Somente Dele
Somente Dele
Por: Leoa Queen
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Thalita

Eu poderia começar me lamentando por minha triste história de ser rejeitada pela minha mãe que inconsequente me teve aos 14 anos e não suportou a responsabilidade de cuidar de uma criança, antes, fugiu porque não poderia perder sua juventude.

Então me deixou com minha avó que mais parecia uma bruxa. E não perdia a oportunidade de me jogar na cara que eu estava na casa dela de favor, mas vou começar contando sobre meu atual estado.

Não usei todo meu passado para me deteriorar mais. Eu o usei para me impulsionar. Mudei onde não me agradava e busquei melhorar naquilo que eu era boa.

Depois que concluir o ensino médio procurei trabalho como uma condenada, mas parece que Deus queria testar a minha fé para saber se eu realmente buscava minha melhora.

Insisti, quebrei a cara muitas vezes por falta de experiência, por falta de curso, pela idade.

Foi então que uma vizinha me arrumou um trabalho de diarista.

Não pensei duas vezes, fui no apartamento e dei o meu melhor.

Tanto é que estou lá até hoje, já explico.

De lá me apareceram mais casas para ir, até que minha semana estava totalmente lotada. Isso era maravilhoso, pois não precisava ouvir minha avó me julgando e me humilhando por ser um estorvo na sua vida.

Depois de dois anos nessa luta, aluguei um lugar somente meu. E mesmo assim continuei trabalhando todos os dias da semana. Quando completei 20 anos enfim comprei meu canto. Era pequeno, mas era meu. Um problema a menos.

Nesse mesmo ano estudei, estudei demais. Onde eu tinha oportunidade estudava. E consegui pelo ProUni uma bolsa na FGV de direito. Mensalidade aqui eu não poderia pagar. Mas meu foco de sempre melhorar o que já estava bom me fez insistir na melhor.

Estou no último ano, no último semestre e sou representante de turma. Muitos olham para o meu rosto e pensam que sou uma garota boba, mas o meu progresso só eu sei o quanto me custou.

Minhas boas notas não caíram do céu, ela veio por noites de estudo, enquanto a turma se encontrava para beber, porque os pais garantiriam um bom futuro sem ao menos eles se esforçarem. Porque ao contrário deles eu me importava com cada minuto que eu me dedicava em sala de aula.

Minha casa fica no bairro da Saúde. Linda. Amo meu lar, aprendi a valorizar cada pequena coisa que conquisto, pois sei quantas lágrimas me custou estar onde estou hoje.

...

Atualmente ainda trabalho em três casas de faxina e dois dias na semana faço estágio na Mousselei advogados e associados.

Escritório de advocacia referência no Brasil.

Minha beleza me fez chegar aqui? Não. Meu professor é irmão de um dos associados e me indicou como estagiária; tudo é óbvio que foi consequências de minhas boas notas. E eles estão gostando muito do meu trabalho. Estou auxiliando em alguns casos, mesmo sendo estagiária, eles viram meu potencial. Não tenho porque ser humilde nesse quesito, afinal são frutos de uma semeadura muito sofrida.

Tenho uma amiga, a Carol, ela também faz direito na mesma sala que eu. Doida, mas gosto dela.

Toda Barbie, dizendo ela que tem uns caras que bancam por isso não pode perder a beleza.

Ás vezes parece vazia, mas eu sinto que é uma boa pessoa.

...

Sai da casa da dona Iandra já em cima da hora para pegar o ônibus. Foi a primeira casa que trabalhei e pela força que eles sempre me deram permaneço lá até eu concluir meu curso e eles me entendem por isso.

Cheguei na faculdade e sentei no meu lugar habitual, a cadeira da frente. Logo o professor entrou e começou a aula.

Não demorou muito a Carol entrou com suas roupas que valorizam suas curvas e seu perfume que eu amo.

Carol: Boa noite.

_ Boa.

Voltei minha atenção para a aula e assim fiquei até terminar, ela sabe como sou focada e não gosto de ser interrompida.

Na saída passei na barraca de lanche para tapear a fome.

Carol: Ei! Tá fugindo?

_ Não, só estava louca por comida. Não como nada desde as quatro.

Carol: E vai comer isso? Você é louca! Depois está cheia de celulite.

_ Quer um pouco da minha Coca? - Pergunto debochada.

