— Claro que não! — Disse Domingos, com um tom de desprezo. — O papai só tem uma irmã, e minha tia é a Natacha! Dizendo isso, Domingos não esperou que Enrico anunciasse sua chegada. Ele simplesmente segurou a mão de Lorena e empurrou a porta do quarto sem hesitar. O riso dentro do quarto parou imediatamente. Naiara virou a cabeça e, ao vê-los, seu olhar revelou um traço evidente de desprezo. No entanto, em um instante, ela deu um sorriso e caminhou até eles com familiaridade, dizendo com carinho: — Lorena, você veio! Com a relação que você tem com Duarte, por que ainda faz tanta cerimônia e traz flores? Parece até que veio visitar um amigo qualquer. Duarte, por sua vez, retrucou: — Você fala demais! A Rena é educada, diferente de você, que foi mimada até demais. Embora Duarte estivesse repreendendo Naiara, seu tom não trazia o menor indício de censura. Aos ouvidos de Lorena, parecia mais a conversa casual entre um casal íntimo. Por um instante, Lorena ficou parada na por
Duarte olhou para Lorena, e sua voz transbordava gratidão: — Rena, obrigado por aceitar o Domingos. Lorena pressionou os lábios, sem dizer nada. Isso porque sentia o olhar afiado de Naiara cravado nela, fazendo ela se sentir extremamente desconfortável. Desde que Domingos se aproximou cada vez mais de Lorena, o menino já não demonstrava tanto medo diante de Duarte como antes. Agora, reunindo coragem, Domingos perguntou ao pai: — Você ainda não respondeu à minha pergunta... Quando chegar a hora, vamos viver juntos com a tia Lorena, nós três como uma família, pode ser? — Claro que pode. — Duarte afagou a cabeça do filho e sorriu. — É claro que eu quero! Naquele instante, Naiara sentiu o peito prestes a explodir de ciúme e frustração. Ela não conseguiu mais se segurar e se intrometeu: — E eu? Duarte, não me diga que vai casar e esquecer da sua irmã! Duarte, sem pensar muito, respondeu em tom de brincadeira: — Antes de você se casar, com certeza vou cuidar de você.
Naiara falou com um tom ressentido: — Cunhada, não leve as palavras do Duarte a sério. Ele só sente pena de mim por eu não ter pai nem mãe, só isso. Na verdade, eu te invejo muito... Desde pequena, você sempre teve tantas pessoas que te amam. Já eu, só tenho o Duarte como família. Lorena sentiu o peito apertar de tanta indignação. Até mesmo Domingos percebeu que algo estava errado e, no fundo, não pôde deixar de culpar o pai. Como ele podia não tomar o lado da futura esposa e, em vez disso, defender outra mulher? Forçando um sorriso frio, Lorena assentiu levemente e disse: — Certo, então vocês, irmãos, conversem à vontade. Não quero atrapalhar. Assim que terminou de falar, deu um último olhar desapontado para Duarte e, sem hesitar, se virou e saiu. Domingos, ao ver isso, correu atrás dela sem pensar duas vezes: — Tia Lorena, espera por mim! Eu vou com você! ... Lorena saiu do hospital com Domingos ao seu lado. No caminho, ambos permaneceram em silêncio. Foi Doming
Duarte estava um pouco indeciso e disse: — Naiara só voltou porque eu me machuquei. Ela também não disse quando pretende ir embora. Se eu simplesmente mandá-la voltar, será que ela vai achar que estou expulsando ela? — Mas a ideia é justamente essa! — Lorena respondeu sem rodeios. — Você não percebe que os sentimentos de Naiara por você já ultrapassaram há muito tempo os de uma irmã para com um irmão? Ou será que você pretende deixá-la ficar e torná-la sua amante? Duarte levou um susto e a repreendeu baixinho: — Não fale besteira! Sempre considerei Naiara como minha irmã, que amante o quê? Sou dez anos mais velho que ela, sempre a vi como uma criança. O olhar de Lorena ficou ainda mais sarcástico, e ela rebateu: — E você também é dez anos mais velho que eu, mas mesmo assim insistiu para que eu fosse sua esposa, não foi? Naquele momento, a teimosia e a travessura de Lorena deixavam Duarte completamente encantado. Não era a primeira vez que uma mulher ficava brava por cau
