A atitude fria e distante de Rosana deixava Manuel inexplicavelmente irritado. Talvez fosse o efeito do álcool, mas uma sensação de calor abrasador percorreu o corpo dele, que estava inquieto e febril. Ele observava Rosana diante de si; seus lábios rosados se mexiam ao falar, e Manuel sentia como se uma chama se acendesse dentro dele. Seus olhos mostravam um leve brilho turvo enquanto ele lutava contra o impulso de segurá-la e entregá-los ao desejo. Com um tom despreocupado, perguntou: — Por que está tão tarde ainda por aqui? Estava me esperando voltar? Rosana respondeu imediatamente, em tom de protesto: — Foi o seu ferro de passar que quebrou, levei muito tempo para consertá-lo! Pode ficar tranquilo, para mim o senhor não passa de meu empregador. Eu faço meu trabalho com seriedade, recebo meu pagamento e nada mais. Não tenho nenhum outro interesse, muito menos o de esperar o senhor voltar! Manuel riu suavemente, e a expressão levemente bêbada em seu rosto o deixava ainda m
Mas, no fim das contas, Joyce ainda tinha medo de irritar Manuel, temendo que, por causa da raiva, ele acabasse se afastando dela.Com esses pensamentos conflitantes, Joyce voltou para casa. Sra. Priscila, que cuidava do marido bêbado, ainda estava acordada àquela hora.Ao ver a filha retornar, Sra. Priscila perguntou, surpresa:— Joyce, por que você voltou? Você não tinha ido com Manuel? Será que vocês não...Antes que Sra. Priscila terminasse a frase, Joyce começou a chorar desesperadamente e, em um misto de raiva e dor, acusou:— Agora entendo por que Manuel sempre foi tão frio comigo! Descobri que ele tem outra mulher lá fora!Sra. Priscila, atônita, exclamou:— O quê? Foi Manuel quem te contou isso?— Como se Manuel fosse me contar essas coisas! — Joyce respondeu entre soluços, contando tudo o que havia acontecido na casa de Manuel.Ao ouvir a história, Sra. Priscila ficou extremamente irritada e disse:— E por que você não desmascarou Manuel na hora? Você me deixa furiosa, Joyce!
Manuel, decidido a provocar Rosana, perguntou com um ar sério:— Você realmente não se lembra de nada? Ficou me abraçando, querendo me beijar!A descrição vívida de Manuel fez Rosana imaginar a cena, e só de pensar que poderia ter agido assim em um surto de sonambulismo, sentiu uma vergonha imensa.Seu rosto corou instantaneamente, e ela, indignada, rebateu:— Mesmo que eu estivesse sonâmbula, por que você não me acordou?Dizendo isso, Rosana verificou suas roupas e calças, se aliviando ao ver que estavam exatamente como antes. Se sentindo um pouco mais tranquila, foi até o banheiro para se lavar.Com movimentos rápidos, Rosana pegou uma escova de dentes e creme dental descartáveis, e, após se higienizar apressadamente, começou a sair da casa de Manuel como se estivesse fugindo de uma doença.Ao passar pela sala, sequer cumprimentou Manuel, que lia o jornal de finanças sentado à mesa de jantar. Na noite anterior, Rosana se sentira como um rato, se escondendo no guarda-roupa para evitar
— Esta é a última vez. — Rosana disse, irritada. — É melhor encontrar outra pessoa para te ajudar com essas coisas. E não se esqueça de acertar o meu pagamento. Você é um advogado; não vai me dizer que até essa quantia pretende deixar em aberto?Manuel agiu como se não tivesse ouvido as palavras de Rosana, embora um leve brilho tenha passado por seus olhos negros antes de se acalmar. Com um tom indiferente, respondeu:— Estou indo.Rosana olhou, desanimada, para a porta que ele fechou ao sair. Sabia que Manuel não se importava com o que ela dissesse. Talvez, na visão de Manuel, não importava o quanto Rosana tentasse resistir; se ele não permitisse, ela jamais conseguiria se afastar dele....No caminho.Manuel logo percebeu o carro preto que o seguia à distância. Mudando a rota, ele desviou para uma direção diferente da Marques Advogados.Finalmente, o carro parou em um beco sem saída. Aquele local antes abrigava um prédio, mas agora estava abandonado, sem movimento, mesmo durante o d
