Duarte estava um pouco indeciso e disse: — Naiara só voltou porque eu me machuquei. Ela também não disse quando pretende ir embora. Se eu simplesmente mandá-la voltar, será que ela vai achar que estou expulsando ela? — Mas a ideia é justamente essa! — Lorena respondeu sem rodeios. — Você não percebe que os sentimentos de Naiara por você já ultrapassaram há muito tempo os de uma irmã para com um irmão? Ou será que você pretende deixá-la ficar e torná-la sua amante? Duarte levou um susto e a repreendeu baixinho: — Não fale besteira! Sempre considerei Naiara como minha irmã, que amante o quê? Sou dez anos mais velho que ela, sempre a vi como uma criança. O olhar de Lorena ficou ainda mais sarcástico, e ela rebateu: — E você também é dez anos mais velho que eu, mas mesmo assim insistiu para que eu fosse sua esposa, não foi? Naquele momento, a teimosia e a travessura de Lorena deixavam Duarte completamente encantado. Não era a primeira vez que uma mulher ficava brava por cau
Duarte, no entanto, estava em outro quarto, sem conseguir pegar no sono. O aroma de Lorena impregnava os lençóis, envolvendo ele completamente, mas, ironicamente, ele não podia tocá-la... Não podia, de jeito nenhum! Ele até começou a pensar: “Se no futuro eu realmente trouxer Domingos para viver comigo, e esse menino ficar sempre atrás da Lorena, o que eu faço? Isso vai afetar demais a relação do casal!” E assim, depois de tanto esforço para voltar para casa, Duarte sequer teve a chance de tocar na barra da roupa de Lorena. Ainda assim, para ele, essa era uma dor envolta em doçura. Afinal, já havia decidido que traria Domingos para perto. Não poderia deixar seu próprio filho na casa da irmã para sempre, como se ele estivesse morto e não existisse. Mas, no início, Duarte tinha medo de que Lorena não aceitasse Domingos. Ele havia imaginado incontáveis cenários, mas nunca passou por sua cabeça que os dois se dariam tão bem. Foi a presença de Lorena que permitiu a Duarte enxe
Assim que Natacha viu que Lorena já havia trazido Duarte de volta, correu para recebê-los e disse a Lorena: — Você sempre dá um jeito para tudo! Eu passei a manhã inteira ligando para o meu irmão, mas ele simplesmente se recusava a voltar para casa. Duarte, com a expressão de alguém que estava sendo controlado, mas ao mesmo tempo satisfeito com isso, respondeu a Natacha: — Se eu não voltasse hoje, Rena teria me expulsado de casa. Como eu ousaria desobedecê-la? Na verdade, todos sabiam que Lorena não tinha realmente poder sobre Duarte. A diferença era que Duarte queria ser controlado por ela. Ele queria mimá-la. Naiara estava tão enciumada que quase enlouquecia. Nunca, em toda a sua vida, tinha visto aquele Duarte despreocupado e indomável se tornar assim. Forçando um sorriso, Naiara disse: — Lorena, você é incrível! No começo, eu ainda temia que você não conseguisse colocar meu Duarte na linha. Natacha concordou: — Pois é! Agora mesmo, Naiara estava dizendo que não
— Sim, foi um descuido meu não ter pensado nisso. — Duarte segurou a mão de Lorena e disse. — Quando chegar a hora, eu mesmo colocarei o anel em você. Naiara finalmente parou de atrapalhá-los no hospital, então Lorena pôde passar o dia inteiro ao lado de Duarte. À noite, Enrico entrou no quarto, parecendo ter algo a dizer. Ele deu um olhar cauteloso para Lorena, hesitando bastante. Lorena pareceu perceber do que se tratava e, sem esperar, se levantou. — Conversem à vontade, eu vou sair. Mas Duarte segurou sua mão, impedindo ela de ir. — Não tenho nada para esconder de você. — Depois disso, olhou para Enrico e perguntou. — O que foi? Enrico respondeu: — Comprei a passagem de volta para Naiara amanhã, mas ela quer que vocês a levem ao aeroporto. Duarte ficou um pouco sem graça e logo explicou a Lorena: — Antes era assim... Sempre que Naiara ia para a faculdade, eu a levava ao aeroporto. Lorena jamais imaginou que essa mulher, mesmo indo embora, ainda faria questão d
Lorena estava pálida como um fantasma. Naiara, por outro lado, sorriu ainda mais e disse: — Espere e verá. Em breve, conseguirei formular o antídoto. Quando isso acontecer e sua memória voltar, talvez você perceba o quão ridículo é estar tão furiosa por causa de Duarte! Após dizer isso, Naiara pegou sua mala e foi embora. No caminho de volta, as palavras de Naiara ecoavam na mente de Lorena como um feitiço maligno. Quem dirigia o carro era Enrico. Ele tinha visto Naiara e Lorena conversando mais cedo. Embora não soubesse exatamente o que elas haviam dito, sentia um pressentimento ruim. Observando o rosto pálido de Lorena pelo retrovisor, Enrico disse: — Srta. Lorena, Naiara pode ser meio impulsiva. Se ela fez algo que a ofendeu, peço desculpas em nome dela. De repente, Lorena perguntou: — Que história é essa de antídoto? Enrico se assustou tanto que, num impulso, parou o carro bruscamente no acostamento. A reação dele só confirmava que Naiara não estava mentindo.