Duarte, no entanto, estava em outro quarto, sem conseguir pegar no sono. O aroma de Lorena impregnava os lençóis, envolvendo ele completamente, mas, ironicamente, ele não podia tocá-la... Não podia, de jeito nenhum! Ele até começou a pensar: “Se no futuro eu realmente trouxer Domingos para viver comigo, e esse menino ficar sempre atrás da Lorena, o que eu faço? Isso vai afetar demais a relação do casal!” E assim, depois de tanto esforço para voltar para casa, Duarte sequer teve a chance de tocar na barra da roupa de Lorena. Ainda assim, para ele, essa era uma dor envolta em doçura. Afinal, já havia decidido que traria Domingos para perto. Não poderia deixar seu próprio filho na casa da irmã para sempre, como se ele estivesse morto e não existisse. Mas, no início, Duarte tinha medo de que Lorena não aceitasse Domingos. Ele havia imaginado incontáveis cenários, mas nunca passou por sua cabeça que os dois se dariam tão bem. Foi a presença de Lorena que permitiu a Duarte enxe
Assim que Natacha viu que Lorena já havia trazido Duarte de volta, correu para recebê-los e disse a Lorena: — Você sempre dá um jeito para tudo! Eu passei a manhã inteira ligando para o meu irmão, mas ele simplesmente se recusava a voltar para casa. Duarte, com a expressão de alguém que estava sendo controlado, mas ao mesmo tempo satisfeito com isso, respondeu a Natacha: — Se eu não voltasse hoje, Rena teria me expulsado de casa. Como eu ousaria desobedecê-la? Na verdade, todos sabiam que Lorena não tinha realmente poder sobre Duarte. A diferença era que Duarte queria ser controlado por ela. Ele queria mimá-la. Naiara estava tão enciumada que quase enlouquecia. Nunca, em toda a sua vida, tinha visto aquele Duarte despreocupado e indomável se tornar assim. Forçando um sorriso, Naiara disse: — Lorena, você é incrível! No começo, eu ainda temia que você não conseguisse colocar meu Duarte na linha. Natacha concordou: — Pois é! Agora mesmo, Naiara estava dizendo que não
— Sim, foi um descuido meu não ter pensado nisso. — Duarte segurou a mão de Lorena e disse. — Quando chegar a hora, eu mesmo colocarei o anel em você. Naiara finalmente parou de atrapalhá-los no hospital, então Lorena pôde passar o dia inteiro ao lado de Duarte. À noite, Enrico entrou no quarto, parecendo ter algo a dizer. Ele deu um olhar cauteloso para Lorena, hesitando bastante. Lorena pareceu perceber do que se tratava e, sem esperar, se levantou. — Conversem à vontade, eu vou sair. Mas Duarte segurou sua mão, impedindo ela de ir. — Não tenho nada para esconder de você. — Depois disso, olhou para Enrico e perguntou. — O que foi? Enrico respondeu: — Comprei a passagem de volta para Naiara amanhã, mas ela quer que vocês a levem ao aeroporto. Duarte ficou um pouco sem graça e logo explicou a Lorena: — Antes era assim... Sempre que Naiara ia para a faculdade, eu a levava ao aeroporto. Lorena jamais imaginou que essa mulher, mesmo indo embora, ainda faria questão d
Lorena estava pálida como um fantasma. Naiara, por outro lado, sorriu ainda mais e disse: — Espere e verá. Em breve, conseguirei formular o antídoto. Quando isso acontecer e sua memória voltar, talvez você perceba o quão ridículo é estar tão furiosa por causa de Duarte! Após dizer isso, Naiara pegou sua mala e foi embora. No caminho de volta, as palavras de Naiara ecoavam na mente de Lorena como um feitiço maligno. Quem dirigia o carro era Enrico. Ele tinha visto Naiara e Lorena conversando mais cedo. Embora não soubesse exatamente o que elas haviam dito, sentia um pressentimento ruim. Observando o rosto pálido de Lorena pelo retrovisor, Enrico disse: — Srta. Lorena, Naiara pode ser meio impulsiva. Se ela fez algo que a ofendeu, peço desculpas em nome dela. De repente, Lorena perguntou: — Que história é essa de antídoto? Enrico se assustou tanto que, num impulso, parou o carro bruscamente no acostamento. A reação dele só confirmava que Naiara não estava mentindo.