Embora Lorena não gostasse de Zeca, para descobrir a verdade, ela ainda assim escolheu deixá-lo ajudá-la na investigação. Lorena disse: — Se você encontrar alguma pista, eu posso te pagar uma recompensa. Zeca respondeu, meio sem graça: — Eu me sinto ofendido ao te ouvir falar assim. Estou fazendo isso por consideração ao que já tivemos. Quanto à nossa família, os Santos, embora o Duarte tenha nos deixado em uma situação pior do que antes, ainda não chegamos ao ponto de estender a mão para pedir dinheiro a você. Lorena não fez rodeios e disse diretamente: — Então, desde já, obrigada. Zeca olhou para Lorena, chateado, e disse: — Rena, na verdade, eu me arrependo muito... Será que realmente não temos mais nenhuma chance? Se você ainda gosta de mim e quer ficar comigo, eu com certeza darei um jeito de te tirar das mãos do Duarte. Lorena permaneceu em silêncio, sem dizer nada. Zeca continuou: — O Duarte administra um clube, e no Cloud Club acontece de tudo. Se eu quiser
Domingos tinha os mesmos pensamentos que Lorena, mas não ousava expressá-los. Ele ainda tinha muito medo do pai. Duarte suspirou e disse com resignação: — Esse menino provavelmente está esperando que seja você a buscá-lo. Ele já te considera a mãe dele. Domingos achou que o pai estava tentando se justificar, mas, no fundo, aquelas palavras não deixavam de ser verdade. Ele concordou apressadamente e, com os olhos negros brilhando, olhou para Lorena antes de perguntar de repente: — Tia Lorena, quando você vai casar com o meu pai? Vocês vão fazer uma festa de casamento? Você vai usar um vestido de noiva? A enxurrada de perguntas deixou Lorena com dor de cabeça. Antes de esclarecer todas as coisas, ela não queria se casar com um homem que a havia enganado. Seu olhar vacilou por um instante, mas, com Duarte presente, não podia dizer abertamente que não queria casamento algum. Então, desviou do assunto e disse: — Você tem muita lição para fazer? Vai lá terminar suas ativi
Lorena jamais imaginou que os problemas de Duarte seriam resolvidos tão rápido. E não apenas isso assim que ele voltasse dessa viagem de negócios, eles se casariam. Num instante, Lorena se sentiu como um balão esvaziado. Duarte ergueu o queixo dela e perguntou, fitando ela profundamente: — O quê? Você não está feliz? — Não é isso. — Com medo de despertar suspeitas ou irritá-lo, Lorena forçou um sorriso e respondeu. — Só não esperava que o problema fosse resolvido tão depressa. Duarte a envolveu em seus braços e suspirou, satisfeito: — É que eu quero te dar uma vida tranquila... Não quero que se case comigo carregando preocupações. O coração de Lorena tremeu um pouco. Sim, às vezes, ainda se emocionava com certas atitudes e palavras de Duarte. Mas ela já não sabia mais distinguir o que, vindo dele, era verdadeiro e o que era apenas ilusão. Sempre que pensava no fato de que Duarte entregou um antídoto tão precioso para Naiara usá-lo em experimentos, enquanto a deixa
Aquelas palavras fizeram com que o coração de Duarte se enchesse por completo. Naquele instante, Duarte sentiu que, mesmo que morresse pelas mãos de Lorena, ainda assim partiria com um sorriso nos lábios: — Rena, eu amo você. Duarte acariciou suavemente os cabelos de Lorena, como se tocasse um tesouro precioso. Mas, no fim das contas, ele ainda precisava ir embora. Porque Duarte jamais permitiria que Lorena vivesse com medo depois de se casar com ele. Mais do que isso, o que realmente o aterrorizava era a possibilidade de aquelas pessoas ameaçarem a vida dela. Havia obstáculos que precisavam ser eliminados. Lorena o acompanhou até a porta. O carro de Duarte já o esperava lá embaixo. Talvez pelo trauma do tiro que ele levou da última vez, o coração de Lorena estava inquieto. Duarte, percebendo sua apreensão, a tranquilizou com voz suave: — Não tenha medo, eu voltarei são e salvo. Se lembre, aconteça o que acontecer, procure Enrico ou a mim. Depois de dizer isso,
