Quando Rosana chegou ao restaurante, Cristóvão já estava lá. Assim como Manuel, Cristóvão costumava vestir terno no dia a dia, mas aos olhos de Rosana, ele nunca parecia ter o mesmo charme e profundidade que Manuel.— Desculpe, Sr. Cristóvão, o trânsito estava um pouco complicado. — Rosana se desculpou. — Você já está esperando há muito tempo?Cristóvão sorriu calorosamente e respondeu:— Eu acabei de chegar. — Depois de falar, ele tirou de trás de si um buquê de rosas brancas e disse. — São para você.Rosana olhou surpresa para Cristóvão, mas não estendeu a mão para pegar as flores.Cristóvão, notando o desconforto dela, se apressou em explicar:— Eu passei por uma floricultura hoje e vi essas flores desabrochando tão bonitas, achei que combinavam com a Srta. Rosana, então as comprei. Srta. Rosana, você não gostou?Rosana não poderia recusar as flores na frente de Cristóvão, então, sem escolha, aceitou o buquê e agradeceu, ainda que constrangida.Ela estava confusa. Seu relacionamento
Rosana mordeu os lábios, ciente de que Manuel sempre soube como humilhar alguém sem usar uma palavra rude sequer. Irritada, ela disparou:— O Sr. Cristóvão não é como certas pessoas que só pensam em sexo! O Sr. Cristóvão é o advogado mais íntegro que já conheci!Apesar de sua postura de confronto, Manuel parecia menos irritado do que ela imaginava. Ele provavelmente sabia que, com o temperamento de Rosana, algumas flores de Cristóvão não seriam suficientes para conquistá-la.Manuel arqueou os lábios em um leve sorriso e disse:— Então, que você consiga soltar seu pai em breve!Rosana sorriu de propósito e respondeu:— O caso do meu pai está indo muito bem, não precisa se preocupar! — Após lavar a última louça, Rosana soltou um longo suspiro. — Agora posso finalmente ir embora, certo?Manuel olhou para o relógio; já eram quase meia-noite, e o céu lá fora estava escuro como breu, trazendo uma inquietação involuntária ao ambiente. Ele jogou a chave do carro para Rosana e disse:— Leve o m
Cristóvão sempre sentia que Manuel nutria algo especial por Rosana. No entanto, ontem, ele resolveu mandar uma mensagem para testar Manuel, mas não conseguiu irritá-lo. Hoje, Manuel mencionou Rosana novamente, mas com a mesma calma de sempre.“Será que aquela mulher não passa de uma distração para ele? Se for assim, então Manuel não tem fraquezas. Como eu vou conseguir me manter na Cidade M no futuro?”Cristóvão recordou de quando eles começaram a competir desde a época da universidade. Manuel sempre fora inteligente demais; mesmo que tivesse algum sentimento por Rosana, ele provavelmente nunca o demonstraria na frente de Cristóvão. Com os olhos semicerrados, Cristóvão começou a arquitetar um plano.“Se Rosana for o ponto fraco de Manuel, então manter Rosana sob meu controle é o mesmo que segurar Manuel pelo rabo!”...Rosana, editora de revistas, estava na sua mesa escrevendo um artigo quando alguns atendentes de uma confeitaria entraram de repente na agência de informação onde ela t
Ao entardecer, Rosana arrumou suas coisas e saiu da editora de revistas. Assim que chegou ao térreo da empresa, se surpreendeu ao ver Cristóvão esperando ali. — Sr. Cristóvão? — Rosana perguntou, um pouco confusa. — Você veio procurar alguém aqui?Cristóvão sorriu levemente para ela e respondeu: — Estou aqui esperando especialmente por você. Os doces que pedi... O que achou do sabor?Rosana ficou paralisada, olhando para Cristóvão, em choque. Então era ele, e não Manuel, quem havia encomendado aqueles doces para ela.Imediatamente, uma onda de desapontamento e autoironia tomou conta do coração de Rosana."Como eu poderia pensar que Manuel faria uma coisa dessas? Isso não combina nada com o estilo dele. Mesmo que Manuel tivesse feito algo tão romântico, ele só faria isso por Joyce. E eu... eu sequer tenho esse direito de pensar assim."— Srta. Rosana?Cristóvão estendeu a mão, tentando tocar o braço de Rosana, mas ela se afastou rapidamente.Com o rosto levemente constrangido, ela pe
