Capítulo 4

Maria Isis 

   Uma coisa que todos sabem sobre mim. Quando eu tomo uma decisão, eu não mudo, mesmo que seja uma má decisão e o que estou fazendo agora é uma má decisão. Mas tenho que fazê-la.

   Eu entro no quarto dele no momento que Margot estava saindo, mas eu não a deixo ir. Na verdade, ela era uma peça importante para esse plano funcionar. Por pouco tempo, mas é o tempo necessário para eu fugir com ele sem ser vista.

   – O que está acontecendo? – ela pergunta. Ela me conhece bem o bastante e sabe que algo está errado pela expressão do meu rosto.

   – Algo ruim. Não posso deixar eles o levarem para a prisão – eu falo.

   – Mas ele não pode sair daqui está estável. – Margot fala.

   – Ele tem que sair daqui. E você vai contar uma pequena mentirinha, vai informar a certo senhores sobre um certo paciente que morreu por um ataque cardíaco. Quando eles descobriram que é mentira, já estarei longe – eu falo indo até a cama. Eu sou forte graças a minha loba, ela pode levá-lo sem muita dificuldade.

  – Isso é loucura Isis. – ela fala.

  – Alguém tentou matar ele nesse hospital. E eu tenho certeza que as tentativas não vão parar até ele estiver morto. E eu não posso deixar. – eu falo desesperada. E vejo pretinho aparecer do lado de sua cama. Ele está desaparecendo e aparecendo desde que estamos no hospital.

  – Ele está machucado, não pode sair – Margot informa e eu olho para ele. – Eu não vou deixar nada acontecer com ele.

  – Você não pode garantir isso. – eu falo. E minha loba concorda. Só nós podemos protegê-lo.

  – Posso, enquanto ele estiver nesse hospital, ele está seguro. Eu cuido dos meus pacientes. Eu vou dar tempo para ele se recuperar antes que você faça algo contra a lei. E ninguém pode saber que você está com ele ou vão desconfiar que você o ajudou a fugir, quando ele fugir  – Ela fala e sai do quarto. Ela é esperta, tenho que admitir e também não está errada.

  Eu respiro fundo e me concentro em escutar Margot falando com o Daniel e ela conseguiu convencer que ele precisa ficar internado por alguns dias. Mas eu sei que esses dias vão ser ruins.

  Eu tenho que tirá-lo daqui. Ele só vai estar seguro longe de Daniel. E de quem estiver tentando matá-lo. Mas não sei quem é, mas vou descobrir. Porém, neste momento, tenho que protegê-lo.

   – Eu protejo o que é meu. – Eu falo contra seu ouvido e o escuto suspira, e os batimentos do seu coração me deixam calma. Ele está vivo e eu o vou manter assim. – Você é meu.

   As horas se passam e eu fico de olho na porta, não posso deixar mais ninguém se aproximar dele. Não quando eu sei que estão com más intenções.

  – Não, Daniel. Meus policiais vão ficar aqui de guarda até o paciente ser transferido. – a voz do meu avô me desperta. Eu nem percebi que estava dormindo.

  Eu amo meu avô ainda mais por isso. Olho para o meu companheiro que ainda está perdido em seu sono e isso me preocupa, eu queria ver seus olhos novamente. Olhos que eu já amo.

 – Vocês têm que sair daqui – falou Vovó no momento que entrou no quarto.

 – Eu sei. –eu falo.

 – Alguém tentou matar ele... – vovô falou e eu o cortei.

 – Então ela confessou. Ótimo. Quero aquela cadela presa – eu falo irritada.

 – Não sei do que está falando. A explosão da delegacia foi criminosa, e as provas que encontrei indicam que foi para matar o seu companheiro, já que a área mais afetada em todas as explosões foi as celas. Claro, depois todo o prédio caiu, quase escondendo os rastros do acontecido. Mas eu consigo achar qualquer pista, nada passa batido por mim. – falou meu avô.

  – Eu peguei uma vadia tentando matá-lo envenenado ontem a noite. – eu falo colocando a mão na testa.

  – Ele sabe de algo muito importante. Ou o Daniel, não tentaria transferi-lo em tão pouco tempo, e ainda tem a assinatura do Juiz mais famoso na capital – Vovô fala e eu concordo.

 – Eles querem matá-lo. – Eu falo olhando para meu lindo companheiro.

 – Então vamos dar um morto para ele – papai falou olhando para mim. Ele tinha acabado de entrar no quarto junto com a minha mãe.

 – Obrigada – eu digo querendo chorar, mas me seguro. Mamãe vem me abraçar e isso me leva ao choro.

 – Vamos fazer isso rápido. – falou papai.

 – Vocês já tem um plano? – eu perguntei fungando. Eu amo minha família e eu faria tudo por eles.

