— Está pronto? — questionou Lavínia quando paramos em frente ao portão de minha casa onde meus irmãos estavam me esperando. Meu coração bateu forte contra minha caixa torácica ao farejar o cheiro de Eros. A culpa comprimiu meu peito, ao lembrar que o machuquei e ainda fui embora sem me desculpar.
Assim que Lavínia abriu as barreiras que me prendiam ao redor da gruta, pude me conectar com Cibele. Ouvi-la em minha mente depois de tanto tempo, foi um alívio que não imaginei sentir.
Sempre achei a invasão de Cibele irritante demais, mas depois de passar tanto tempo sem ouvir a voz de minha irmãzinha, percebi o quanto senti falta disso. Pedi a ela que reunisse meus irmãos e me esperassem na casa, levantei um muro ao redor de minha mente, para que ela não espiasse o que se passava no meu interior.
O que tinha a conversar era um assunto
NikólasSentir a magia era uma coisa, agora ver Lavínia fazendo isso, era outra bem diferente.Ela parecia iluminar a sala como se seu corpo se acendesse em tons vibrantes e vivos. Os olhos assombrados de Eros se refletiam nos meus irmãos, que pareciam, assim como eu, extasiados com o poder que fluía de dentro dela, girando ao redor deles até estarem completamente absorvidos pela magia.Era incrível, surpreendente e, a coisa mais linda que já vi.Estava hipnotizado, vendo as marcas grotescas de garras se tornarem três linhas finas percorrer a sua face.Quando ela se afastou, Eros colocou a mão na bochecha com o olhar incrédulo.— O quê? — questionou, mas sua pergunta se perdeu no ar quando Lavínia oscilou em seus pés e Eros mal teve tempo de esticar os braços e segurá-la, antes dela desmaiar.— Eu não fiz n
LavíniaDespertei desorientada. Sentei e fui surpreendida por uma forte tontura, tudo pareceu girar e precisei fechar os olhos duramente sentindo a bílis subir em minha garganta.Já desmaiei algumas vezes depois de gastar muita energia, mas nunca me senti assim, como se minha cabeça fosse um balão prestes a explodir.— Beba isso, vai se sentir melhor. — Meus olhos se abriram subitamente, com a voz estranha soando muito próxima. Levantei de um salto e minhas pernas fraquejaram e o estranho segurou meu braço, antes que eu caísse.— Calma, não queremos que se machuque — indagou, empurrando um copo com água em minha direção.— Onde estou? Quem é você? — gaguejei, olhando ao redor.Estava em uma sala subterrânea, as paredes de pedra e o ar úmido do lugar me fez lembrar um mausoléu. Como fui par
NikólasQuando chegamos ao limiar da floresta, não havia nenhum sinal dos vampiros.— E agora? Qual é plano? — perguntou Hector.— Preciso encontrar Lavínia, sei que vai parecer loucura, mas o lobo sabe onde ela está, posso senti-lo gritando em minha mente. A marca não somente liga nossa morte, como também nossa vida. Quando estive na gruta com Lavínia, ela me disse que sou o lobo. Que somos a mesma pessoa e, que a chave para conseguir ter acesso às lembranças e memórias dele, eu precisava aceitar que somos o mesmo. Precisava abraçar o meu lado lupino, tenho que fazer isso agora e descobrir o que ele está tentando me dizer.— Tem razão, isso é loucura. O lobo é uma parte de nós, mas não somos os mesmos. Ele é uma fera assassina e nós humanos — disse Adônis com uma carranca.
