A manhã estava encoberta, e o céu cinza parecia refletir a tensão que Laura e Gabriel sentiam. Eles haviam se preparado para esse dia, mas a incerteza do que Clara poderia estar planejando ainda pairava no ar como uma ameaça invisível. No pequeno escritório de Samuel, o grupo se reuniu para revisar os passos finais do plano.Samuel estava à mesa, com sua pasta organizada e o laptop ligado, enquanto Laura e Gabriel sentavam-se lado a lado, visivelmente inquietos. Rafael, o jovem que decidira colaborar, parecia nervoso, mexendo nas mangas da camisa repetidamente.— Vamos recapitular. — Samuel começou, com o tom firme. — Temos as provas que Rafael nos forneceu: os documentos falsificados, as mensagens de Clara e os registros de sua parceria com Marcelo Leite. Essas evidências são suficientes para expor a fraude e desacreditá-los.— E qual o próximo passo? — perguntou Laura, sua voz carregada de determinação.— Clara precisa ser confrontada. Publicamente. — Samuel respondeu, olhando para
O dia seguinte amanheceu com um silêncio tenso. Laura e Gabriel sabiam que o confronto com Clara estava cada vez mais próximo, mas uma nova peça no jogo começava a se mover sem que eles percebessem.Samuel havia enviado uma mensagem na noite anterior, solicitando um encontro urgente. Ele tinha novas informações que poderiam mudar o curso da batalha, mas Laura sentia que algo estava fora do lugar. A insistência de Samuel parecia mais intensa do que o normal, e isso a deixava inquieta.— Gabriel, você não acha estranho o tom das mensagens do Samuel? — perguntou Laura enquanto revisava as provas mais uma vez.— Talvez ele esteja apenas preocupado. Ele sabe o quanto estamos perto de um desfecho e o quanto isso pode ser perigoso — respondeu Gabriel, tentando tranquilizá-la, mas sua voz carregava uma leve hesitação.Laura suspirou, afastando os papéis à sua frente.— Mesmo assim, não consigo afastar essa sensação de que algo não está certo. Depois de tudo o que passamos, confiar plenamente
A mensagem anônima continuava ecoando na mente de Gabriel. "Vocês confiaram na pessoa errada. O traidor está mais perto do que imaginam." Ele não queria acreditar, mas a possibilidade de alguém tão próximo estar manipulando tudo era inegável. Laura também parecia inquieta. Embora quisesse confiar em Rafael, algo na assinatura encontrada nos documentos forjados a incomodava profundamente.Na manhã seguinte, Gabriel sugeriu que revisassem as últimas conversas e eventos envolvendo Rafael e outros aliados.— Laura, precisamos organizar tudo. Há muitos detalhes que podem ter passado despercebidos.Ela assentiu, puxando seu laptop.— Vou começar pelas mensagens. Rafael pode estar dizendo a verdade, mas se houver algo inconsistente, vamos encontrar.Gabriel trouxe uma pilha de papéis com anotações feitas durante os encontros com Samuel, cruzando informações enquanto Laura analisava os e-mails. O silêncio era interrompido apenas pelo som de papéis sendo virados e o teclar constante.— Achei a
Clara estava satisfeita com o que acreditava ser uma grande vantagem sobre Laura e Gabriel. Com o falso dossiê em mãos, ela começou a movimentar suas peças no tabuleiro. Do outro lado, Laura e Gabriel sabiam que cada ação de Clara agora era baseada em mentiras cuidadosamente plantadas, mas a dúvida sobre quem realmente estava traindo sua confiança ainda pairava no ar.Naquela manhã, Samuel convocou uma reunião urgente. Laura e Gabriel encontraram-no em seu escritório, onde ele os recebeu com o rosto grave.— A situação ficou mais complicada. Clara agiu mais rápido do que prevíamos.Laura franziu a testa, sentindo a tensão aumentar.— O que ela fez?— Enviou cópias do dossiê para pessoas influentes. Estou falando de empresários, advogados e até jornalistas. Ela quer destruir vocês antes que possam se defender.Gabriel respirou fundo, controlando a raiva que crescia dentro dele.— Precisamos agir agora, antes que ela consiga convencer essas pessoas de que as mentiras são verdade.— Conc