Naquela manhã, Sra. Priscila aguardava ansiosamente em casa, esperando notícias que o motorista pudesse ter descoberto.“Quero ver quem é a mulher que ousa disputar um homem com a minha filha!”No entanto, Sra. Priscila não esperava que, naquele exato momento, uma empregada viesse correndo, em um estado de pânico.— Senhora, aconteceu uma coisa terrível, o Jacó ele...Sra. Priscila levou um susto e se levantou de repente, perguntando angustiada:— Fale logo, o que aconteceu com o Jacó?A empregada, visivelmente assustada, apontou para fora.— É melhor a senhora ir ver o Jacó com seus próprios olhos!O coração de Sra. Priscila deu um salto, e ela saiu rapidamente, ansiosa.Foi então que ela viu Jacó, coberto de sangue, jogado à porta da família Pereira.Aterrorizada com a possibilidade de algum vizinho ou alguém passando ver Jacó naquele estado, ela imediatamente pediu à empregada que o levasse para dentro de casa.Enquanto chamava o médico particular para cuidar dos ferimentos de Jacó,
Sra. Priscila, cheia de preocupação, suspirou e disse:— Claro que o Jacó não se atreveria a nos denunciar. Mas, quer ele mencione ou não nossos nomes, acho que o Manuel já sabe muito bem que fomos nós. É por isso que ele usou esse método para nos dar um aviso. Joyce, sinceramente, acho melhor deixar isso para lá! Um homem como o Manuel não se controla fácil. Ele não é alguém que você vai conseguir manejar. Ele nos deu um recado bem claro hoje!— Até você não acredita em mim? — Joyce exclamou, irritada. — No hospital, Natacha é sempre vista como mais competente, e os colegas acham que eu não tenho capacidade! Agora, até com relação a um homem, vocês acham que eu não sou capaz? Vou deixar bem claro para vocês: eu amo o Manuel, e vou me casar com ele! Não importa quem seja essa mulher com quem ele me traiu; quando eu descobrir quem ela é, vou acabar com ela!...Escritório Marques Advogados.Manuel escutou o som do desligamento no telefone e jogou o aparelho sobre a mesa com impaciência.
Manuel sabia que Natacha certamente levaria Rosana com ela. Ele deu um último olhar para as duas mulheres, mas não disse uma palavra e entrou no próprio carro.Ao ver o carro de Manuel se afastar, Rosana finalmente suspirou aliviada.Natacha, irritada, disse:— Foi o Manuel que te incomodou de novo? Rosa, me conta logo, qual é a situação entre vocês agora?Rosana respondeu calmamente:— Eu já não tenho mais nada a ver com ele. Ele veio me procurar para pedir que eu ajudasse com a limpeza da casa, mas eu recusei.— Vocês terminaram? — Natacha exalou aliviada. — Finalmente! Rosa, você não pode mais deixar que ele atrase sua vida. E ainda depois de terminarem, ele tem a audácia de querer que você cuide da casa dele? Acho que o Manuel só pode estar louco!Rosana não queria falar mais sobre Manuel; prolongar o assunto só deixaria seu coração mais pesado.Assim, ela mudou de assunto e perguntou:— Por que você veio me procurar hoje de repente?Natacha, animada, respondeu:— Eu encontrei um a
Rosana suspirou profundamente e disse:— Não me importa mais o que será do Manuel no futuro. Se ele terá uma vida boa ou ruim, isso já não me diz respeito. A única coisa que me importa agora é que o advogado que contratei consiga tirar meu pai da prisão o mais rápido possível.Natacha, um pouco decepcionada, comentou:— Eu até pensei em pedir ajuda ao meu paciente, mas, já que você encontrou um advogado, vamos deixar isso de lado. Mas, você sabia que ele tem um filho? É da nossa idade, e sempre vai visitá-lo no hospital. E dizem que o rapaz é solteiro. Outro dia, ele até me perguntou se eu conhecia alguma colega solteira para apresentar a ele.O garfo de Rosana parou no ar e o pedaço de comida caiu de volta no prato. Ela perguntou, sem rodeios:— Não me diga que você está pensando em me apresentar para ele?— Na verdade, sim! Você nem imagina, o filho dele é muito bonito, alto e é professor universitário. Acho que ele tem um ótimo perfil, você deveria ao menos considerar! — Incentivou