DavidO desejo pode ser uma maldição. No instante em que vejo Lizandra atravessar o campus, a minha respiração falha. O mundo ao meu redor se dissolve, e tudo o que resta sou eu e a mulher que me atormenta noite após noite. Eu a quero de uma forma que beira o irracional. E o pior? Ela ainda não faz ideia do que sou capaz para tê-la.— David? — a voz de Vilma me chama de volta à realidade.Desvio o olhar de Lizandra e encaro Vilma, que fala alguma coisa sobre um evento da faculdade. Não me importo. Meu foco está todo na garota de olhos azuis brilhantes que se aproxima, completamente alheia ao que provoca em mim.Quando Lizandra finalmente chega, sorrindo, eu marco território sem hesitação. Seguro sua cintura e a puxo contra mim, selando nossos lábios em um beijo firme, possessivo. Sinto o leve sobressalto dela antes de ceder ao meu toque. Vilma pigarreia desconfortável ao nosso lado, mas eu não poderia me importar menos. Quando me afasto, um sorriso de satisfação se espalha pelo meu ros
DarlanAs chaves do quarto dela pesam no meu bolso como se carregassem muito mais do que o metal. Cada passo que dou pelo corredor parece ecoar no vazio, e meu coração bate num ritmo estranho, incomum. Silvia Caruso. Essa garota não devia significar nada para mim. Ela é só mais uma peça no tabuleiro da máfia, um problema a ser resolvido. Mas algo nela me deixa em alerta. Não é apenas o fato de ser linda, nem a tragédia que caiu sobre ela. É algo mais profundo. Algo que me faz querer protegê-la, mesmo sabendo que não deveria.Chego na porta e respiro fundo. Bato duas vezes antes de destrancar. Quando a porta se abre, o cheiro doce e fresco invade meus sentidos. Lá está ela, sentada na beira da cama, os olhos inchados de tanto chorar, mas, ainda assim, deslumbrante. Uma trança delicada pende sobre o ombro, e a camisetinha branca molda cada curva dos seus sei0s, enquanto a saia apertada destaca suas pernas. É um absurdo o quanto essa garota é linda. Putta que pariu, Darlan, controle-se.
DavidSentar à mesa com minha família é um ritual que jamais deixamos de lado, por mais atarefada que seja a rotina. Não é apenas um almoço, é o momento em que a máscara de empresários e mafiosos cai, mesmo que só por uma hora. Aqui, dentro das paredes da mansão Lambertini, somos apenas uma família. Ou algo que se aproxima disso.Mamãe, Liana, está à cabeceira da mesa, como sempre, equilibrando a figura de esposa submissa e matriarca imponente. Quem a vê fora daqui, respondendo apenas quando papai, Don Vittorio, lhe dirige a palavra, um passo atrás dele, jamais imaginaria o furacão que ela se torna dentro de casa. Mas aqui, no nosso mundo particular, ela é quem dita as regras. E ninguém ousa contrariá-la.À mesa, as gêmeas, Alice e Alícia, estão em um duelo silencioso para ver quem consegue fazer menos barulho com os talheres. Darlan, meu irmão, está ao meu lado, atento ao que será discutido depois. Papai, à outra cabeceira, saboreia cada garfada como se tivesse todo o tempo do mundo
Dois meses depois DavidO tédio dessa aula é uma tortura que nem mesmo o pior dos meus inimigos mereceria. Estou preso nesse inferno acadêmico, rodeado por cabeças balançando em falso interesse e vozes que soam como um zumbido interminável. Sinto meu sangue ferver com cada segundo perdido aqui, e minha mente insiste em vagar até Lizandra. Cada detalhe dela invade meus pensamentos, sua risada suave, o jeito como desvia o olhar quando está nervosa, e, claro, o calor incontrolável que ela desperta em mim. Eu não sou um homem paciente, e essa espera está me destruindo.Finalmente, o professor declara o fim da aula, e um suspiro coletivo de alívio ecoa pela sala. Estou quase alcançando a porta quando Vilma, uma colega de classe, se aproxima com um sorriso malicioso que conheço bem demais.— David, pode me dar uma carona? — ela pergunta, mordendo o lábio inferior, como se isso fosse algum tipo de convite irresistível.Não vejo como negar sem parecer rude, então apenas assinto com a cabeça.
