O segundo dossiê havia jogado Clara em uma armadilha cuidadosamente preparada por Laura, Gabriel e Samuel. Apesar disso, o jogo estava longe de terminar. A cada movimento, mais peças eram reveladas no tabuleiro, mas o papel de Marcelo agora começava a lançar sombras inquietantes sobre todos os envolvidos.Naquela manhã, Laura sentiu uma rara tranquilidade ao observar o céu ensolarado pela janela da cozinha. Era uma trégua momentânea, uma pausa antes de mais um confronto. Gabriel se aproximou, entregando-lhe uma xícara de café.— Alguma notícia do Samuel? — ele perguntou, com a voz calma, mas atenta.— Não ainda. Ele disse que precisávamos aguardar o próximo movimento de Clara antes de agir novamente. — Laura respondeu, girando a colher lentamente na xícara.— Ela deve estar furiosa agora. — Gabriel sorriu de canto.Laura riu, mas o riso logo deu lugar a um olhar sério.— Furiosa, sim. Mas isso significa que vai atacar de forma ainda mais imprevisível. Precisamos estar prontos.Antes q
O ar parecia mais pesado do que nunca na cobertura de Clara naquela noite. As provas deixadas por Laura e Gabriel estavam espalhadas pela mesa de vidro, cada documento uma facada em sua confiança em Marcelo. O silêncio do apartamento era interrompido apenas pelo som de seus dedos tamborilando no mármore da bancada enquanto ela processava as revelações.— Marcelo... — murmurou ela, com a voz baixa, quase inaudível.Por anos, Clara acreditou que estava no controle. Mas agora, pela primeira vez, uma dúvida insidiosa rastejava por sua mente. E se ela fosse apenas uma peça no tabuleiro de Marcelo?O telefone dela vibrou sobre a mesa, e o nome de Marcelo piscou na tela. Ela hesitou antes de atender, respirando fundo para manter a compostura.— Marcelo.— Clara, estava pensando em você. — A voz dele era calorosa, como sempre, mas agora soava quase ensurdecedora em sua falsidade. — Como está lidando com os desafios recentes?Ela apertou a mandíbula, escondendo o tremor na voz.— Estou lidando
Clara sentia-se como uma traidora, mas sabia que não havia mais como recuar. A cada dia que passava, tornava-se mais evidente que Marcelo não era apenas um aliado perigoso — ele era o inimigo oculto, controlando todos como marionetes. Ainda assim, entregar-se à ideia de ajudar Laura e Gabriel não tornava a situação menos assustadora.Ao retornar para sua cobertura, Clara encontrou um envelope deslizando por debaixo da porta. A caligrafia no envelope era elegante, mas o conteúdo, ao ser aberto, trouxe um frio à sua espinha. Dentro havia uma foto dela com Laura no parque, acompanhada de uma mensagem: "Trair nunca sai barato."Clara apertou os dedos ao redor do papel, sentindo o coração disparar. Marcelo sabia. Ele estava observando, e isso significava que o tempo estava contra ela.— Maldito. — murmurou ela, rasgando a foto e jogando os pedaços na lareira.Mas, enquanto as chamas consumiam as evidências, Clara sabia que o simples gesto não seria suficiente para apagar os rastros de sua
Marcelo estava furioso. Ele sempre esteve um passo à frente de todos, mas agora sentia o terreno começar a desmoronar sob seus pés. O pen drive com as informações que Clara entregara a Laura e Gabriel era uma ameaça real. Ele sabia que, se aquelas provas caíssem nas mãos certas, tudo que havia construído estaria acabado.Do outro lado da cidade, Laura e Gabriel trabalhavam freneticamente com Samuel para reunir o dossiê final. Eles estavam confiantes de que tinham tudo o que precisavam para incriminar Marcelo e acabar com sua rede de manipulação.— Samuel, isso realmente é suficiente para derrubá-lo? — perguntou Laura, enquanto analisava os documentos na tela do laptop.— Sim. — Samuel respondeu com firmeza. — Temos conexões diretas entre Marcelo e os contatos dele no sistema judicial. Também temos provas de que ele está por trás das tentativas de incriminá-los.Gabriel cruzou os braços, mas sua expressão ainda era cética.— E Clara? Podemos realmente confiar que ela não está jogando d