NikólasDe volta em meu corpo, me deparei com os olhos arregalados de meus irmãos, seus rostos pasmos de surpresa.— O que foi? — questionei, levantando-me.— Só por curiosidade, estava falando com Lavínia, na sua mente? — interrogou Eros.Pelas expressões em suas faces, não precisava perguntar se estava falando em voz alta.— Sim, ela está na floresta sombria, mas alguma coisa a chamou e me empurrou de sua mente — contei, coçando o queixo pensativo. Seja qual for a entidade que tinha surgido tão de repente, senti o que Lavínia estava sentindo e fui arrebatado pela sensação de paz que a percorreu e isso me tranquilizou.— Preciso ir salvá-la, o mago maldito dos infernos, irá sugar a sua essência em seu aniversário. Tenho até amanhã para encontrar a entrada da floresta e chega
Nikólas— Essa floresta não está parecendo muito assustadora — indagou Eros quando uma borboleta com asas coloridas pousou em seu ombro.O sol raiava sobre as nossas cabeças, as árvores com as folhas verdes balançavam com o vento, trazendo uma brisa refrescante. As flores tão belas se estendiam por todo o caminho, que resplandeciam com a luminosidade dos raios do sol.Realmente, não parecia em nada com o que imaginava. Peguei o mapa em um dos diários no ancestral de Lavínia, descrevendo com precisão de detalhes o local onde estava a sua entrada coberta pelas raízes das árvores secas, indicando o caminho até a tumba de Archon.— Não se engane pelas aparências, mantenham os olhos abertos e atentos a qualquer sinal de perigo — orientei, enquanto percorremos a trilha nos embrenhando no coração da floresta.
LavíniaMeu coração bateu descontrolado em meu peito, quando Magnus entrou no círculo e empurrou um cálice dourado em minha direção.— Beba — ele ordenou. Engoli em seco e segurei o cálice com as mãos trêmulas.— O que é isso? — questionei com desconfiança.— Beba-o agora! — demandou novamente. Com uma força sobre-humana controlei o ímpeto de jogar o líquido em seu rosto.Não queria beber aquele negócio, apesar de minha barriga roncar audivelmente com o cheiro delicioso de morangos misturados com algum aroma levemente adocicado. Desde o líquido contendo a magia da cura, nem mesmo um copo de água me foi oferecido.Apesar de cada osso do meu corpo me mandar não tomar, acabei seguindo o fluxo até o momento certo de agir e sorvi um pequeno gole.
NikólasVoltei a forma humana e a segurei em meus braços. A mutação de lobo para humano aconteceu de forma tão simples e natural, com apenas o meu desejo de segurá-la contra o meu corpo e ampará-la. Somos o mesmo ser, ela disse e estava certa.Lavínia ergueu a mão com dificuldade e acalentou meu rosto, sua face transfigurada pela dor. Segurei com a minha e beijei sua palma. Sentindo a pulsação diminuir o seu ritmo a cada segundo.— Sinto muito, não sabia que o líquido do cálice era o sangue dele, se soubesse nunca teria bebido — ela murmurou com a voz tão baixa que precisei me curvar para ouvi-la. — O que irá acontecer com você? — ela questionou, apesar da dor, vi a preocupação em seu rosto. Infelizmente não sabia como aliviar o seu tormento. Isso nunca tinha acontecido antes, não que eu tives
NikólasA viagem até a grande Ilha onde meus ancestrais fundaram a aldeia para os homens e mulheres da minha raça. Foi feita em um silêncio carregado. Nos rostos dos meus irmãos, transmitia a mesma sede de vingança que queimava em meu interior. A presença de Lavínia ao meu lado era um sopro refrescante para o tormento de minha alma, conforme o barco se aproximava da costa.Assim que aportamos no porto, fomos recebidos pelos muros enormes que foram erguidos por toda a extensão para proteger o povo de um ataque de vampiro.Eu sabia mais do que isso. Esse muro não era para proteger as pessoas que moravam ali, mas sim, para aprisioná-las dentro das paredes de pedra, impedindo-as de ver o mundo e ter a chance de encontrarem sua companheira, mantendo-as assim prisioneiras do meu avô.Segundo meu pai, a lei do alfa era uma ordem indiscutível, seguido por geraç&otild