DavidMeu coração dispara como se estivesse prestes a cometer um crime. Talvez esteja. Lizandra está ao meu lado, tão linda e etérea que parece irreal, e eu, um pecador sem perdão, só consigo pensar no quanto a desejo. Enquanto a levo pela mão até minha cobertura, sinto o calor de sua pele, a maciez de seus dedos entrelaçados aos meus, e uma corrente elétrica percorre meu corpo. Ela me olha, seus olhos azuis brilhando de curiosidade e um toque de nervosismo, e é tudo que preciso para saber que estou completamente perdido por essa mulher.— Você está bem? — pergunto, a voz mais suave do que eu pretendia.Ela apenas assente com um sorriso tímido, mas posso ver como a respiração dela muda conforme subimos o último degrau. Ao abrir a porta da cobertura, mostro a vista deslumbrante de Buenos Aires iluminada pela noite. As luzes da cidade parecem ecoar a intensidade que sinto por dentro.— Uau... — ela sussurra, caminhando até a varanda de vidro.Sigo atrás dela, incapaz de desviar o olhar.
David Eu nunca pensei que ficaria tão nervoso por causa de uma mulher. Meu coração está a mil, a mente não para, e minhas mãos suam como se eu fosse um adolescente prestes a ter sua primeira vez. Mas, de alguma forma, é exatamente isso que parece, a minha primeira vez de verdade. Porque com Lizandra, tudo é diferente.Entro na floricultura com a ideia fixa de que hoje tem que ser perfeito.De volta à cobertura, passo horas preparando tudo. Espalho as pétalas pelo chão, acendo as velas e deixo o aroma de baunilha e jasmim se misturar no ar. Quando finalmente vou à faculdade, meu coração acelera ao vê-la. Lizandra está com aquele sorriso tímido que me desmonta, como se não tivesse ideia do efeito devastador que causa em mim. Conversamos com Darlan e Daniel, mas minha mente está longe. Quero levá-la para mim, quero tê-la sem reservas. Quando nos despedimos, fico ainda mais ansioso.— Você está bem? — ela pergunta, percebendo minha inquietação.— Melhor agora, com você — respondo, segu
David Um sorriso tímido e satisfeito aparece em seus lábios, e o meu coração erra uma batida.— Está tudo bem, meu amor? — pergunto, minha voz suave enquanto acaricio o rosto dela.— Sim, David. Estou bem — ela responde, ainda sorrindo.— Tem certeza? Está... dolorida? — insisto, deslizando os dedos pela curva de seu corpo, minha voz carregada de preocupação genuína.Ela balança a cabeça, seus olhos fixos nos meus. Seus lábios encontram os meus novamente, e sua entrega me desarma por completo. O corpo dela se move contra o meu com uma confiança nova, uma necessidade que me faz perder o ar. Cada toque, cada movimento dela reacende algo dentro de mim uma chama que queima mais intensamente do que tudo que já vivi.— Eu quero mais de você, David — ela sussurra, os olhos cheios de desejo.Essas palavras me atravessam como um raio, inflamando cada célula do meu corpo. Antes que eu perceba, ela me puxa de volta para si, e eu não consigo resistir. Meu corpo a reconhece como se ela fosse uma
LizandraMinha pele ainda formiga, o coração descompassado enquanto tento recuperar o fôlego. Cada toque, cada beijo de David ainda está gravado em mim como uma marca que jamais será apagada. Estou deitada em seus braços, com a cabeça em seu peito, ouvindo o ritmo acelerado de sua respiração começar a desacelerar. A noite foi intensa, cheia de emoção e desejo, e pela primeira vez, me senti completamente dele. Meu corpo ainda vibra, mas meu coração, ah, esse parece estar cheio de um misto de felicidade e incerteza.— Você está bem? — ele pergunta, quebrando o silêncio.Assinto, um sorriso tímido escapando dos meus lábios. Ele acaricia meus cabelos, e por um momento, sinto que poderia ficar ali para sempre. Mas a próxima frase dele destrói tudo.— Já tive o que queria Lizandra, pode ir! — As palavras saem frias, calculadas, como uma lâmina afiada que perfura direto o meu peito.Meu corpo congela. Por um instante, penso que não ouvi direito. Olho para ele, tentando encontrar alguma faísc