Bairros com vista para o mar.Joyce estacionou o carro, animada com a ideia de visitar a casa de Manuel. Afinal, aquele era um dos melhores bairros da Cidade M, onde as propriedades eram caríssimas e dificilmente estavam à venda mesmo para aqueles que podiam pagar. Quando Ronaldo voltou ao país, ele tentou comprar uma casa no Bairros com vista para o mar, mas não havia conseguido, o que aumentava ainda mais a curiosidade de Joyce sobre a vida de Manuel.Enquanto ela se preparava para descer do carro, Manuel a interrompeu:— Obrigado por hoje. Pode levar o carro e voltar para casa.Joyce ficou surpresa; será que ele realmente a via como sua motorista? Tentando disfarçar o constrangimento, ela estacionou o carro, saiu e, com um sorriso tímido, perguntou:— Manuel, essa é a minha primeira vez na sua casa. Não vai me convidar para dar uma olhada?Manuel franziu o cenho, visivelmente incomodado, e respondeu:— Já está tarde. Fica para outra vez. Além disso, eu bebi muito hoje e estou exau
Manuel já se levantava, conduzindo Joyce firmemente até a porta, deixando claro que era hora de se despedirem. No entanto, ao se aproximar da saída, Joyce notou algo que antes passou despercebido no armário de sapatos: um par de botas femininas estilo Martin. Como todas as botas ali eram pretas, inicialmente ela não havia reparado, mas agora percebeu que aquele par era visivelmente menor sem dúvida, eram de uma mulher.Joyce ficou em choque ao compreender o que significava aquela presença. E, ao mesmo tempo, o olhar de Manuel também se endureceu; ele também as havia notado. "Será que Rosana ainda está em casa?" A dúvida o atingiu, deixando ele apreensivo.Com um movimento rápido, Manuel abriu a porta, mantendo um tom firme ao dizer:— Srta. Joyce, eu não vou poder te acompanhar até em casa desta vez.Joyce hesitou. Por um instante, pensou em confrontá-lo diretamente, mas logo recuou. E se ela estivesse errada? Se não houvesse prova alguma, Manuel certamente usaria isso a seu favor
Joyce foi diretamente em direção à varanda, abrindo a porta rapidamente. Mas, infelizmente, lá também não havia ninguém. Manuel observava a expressão de Joyce, e finalmente seu coração se acalmou. A expressão de Joyce estava sombria, quase duvidando de si mesma. “Será que, realmente, não há ninguém escondido na casa de Manuel?” De repente, um leve ruído chamou a atenção de Joyce. Os dois imediatamente olharam em direção ao guarda-roupa. Um sorriso satisfeito surgiu nos lábios de Joyce; ela lançou um olhar para Manuel e, sem hesitar, começou a caminhar até o guarda-roupa. Foi nesse instante que Manuel segurou firmemente o braço de Joyce, dizendo friamente: — Joyce, já chega! Já estou te suportando há tempo demais! Desde o momento em que você entrou aqui, tem inspecionado minha casa como se estivesse fazendo uma busca completa. Agora que já te deixei ver cada canto, o que mais você quer? Minha paciência tem limite! Normalmente, Manuel era alguém de temperamento equili
A atitude fria e distante de Rosana deixava Manuel inexplicavelmente irritado. Talvez fosse o efeito do álcool, mas uma sensação de calor abrasador percorreu o corpo dele, que estava inquieto e febril. Ele observava Rosana diante de si; seus lábios rosados se mexiam ao falar, e Manuel sentia como se uma chama se acendesse dentro dele. Seus olhos mostravam um leve brilho turvo enquanto ele lutava contra o impulso de segurá-la e entregá-los ao desejo. Com um tom despreocupado, perguntou: — Por que está tão tarde ainda por aqui? Estava me esperando voltar? Rosana respondeu imediatamente, em tom de protesto: — Foi o seu ferro de passar que quebrou, levei muito tempo para consertá-lo! Pode ficar tranquilo, para mim o senhor não passa de meu empregador. Eu faço meu trabalho com seriedade, recebo meu pagamento e nada mais. Não tenho nenhum outro interesse, muito menos o de esperar o senhor voltar! Manuel riu suavemente, e a expressão levemente bêbada em seu rosto o deixava ainda m
Mas, no fim das contas, Joyce ainda tinha medo de irritar Manuel, temendo que, por causa da raiva, ele acabasse se afastando dela.Com esses pensamentos conflitantes, Joyce voltou para casa. Sra. Priscila, que cuidava do marido bêbado, ainda estava acordada àquela hora.Ao ver a filha retornar, Sra. Priscila perguntou, surpresa:— Joyce, por que você voltou? Você não tinha ido com Manuel? Será que vocês não...Antes que Sra. Priscila terminasse a frase, Joyce começou a chorar desesperadamente e, em um misto de raiva e dor, acusou:— Agora entendo por que Manuel sempre foi tão frio comigo! Descobri que ele tem outra mulher lá fora!Sra. Priscila, atônita, exclamou:— O quê? Foi Manuel quem te contou isso?— Como se Manuel fosse me contar essas coisas! — Joyce respondeu entre soluços, contando tudo o que havia acontecido na casa de Manuel.Ao ouvir a história, Sra. Priscila ficou extremamente irritada e disse:— E por que você não desmascarou Manuel na hora? Você me deixa furiosa, Joyce!
