— É ela, só um minuto, senhor.— Oi, Lily. Como estão as coisas por aí? — Ela colocou no viva voz.— Péssimas, acabei de perder um paciente. Uma criança de três anos de idade, Deli. A mãe… entrou em desespero. Dei a notícia, tive que sedar a jovem. E já vou para a terceira cirurgia.— A enfermeira-chefe me disse. Você comeu?— Não vai dar tempo. Tomei um suco agora. O acidente foi muito feio, tem mais pacientes chegando a cada minuto. E não temos médico suficiente.— Lily, liguei para Candance e mandei um avião para ela. Ela deve chegar em pouco tempo. Quando vi a reportagem na televisão, também fiquei transtornada. Mas estou preocupada com você, porque pelo jeito vai varar a noite em cirurgia.— Obrigada por ligar para Candance; ela vai ajudar muito. E sim, vou varar a noite. — Estou indo levar comida para a senhora, e não me diga que não. Logo depois dessa cirurgia, vai comer, nem que eu tenha que amarrá-la. Entendeu?— Ok, não sei quando sairei do centro cirúrgico. Deixe com a enf
Quase pulei de felicidade no pescoço de Candance quando ela entrou no centro cirúrgico. Eu estava na higienização para iniciar a cirurgia.— Chegou bem? Está cansada.— Mesmo se estivesse, lá fora está um caos. Que acidente, hein?— Nossa, nem me fale. Perdi uma criança de três anos. Fiquei arrasada, mas não tinha como salvar.— Jack foi com Deli buscar-me no aeroporto, mas, com a imprensa toda aqui, voltou para casa.— E Deli?— Ficou. As famílias com vítimas fatais estão inconsoláveis. Ela está ajudando com elas.— Jack estava bem?— Quer a sinceridade?— Sim, sempre.— Fisicamente, sim, mas não sei, achei-o meio estranho. Incomodado com algo.— E pelo jeito, com o andar da carruagem aqui, iremos para casa, se tudo correr bem, só amanhã de tarde.— Não quer passar uma mensagem para ele. Acho que talvez ele se sinta melhor.— Estou sem celular aqui dentro do centro cirúrgico, doida, e no almoço de hoje ele ficou super estranho. Íamos sair, eu iria mostrar Lugano para ele, mas do nada
Algumas horas antes…Depois de conversar com o Dr. Wallace, a realidade tomou conta de mim. Eu e Sara, agora Lily, vivíamos em mundos completamente diferentes. Liguei para meu empresário e pedi que ele reservasse, para o mesmo dia, um avião particular. Partir sem despedir seria menos doloroso, e ainda pedi para não falar nada para mamãe ou Jeremy. Depois me acertaria com eles.— Está tudo bem, Jack? — Ele perguntou, preocupado.— Sim, só terminei meu tratamento aqui.Essa tinha sido a desculpa para ele; e família, ninguém sabia que tínhamos combinado de nos conhecer de novo.— O restante, fisioterapia e fono, posso completar aí.— Sua voz está bem melhor mesmo. Consigo entender tudo.— Preciso liberar a doutora Lily para voltar para Cannes. Ela me acompanhou, para me ajudar a fugir da mídia. Aqui foi um lugar muito tranquilo e me deu a paz que eu precisava, depois de tantos atropelos.— Ótimo. E parece ter adivinhado. A imprensa já está no meu encalço. Quer saber onde está o belo ator
A partir daquela noite em Lugano, tornei-me mais introspectiva. Por mensagem, o Dr. Wallace me informou que viria em definitivo em três semanas e que já havia encaminhado Jack para um neurologista amigo. Os exames estavam ótimos; eu não precisava me preocupar.Na verdade, não queria me preocupar mesmo. Decidi tocar minha vida. Não li a carta e nem sabia se um dia iria ler. Candance deixou-me à vontade, mas eu sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela insistiria para eu falar. E foi exatamente uma semana depois. Primeiro, ela me contou que a relação com Dawson e ela estava meio estremecida. Ela fez a abordagem bem certeira, pois me impus na hora.— Amiga, por favor, seja o que for, se ajeitem. Se for preciso fazer um sacrifício, por exemplo, de ter que ir para os Estados Unidos, vá. A não ser que você fale para mim que não o ama.— Eu o amo, mas está sendo apenas um período. Vou pedir uma folga para a dona do hospital, quem sabe ela me ajuda, e consigo ficar pelo menos dez dias em Nova Y
