Maria Isis
Não pode ser.
Pode ser, é ele.
Eu engulo seco quando ele se vira e eu encontro seus olhos escuros e perco o fôlego. Eles são escuros como a noite e eu quero me perder neles.
Eu sou atraída por ele, e meus pés se movem sem eu ter ideia, e quando menos espero. Estou mais próximo dele até onde a grade nos permite.
Morde. Meu.
Eu me forço a dar um passo para trás e desvio o meu olhar do seu. Não posso ficar aqui. Não quando minha loba está por um fio para pegar o controle e ataca-lo.
De novo não.
Por favor.
Não.
Eu seguro um rosnado e viro de costas quando minhas presas começam a crescer e meu olhos mudaram para amarelados. Não preciso olhar no espelho para saber o que está acontecendo comigo.
Eu tenho o controle.
– Respire fundo e solte pelo nariz – ele diz e eu me surpreendo por gostar tanto da sua voz.
– Obrigada – eu digo antes de sair de perto. E na saída, eu me choco com meu avô. Ele não parece feliz.
– Maria Isis – ele diz.
– Precisamos conversar – eu digo e ele me leva para sua sala onde encontro minha mãe.
– Você sumiu – falou a mamãe sorrindo. Ela sempre sorri, isso é o que mais gosto nela. Já falei isso. Mas sempre amo repetir.
– Temos problemas – eu falo. Mas minha loba não concorda e eu quase concordo com ela.
– Você perdeu o controle novamente? – perguntou o vovô Dom.
– Não. Eu encontrei meu companheiro – eu digo baixinho, mas sei que eles escutaram. Minha mãe grita e meu avô resmunga.
– Você o atacou? Esse é o problema? – vovô fala.
– Não. Ele é o cara da foto... – eu digo olhando para minha mãe e depois olho para o vovô que ainda está prestando atenção em mim. – ... Ele está preso. Aqui.
– O que? – eles gritam juntos.
– Isso mesmo. E o pretinho é seu lobo. – Eu falo, mas eu mal tinha notado que pretinho ficou com ele e não veio atrás de mim, como sempre faz.
– Seu pai vai pirar – mamãe fala.
– Por que ele está preso? – eu perguntei ao meu avô e ele mexeu a cabeça em negação, mas eu não vou parar até descobrir. – não é mais só assunto humano, ele me pertence e eu tenho que saber.
– Ele foi preso por invadir a casa do Sr. Morais. E ameaçá-lo. – falou Vovô.
– Tem mais, né? – eu perguntei. E ele concorda.
– Não sei ainda, mas acredito que sim. – Vovô fala.
– Ele confessou o motivo da invasão? – perguntei.
– Ele não quer falar com ninguém. E nem quer chamar um advogado. Isso complica a sua situação. – falou Vovó.
– Sim, e o senhor Daniel não vai deixá-lo sair tão fácil assim. – eu falo. Nunca gostei daquele velho. – Eu sinto que tem mais nessa situação.
– Filha – mamãe começa a falar, mas eu paro com um olhar.
– Ele é meu companheiro. Eu vou ajudá-lo. – Eu falo, só não sei como.
–Vou chamar seu tio. Ele vai amar frustrar os planos de Daniel. – Falou mamãe saindo da sala. Espero que o tio Luca consiga isso.
– Eu vou descobrir mais sobre ele, já que ele vai fazer parte da família. – Vovô falou.
– Obrigada – eu falo o abraçando. – Sabe o nome dele?
– Liam. Ele deu esse nome.
– Sua loba? – ele pergunta.
– Controlada – Eu falo.
– A mantenha assim. Eu vou ajudá-la – ele falou e eu o abracei mais forte. Ele sempre me ajudou com toda a situação com a minha loba. Uma que não vale a pena lembrar, não agora.
Eu saí da sala um pouco melhor e fui em direção a saída mesmo querendo dar meia volta e correr para Liam. Esse é o seu nome. Gostei, mas não combina com ele, não sei explicar o motivo, só sei que não se parece com ele.
Eu encontro minha mãe e juntas vamos para casa dela, quero ir para minha casa, mas sei que minha mãe não vai me deixar sozinha nesse momento. E talvez seja melhor.
– Vem maninha – falou Trent quando eu entrei. Eu o abraço, e ele me leva até o sofá, e papai entra na sala e se senta ao meu lado e eu sorrio. Isso me lembra a minha infância. Meu irmão mais novo sempre agiu como mais velho, mesmo eu sendo a mais velha. E papai, sendo papai.
– Estou bem. – Eu afirmo.
– Você tem carinha de anjinho, mas sempre se mete em problemas – falou Trent e eu o soco.
– Eu não me meto em problemas. – Digo e ele mexe a cabeça.
– A sua loba perseguia os problemas – falou papai e eu concordo.
– E eu vou junto – eu digo rindo e eles acabam rindo. Amo minha família.