Ao voltar para o hospital, Lorena tentou fingir que nada tinha acontecido, mas Duarte logo percebeu que ela não estava bem. — Rena, você anda cansada ultimamente? Seu rosto está pálido. — Duarte a puxou para seus braços e perguntou com preocupação. — Quer que eu chame um médico para te examinar? Lorena forçou um sorriso e respondeu: — Talvez seja só porque hoje eu não passei maquiagem. Meu rosto parece um pouco sem vida. — Besteira! Eu já te vi sem maquiagem tantas vezes. — Duarte contestou, deixando um beijo suave no pescoço dela. — De qualquer jeito, você é linda. Preso no abraço de Duarte, o corpo de Lorena enrijeceu. O simples toque dele lhe causava repulsa. Nesse momento, Duarte pareceu se dar conta de algo e perguntou: — Foi a Naiara, não foi? Ela fez birra de novo no caminho e te irritou? Lorena ficou tensa. Quando Duarte mencionou Naiara, por um instante, ela temeu que ele já soubesse que ela havia descoberto sobre o antídoto. Mas, pensando melhor, percebeu qu
Já que Lorena havia feito um pedido, e Duarte estava de bom humor, ele naturalmente concordou sem hesitar: — Fala! — Ontem, quando passei pelo centro da cidade, vi uma loja para alugar. — Lorena disse com tranquilidade. — Eu só tenho 25 anos, mas você me prende em casa todos os dias, e eu já estou quase virando uma dona de casa. Então, quero abrir meu próprio negócio, encontrar algo para ocupar meu tempo. Quero alugar essa loja e abrir um estúdio de piano, vender pianos e dar aulas ao mesmo tempo. Duarte aprovou a ideia com entusiasmo: — Ótimo plano! Ter o próprio negócio é muito melhor do que trabalhar para os outros e passar raiva. Afinal, se Lorena não tivesse ido trabalhar na Organização de Educação Brilhante, nunca teria conhecido Zeca, e nada daquilo teria acontecido depois. Além disso, desde que o pedido dela não envolvesse deixá-lo, praticamente tudo que Lorena queria, Duarte daria. Ele assentiu e disse: — Pra que alugar? Vamos comprar o ponto comercial. Vou ped
— Rena, você é tão linda... Eu te amo tanto... — Duarte murmurou palavras cheias de desejo, finalmente liberando toda a paixão e o anseio que vinha reprimindo há tempos. Mas ele sequer percebeu a expressão de repulsa e resistência no rosto da mulher sob seu corpo. Só depois de uma hora, aquela entrega intensa chegou ao fim. Duarte envolveu Lorena em seus braços, ainda respirando pesadamente, como se saboreasse os momentos que acabaram de passar. Foi então que Lorena falou, com frieza: — Se já terminou, me solta. Só então Duarte percebeu que havia algo de errado com ela. Constrangido, perguntou: — Eu te machuquei? — Não. — O olhar gélido de Lorena pousou sobre ele. — Você tem técnica e experiência de sobra, é claro que não me machucaria. O tom carregado de ironia fez Duarte despertar de repente. Ele a abraçou com urgência e tentou se justificar: — Eu sei que você não gosta de fazer isso em lugares assim... Me desculpa. — E de que adianta o seu pedido de desculpas