Ao amanhecer, Sophie custava a abrir os olhos após a noite mal dormida. Ouvia os sons rotineiros de sua mãe se arrumando para ir ao trabalho. E ao mesmo tempo sentia o corpo pesado. Sem forças nem vontade de levantar. Permitiu-se cair em sono profundo por mais algum tempo.
Pouco antes da hora de sair, Joyce foi até ao quarto da filha para se despedir. Encontrou-a adormecida. Observou sua menina que crescera tão rápido. Sentiu falta de quando podia pegá-la no colo. Tinha certeza de que a jovem não estava bem. Sentindo-se impotente naquele momento, Joyce apenas deixou um bilhete. Beijou a testa de Sophie e partiu para mais um business day.
Naquele dia a chuva ainda era intensa. E repentinas rajadas de vento faziam com que os galhos da árvore no quintal de Sophie batessem na sua janela, fazendo a jovem despertar.
Ainda indisposta tentou pegar no sono novamente, contudo a insistente ventania parecia querer fazê-la se levantar de uma vez por todas e encarar seus problemas. Assim que se sentou à cama viu o bilhete deixado pela mãe. Pegou o pedaço de guardanapo respingado com algumas gotas de café e leu o breve recado.
"Devolva o cheque! Eu te amo. Beijos"
Sophie suspirou profundamente e se jogou novamente na cama olhando para o teto e refletindo com mais calma sobre o dia anterior. Balançava a cabeça em negação a todo instante. Estava morrendo de vergonha por ter passado por uma situação tão constrangedora. Levantou-se de uma vez por todas e tomou um banho quente e revigorante. Apesar de pensar frequentemente em Nick, não tinha dúvidas sobre o que deveria fazer.
Vestiu-se com jeans escuro, uma blusa fina de lã e por cima seu sobretudo vermelho favorito. Amarrou os cabelos em um rabo de cavalo alto e colocou seus brincos de argola. Encarou o cheque de cinco mil dólares por alguns instantes e tomou coragem para guarda-lo em sua bolsa e sair de casa sob a neve que começava a se debruçar sobre a cidade.
Sophie fez uma pausa em frente ao escritório de Bob Zang. Do outro lado da rua, ela sentou no balcão de uma cafeteria e pediu seu café da manhã com panquecas encharcadas de mel, waffles e latte. Enquanto saciava sua fome, observava o local onde tinha feito as fotos no dia anterior. Avistou Claire chegando.
Ficou aliviada em saber que a maquiadora estaria lá. A jovem lembrou de enviar mensagem para a mãe avisando sobre aonde estava. Como quem não quisesse nada, foi nas redes sociais ver novamente sua foto com Nick. Assustou-se ao ver mais de mil likes na foto e dezenas de comentários. Engoliu com dificuldade o último pedaço de waffle e mais que nunca estava decidida a acabar com aquela situação.
A jovem adentrou no set de fotografias de Bob Zang e foi logo ao escritório dele para pôr fim naquela história. Qual não foi sua surpresa ao chegar lá e encontrar Nick conversando com Bob. Ao se dar conta da entrada repentina da garota, Bob a fitou e abriu seu maior sorriso logo se levantando para recebe-la. Nick que estava sentado à frente de Bob, também se levantou ao olhar para trás e avistar Sophie. Imediatamente o coração de Sophie disparou ao estar frente a frente com Nick novamente.
– Parece que você leu meus pensamentos, senhorita Lima. Estava aqui conversando com Nick sobre você. Na verdade, sobre os dois. Quero muito conversar com você sobre nosso contrato de trabalho. Nossa ilustre escritora está radiante e inspiradíssima com as fotos que mandei. Está tudo aprovado. Nick já assinou o contrato. Só falta você! Venha!
Bob falava enquanto puxava Sophie para perto de sua mesa.
– Então... Bob. Sobre isso… bem... eu vim para dizer que não quero mais trabalhar com fotos desse tipo. Na verdade, vim devolver esse cheque. Agradeço a oportunidade, mas não era bem o que imaginei. – Falou Sophie, gaguejando e trêmula.
A feição alegre de Bob se desmaterializou naquele momento. Estava incrédulo. Nick o fitou rapidamente de soslaio e também não estava entendendo o que se passava com Sophie. Mas o jovem rapaz percebeu toda a aflição da garota que estava bem a sua frente.