Eu acabo dormindo no meu antigo quarto. Mas ainda dentro da casa da minha infância e com minha família, não me sinto bem. Me sinto acuada, preocupada e raivosa. Quero proteger meu companheiro. E o quero para mim. Nisso eu concordo com minha loba.
Temos que tirá-lo dali.
Essa ideia apareceu na minha cabeça desde do minuto que fiquei sozinha, mas tentei ignorar, e fiz o máximo possível, mas não dá mais. Não posso controlar o desejo de mantê-lo seguro.
Eu me levanto quando escuto um ruído no andar de baixo. Sem me preocupar muito eu vou até a escada e escuto meu avô falar com meu pai.
– Aquele homem que está na delegacia não é Liam, as digitais não bateram. Ele se parece com Liam, com a última imagem dele há quatro anos atrás, antes que ele sumisse do mapa. Mas não é ele. É bom não falamos nada a Isis. Você sabe como ela é... – falou meu avô e eu engulo em seco, ele sabe que escutei, não tem motivo para continuar com discurso. Volto para o meu quarto e espero meu pai aparecer aqui, pois ele sabe que escutei, mas quando ele não aparece, eu fiquei aliviada, ele sabe que quero ficar sozinha, mas esse alívio não dura muito tempo.
Quem é meu companheiro?
Só sei de uma coisa, não vou descobrir ficando sentada aqui. Não mesmo.
Sem esperar mais tempo. Eu troco de roupa e sai pela janela, como já fiz dezenas de vezes quando não estava conseguindo dormir e minha loba queria correr, mas dessa vez eu não vou correr. Eu vou cometer um crime.
Eu corro na floresta sem me transformar. Sou bem rápida na minha forma humana e sempre ganhei as corridas que fazia contra meus primos.
Eu quero me transformar, realmente quero, mas sei, se minha loba sair, ela vai tomar o controle e isso será ruim. Não posso simplesmente a deixar no comando. A última vez não foi bom.
Luto contra as memórias ruins e continuo meu caminho pela floresta, para chegar mais rápido na cidade. Se passa uma hora até eu chegar.
A cidade está deserta e isso me acalma, eu vou até a delegacia, e olho de longe o movimento. São pessoas humanas, que estão hoje de plantão. Bom.
Nenhum lobo da matilha vai avisar ao meu pai ou ao meu irmão. Não por enquanto. Eu respiro fundo e tento arrumar um jeito de entrar sem ser descoberta pelos os humanos, eles ainda sabem quem eu sou.
Mas meus pensamentos são parados quando uma grande explosão atinge a delegacia. E eu fiquei sem reação, foi em um piscar de olhos.
Eu vejo vários policiais saindo e isso me faz sair do meu estado de choque e corro para dentro das chamas. A explosão foi bem perto de onde ficam as celas.
Não. Não, não.
Eu evito as chamas e com a mão na boca me aprofundo andando pela delegacia, e aos poucos eu vou me aproximando de onde ele está.
Eu posso escutar uma respiração fraca, mas ainda significa vida. Ele está vivo. Isso me motiva para ir mais rápido. Eu engulo uma tosse quando vejo o estado das celas.
Tudo está em chamas ou quase tudo. Tem buraco na parede e no teto, as portas da cela estão distorcidas e eu corro até onde a cela dele devia está. Mas lá só tem escombros.
Eu comecei a puxar as pedras e o localizei pelo o seu cheiro. É um pouco difícil com toda explosão e alguns cheiros fortes provocados por ela. Mas eu quase choro de alívio quando o vejo caído no chão com uma barra de ferro em sua barriga.
Eu passo pelo o buraco e vou até ele. Eu pego a barra de ferro e tiro da sua barriga e ele geme, mas não acorda. Sem muito esforço, eu o puxo para está de pé, ou melhor eu quase o carrego para fora.
Eu olho pelo o caminho que entrei, mas ele está impossibilitado de voltar por ele, então eu o arrasto até o buraco que a explosão fez na estrutura.Eu o puxei com cuidado, e juntos nós saímos e um segundo depois o prédio desabou. Eu viro meu rosto e cubro o rosto dele com meu corpo, para nos proteger da grande poeira que vem do desabamento.
– Isis – gritou Derek, ele está lá.
– Temos que levá-lo ao hospital. – Eu digo vendo que seu ferimento está sangrando muito e um uivado me chama atenção e eu vejo pretinho. Ele está preocupado.
– Certo. Que merda! – Falou ele me ajudando com o meu companheiro.
Nós damos cinco passos até outra explosão acontecer e tudo que sei é que a escuridão me levou.
Maria Isis Eu acordo desorientada, mas não fico assim por muito tempo, me levanto rapidamente e meu olhar corre pelo o local atrás do meu companheiro e eu suspiro de alívio quando o encontro.Ele está caído de costas no chão. E seu ferimento ainda está sangrando muito, eu me coloco ao seu lado no momento que Derek chega, e juntos o levantamos.