Carol: Deus é mais. Você não está bem para me oferecer isso.

Carol é linda, com seu corpo maravilhoso todo trabalhado na academia, eu por outro lado não tenho tempo e nem disposição.

_  Um pouquinho? - Lhe ofereci rindo da sua recusa. - Olha esse xbacon, hummmmmm que delícia. - Dei uma mordida bem generosa.

Carol: Sai daqui Thata. Vai fazer o que na sexta?

_ Esse fim de semana vou revisar algumas matérias.

Carol: Gata, você é a única da turma que já fechou o semestre faltando dois meses para concluir o curso, vai revisar o que?

_ Preciso estudar né?

Carol: Bora pro meu favelão, relaxar a mente. Tirar um fim de semana de mulher.

_ Mas eu tenho fim de semana de mulher.

Carol: Gata, tô falando de depilar a Larissa e depois procurar um boy pra fazer carinho nela. Meu foco vai estar na favela esse fim de semana e eu não quero dar pinta sozinha. Sabe que eu não ando com aquelas coisas de lá né?

Acabei rindo do seu comentário.

_ E quer me arrastar? Doutora Thalita Coelho, num baile de favela?

Carol: É, aí tu já aproveita e conhece teus clientes, não quer ser criminalista? Então?

_ Meus clientes? Você é demais. E quem é teu foco?

Carol: O chefe, para poucos Vini Bom, para muitos Terrorista. - Fez uma cara de safada.

_ Bandido? Tô fora.

Carol: Bora me fazer companhia?

_ Até amanhã eu decido.

...

Bom, aqui estou eu subindo a Estrada das Lágrimas com a Carol no seu CrossFox vermelho com um som numa altura considerável e vidros abertos. Ela mora num condomínio que tem próximo a igreja da matriz.

Assim que chegamos no apartamento ela me liberou um quarto para me trocar, muito bonito o seu apartamento.

Carol: Olha, se quiser alguma roupa minha, fica à vontade. Hoje é pagode de leve. Baile é amanhã.

_ Tá bom. Vou tomar um banho.

Tomei um banho e aproveitei para lavar o cabelo. Algo de bom minha mãe me deu, meu cabelo, amo; chama bastante atenção. Apesar de na profissão que escolhi muitos julgam estar onde estou pela minha aparência por achar que não tenho competência, eu não me deixo abater, gosto de ver a cara de surpresa que eles fazem, porque só conhecem meu potencial quando abro a boca.

Depois do banho fiz uma escova no cabelo, também hidratei meu corpo e fiz uma maquiagem leve.

Fui para a sala esperar a enrolada, aproveitei e tirei uma foto no lindo espelho da sala que tomava uma parede toda.

Assim que postei, meu chefe visualizou meu status. Ele é um homem mais velho e não me leve a mal, não curto.

Não sou santa e nunca vou usar meu passado para me fazer de coitada porque sei que não sou. Sei da minha beleza e toda vez que vou na minha avó ela faz questão de dizer como sou parecida com minha mãe, e por essa aparência ela apostava que eu teria o mesmo futuro. Estou mostrando que não.

Assim que Carol acabou de se arrumar seguimos para a favela, era enorme pelo que vi.

Ela conhecia bem as ruas, porque não paramos em nenhum momento para obter informações. Demorou cerca de 30 minutos para chegarmos no tal bar lounge. Tinha um grupo ao vivo e muita gente. Mulheres lindas e homens lindos e bem vestidos na entrada, como ela aparentemente conhecia o segurança que ficava na porta a nossa entrada foi rápida. A maioria das pessoas de cara fechadíssima.

Carol foi nos guiando até uma mesa.

Carol: Vamos encostar aqui. Dá para curtir de boa.

_ Tá bom, tem garçom ou tem que ir lá pedir?

Carol: Que ir pedir o que gata? Daqui a pouco aparece um balde em nossa mesa.

_ Carol sou independente demais para ficar esperando um balde aparecer em nossa mesa.

Me levantei e fui até o balcão. Pedi uma caipirinha e um balde de Corona que sei que ela bebe.

Voltei para a mesa para esperar as bebidas porque o cara falou que ia trazer. Ela ficou com o maior bicão, que fique. Não estou me matando pra no final depender de homem e ele achar que pode me comer porque me pagou uma bebida.

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