– Minha querida! Eu acabei de te dizer que você tem um contrato para assinar e você vem me dizendo que agradece a oportunidade. Eu não entendo! – Bob tentava manter a calma. Jamais, em décadas de trabalho, uma iniciante recusou uma oferta de trabalho.
– Apenas não quero me comprometer com algo que não tenho afinidade.
– Afinidade, menina?! Isso aqui é coisa séria. A cliente já aprovou as fotos. Ela quer você! Você já foi paga!
– Eu desisti. Estou com seu cheque aqui. Eu não o quero.
Claire chegou no escritório também para deixar um recado e logo percebeu o clima de tensão.
– Com licença, Bob. A Nina Tornai acabou de entrar em contato querendo um editorial para sua nova coleção com o novo casal do momento. – Claire usou os dois braços para apontar para Sophie e Nick.
Bob levou as mãos à cabeça.
– Está vendo, Sophie! Você sabe quem é a Nina Tornai?
– Não.
– Claro que não! Porque você não entende nada do fashion world. A Nina Tornai é uma das mais conhecidas designers de vestidos de noiva e ela quer você! Não era seu sonho ser modelo? Então, as portas estão se abrindo e o que mais você quer?
Sophie estava confusa. Não queria se deixar levar novamente pelas pressões de Bob. Diante da relutância da morena, Bob resolveu dar um tempo. Já estava quase surtando.
– Eu vou lá fora tomar um café e espero que você reconsidere. Pegue essas fotos e leia o contrato com calma. Minha querida, vamos nos acalmar e continuar nossa conversa daqui a pouco. Pode me acompanhar, Nick!
Sem pestanejar, Nick saiu com Bob.
Quando Claire iria deixa-la também, Sophie a chamou.
– Espere, Claire. Você acha que estou errada?
– Acho que você é corajosa. Está negando um trabalho oferecido pelo Bob. Ao mesmo tempo é inexperiente. Muitas dariam a vida para estar no seu lugar. Ser a capa de um livro de uma das autoras mais queridas de romances hots e até ser modelo da Nina. Qual o problema para você aceitar? – Claire também não compreendia a desmotivação de Sophie.
– A verdade é que não era isso que eu imaginei fazer como modelo. Eu quero ser uma top model. Uma referência fashion.
– Entendi. Então você está no lugar errado. Daqui nunca saiu uma top model ou alguém minimamente reconhecido internacionalmente. A agência do Bob atende pequenas demandas comerciais.
– Eu sei que estou no lugar errado. Não me identifico com o trabalho realizado aqui. Por isso agradeci ao Bob pela oportunidade. Vou deixar aqui o cheque dele, está bom?
– Espere! Antes que você vá. Pegue isso. – Claire retirou um cartão do bolso de seu jaleco.
– O que é?
– É o contato de um empresário de modelos fantástico. O nome dele é Andy. Diz que eu te recomendei, mas não fala nada para o Bob. Eu faço umas recomendações secretas para o Andy.
– Obrigada. Eu vou procura-lo sim.
– Não me agradeça, anjo. Se ele gostar de você, ganharei uma ótima comissão. Então capricha no carão e impressiona o homem que ele é o cara que pode te levar para o topo. Acredito muito em você. Aproveita e leva essas fotos que o Bob te deu. Com certeza são as melhores fotos que ele já tirou na vida.
– Ah! Claire! Muito obrigada mesmo. Eu precisava muito ouvir isso. Vou entrar em contato com ele hoje mesmo.
Sophie abraçou Claire, deixou o cheque em cima da mesa de Bob e se retirou do estúdio. A jovem aspirante à modelo desceu as escadas sentindo-se aliviada. Saiu do prédio sem se dar conta de que Nick e Bob estavam na cafeteria do outro lado da rua. Quando percebeu que Sophie estava saindo, Bob pediu para Nick a alcançar e convencê-la a voltar.
O rapaz atravessou a rua rapidamente, aventurando-se desviando dos carros que seguiam seu fluxo apressados antes que o sinal vermelho os impedisse de prosseguir. Entre dezenas de pessoas que circulavam pela calçada da Park Avenue, Nick correu até surpreender Sophie na esquina do quarteirão.
– Espere! Não vá embora!
– O que você quer? – Sophie admirou-se ao ouvir a voz grave de Nick.
– Quero te pedir para você reconsiderar sua decisão.
– Eu sinto muito. Você se chama Nick, não é?