Maria Isis Uma coisa que todos sabem sobre mim. Quando eu tomo uma decisão, eu não mudo, mesmo que seja uma má decisão e o que estou fazendo agora é uma má decisão. Mas tenho que fazê-la. Eu entro no quarto dele no momento que Margot estava saindo, mas eu não a deixo ir. Na verdade, ela era uma peça importante para esse plano funcionar. Por pouco tempo, mas é o tempo necessário para eu fugir com ele sem ser vista. – O que está acontecendo? – ela pergunta. Ela me conhece bem o bastante e sabe que algo está errado pela expressão do meu rosto. – Algo ruim. Não posso deixar eles o levarem para a prisão &nd
Maria IsisEu uso a minha força para tirá-lo de cima de mim e o jogo de volta para a cama. Minha loba não usou toda a sua força, na verdade, ela foi a mais delicada possível. Ela e eu pela a primeira vez na vida estamos de acordo. Em não machucá-lo.Eu subo na cama ao seu lado e o mantenho no lugar. Ele está tentando lutar para sair da cama e isso me preocupa já que ele está machucado.– Você está machucado, se continuar assim vai se ferir ainda mais – eu falo firme e ao mesmo tempo suave.– Tenho que fugir. – ele diz entre os dentes e eu vejo a dor em seus olhos, isso me machuca.– Você não precisa. Você está
Maria IsisEu estava começando a gostar desse flerte que estava acontecendo com ele, e com certeza não gostei de sermos interrompidos. Mas eu sabia que meu irmão não ia esperar muito tempo.– É meu irmão. – Eu digo a ele, e ele concorda. – Agora se senta.Eu não espero que ele siga minha ordem antes de sair de perto, vou em direção a porta e não fico surpresa em encontrar meu irmão com meus primos. Ou pela genética, primos e tio. Mas prefiro chamá-lo de primos.– Bom dia, Isis – falou Brian vindo me abraçar.– Bom dia, meninos. Entrem, não é como pudesse impedir. – Eu digo, mesmo sabendo que eu p
Maria IsisEstou pronta para me transformar e ver qual é a sua reação ao me nota nua na sua frente, mas não faço, porque um forte som de disparo me faz olhar para trás e eu vejo sete homens com armas apontadas para mim.Não é difícil deixar meu companheiro para trás, e acaba esses idiotas que ousaram entrar no meu território. Usando a minha agilidade em quatro patas, eu pulo em um, e rasgo sua garganta com minha pata.Minha loba não está afim de ser boazinha. E ela reage como uma assassina que ela é. Desviando de dois tiros, eu mordo o braço de outro homem, e uso minha força para lançar ele em cima do outro atirador, e sei que matei os dois com o impacto, e me viro rápido para matar mais um. Ele conseguiu atirar e
AidenMerda.Eu me levanto e coloco as mãos na minha cabeça. Isso não é possível. Não é. Mas cara é, eu vi isso acontecer. Mas não posso me focar nisso agora.– Nós temos que sair daqui. – É tudo que digo no momento, temos que encontrar um novo lugar seguro, aí depois, eu vou lidar com ela sendo uma loba.– Você está machucado – ela fala se levantando e eu desviou os meus olhos do seu corpo. Ela está nua. E eu não posso me focar nisso. Não nesse momento.– Você também. – Eu digo ao volta para cozinha para pegar as facas e coloco dentro de uma mochila
Maria Isis– Por que você está indo tão rápido? – eu perguntei quando ele aumentou a velocidade.– Estamos sendo seguidos. – Respondo sério.– O que? Por que querem te matar? – eu perguntei cansada de não saber, só queria saber algo, não importa se for uma simples coisa. – Essa merda tem que parar.– Isis. –ele diz sério virando para a estrada seguinte. E eu olho para trás e vejo que tem três motos na nossa cola. Nunca vi elas na cidade.– Você não entende. Eu preciso disso! Nós precisamos ser honestos um com outro, já que vamos viver centenas de anos juntos! – Eu falo irritada. N&a
Maria IsisEu estava esperando que ele falasse qualquer coisa, menos isso. Ele é um caçador, ele mata a minha espécie. Isso não faz sentido. A pessoa que devia me ama, e cuida de mim, quer me matar.– Não. Não. Não – eu sussurro tentando controlar a minha loba. E o foco no carro de polícia passa por nós.– Maria Isis, você tem que entender. Eu fui ensinado a fazer isso. No começo não sabia o que estava rastreando, era um trabalho, simples assim, encontra o alvo e avisa, mas não demorou a ligar uma coisa à outra, foi difícil de acreditar que existiam lobos. Uma loucura. Mas minha equipe procurava lobos que faziam coisas erradas. Ou era isso que imaginamos. – quando mais ele fala, menos eu consigo respirar,