A noite seguia fria e silenciosa, mas no centro da cidade, em um escritório discreto e mal iluminado, Marcelo Leite ajustava o nó de sua gravata enquanto revisava as imagens das câmeras que instalara secretamente no restaurante. O sorriso em seus lábios era calculado, quase predatório. Clara acreditava estar no controle, mas Marcelo sempre preferiu operar nas sombras, onde ele tinha a vantagem.Ele pausou a gravação na imagem de Clara inclinando-se para o jornalista, seu rosto confiante enquanto apresentava o falso dossiê.— Você jogou bem, Clara, mas subestimou o verdadeiro jogo. — Marcelo murmurou, levantando-se da cadeira.Ele pegou o telefone e discou um número.— Quero que os contatos estejam prontos. Vamos ampliar essa história, mas de forma controlada. Clara precisa aprender que ela não é intocável.Do outro lado da linha, a voz do interlocutor confirmou o pedido. Marcelo desligou e, com um movimento lento, acendeu um charuto, olhando pela janela enquanto a fumaça subia em espi
O segundo dossiê havia jogado Clara em uma armadilha cuidadosamente preparada por Laura, Gabriel e Samuel. Apesar disso, o jogo estava longe de terminar. A cada movimento, mais peças eram reveladas no tabuleiro, mas o papel de Marcelo agora começava a lançar sombras inquietantes sobre todos os envolvidos.Naquela manhã, Laura sentiu uma rara tranquilidade ao observar o céu ensolarado pela janela da cozinha. Era uma trégua momentânea, uma pausa antes de mais um confronto. Gabriel se aproximou, entregando-lhe uma xícara de café.— Alguma notícia do Samuel? — ele perguntou, com a voz calma, mas atenta.— Não ainda. Ele disse que precisávamos aguardar o próximo movimento de Clara antes de agir novamente. — Laura respondeu, girando a colher lentamente na xícara.— Ela deve estar furiosa agora. — Gabriel sorriu de canto.Laura riu, mas o riso logo deu lugar a um olhar sério.— Furiosa, sim. Mas isso significa que vai atacar de forma ainda mais imprevisível. Precisamos estar prontos.Antes q
O ar parecia mais pesado do que nunca na cobertura de Clara naquela noite. As provas deixadas por Laura e Gabriel estavam espalhadas pela mesa de vidro, cada documento uma facada em sua confiança em Marcelo. O silêncio do apartamento era interrompido apenas pelo som de seus dedos tamborilando no mármore da bancada enquanto ela processava as revelações.— Marcelo... — murmurou ela, com a voz baixa, quase inaudível.Por anos, Clara acreditou que estava no controle. Mas agora, pela primeira vez, uma dúvida insidiosa rastejava por sua mente. E se ela fosse apenas uma peça no tabuleiro de Marcelo?O telefone dela vibrou sobre a mesa, e o nome de Marcelo piscou na tela. Ela hesitou antes de atender, respirando fundo para manter a compostura.— Marcelo.— Clara, estava pensando em você. — A voz dele era calorosa, como sempre, mas agora soava quase ensurdecedora em sua falsidade. — Como está lidando com os desafios recentes?Ela apertou a mandíbula, escondendo o tremor na voz.— Estou lidando
Clara sentia-se como uma traidora, mas sabia que não havia mais como recuar. A cada dia que passava, tornava-se mais evidente que Marcelo não era apenas um aliado perigoso — ele era o inimigo oculto, controlando todos como marionetes. Ainda assim, entregar-se à ideia de ajudar Laura e Gabriel não tornava a situação menos assustadora.Ao retornar para sua cobertura, Clara encontrou um envelope deslizando por debaixo da porta. A caligrafia no envelope era elegante, mas o conteúdo, ao ser aberto, trouxe um frio à sua espinha. Dentro havia uma foto dela com Laura no parque, acompanhada de uma mensagem: "Trair nunca sai barato."Clara apertou os dedos ao redor do papel, sentindo o coração disparar. Marcelo sabia. Ele estava observando, e isso significava que o tempo estava contra ela.— Maldito. — murmurou ela, rasgando a foto e jogando os pedaços na lareira.Mas, enquanto as chamas consumiam as evidências, Clara sabia que o simples gesto não seria suficiente para apagar os rastros de sua