– Sim. Por favor, pense na oportunidade que está deixando passar.
– Não é esse tipo de trabalho que pretendo fazer na minha vida. Ser capa de catálogo de vestidos de noiva ou qualquer coisa do tipo não é o bastante para mim.
– Mas, para mim, é! Se você não estiver dentro, não vai ter job. Os clientes querem nós dois juntos ou nada. Você entende?
– Sinto muito. Eu não queria te prejudicar, mas não posso seguir adiante. Não sou eu naquelas fotos. Não me reconheço.
Nick ficou impactado com o desabafo de Sophie. Apenas acenou positivamente e suspirou.
Apesar de se sentir com o coração partido por deixar Nick naquele estado, Sophie deu as costas para ele e se juntou a multidão de pedestres que circulavam apressadamente. O coração de Sophie estava em desatino, faltava-lhe o ar e as pernas fraquejavam. A jovem começou a correr, como se estivesse fugindo, não de um perseguidor, mas de um sentimento que nascera inadvertidamente.
Quando já estava sem fôlego, Sophie olhou para trás e em seu íntimo desejava que Nick estivesse indo ao seu encontro. No entanto, ela avistou apenas rostos de desconhecidos. Assim, Sophie respirou profundamente e por um instante esmoreceu.
Olhou para sua bolsa e de dentro dela tirou o cartão que Claire havia lhe dado. Tinha apenas um telefone de contato. Ela não hesitou e ligou. A ligação chamava incansavelmente até cair. Sophie continuou tentando até que alguém atendesse.
– Alô! Oi. – A voz feminina do outro lado atendeu, solicitando que Sophie se identificasse. – Oi, eu me chamo Sophie Lima e gostaria de marcar uma hora com o senhor Andy. – A voz perguntou se ela tinha uma recomendação. – Sim, a maquiadora Claire me recomendou. Desculpe, mas não sei o sobrenome dela. – Também foi solicitado seus dados de contato. Sem pestanejar, Sophie informou seu endereço completo, telefone e e—mail. Antes que Sophie pudesse continuar foi interrompida pela voz do outro lado.
– Muito obrigada por seu contato! Assim que possível você será agendada e receberá uma confirmação através dos canais fornecidos. Tenha um bom dia.
Sophie ficou estática ao se dar conta de que estava o tempo todo conversando com um bot. Ficou indignada e tentou ligar novamente. A mesma voz docemente programada para atender as ligações começou com sua conversa padrão. Sophie tentou de todo jeito ver se teria a opção de conversar com uma pessoa, mas não era possível por aquele meio. Sendo assim, foi pesquisar pelo nome de Andy na Internet e não encontrou informações de contato dele. Tudo que tinha era aquele número secretariado por uma inteligência artificial.
***
Já era noite quando Joyce chegou em casa. Nas mãos trazia duas caixas de yakisoba para jantar com a filha. Foi logo procurando por Sophie. A encontrou cabisbaixa assistindo TV na sala de estar.
– Hello, darling! Olha só o que eu trouxe! – Joyce mostrou as caixas de yakisoba.
– Legal, mãe! Faz tempo que não comemos yakisoba.
– Sim! Por isso eu trouxe! Como você está? Foi naquela agência devolver o cheque?
– Fui! E...
Antes que Sophie pudesse continuar a contar o que tinha acontecido, a campainha tocou.
– Quem será? – Joyce indagou.
– Não faço ideia. Deixa que eu vou ver.
A jovem pulou do sofá e foi em direção da entrada da casa. Quando Sophie abriu a porta, deu de cara com um rapaz muito bem vestido e perfumado. Ele trajava um terno esportivo azul marinho e um sapato de couro vinho. Seus cabelos eram curtos e jogados para trás. Sua mão esquerda estava no bolso e quando avistou Sophie a analisou rapidamente.
– Olá! Você é a senhorita Lima?
– Sim, no que posso te ajudar?
– Sou Andy Conrad Williams! Empresário.
Sophie ficou trêmula com a revelação. O grande empresário de modelos estava diante dela e naquele momento estava ali de pijama de pelúcia com estampa do Bob Esponja e descabelada sem saber o que responder. Diante da estagnação da jovem, Andy prosseguiu:
– Posso entrar, para conversarmos?
– Ah! Claro que pode, me perdoe. Entre!
