Acordei totalmente destruída, e com uma perna em cima de mim.
Que noite!
Levantei devagar e me vesti, sai recolhendo minhas coisas que estavam espalhadas por toda casa. Fui no banheiro lavei o rosto para tirar o restante da maquiagem borrada e lavar a boca. Amarrei meu cabelo num coque frouxo e desci para pegar meus sapatos e bolsas que estavam largados próximo a porta.
Assim que pisei na rua vi que já era tarde porque o sol estava dando um espetáculo de tão quente. A rua era deserta, mas assim que atravessei num beco e entrei em outra rua vi o grande movimento de fim de semana.
Carros e motos para lá e para cá. Os bares com música alta e as pessoas aproveitando o merecido descanso semanal.
Procurei meu celular na bolsa e vi que tinha chamadas perdidas da Carol. Retornei na hora.
Carol: Cadê você gata?
_ Estou perdida na favela. Tu me abandonou ontem agora estou jogada as traças.
Carol: Tô de carro te procurando sua doida. Pergunta a alguém aí que rua você está.
Vi que uma mulher estava parada na porta de casa, fui até ela e perguntei. Passei o nome da rua pra Carol que me respondeu que já vinha me encontrar.
_ Você saiu e nem falou nada. - Lhe ralhei assim que entrei no ar fresco do carro.
Carol: Quando eu voltei não te achei mais. - Me respondeu rindo. - Estava onde? Passou a noite onde?
_ Com um cara aí.
Carol: Que cara? Qual o nome?
_ Querida, quando olhei para cara do sujeito nem lembrei de nome, só queria agir.
Carol: Finalizei com o Vitor. Ele é meu casinho antigo, então sempre que dá estamos juntos.
_ Ele é um moleque. Ah! Vini, o menino chamou ele de Vini. - Lembrei do nome.
Carol: Vini? Vini o que?
_ Não sei só chamou de Vini.
Carol: Não pode ser o meu, porque ele não estava aí ontem.
_ Eu hein, tu apaixonada num boy e dando pra outro?
Carol: Quem falou em paixão? Só que ali o patrocínio é forte, e pelo que sei é por um longo período.
_ Você é louca Carol. Vou pra baile hoje não, só essa noite já valeu pra mim. Vou pegar minhas coisas e ir pra casa.
Carol: Sério que vai me abandonar?
_ Desculpa amiga, fiquei sem pique.
Quando chegamos no apartamento, juntei minhas coisas e pedi um Uber até em casa.
Cheguei com o espírito da limpeza. Abri as janelas e liguei o som numa sofrência básica de Marilia Mendonça. Limpei meu quarto e aproveitei para trocar a roupa de cama. Depois fui para o banheiro. Por último ficou a sala cozinha e a pequena área de lavar roupa.
Estava exausta quando acabei. Onze horas da noite está eu aqui em frente ao notebook analisando alguns casos que meu chefe pediu para a próxima terça.
Acordei no outro dia com disposição zero para fazer almoço então fui na feira, amo comer pastel.
Não queria falar, mas na madrugada sonhei com aquele homem. E que homem.
Não vou pensar muito porque se não vou atrás, e isso eu não quero.
Mais uma semana se iniciou, acordei cedo e fui para a casa que eu faxino, esse trabalho é muito cansativo, permaneço pela consideração que ambos têm por mim, porque já estou a anos com eles, que mesmo tendo uma empregada na casa não me dispensaram para me apoiar na minha faculdade.
Não me envergonho. Foi onde eu encontrei oportunidade de buscar novas oportunidades e é disso que eu procuro me lembrar sempre.
Duas Semanas Depois.
Estou na minha saia mídi vinho combinando com a uma blusa preta e salto meia pata também preto, o cabelo amarrado num coque trabalhado e uma leve maquiagem.
Quando olho no espelho gosto do resultado. Estou parecendo seria e respeitada, apesar do rostinho bonito de menininha.
Pego a minha bolsa e minha pasta com os papéis que preciso e o notebook. E também minha mochila porque mais tarde ainda teremos aula.
Segui de ônibus até o escritório.
Assim que me formar trabalharei por um carro urgente.
...
Cumprimentei a recepcionista do prédio. Era um prédio lindo, opulento, eu amava esse lugar, em qualquer canto que você olhava emanava poder e era isso que buscava.
_ Boa tarde Sara. - Cumprimentei a minha colega de sala que também era estagiária.
Sara: Olá, o doutor Norberto pediu para ir até a sala dele.
_ Ok, obrigada.
Fui até a sala do meu chefe, dei duas batidas na porta e entrei.
_ Bom dia Doutor.
