Diante da empolgação de Naiara, Natacha ficou um pouco perplexa e olhou para Enrico. Enrico se apressou em explicar: — O irmão de Naiara era subordinado do chefe. Ele morreu ao ser emboscado enquanto protegia o chefe. Por isso, o chefe sempre cuidou de Naiara como se fosse uma irmã. Com essa explicação, a primeira impressão de Natacha sobre Naiara naturalmente melhorou. Além disso, a expressão de Naiara mudava rapidamente. Diante de Natacha, ela parecia uma garota alegre e animada, com um ar totalmente inocente. Ninguém poderia imaginar a arrogância que ela demonstrara instantes atrás! Naiara perguntou, preocupada: — Natacha, quando Duarte vai acordar? Estou realmente muito preocupada. Assim que soube que ele estava ferido, corri para cá. Mencionando o assunto, Natacha suspirou e disse, com um olhar melancólico: — Eu também não sei dizer. Embora meu irmão tenha saído de perigo, não há como prever quando ele vai despertar. Naiara entrou no quarto sem hesitar e declar
Lorena pareceu perceber o olhar hostil de Naiara. Ao se dar conta de que essa garota, que conhecia Duarte há tanto tempo, não o via apenas como um irmão, um incômodo silencioso surgiu em seu coração. Mas, logo em seguida, ela se repreendeu. Afinal, já tinha decidido ir embora... Que diferença fazia se outra mulher gostava dele? "De qualquer forma, não vou me irritar com isso. Se eu fizesse algo assim, nem eu mesma me respeitaria." Com esse pensamento, Lorena não ficou muito tempo no quarto. — Já que você acordou, eu e Domingos podemos ficar tranquilos. — Após dizer isso, se voltou para o menino. — Você quer ficar aqui com seu pai ou prefere voltar comigo? Domingos ficou surpreso. Já iam embora? Ele queria passar mais tempo com o pai, mas, no fundo, sentia que Duarte nunca gostara muito dele. Talvez fosse melhor não ficar. Assim, murmurou baixinho: — Acho que é melhor eu voltar com a tia. Lorena segurou a mão de Domingos e se despediu: — Então descanse bem. Eu vou
Lorena rapidamente mudou de assunto e perguntou: — Ah, é verdade! Você me chamou agora há pouco, queria me dizer o quê? Domingos mostrou a ela o cartão que havia desenhado: — Olha este cartão de felicitações. O que acha? Só então Lorena percebeu que no cartão estavam desenhados dois adultos segurando a mão de uma criança enquanto caminhavam pelo gramado. No céu azul, havia uma pipa e um sol brilhante. Domingos sorriu, os olhos brilhando de orgulho enquanto explicava: — Esse aqui, de cabelo curto, é o meu pai. Essa de cabelo comprido é você. E o do meio... Sou eu! Lorena olhou para Domingos, emocionada. De repente, percebeu o quanto aquele garotinho era carente de afeto. Ela só tinha passado dois dias ao lado dele, mas Domingos já confiava nela daquele jeito. Vendo que Lorena permaneceu em silêncio, Domingos ficou um pouco apreensivo e perguntou: — Eu desenhei mal? Se não ficou bom, eu posso refazer. Esse cartão é muito pequeno... Se fosse maior, eu poderia desenhar
— Claro que não! — Disse Domingos, com um tom de desprezo. — O papai só tem uma irmã, e minha tia é a Natacha! Dizendo isso, Domingos não esperou que Enrico anunciasse sua chegada. Ele simplesmente segurou a mão de Lorena e empurrou a porta do quarto sem hesitar. O riso dentro do quarto parou imediatamente. Naiara virou a cabeça e, ao vê-los, seu olhar revelou um traço evidente de desprezo. No entanto, em um instante, ela deu um sorriso e caminhou até eles com familiaridade, dizendo com carinho: — Lorena, você veio! Com a relação que você tem com Duarte, por que ainda faz tanta cerimônia e traz flores? Parece até que veio visitar um amigo qualquer. Duarte, por sua vez, retrucou: — Você fala demais! A Rena é educada, diferente de você, que foi mimada até demais. Embora Duarte estivesse repreendendo Naiara, seu tom não trazia o menor indício de censura. Aos ouvidos de Lorena, parecia mais a conversa casual entre um casal íntimo. Por um instante, Lorena ficou parada na por
Duarte olhou para Lorena, e sua voz transbordava gratidão: — Rena, obrigado por aceitar o Domingos. Lorena pressionou os lábios, sem dizer nada. Isso porque sentia o olhar afiado de Naiara cravado nela, fazendo ela se sentir extremamente desconfortável. Desde que Domingos se aproximou cada vez mais de Lorena, o menino já não demonstrava tanto medo diante de Duarte como antes. Agora, reunindo coragem, Domingos perguntou ao pai: — Você ainda não respondeu à minha pergunta... Quando chegar a hora, vamos viver juntos com a tia Lorena, nós três como uma família, pode ser? — Claro que pode. — Duarte afagou a cabeça do filho e sorriu. — É claro que eu quero! Naquele instante, Naiara sentiu o peito prestes a explodir de ciúme e frustração. Ela não conseguiu mais se segurar e se intrometeu: — E eu? Duarte, não me diga que vai casar e esquecer da sua irmã! Duarte, sem pensar muito, respondeu em tom de brincadeira: — Antes de você se casar, com certeza vou cuidar de você.