Sophie o conduziu até a sala de estar enquanto tentava ajeitar os fios descabelados. De repente a mãe dela surgiu também de pijama.
– Quem era, filha? Ops!
Joyce tomou um susto ao ver Andy.
– Me desculpem! – Joyce retornou para o corredor de onde viera e se apressou em retornar para seu quarto e vestir uma roupa adequada para receber a visita.
– Aquela é minha mãe. Pode sentar senhor Andy. Nos perdoe! Não esperávamos visitas.
– Eu que peço desculpas pela minha inconveniência, mas prefiro vir de surpresa para conhecer as aspirantes a modelo. Sem dissimulações fica mais fácil averiguar quem realmente são.
– Entendi. Bem... como me achou?
– Claire me ligou falando sobre você. Ela achou que você não iria me ligar. De qualquer forma, ouvi seu recado na minha assistente pessoal. Parecia firme e convicta na ligação. O que você quer comigo?
– Eu quero ser uma modelo, senhor Andy. Uma top model! E Claire disse que o senhor pode me ajudar.
– Quantos anos você tem?
– Dezoito.
– Tem alguma experiência?
– Experiência?! – Sophie estava na dúvida se contava ou não o que já tinha passado com Bob Zang.
Naquele momento ela só pensou em pegar em sua bolsa as fotos que Claire a entregou mais cedo. Quando Andy pegou as fotos, a campainha tocou novamente e Joyce também retornou.
– Mãe, faça companhia ao senhor Andy que vou ver quem é.
Joyce apenas acenou, sem graça por nem saber quem estava em sua sala. Andy analisou atenciosamente as duas fotos da jovem enquanto ela corria para atender a porta.
Aflita, Sophie abriu a porta e quase caiu para trás ao ver quem estava lá.
– Nick! – Ela gritou sem querer e colocou as mãos na boca. Apenas o fato dele direcionar seu olhar esverdeado para a jovem, já a fazia estremecer e ficar nervosa.
– Oi! Desculpa por estar aqui sem te avisar. Mas eu preciso falar com você!
– Foi o Bob que te mandou? Como sabe meu endereço?
– O Bob não me mandou. Seu endereço está na sua ficha no escritório do Bob. Eu peguei sem autorização dele.
Sophie estava com o coração saindo pela boca. Nem em seus sonhos imaginaria aquela situação. Estava muito frio e a única coisa que ela pensou em dizer foi:
– Entra!
– Obrigado!
Ela permaneceu imóvel no hall de entrada da casa, após fechar a porta.
– O que você quer?
– Mais uma vez vim te pedir para que aceite fazer o contrato com o Bob. Para você que está começando, vai ser uma ótima oportunidade.
– Bob já me disse isso, mas eu não tenho certeza. Sabe, depois que essa onda passar o que vai sobrar para eu fazer? Catálogos de roupas populares? Mais livros eróticos? Não! Eu não quero! Eu tenho convicção de que posso ir muito além disso. – Sophie se exaltou e foi ouvida da sala de estar, despertando a atenção de sua mãe e de Andy que foram averiguar o que estava acontecendo.
– Você é teimosa demais. Não vai me dar ouvidos, não é?!
Joyce tomou um susto, pois logo reconheceu Nick das fotos. A senhora fez um carão para a filha, demonstrando sua insatisfação com aquela situação. Andy também reconheceu o rapaz que estava na foto com Sophie. Como o silêncio se estabeleceu na casa, Andy tomou a iniciativa:
– O rapaz está sendo inconveniente?
– Não, senhor Andy. Está tudo bem.
Quando Nick ouviu o nome de Andy, o fitou com mais atenção. Não acreditava que estava diante do empresário, em pessoa. Não gostou da forma como Andy se dirigiu a ele.
Andy também o analisou friamente. Os dois homens não foram um com a cara do outro.
– Eu lamento pelo incômodo! Já estou de saída. – Nick dirigiu um olhar melancólico para Sophie e se apressou em ir embora.
Sophie teve vontade de ir correndo atrás dele, contudo não poderia aceitar o que Nick viera lhe pedir. Diante do acontecido, Andy acreditava que já não tinha mais nada o que fazer ali.
– Também estou de saída!
O empresário devolveu as fotos de Sophie e a encarou nos olhos, sorrindo discretamente. Foi embora sem mais nada dizer.
Joyce, muito aborrecida, olhou para Sophie e questionou:
– Você pode me explicar o que foi que aconteceu aqui?