Norberto: Bom dia doutora, estarei em reunião com alguns advogados hoje e receberemos um cliente valioso para o escritório e muito sigiloso. Queremos sua presença.
_ Ok, estarei disponível. É sobre os relatórios que o senhor enviou?
Norberto: Sim. Às 10. - Aceno com a cabeça e saio.
O cara é líder de facção, está com o pai preso, que no caso é o chefe. Gasta fortunas com os advogados e virá aqui hoje para uma reunião como se fosse um empresário qualquer.
Bom são esses tipos de pessoas que vou me relacionar profissionalmente a partir de agora, então devo me acostumar.
Fui até minha sala e me preparei mais um pouco. Não quero parecer incompetente.
Fiquei no meu canto analisando o caso enquanto Sara corria para um lado e para outro imprimindo folhas e arrumando pastas.
No início era eu que fazia esse trabalho, hoje não mais.
Ela é uma boa pessoa só que nesse meio tem que aprender a ser tubarão.
Nunca precisei me deitar com nenhum associado para ter meu respeito aqui, minhas notas na faculdade, minha competência e meu caráter me fez conquista-lo. E posso dizer que são todos lobos procurando uma presa fácil para tragar ou como um trator te esperando para passar por cima.
Enfim chegou o horário. Esperei que todos se acomodassem e procurei um lugar vago, o cliente ainda não havia chegado.
Havia cinco advogados na sala. De todos eu admirava mais o Senhor Álvares, ele era respeitado em todo o escritório. Causas perdidas em suas mãos eram raras, e além do mais, irmão do meu professor.
Houve uma batida na porta e todos se colocaram de pé, eu fiz o mesmo.
A porta abriu e entraram duas pessoas.
A primeira, o moreno que acompanhava a Viviane. E o segundo meu coração descompassou.
Ele, em uma camisa social que parecia que ia explodir em seu braço. Duas correntes de ouro fina, sem exagero, calça preta jeans e sapatos pretos, eu dei uma conferida em seu material e estava ali o objeto que me faz ter sonhos loucos durante noites seguidas.
Norberto: Vinícius, como vai?
Vinícius: Vou bem doutor e o senhor? Funcionária nova? - Ele perguntou olhando descarado para mim.
Norberto: Nossa estagiária, está conosco a um tempo já, e agora está nos auxiliando em alguns casos. E não subestime sua carinha de boa moça.
Vinícius: Claro que não.
Seus olhos não saiam de mim, enquanto eu tentava disfarçar ao máximo o calor que crescia na minha intimidade, até que o vi caminhando em minha direção e puxando uma cadeira do lado da minha.
Vinícius: Olá doutora. - Disse baixo só para eu ouvir.
O doutor Álvares começou a se pronunciar sobre o progresso de alguns casos que envolvia a sua família e ele participava de tudo, eu mesmo nervosa permaneci atenta. Fazia algumas anotações que quando fosse me dada a palavra, pontuaria. Até notar Vinícius pegar o copo de água e levá-lo a boca. Eu juro que tentei não reparar, mas era impossível não perceber como o pomo de Adão subia e descia. Eu devo estar ficando louca, foco Thalita, foco. Ele colocou o copo na mesa novamente e esfregou as mãos nas pernas, movimento normal para quem estava presente até eu sentir uma mão subir pela minha perna levando também a saia. Álvares: Eles vão te chamar, associação ao tráfico. Ele riu com desdém. Álvares: Já te pedimos que controle a exposição. Vá tirar umas férias por algum tempo. Vinícius: Não dá, tenho outras metas para agora. A m
Novamente acordei com uma perna e um braço em cima de mim. Estava totalmente dolorida e destruída. Ao me mexer, gemi, atraindo a atenção de Vinícius que levantou assustado. Vinícius: Qual foi? Que houve? _ Você acabou comigo. Que horas são? Procurei um relógio ou até mesmo meu celular. Vi um na cômoda ao lado da cama, era dele, marcava 19:36. _ Aí meu Deus, você viu a hora? Eu tô ferrada. Meu estágio, a faculdade. Não acredito que você fez isso comigo. Vinícius: Relaxa meu, depois eu falo com o Norberto. _ Depois você fala? Você acha que eu sou alguma p**a para dormir com clientes do escritório? Eu não acredito que eu cedi? Que ódio, eu vou embora, vou tentar pegar pelo menos o último horário da faculdade. Vinícius: Relaxa meu. - Ele veio tentar me segurar. _ Relaxar? Você só pode estar