Fazia quatro meses que eu retornara a Los Angeles. Eu mal podia acreditar que, em poucas horas, estaria iniciando minha primeira leitura de roteiro após um sério acidente de carro e um tumor no cérebro. Era a glória para mim no âmbito profissional. Durante esse período, alterei o número do meu celular, decidindo não me sentir tentado a ligar para Lily ou enviar mensagens. Uma vez tomada a decisão, era seguir em frente e buscar novos caminhos. Se existisse outra vida, talvez nos encontrássemos nela.Quase não saí de casa, mas antigos amigos, ao saberem que eu estava bem, vieram até mim, e o encontro com uma suposta nova companheira aconteceu um mês antes do início da produção do filme, com a mesma atriz que contracenaria comigo. A renomada modelo Anne Loo, estava ingressando no mundo do entretenimento, não sendo apenas um rosto bonito, mas também possuindo o dom da atuação.Não estávamos namorando, deixei isso bem claro. Expliquei que passei por tantas coisas em minha vida nos últimos
Semanas antes…Na sala adjacente do advogado, enquanto esperava, observei outras pessoas relacionadas com o hospital entrarem e saírem do local. Vi a chegada do diretor do hospital e do sobrinho. Sentei-me mais perto da porta, preparando-me para escutar uma conversa que se mostrou bastante dolorosa.— Sentem-se, por favor.— Por que fomos chamados, senhor? — Perguntou o diretor intrigado.— Escutem esta gravação, por favor.O diretor reproduziu a gravação do meu celular para que eles ouvissem. Não pude ver suas reações, mas pelo som da cadeira que foi ao chão quando o ortopedista se levantou, percebi o impacto.— Que absurdo é esse? Isso é ilegal. Quem gravou isso?— A própria vítima, senhor. E ainda não levamos essa gravação para a polícia, que pode até não servir como prova, mas certamente lhe trará grandes problemas.— Você está envolvendo meu nome nessa sujeira, está ficando louco. A Dr.ᵃ Lily é a melhor pessoa que conheço, e o que importa é se ela foi uma atriz ou não. O seu hist
Atualmente…Eu saía do hospital já de noite quando fui abordada por ele. Com xingamentos e tentativas de violência, o antigo médico foi preso em flagrante e no outro dia parti, com medo, para Lugano. Eu precisava do colo de Deli, urgente, e de um lugar mais seguro para estar, pelo menos naquele momento. Era a minha esperança, mas não se concretizou.Deli buscou-me no aeroporto. Dentro do carro, ela ficou me apalpando, procurando ferimentos.— O que aquele crápula fez com você?— Hey, estou bem. O agressor só conseguiu me derrubar no chão. Um médico viu, a polícia chegou bem rápido.— Estou preocupada. Você vai ficar aqui. Não volte a Cannes, por enquanto.— Fique tranquila. Vou ajudar o Dr. Wallace aqui. Desde que ele chegou, não tive tempo de trabalhar com ele.— Tem certeza de que não está machucada?— Sim, os maiores ferimentos foram internos. Ele me xingou, me humilhou. Por sorte, não tinha muitas pessoas por perto, mas doeu. E nunca precisei tanto de Jack naquele momento, mas sei
Carly chegou a Lugano e apenas me enviou uma breve mensagem: ‘Cheguei’. Pela manhã, mamãe e Jeremy, para acabar com minha paz, apareceram em casa para tomar café da manhã comigo. Na verdade, eles só queriam especular se eu já sabia sobre Sara.— Filho, bom dia. Como vai? Já tomou café, está atrasado para o trabalho, ou tem tempo para nós?— O que querem aqui?— Tomar café com meu filho. — Respondeu mamãe.— E o que mais?— Nossa, Jack. Que desconfiança é essa? — Perguntou Jeremy.— Conheço vocês. Desde que voltei de Lugano, há meses, ficam me rondando para saber se estou bem ou se aconteceu alguma coisa. Querem saber se ainda amo a Sara?— Não, só achamos que ela aprontou algo para você, mais uma vez, e você voltou com o rabinho entre as pernas. Mas agora ela está pagando o preço por tudo que fez a você.— Como é, Jeremy? Você está me dizendo isso mesmo. Um ser humano, independente de quem seja, leva dois tiros à queima-roupa, por motivos fúteis, e você diz que ela merece. Sai da minh