– Gostaria de ter uma resposta plausível, mas não tenho no momento. Será que podemos jantar agora? Estou morrendo de fome.
– Vamos! Mas antes me prometa que não vai dar nosso endereço para mais ninguém!
Insone, Sophie estava sentada em sua escrivaninha, usando seu notebook e navegando pela página pessoal de Bob Zang. Na busca usou as palavras: “sexy hot man green eyes” para encontrar fotos de Nick. Apareceram mais de cem. E a jovem o admirava, melancólica e infeliz. Parou em uma foto em que ele estava no deserto vestido com uma calça jeans azul, uma camiseta preta e um chapéu de caubói também preto. Os cabelos dele estavam mais longos que atualmente. Ele olhava fixamente para a câmera. E era nesse olhar que Sophie se perdia. Apesar da beleza do rapaz, a fotografia só lhe transmitia tristeza.De repente, sua mãe entrou para lhe desejar boa noite. Sophie tentou abaixar rapidamente a tela do notebook, para que Joyce não visse o conteúdo. A mãe sorriu e balançou a cabeça.– Não adianta esconder que eu vi!Sophie ficou envergonhada e abaixou a cabeça na escrivaninha. Joyce fez um carinho entre os cabelos da filha.– O que está acontecendo com você? Não é a primeira vez que te flagro olhan
Após uma reunião de quase duas horas com o advogado, finalmente Sophie assinou o contrato para ser empresariada por Andy. Pelo telefone, Joyce apoiou o sonho da filha apesar de acreditar que o contrato era inaceitável. Contudo, Sophie estava muito confiante em que Andy a guiaria pelo caminho glorioso que tanto almejava.A jovem aspirante a modelo entregou os papéis assinados ao homem de meia idade que trajava um terno italiano preto e usava óculos arredondados. Seu nariz proeminentemente afinado na ponta parecia apontar sempre para o horizonte. Era esguio e carrancudo. Com seu olhar afiado, verificou se todas as páginas do contrato haviam sido rubricadas. Estando satisfeito, apesar dos inúmeros questionamentos da jovem e da sua mãe, o advogado se despediu com gentileza e desejou sucesso a Sophie.Karen acompanhou tudo de perto e quando o advogado foi embora, pediu que Sophie retornasse ao escritório de Andy.A moça abriu a porta de mansinho e avistou o empresário de pé em frente à jan
Sophie despertou de uma noite mal dormida e vagarosamente foi abrindo os olhos. Sentou-se na cama, encostada na cabeceira. Finalmente começou a reparar no local em que estava. O Flat estava localizado em um prédio construído no início do século passado. Contudo, seu interior era sofisticado com uma decoração moderna e minimalista. Sophie achou o ambiente frio demais. Em nada se parecia com um lar. Levantou-se e puxou a grande cortina creme que estava à direita da cama. Da janela, Sophie espiou a cidade já em grande movimentação. Recordou-se que Andy a encontraria às sete e assim foi tomar um banho.Abatida e perdida em seus pensamentos, banhava-se de forma automática sem realmente prestar atenção no que estava fazendo. Quando se deu conta de que já estava há tempo demais no banho, pegou a toalha, secou-se e vestiu um jeans e um pulôver.Nem se quer tinha secado e penteado os cabelos quando Andy tocou a campainha de seu apartamento.Ela foi atendê-lo. Quando abriu a porta, avistou o em
Às nove da manhã, Sophie já estava de banho tomado aguardando a atualização das redes sociais do grupo Williams e dos seus novos perfis. Apesar da imensa felicidade ao ver as suas fotos reveladas ao público, naquele momento só conseguia pensar em Nick.Foi espionar a rede social dele e ficou surpresa ao ver que a página não tinha sido encontrada. Ficou frustrada. Não havia informações sobre Nick em nenhuma página, a não ser no website de Bob Zang. Sophie acabou buscando as fotos de nudes de Nick e toda vez que as via se sentia tão frustrada. Remoía seus pensamentos tentando entender por que Nick se submetia àquele tipo de trabalho, considerado vulgar pela jovem. Uma foto de Nick valia quatrocentos dólares. Sophie ficou imaginando quanto desse valor ele receberia. Se indagava também se Bob Zang era tão ganancioso quanto seu empresário.A bela jovem tomou um susto quando sua assistente pessoal começou a falar que ela deveria se encontrar com Andy para o almoço em trinta minutos. Rapidam
