. Mas se quiser aprender, pode começar a qualquer momento. Alice sorriu travessa: — Nem pensar! Eu não gosto de tocar piano, é muito chato! Ademir a avisou: — Você precisa se comportar direitinho com a Srta. Lorena. Se ela me contar que você aprontou, não vai mais poder vir para cá. E pior: vou te levar comigo para o trabalho, e você terá que fazer as tarefas no meu escritório. Ao ouvir isso, Alice franziu a testa imediatamente e assentiu com
— Sim, o que foi? — Perguntou Natacha, confusa. Duarte alertou, palavra por palavra: — Faça ele ficar longe da Lorena! Hoje, por que foi ele quem levou Lorena para o Estúdio de Piano Maravilhoso? O que vocês estão aprontando? Se não fosse pelo medo de deixar Lorena furiosa, Duarte provavelmente teria ligado diretamente para ela. No entanto, no fundo, ele ainda não queria que sua imagem piorasse ainda mais aos olhos dela. Natacha não esperava que, mesmo estando longe, na Cidade Y, Duarte ainda soubesse exatamente os passos de Lorena. — Irmão, não me diga que você ainda está vigiando a Lorena? — Perguntou Natacha, chocada. Duarte respondeu friamente: — Estou protegendo a segurança dela. Afinal, eu ainda não matei todos os meus inimigos. Enquanto isso não acontecer, Lorena corre perigo. Natacha foi impiedosa ao expor a verdade: — Talvez proteger a Lorena seja um dos motivos, mas será que não existe outra razão? Se não houvesse nenhum interesse pessoal nisso, seus homen
No entanto, como Alice ia frequentemente ao Estúdio de Piano Maravilhoso, Ademir também deixou de chamar a babá para buscá-la e passou a buscar a filha pessoalmente. Assim, as oportunidades de Lorena encontrá-lo aumentaram um pouco. Ocasionalmente, Ademir lhe trazia partituras clássicas e de coleção, além de alguns livros que considerava bons. Lorena não imaginava que seus gostos fossem tão parecidos. Ela, então, agradeceu com sinceridade: — Dr. Ademir, não precisa mais me trazer essas coisas. Muitas delas são de coleção e já não se encontram no mercado. Você deve ter levado um bom tempo para achá-las, não? Ademir sorriu e explicou: — Essas são da minha coleção particular, não deu trabalho nenhum. Quando terminar de ler, posso trazer outras para você. Às vezes, Ademir chegava meia hora antes do término da aula. Enquanto Alice se concentrava em seus desenhos na mesa, ele aproveitava para conversar com Lorena. Ela logo percebeu que Ademir era um homem extremamente culto
Ademir sentiu como se algo tivesse colidido subitamente contra seu coração, espalhando todas as emoções e certezas pelo chão, deixando tudo em completa desordem. Duarte virou o rosto sem dizer nada e, levando Alice consigo, saiu do Estúdio de Piano Maravilhoso. Os olhos de Lorena arderam. Ela enxugou discretamente a umidade no canto deles e respirou fundo. Foi nesse momento que seu celular tocou. Era Duarte. O coração de Lorena afundou instantaneamente. Com um misto de cansaço e irritação, ela atendeu: — Alô. Sua voz continuava tão fria e indiferente como sempre. Do outro lado da linha, Duarte falou com um leve tom de reprovação: — Se eu não te ligasse, será que você sequer lembraria de me telefonar? Você não se importa nem um pouco com o que estou passando aqui? Lorena respondeu com tranquilidade: — Não é a Srta. Naiara quem está cuidando de você? Imagino que ela esteja fazendo um ótimo trabalho. — Rena. — Duarte pensou que ela estivesse enciumada por causa de Na
Mas o que Lorena não esperava era que, na manhã seguinte, Duarte voltasse de repente. Naquele momento, Lorena ainda estava em um sono profundo. Até que sentiu o peso de Duarte sobre seu corpo, e essa pressão fez com que acordasse de repente. Assustada, ela quase gritou. — Você... Você voltou? Se não fosse pela sensação real e opressiva que vinha de Duarte, Lorena realmente teria pensado que estava sonhando. No instante em que a tocou, Duarte pareceu perder o controle. Até sua respiração se tornou mais acelerada. — Rena, senti tanto a sua falta. — Enquanto dizia isso, ele já beijava o pescoço alvo e delicado de Lorena, mordiscando sua pele. Lorena franziu as sobrancelhas profundamente, sentindo uma repulsa inexplicável pelo contato dele. — Eu não quero. Finalmente, ela reuniu coragem para dizer aquilo, esperando que ele parasse. Mas a mão de Duarte já havia começado a desfazer os botões do pijama dela, seus movimentos firmes e impositivos. — Mas eu quero! Assim
Duarte, é claro, também viu. Lorena ficou apavorada e imediatamente olhou para Duarte, que franziu levemente a testa. Com o coração disparado, ela se esforçou para manter a calma e atendeu ao telefone. No entanto, Duarte tomou o aparelho de suas mãos e ativou o viva-voz. Ele sempre ficava instintivamente alerta com qualquer homem que se aproximasse de Lorena. Principalmente aqueles como Zeca e Ademir, que tinham um pouco de cultura e pareciam pertencer ao mesmo mundo que ela. Esses, então, o deixavam ainda mais desconfiado. Lorena, assustada, falou: — Dr. Ademir, aconteceu alguma coisa? Ademir respondeu em um tom tranquilo: — Srta. Lorena, Alice está com febre hoje. Não vou levá-la até você, só queria avisar. O coração de Lorena, antes apertado, se aliviou um pouco. Com a voz mais tranquila, respondeu: — Entendi. Então deixe a pequena descansar bastante. Ademir apenas explicou o motivo da falta e, sem mais conversa, desligou a ligação. Lorena pôde notar claram
Lorena temia que Duarte notasse algo suspeito, então rapidamente colocou o livro de volta na estante, desviando o olhar dele e dizendo com indiferença: — Eu estava lendo esse livro agora há pouco. Se você o estragar, como vou continuar lendo? Duarte riu baixinho e respondeu: — Isso é feito de papel, não de vidro. Como eu poderia quebrá-lo só porque caiu? — Ao terminar de falar, temendo que Lorena ficasse brava, ele se aproximou e a envolveu pelos ombros, tentando acalmá-la com doçura. — Se você gosta tanto, posso pedir para Enrico comprar mais alguns para você. — Não precisa. Ainda não terminei esse. — Lorena recusou friamente. Duarte não pensou muito no assunto. Afinal, livros nunca foram do seu interesse. Lorena perguntou cautelosamente: — Quando você pretende voltar? Já resolveu seus assuntos? Duarte franziu ligeiramente a testa e, num tom contrariado, perguntou: — Você quer tanto assim que eu vá embora? Lorena não ousou responder diretamente e apenas murmurou ba