Manuel, decidido a provocar Rosana, perguntou com um ar sério:— Você realmente não se lembra de nada? Ficou me abraçando, querendo me beijar!A descrição vívida de Manuel fez Rosana imaginar a cena, e só de pensar que poderia ter agido assim em um surto de sonambulismo, sentiu uma vergonha imensa.Seu rosto corou instantaneamente, e ela, indignada, rebateu:— Mesmo que eu estivesse sonâmbula, por que você não me acordou?Dizendo isso, Rosana verificou suas roupas e calças, se aliviando ao ver que estavam exatamente como antes. Se sentindo um pouco mais tranquila, foi até o banheiro para se lavar.Com movimentos rápidos, Rosana pegou uma escova de dentes e creme dental descartáveis, e, após se higienizar apressadamente, começou a sair da casa de Manuel como se estivesse fugindo de uma doença.Ao passar pela sala, sequer cumprimentou Manuel, que lia o jornal de finanças sentado à mesa de jantar. Na noite anterior, Rosana se sentira como um rato, se escondendo no guarda-roupa para evitar
— Esta é a última vez. — Rosana disse, irritada. — É melhor encontrar outra pessoa para te ajudar com essas coisas. E não se esqueça de acertar o meu pagamento. Você é um advogado; não vai me dizer que até essa quantia pretende deixar em aberto?Manuel agiu como se não tivesse ouvido as palavras de Rosana, embora um leve brilho tenha passado por seus olhos negros antes de se acalmar. Com um tom indiferente, respondeu:— Estou indo.Rosana olhou, desanimada, para a porta que ele fechou ao sair. Sabia que Manuel não se importava com o que ela dissesse. Talvez, na visão de Manuel, não importava o quanto Rosana tentasse resistir; se ele não permitisse, ela jamais conseguiria se afastar dele....No caminho.Manuel logo percebeu o carro preto que o seguia à distância. Mudando a rota, ele desviou para uma direção diferente da Marques Advogados.Finalmente, o carro parou em um beco sem saída. Aquele local antes abrigava um prédio, mas agora estava abandonado, sem movimento, mesmo durante o d
Naquela manhã, Sra. Priscila aguardava ansiosamente em casa, esperando notícias que o motorista pudesse ter descoberto.“Quero ver quem é a mulher que ousa disputar um homem com a minha filha!”No entanto, Sra. Priscila não esperava que, naquele exato momento, uma empregada viesse correndo, em um estado de pânico.— Senhora, aconteceu uma coisa terrível, o Jacó ele...Sra. Priscila levou um susto e se levantou de repente, perguntando angustiada:— Fale logo, o que aconteceu com o Jacó?A empregada, visivelmente assustada, apontou para fora.— É melhor a senhora ir ver o Jacó com seus próprios olhos!O coração de Sra. Priscila deu um salto, e ela saiu rapidamente, ansiosa.Foi então que ela viu Jacó, coberto de sangue, jogado à porta da família Pereira.Aterrorizada com a possibilidade de algum vizinho ou alguém passando ver Jacó naquele estado, ela imediatamente pediu à empregada que o levasse para dentro de casa.Enquanto chamava o médico particular para cuidar dos ferimentos de Jacó,