Passamos um tempo nos olhando, até que eu vejo surgir um sorriso nos lábios dela. Viviane: Conta comigo.- Eu sorri. Sou assim, nunca fui de fugir de problemas, bato de frente. Sou advogada para isso. No início a conversa surgiu tímida, mas eu contei minha história para ela, não toda, mas contei das minhas batalhas e que sempre fui independente. Ela me contou que namora o Mota, o homem de confiança do irmão. E que não foi criada pela mãe, que está sempre onde o pai está. Contou também sobre a rixa com a Carol. Viviane: Ela é uma p**a interesseira. _ Para mim ela é uma boa amiga. Viviane: Deve ser porque acha que tu não apresenta riscos, falando nisso, ela sabe que tu tá com meu irmão? _ Não sou de explanar meus relacionamentos por aí Vivi. - Ela riu. ] Continuamos selecionando a
Ouvi ele suspirar e depois entrar no banheiro. Ainda estava acordada quando ele saiu e se deitou. Ele me puxou para os seus braços e deu um beijo na minha nuca. Vinícius: Boa noite bruxinha. Te quero muito. Aquelas palavras cortaram meu coração. Preciso me afastar. Preciso me afastar. Preciso me afastar. Repetindo essas palavras eu dormi. ... O dia foi exaustivo como sempre é. Sai da casa do Vinícius cedo, não o acordei. Peguei a calça jeans e a blusa que tinha comprado, e por estar cedo fui até o guarda roupa dele e peguei um moletom preto com alguns detalhes marrom da Brookfield. Abusada mesmo. Sai e fui para o meu trabalho. Porque cheguei cedo, também acabei cedo então fui para casa e aproveitei para descansar. Meu celular tocou várias vezes, mas ignorei todas as chamadas. Precisava do meu momento. Porque meu coração j
Vinícius: Tô indo embora. Vamos? - Ele falou em meu ouvido por trás. _ Ah! A... Estava realmente sem palavras. Viviane: Boa noite amiga, e não vai embora amanhã, ou no caso hoje, vamos para um sítio. Lazer no domingo. Minha mãe vem nos visitar. Ooooo merda, e das grandes.
Desliguei o celular e não sabia onde enfiar a cara. Vinícius: Quem é essa? _ Uma colega de faculdade. Vinícius: E ela me conhece de onde? Minha família? _ Mora próximo a comunidade, ela quem me trouxe pro pagode. Vinícius: E tu já sabia quem eu era? _ Não, ela havia me contado sobre você, mas não sabia quem era. Só soube realmente no escritório. Vinícius: Suave. Ele foi o restante da viajem calado. Ficou um clima estranho entre nós dois até chegar no local. Era um sítio em Mairiporã, e que sítio, lindo demais. E já havia alguns carros estacionados. Ele desceu e colocou os óculos totalmente frio e distante. Eu peguei a bolsa e arrumei meu vestido. Vinícius seguiu na frente e eu fui logo atrás. Ainda em silêncio. Ele nem se preocupou em
Acordei na segunda com uma dor de cabeça, mas mesmo assim me troquei para ir trabalhar. Tomei um Dorflex e uma xícara de café para animar o dia, me preparei e sai de casa. ... A noite cheguei na faculdade e antes de entrar fui na barraquinha de lanche e pedi o meu de sempre. Subi para a sala e fiquei revisando algumas aulas. Até que meu professor chegou. Professor: Tudo bem? _ Tudo sim professor. Professor: Ainda não estamos em aula pode me chamar pelo nome. _ Ok André. André: O que aconteceu? Você faltou na quinta. _ Tive um problema. André: Mas já resolveu? Precisa de ajuda? _ Não, já está resolvido e estou voltando com foco total. André: Certo, e o TCC. Não mudou nada né? Achei ele incrível. Acabei ri
Viviane é louca, me fez entrar na favela mesmo depois de eu ter dito que não aceitaria seu convite. Com ela era tão fácil de fluir assuntos, me disse que morava com o namorado, que no início não foi bem quisto pela família, já que o Mota, Rogério, era amigo de longa data do Vinícius. Fomos até a sua casa. Viviane: Vem, estou sozinha aqui, os garotos viajaram na quarta para o Pará, era para ter voltado hoje de manhã, mas como não voltou vamos curtir um bailão de meninas. _ Isso vai dar problemas? Viviane: Claro que não! Mas eles não precisam saber. – Riu de sua própria resposta. Era a cara do problema já que os meninos a superprotegiam, mas se ela não liga, quem sou eu né? Me arrumei no quarto de hóspedes da casa, coloquei uma calça jeans apertada preta e um body de renda branco. Fiz uma maquiagem leve e finalizei o cabelo com secador. Viviane: Vamos gata