Zeca observou as costas de Lorena e apertou os punhos. Parecia... Estar pensando em algo? ... Não demorou muito para que uma garotinha de aproximadamente quatro ou cinco anos, delicada como uma escultura de porcelana, chegasse até Lorena. A menina era muito bonita, com traços que lembravam uma mestiça. Seu pai sempre a chamava de Alice. No entanto, Alice parecia não gostar nada de piano. Mal se sentou por um instante e já queria se levantar para brincar. — Alice, que tal praticarmos a música que a professora te ensinou na última aula? Se você conseguir tocá-la fluentemente, eu te dou um presente à sua escolha. Lorena tentou convencê-la com paciência. Afinal, na última aula de duas horas, essa garotinha passou quase metade do tempo chorando e fazendo birra. E cada aula não saía nada barato. Se continuasse assim, Lorena sentia que não conseguiria mais ensinar Alice. Não dava para simplesmente aceitar o pagamento sem ensinar algo de verdade, certo? Porém, nem mesmo a
Lorena percebeu que Alice realmente não tinha cabeça para aprender piano, então deixou que a menina ficasse desenhando ao seu lado. Duas horas depois, quem veio buscar Alice foi uma mulher jovem, vestida com um clássico terninho preto. Alice explicou: — Srta. Lorena, esta é a babá da minha casa. O rosto da mulher escureceu um pouco, mas, ainda assim, forçou um sorriso, aceitando aquele título sem discutir. Alice correu até Lorena e cochichou baixinho: — Srta. Lorena, você tem que guardar segredo para mim, hein! Eu confio em você! Nesse momento, a babá jovem tirou um envelope grosso da bolsa e o entregou: — Srta. Lorena, isto foi o meu patrão que pediu para entregar a você. É a mensalidade das aulas de Alice para o próximo mês. A mulher foi bastante educada, mas Lorena se sentiu desconfortável em aceitar o dinheiro. Ela sorriu, um pouco sem jeito, e devolveu o envelope à babá: — Por favor, diga ao pai de Alice que ela é uma menina muito talentosa e dedicada. Eu fic
Ademir deu a Lorena um olhar de desagrado e disse: — Quem te disse que eu tenho uma esposa falecida? Srta. Lorena, por favor, não fale sem saber dos fatos. Além disso, como eu educo meu filho não é da sua conta. Pelo que vejo, você não tem filhos, então não tem qualificação para me dar conselhos sobre criação de crianças. Em seguida, Ademir colocou sobre a mesa de Lorena a mensalidade da última aula de Alice e declarou friamente: — Alice não estudará mais aqui! Dito isso, ele se virou e foi embora, sem lhe dar sequer a chance de se defender. Lorena ficou extremamente frustrada. Desde que abriu o Estúdio de Piano Maravilhoso, essa foi a situação mais irritante que já enfrentou. Afinal, quando inaugurou o estúdio, Duarte investiu uma grande quantia de dinheiro, e noventa e nove por cento dos problemas podiam ser resolvidos com isso. Por isso, o negócio sempre se desenvolveu de maneira tranquila. Até hoje, quando encontrou um pai de aluno estranho, que realmente a deixou
Lorena fez um biquinho, sabendo que Duarte havia dito aquilo de propósito. Depois de conversar com ele por mais um tempo, Lorena teve que encerrar a ligação, pois seus alunos começaram a chegar para a aula. Felizmente, com exceção de Alice, todos os outros adoravam piano. Isso tornava o ensino muito mais tranquilo para Lorena. Mesmo tendo alunos tanto de manhã quanto à tarde, ficando ocupada até o anoitecer, ela se sentia extremamente feliz. Assim que se despediu do último estudante, já pronta para ir para casa, Lorena foi surpreendida por uma cena inesperada: uma mulher de meia-idade, com um ar culto e sofisticado, entrou segurando a mão de um garotinho. Com apenas um olhar, Lorena a reconheceu de imediato. Era Raimunda. No passado, elas haviam sido vendidas juntas para o País N. — Raimunda, como assim é você? Lorena sabia que Raimunda havia sido resgatada, mas vê-la ali, ainda mais acompanhada do filho, em seu Estúdio de Piano Maravilhoso, era algo que lhe causava tan