DavidMeu coração dispara como se estivesse prestes a cometer um crime. Talvez esteja. Lizandra está ao meu lado, tão linda e etérea que parece irreal, e eu, um pecador sem perdão, só consigo pensar no quanto a desejo. Enquanto a levo pela mão até minha cobertura, sinto o calor de sua pele, a maciez de seus dedos entrelaçados aos meus, e uma corrente elétrica percorre meu corpo. Ela me olha, seus olhos azuis brilhando de curiosidade e um toque de nervosismo, e é tudo que preciso para saber que estou completamente perdido por essa mulher.— Você está bem? — pergunto, a voz mais suave do que eu pretendia.Ela apenas assente com um sorriso tímido, mas posso ver como a respiração dela muda conforme subimos o último degrau. Ao abrir a porta da cobertura, mostro a vista deslumbrante de Buenos Aires iluminada pela noite. As luzes da cidade parecem ecoar a intensidade que sinto por dentro.— Uau... — ela sussurra, caminhando até a varanda de vidro.Sigo atrás dela, incapaz de desviar o olhar.
David Eu nunca pensei que ficaria tão nervoso por causa de uma mulher. Meu coração está a mil, a mente não para, e minhas mãos suam como se eu fosse um adolescente prestes a ter sua primeira vez. Mas, de alguma forma, é exatamente isso que parece, a minha primeira vez de verdade. Porque com Lizandra, tudo é diferente.Entro na floricultura com a ideia fixa de que hoje tem que ser perfeito.De volta à cobertura, passo horas preparando tudo. Espalho as pétalas pelo chão, acendo as velas e deixo o aroma de baunilha e jasmim se misturar no ar. Quando finalmente vou à faculdade, meu coração acelera ao vê-la. Lizandra está com aquele sorriso tímido que me desmonta, como se não tivesse ideia do efeito devastador que causa em mim. Conversamos com Darlan e Daniel, mas minha mente está longe. Quero levá-la para mim, quero tê-la sem reservas. Quando nos despedimos, fico ainda mais ansioso.— Você está bem? — ela pergunta, percebendo minha inquietação.— Melhor agora, com você — respondo, segu
David Um sorriso tímido e satisfeito aparece em seus lábios, e o meu coração erra uma batida.— Está tudo bem, meu amor? — pergunto, minha voz suave enquanto acaricio o rosto dela.— Sim, David. Estou bem — ela responde, ainda sorrindo.— Tem certeza? Está... dolorida? — insisto, deslizando os dedos pela curva de seu corpo, minha voz carregada de preocupação genuína.Ela balança a cabeça, seus olhos fixos nos meus. Seus lábios encontram os meus novamente, e sua entrega me desarma por completo. O corpo dela se move contra o meu com uma confiança nova, uma necessidade que me faz perder o ar. Cada toque, cada movimento dela reacende algo dentro de mim uma chama que queima mais intensamente do que tudo que já vivi.— Eu quero mais de você, David — ela sussurra, os olhos cheios de desejo.Essas palavras me atravessam como um raio, inflamando cada célula do meu corpo. Antes que eu perceba, ela me puxa de volta para si, e eu não consigo resistir. Meu corpo a reconhece como se ela fosse uma
LizandraMinha pele ainda formiga, o coração descompassado enquanto tento recuperar o fôlego. Cada toque, cada beijo de David ainda está gravado em mim como uma marca que jamais será apagada. Estou deitada em seus braços, com a cabeça em seu peito, ouvindo o ritmo acelerado de sua respiração começar a desacelerar. A noite foi intensa, cheia de emoção e desejo, e pela primeira vez, me senti completamente dele. Meu corpo ainda vibra, mas meu coração, ah, esse parece estar cheio de um misto de felicidade e incerteza.— Você está bem? — ele pergunta, quebrando o silêncio.Assinto, um sorriso tímido escapando dos meus lábios. Ele acaricia meus cabelos, e por um momento, sinto que poderia ficar ali para sempre. Mas a próxima frase dele destrói tudo.— Já tive o que queria Lizandra, pode ir! — As palavras saem frias, calculadas, como uma lâmina afiada que perfura direto o meu peito.Meu corpo congela. Por um instante, penso que não ouvi direito. Olho para ele, tentando encontrar alguma faísc