 – O seu plano. Margot nos falou. Isso vai levar algumas horas até você fugir com ele. Não temos tempo para algo mais criterioso, não com Daniel em nossos pescoços, que dizer no dele – falou vovô apontando para cama.

 – Você quer que eu o transforme? – mamãe pergunta para mim e eu mexo minha cabeça em negação.

 – Não. Será melhor ele continuar sendo humano por enquanto. Posso contar sobre nosso mundo com cuidado e não correr o risco dele perder o controle do seu lobo, e matar a pessoa que quer matá-lo, se ele soube, é claro. Isso pode trazer atenção negativas para nós. E nós sabemos que os seres humanos não devem saber da nossa existência, não quando eles são tão numerosos e têm tecnologia para nos matar. Temos que proteger a nossa espécie. Por enquanto é melhor assim. – eu explico olhando para ele na cama. Quero que ele se cure, mas tenho que pensar no seu bem. E eu vou cuidar dele.

  – Você cresceu muito, minha filha. Tenho orgulho de você. – Mamãe fala sorrindo. E eu concordo com ela.

 – Eu sei. Quem pergunta por mim, fui viajar, já que estou de férias. – eu falo pra ela quando ela se junta a papai.

 – Ok. Cancún foi seu destino. – Mamãe fala antes de sair.

O plano foi colocado em prática uma hora depois. Eu tive que me esconder no momento que Daniel entrou no quarto para de fato comprovar que ele estava em estado grave, e Margot e as enfermeiras da matilha, fizeram parecer que meu companheiro teve uma parada cardíaca. Então sua morte foi um sucesso.

  Ou, vai ser até não existir corpo para enterrar, mas um problema de vez. Eu olho para o relógio, e espero no corredor onde fica o necrotério do hospital.

  Eu respiro aliviada quando sinto o seu cheiro, ele está perto. Papai e Margot estão trazendo ele em uma maca com um lençol branco cobrindo o seu corpo.

 Eu abro a porta da saída de emergência e vejo se tem alguém que possa notar o meu movimento, e fico aliviada quando não encontro ninguém, e mando eles trazerem a maca. 

  Com a minha ajuda e do papai, eu consigo colocar ele no carro da mamãe. E antes de partir troco algumas palavras com Margot, sobre como posso cuidar dele da melhor forma possível sem prejudicá-lo, mas não preciso de muita instrução para cuidar dele.

  – A cabana da sua mãe é a melhor escolha. Se algo ocorrer nos avisamos – papai fala antes de sair de perto da janela do carro e eu concordo.

Quando saiu do estacionamento do hospital, eu e minha loba respiramos um pouco aliviadas nesse momento, mas ainda falta muito para eu estar totalmente aliviada, isso só vai acontecer quando ele estiver em segurança, e nada de ruim entre nós.

  Eu ignoro as imagens atrevidas que minha loba manda para minha mente, onde nós nos divertimos sem muita roupa. Não é o momento para isso.

  Eu limpo minha mente e faço uma lista. Sempre sou boa com listas e isso foi um meio que me ocorreu para controlar a minha vida e minha loba. Mas às vezes, poucas vezes, ela falha. Mas as variáveis são positivas, e isso ultrapassou o negativo, por isso que continuou a fazer listas.

  Colocá-lo em segurança. Feito.

  Um lugar seguro. Feito.

  Morde-lo e.... Não, não. Isso não. Ainda não. Eu paro minha loba quando ela se infiltra nos meus pensamentos. Nesse momento a lista não está sendo uma boa ideia.

  Eu paro o carro na garagem, e saí dele. Não é difícil tirá ele, ele é forte e musculoso, mas minha loba pode com seu peso. Então eu o levo com o maior cuidado até a cabana e o colo na cama.

  A casa está limpa, já que mamãe ama esse lugar, e uma vez ou outra foge do papai para fazê-lo segui-la e aí eles se divertem nesse lugar. Não tem como não saber dessas escapadas, eles sempre voltam mais animados.

  Eu olho para ele por alguns minutos, antes de decidir tomar banho. Não estou gostando do meu cheiro. E eu preciso pensar.

  Não quero machucá-lo. Quero dizer não quero que minha loba fique louca e sem querer  o machuque.

  Nunca vou machucá-lo.  Ela rosna ao me lembrar que ainda está presente na minha mente, mas eu faço questão de ignorar. Mas não é tão fácil assim.

  Eu estou quase terminando o banho quando eu escuto seu gemido, e isso me faz pegar a toalha, e saí do banho apressada. Mas notei que seus olhos estão fechados.

 Então eu me aproximo para ver se ele acordou mesmo ou só estou imaginando, mas não tenho tempo de reagir. Ele se joga em cima de mim e suas mãos vão para o meu pescoço. 

  E minha loba toma o controle.

  Droga.

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