Rosana respondeu com amargura:— Não precisa perder seu tempo comigo. Para mim, o senhor é apenas o advogado do meu pai.Dizendo isso, ela se virou e foi embora sem hesitar.Sim, quando se tratava de Manuel, Rosana já havia hesitado e lutado contra seus próprios sentimentos, e, até hoje, não conseguia entender a relação que os unia. Mas, com os outros, ela ainda era a mesma Rosana decidida; ninguém podia influenciar suas ideias.Cristóvão, por sua vez, se sentia inconformado ao ser rejeitado por uma mulher como Rosana. Aos seus olhos, ela não passava de uma amante de Manuel, uma mulher cuja família havia falido e que não tinha uma carreira. A diferença agora era que Manuel parecia ter se afeiçoado a ela. Não fosse por isso, Cristóvão jamais perderia seu tempo com Rosana.O que ele não esperava era que, mesmo após todos os seus esforços, Rosana ainda o rejeitasse.“Será que Rosana realmente acredita que pode se casar com Manuel e se tornar a Sra. Marques? Ou será que até mesmo Rosana
Manuel deu uma risada fria e disse:— Você vai me compensar? Pelo visto, Cristóvão é bem generoso com você. Ele está disposto a gastar por sua causa? Caso contrário, com o quê você pretende me compensar?Ao ouvir isso, Rosana não conseguiu conter as lágrimas de frustração. Seus olhos ficaram vermelhos e úmidos, enquanto as lágrimas ameaçavam cair.— Se não fosse por Cristóvão me encher a cabeça com aquelas palavras estranhas hoje à noite, eu nunca teria me distraído ao volante e causado a colisão. Agora, com Manuel mencionando aquele nome, uma mistura de raiva e injustiça aflorou em Rosana.Com um impulso, ela exclamou irritada:— Pense o que quiser!Sem sequer olhar para Manuel, ela continuou andando decidida.Manuel, com suas pernas longas, a seguiu de perto e, em tom frio, declarou:— E vai embora assim? Não foi você quem disse que pagaria pelos danos do meu carro?Rosana parou de repente, lançando um olhar furioso a Manuel.— Então vá em frente e me processe! Você não é um grande
Rosana correu rapidamente até o quarto, pegou o remédio para o estômago e encheu um copo com água morna.— Tome o remédio logo. — Disse ela.Foi então que Manuel percebeu o olhar preocupado no rosto de Rosana. Aquela expressão tão vívida e genuína a tornava ainda mais atraente aos seus olhos. Ele sentiu o pomo de Adão se mover levemente enquanto pegava o copo e o remédio.Com o olhar um tanto confuso, Manuel puxou Rosana para seus braços, segurando ela ali. Com uma voz rouca e profunda, ele perguntou:— Você se preocupa tanto assim comigo?Um rubor de embaraço subiu ao rosto de Rosana, como se ele tivesse lido seus pensamentos. Rapidamente, ela se desvencilhou dos braços dele, tentando disfarçar o desconforto.— Quem se preocupa com você? Sr. Manuel, não vá tirar conclusões erradas!Insatisfeito com a resposta, Manuel não conseguiu esconder seu descontentamento. Em tom frio, ele comentou:— Passei a noite toda ocupado resolvendo o problema que você causou com a colisão do meu carro, e
A expressão de Rosana ficou melancólica enquanto pendurava cuidadosamente o terno azul de Manuel, junto com a gravata e a camisa que havia preparado para ele. Só depois de deixar tudo em ordem, Rosana se retirou.Ela achava que era melhor assim, se encarando apenas como uma assistente pessoal comum na vida de Manuel, e ele, por sua vez, como um empregador como qualquer outro. Dessa forma, nenhum dos dois se sentiria sobrecarregado, nem ficariam presos em dúvidas sobre quem amava quem, ou com quem o outro estaria.Manuel provavelmente não se preocuparia com essas questões. A única a se incomodar era Rosana.Ela caminhava pela rua, sentindo a brisa da noite e tentando se manter lúcida. "Eu realmente estava tão preocupada assim? Não fui eu quem, de maneira muito calma e objetiva, escolheu o terno perfeito para ele usar amanhã ao conhecer a família da pretendente?"...Na tarde seguinte, todos da agência de informação estavam novamente saboreando os doces por conta de Rosana.— Meu Deus