DavidEu me sinto insignificante. Pior do que isso, talvez. O tipo de homem que nunca pensei ser, mas que agora enxergo no reflexo amargo do espelho da minha consciência. Assim que Lizandra saiu desse quarto, destruída e o rosto marcado por uma dor que eu mesmo causei, algo em mim desmoronou.A cena se repete na minha cabeça, como um pesadelo que não me deixa respirar. O jeito que ela olhou para mim antes de sair, aquele olhar... Era como se ela implorasse para que eu dissesse que não era verdade, que as minhas palavras não passavam de uma mentira cruel, mas necessária. Só que eu não disse nada. Eu simplesmente fiquei ali, estático, deixando que ela fosse embora com pedaços do meu coração que eu nem sabia que tinha.Por que eu falei aquilo? Sinceramente eu não sei.Fecho os olhos, mas é inútil. As memórias de Lizandra me invadem com uma força esmagadora. Revivo cada detalhe daquele momento em que ela se entregou para mim, sem reservas, com uma confiança que parecia quase sagrada. O ca
LizandraEntro em casa e o silêncio me acolhe como uma sentença. Cada passo ecoa como se o vazio gritasse o meu nome. Fecho a porta, encosto minha testa nela e sinto o primeiro soluço rasgar a minha garganta. Meu peito está tão apertado que parece que vou sufocar. Respiro fundo, mas o ar não vem. Deixo a bolsa cair ao chão, deslizo pela parede e, quando finalmente alcanço o chão frio, a dor explode, incontrolável.— Como ele pôde? — sussurro, a voz fraca, quase inaudível, enquanto as lágrimas queimam meu rosto.Minha mente me trai e revive cada detalhe dos últimos meses. A forma como David me olhava, como se eu fosse a única mulher no mundo. As palavras doces, os toques cheios de desejo. Tudo aquilo era real... ou não? Será que ele planejou tudo desde o início?— Foi tudo mentira? — pergunto ao vazio, minha voz embargada pelo choro.Lembro-me de como ele preparou a nossa noite, a atenção aos detalhes, o sorriso nos lábios enquanto me conduzia pela mão. Sinto o cheiro das velas, a tex
DarlanMeu instinto me diz que algo está errado. O silêncio de David é mais ensurdecedor do que qualquer briga entre nós, e o fato de ele ter desaparecido ontem sem aviso me deixa antenado. Meu irmão pode ser ranzinza, mas não irresponsável. Ele sempre aparece, sempre está no controle. Hoje, não. E isso me deixa inquieto.Pego meu celular e abro o aplicativo de rastreamento que mantemos, sim, somos paranoicos, e com razão. Vejo o ponto piscando na cobertura. Estranho. David nunca passa tanto tempo lá sozinho, especialmente sem me avisar. Desconfio. Decido verificar o que está acontecendo e, com um toque, ativo remotamente a câmera frontal do celular dele. A imagem que surge me mostra a sala da cobertura, o teto. Sem pensar duas vezes, pego as minhas duas pistolas no cofre do quarto. Algo não está certo, e vou descobrir o que é.Ao chegar à cobertura, destranco a porta com minha chave e entro com a minha arma em punho, atento a cada detalhe. O cheiro de álcool é forte, e a cena à min
LizandraNão posso apagar as memórias. Mas posso guardá-las em um canto seguro, onde não doam tanto. Essa é a primeira coisa que penso ao acordar. Meu corpo está mais leve hoje, mas minha mente ainda carrega o peso das últimas horas. Pego o meu celular sem pensar e, como um reflexo inevitável, abro a galeria. Lá estão as fotos dele, nossas. Do sorriso torto e provocante que sempre fazia meu coração bater mais forte. Do jeito como ele me olhava, como se o mundo inteiro parasse e só existíssemos nós dois.Meus dedos deslizam pela tela, parando em uma foto específica. Ele está rindo, segurando meu rosto com as mãos grandes e firmes. Acaricio a imagem, meus dedos traçando os contornos do rosto dele. Uma lágrima ameaça escorrer, mas eu a seguro. Não vou chorar. Não mais.— Foi bom enquanto durou — murmuro, a minha voz soando mais forte do que eu esperava.Apagar essas fotos? Nem pensar. Não ainda. Não estou pronta para apagar as provas de que, por um momento, ele foi meu. Em vez disso, dec