Dois anos e meio se passaram e Sophie tinha se tornado um ícone da moda, viajando por todo o mundo e cobiçada pelas grandes marcas do fashion world. Não havia uma pessoa sequer que não soubesse quem ela era. Muitos a desejavam, outros a invejavam. Enfim, ela conquistou seu sonho.E em mais uma manhã de reuniões no escritório de Andy, o empresário revelou o próximo trabalho da moça.– Poxa, Andy! Você sabe que eu detesto reality shows!– Pode detestar, mas não pode negar que são lucrativos. Eles rendem muita visibilidade e novas parcerias. Então nem pense na possibilidade de recusar. O roteiro é simples. Um grupo de modelos em ascensão, de faixa etárias diversificadas, mostra sua rotina aos expectadores. Depois de uma semana de muito trabalho, elas decidem ir passar o fim de semana nos Hamptons e ter um momento divertido só entre garotas. Aí que você entra fazendo uma surpresa e passando esses dois dias com elas.– Nossa! Como estou animada! – Sophie revirou os olhos.– É o seu trabalh
Foi impossível para que Andy e Sophie voltassem a pegar no sono naquela noite. O empresário estava chateado consigo mesmo por ter uma oferta tão estúpida à garota que visivelmente não estava bem. Ficou imaginando o que poderia ter levado Sophie a fazer aquele pedido. O fato dela ainda ser uma virgem não o surpreendeu, pois, ele sempre estava próximo a sua empresariada e tinha conhecimento sobre toda a rotina da moça.Já Sophie estava se sentindo humilhada e uma tola. Nick não era definitivamente o tipo de homem que ela desejava ter como um namorado. Contudo, não conseguia tirá-lo de seus pensamentos e de seu coração. E ainda por cima, era constantemente vigiada por seus seguranças e a equipe de Andy. Sentia-se como um pássaro em uma gaiola.Desejava voar para bem longe, porém, não sabia o rumo que deveria seguir. Uma angústia terrível dominava seu peito. Não tinha amigos verdadeiros. Nem um relacionamento. Seria ridículo ter que pedir a Andy permissão para sair com alguém. Acreditava
Por volta de quatro e trinta da madrugada, Andy despertou com Sophie em seus braços. Olhou as horas no relógio digital e depois começou a fazer carícias no rosto de Sophie para que ela despertasse. Custou um pouco, mas a modelo acordou.– Desculpe te acordar. Mas você precisa ir.– Não era isso que eu esperava ouvir depois de uma noite de amor.Andy sorriu.– Que tal então eu dizer: E aí, foi bom para você?Sophie gargalhou.– Piorou, Andy!– Certo. Talvez, fique melhor se eu disser que você não faz ideia de como eu sonhei em ter você em meus braços. Você tomou meu coração de uma forma que eu não sou mais dono de mim. Eu pertenço completamente a você!Sophie ficou estática e emocionada com a declaração de Andy. Jamais imaginou que ele pudesse ter algum tipo de sentimento por ela.– Andy! Por que você nunca me disse nada?– Porque sou seu empresário. Eu deveria manter meu profissionalismo acima de tudo e não aguentei. Você me aparece assim, querendo dormir comigo. Já não posso mais con
Quando retornaram para Nova York, Sophie e Andy estavam de mãos dadas cercados por dezenas de seguranças que tentavam protegê-los da imprensa alvoroçada. A revelação do compromisso assumido por ambos em Madrid causou uma diversidade de emoções no público.O fato de terem admitido a relação de forma tão leve acabou com os planos dos produtores de notícias sensacionalistas, mas isso não queria dizer que deixariam o casal em paz. Buscariam incessantemente outras formas de explorar aquela união para produzir conteúdo.O primeiro local para onde foram era a casa da mãe de Sophie que já sabia da chegada deles. Quando reencontrou a mãe, Sophie chorou e a abraçou com muito carinho. Joyce também se desmanchou em lágrimas.– Eu deveria puxar a sua orelha por ficar tanto tempo sem vir me visitar. Mas a única coisa que quero fazer é te abraçar e te dizer o quanto te amo.– Ah! Mãe! Me perdoe. Tem sido um ano muito agitado.– Eu imagino. Entrem. Olá, Andy!– Oi, Joyce! – Andy abraçou Joyce.– Está