Marcelo segurava o charuto com firmeza, enquanto seus olhos analisavam atentamente a tela do computador. O golpe contra ele havia sido engenhoso, mas nada que pudesse derrubá-lo por completo. Ele sempre tivera um plano de contingência, e agora era o momento de colocá-lo em prática.— Elias, continue monitorando Laura, Gabriel e Samuel. Quero saber cada passo deles. — Sua voz era cortante, carregada de determinação.Do outro lado da linha, Elias confirmou:— Já tenho rastros das conexões deles. Mas parece que estão dividindo os dados em várias fontes para dificultar o acesso.Marcelo sorriu de forma calculada, apagando o charuto.— Não importa. Eles podem correr, mas não podem se esconder.Ele fechou o laptop e se levantou, ligando para um de seus contatos mais influentes.— Quero que tudo esteja pronto amanhã. Acione os contatos no sistema judicial. É hora de virar isso contra eles.Do outro lado, o contato hesitou por um momento antes de responder.— Tem certeza, Marcelo? Isso pode s
O brilho da tela refletia nos rostos de Laura, Gabriel e Samuel enquanto o alerta "Acesso negado. Rastreando invasores" permanecia fixo no monitor. O ar no pequeno escritório parecia pesado, sufocante, e o silêncio foi quebrado apenas pelo som de Samuel teclando freneticamente.— Ele sabia. Marcelo estava esperando por isso. — Samuel murmurou, a tensão evidente em sua voz.— O que isso significa? — Laura perguntou, sentindo o estômago revirar.— Significa que ele não só bloqueou nosso acesso, como está nos rastreando. Ele sabe que estamos tentando invadir.Gabriel cruzou os braços, seu semblante endurecendo.— Temos que sair daqui agora.Samuel levantou-se abruptamente, já começando a fechar o laptop e empilhar os documentos.— Não há tempo a perder. Marcelo provavelmente já acionou alguém para nos encontrar.Laura olhou ao redor, sentindo a adrenalina crescer.— E as provas? Temos algo que ainda possamos usar?Samuel fez uma pausa antes de responder, pegando um pen drive de seu bolso
O som abafado de passos ecoava pelo lado de fora do galpão. Laura, Gabriel e Samuel estavam escondidos atrás de uma pilha de caixas enferrujadas, os corações disparados e os ouvidos atentos. A voz calma, quase cruel, de Marcelo continuava ecoando do lado de fora.— Não precisam tornar isso mais difícil. Vamos resolver isso como pessoas civilizadas. Vocês querem provar alguma coisa? Provem para mim.Samuel segurava sua pequena arma com firmeza, os olhos analisando a única entrada principal do galpão.— Ele está tentando nos intimidar. — Samuel sussurrou.— Está funcionando. — Gabriel respondeu, com os dentes cerrados.Laura colocou a mão sobre o braço de Gabriel, tentando acalmá-lo.— Não podemos entrar no jogo dele. Marcelo quer que saiamos para termos menos vantagem.— E se não sairmos, ele vai invadir. — Samuel respondeu, ainda de olho na entrada. — Precisamos de um plano.— Já que estamos cercados, nossa única opção é criar uma distração e encontrar uma saída. — Laura disse, olhand
O motor do carro roncava em alta velocidade enquanto Laura, Gabriel e Samuel tentavam se afastar da confusão no galpão. O silêncio pesado dentro do veículo era quebrado apenas pela respiração ofegante de cada um, ainda abalados com o confronto. Laura olhava para trás, temendo que a qualquer momento Marcelo e seus homens pudessem surgir no horizonte.— Você acha que conseguimos despistá-los? — perguntou Gabriel, a tensão evidente em sua voz.— Por enquanto, sim. — Samuel respondeu, sem tirar os olhos da estrada. — Este carro não está rastreado, e estamos usando uma rota que eles não conhecem. Mas isso não significa que estamos seguros.Laura olhou para o pen drive que Samuel segurava como se fosse a única coisa que os mantinha vivos.— Temos provas suficientes para derrubá-lo? — ela perguntou, a preocupação marcando cada palavra.— Sim, mas precisamos agir rápido. Marcelo não vai ficar parado enquanto tentamos expô-lo. — Samuel disse.Gabriel cruzou os braços, seu olhar fixo no horizon