Naiara falou com um tom ressentido: — Cunhada, não leve as palavras do Duarte a sério. Ele só sente pena de mim por eu não ter pai nem mãe, só isso. Na verdade, eu te invejo muito... Desde pequena, você sempre teve tantas pessoas que te amam. Já eu, só tenho o Duarte como família. Lorena sentiu o peito apertar de tanta indignação. Até mesmo Domingos percebeu que algo estava errado e, no fundo, não pôde deixar de culpar o pai. Como ele podia não tomar o lado da futura esposa e, em vez disso, defender outra mulher? Forçando um sorriso frio, Lorena assentiu levemente e disse: — Certo, então vocês, irmãos, conversem à vontade. Não quero atrapalhar. Assim que terminou de falar, deu um último olhar desapontado para Duarte e, sem hesitar, se virou e saiu. Domingos, ao ver isso, correu atrás dela sem pensar duas vezes: — Tia Lorena, espera por mim! Eu vou com você! ... Lorena saiu do hospital com Domingos ao seu lado. No caminho, ambos permaneceram em silêncio. Foi Doming
Duarte estava um pouco indeciso e disse: — Naiara só voltou porque eu me machuquei. Ela também não disse quando pretende ir embora. Se eu simplesmente mandá-la voltar, será que ela vai achar que estou expulsando ela? — Mas a ideia é justamente essa! — Lorena respondeu sem rodeios. — Você não percebe que os sentimentos de Naiara por você já ultrapassaram há muito tempo os de uma irmã para com um irmão? Ou será que você pretende deixá-la ficar e torná-la sua amante? Duarte levou um susto e a repreendeu baixinho: — Não fale besteira! Sempre considerei Naiara como minha irmã, que amante o quê? Sou dez anos mais velho que ela, sempre a vi como uma criança. O olhar de Lorena ficou ainda mais sarcástico, e ela rebateu: — E você também é dez anos mais velho que eu, mas mesmo assim insistiu para que eu fosse sua esposa, não foi? Naquele momento, a teimosia e a travessura de Lorena deixavam Duarte completamente encantado. Não era a primeira vez que uma mulher ficava brava por cau
Duarte, no entanto, estava em outro quarto, sem conseguir pegar no sono. O aroma de Lorena impregnava os lençóis, envolvendo ele completamente, mas, ironicamente, ele não podia tocá-la... Não podia, de jeito nenhum! Ele até começou a pensar: “Se no futuro eu realmente trouxer Domingos para viver comigo, e esse menino ficar sempre atrás da Lorena, o que eu faço? Isso vai afetar demais a relação do casal!” E assim, depois de tanto esforço para voltar para casa, Duarte sequer teve a chance de tocar na barra da roupa de Lorena. Ainda assim, para ele, essa era uma dor envolta em doçura. Afinal, já havia decidido que traria Domingos para perto. Não poderia deixar seu próprio filho na casa da irmã para sempre, como se ele estivesse morto e não existisse. Mas, no início, Duarte tinha medo de que Lorena não aceitasse Domingos. Ele havia imaginado incontáveis cenários, mas nunca passou por sua cabeça que os dois se dariam tão bem. Foi a presença de Lorena que permitiu a Duarte enxe